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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Vol 12 N° 2-3  2010

 

Editorial
1 -  Editorial

Páginas: 151 - 156

Descritores:

Caso Clínico
2 -  Caso clínico

Páginas: 157 - 173

Descritores:

Comunicaçoes Teórico-clínicas
3 -  Matricídio: uma breve revisao
Juliana Richter Dreyer; Felipe Almeida Picon; Olga Garcia Falceto
Páginas: 174 - 183

Resumo

Matricídio, o ato de matar a mae cometido por um(a) filho(a) é talvez o mais impactante e destruidor de todos os crimes. Sua incidência, descrita em estudos de relato de caso e de séries de casos, fica ao redor de 1% de todos os homicídios, contudo sua ocorrência sempre é chocante e historicamente considerada um tabu. Os autores descrevem a epidemiologia, características e uma breve revisao da literatura, contendo as três abordagens explicativas mais relatadas (cognitivo-comportamental, sistemas familiares e psicanalítica), a fim de embasar o relato de um caso de tentativa de matricídio.

Descritores: psiquiatria forense; complexo de Édipo; homicídio.

4 -  Raul e sua família: consideraçoes psicanalíticas
Cláudio Laks Eizirik
Páginas: 184 - 192

Resumo

O autor revisa algumas contribuiçoes psicanalíticas para a compreensao dos comportamentos violentos. Utilizando tais dados, procura examinar o caso de Raul e sua família e entender, do ponto de vista psicanalítico, as motivaçoes do paciente e de seus familiares, bem como da equipe que os atendeu.

Descritores: psicanálise; violência; relaçoes familiares.

5 -  Aprendizagem, trauma e comportamento violento
Ingrid D'Avila Francke; Janaína Thais Barbosa Pacheco; Rodrigo Grassi-Oliveira
Páginas: 193 - 208

Resumo

Este artigo tem o objetivo de analisar alguns fatores associados ao comportamento antissocial, enfatizando a relaçao entre aprendizagem, trauma e comportamento antissocial. As Teorias Desenvolvimentais destacam o papel da aprendizagem nos problemas de comportamento a partir de interaçoes do indivíduo/ambiente. Nessa perspectiva, o comportamento antissocial constitui-se em uma forma, ainda que inadequada, de enfrentamento às exigências sociais. As Teorias Psicobiológicas, que investigam interaçao gene-ambiente, auxiliam no entendimento do impacto da reatividade do substrato neural e as alteraçoes no desenvolvimento cognitivo a partir dessas interaçoes. Nesse sentido, o estresse/trauma tem sido associado a uma cascata de respostas fisiológicas e neurobiológicas que produzem alteraçoes nos padroes de desenvolvimento cerebral, criando uma situaçao de vulnerabilidade ao surgimento de psicopatologias. Os fatores associados ao comportamento antissocial sao utilizados para a discussao do "Caso Raul". Com isso, pretende-se contribuir tanto para a abordagem científica sobre o comportamento violento quanto para abordagens terapêuticas.

Descritores: violência; aprendizagem; comportamento.

6 -  Violência na perspectiva neurocientífica dos afetos e das decisoes: por que nao devemos simplificar os determinantes do comportamento humano
André Palmini
Páginas: 209 - 217

Resumo

O processo de tomada de decisoes depende de interaçoes entre circuitos cerebrais que geram respostas emocionais ao ambiente e aqueles que regulam a forma como reagimos a estas emoçoes, com base nas expectativas sociais, culturais e históricas em que estamos inseridos. O cérebro humano flexibiliza o comportamento, gerando uma ampla gama de interaçoes entre o que sentimos, as vontades que temos e as formas de controle para adequar as nossas reaçoes a estes estímulos. Esta equaçao depende tanto de razao quanto de emoçao e os circuitos cerebrais que organizam o comportamento humano estao equipados para sintetizar as contribuiçoes de ambas na geraçao de respostas adequadas. Lesoes ou interferências com estes circuitos, notadamente envolvendo as regioes pré-frontais, interferem com este controle comportamental, gerando respostas socialmente inadequadas - impulsivas ou premeditadas. Estes e outros conceitos sao discutidos neste ensaio, a partir da descriçao do caso de um paciente com comportamento fortemente anti-social e que sofreu sério traumatismo craneano anos antes, com extensas lesoes de lobos frontais. Em especial, sao integrados conceitos de alteraçao de comportamento social decorrentes de lesoes estruturais com interferências nestes circuitos que podem ocorrer a partir de modificaçoes genéticas e de experiências psico-sociais traumatizantes.

Descritores: emoçao; razao; controle comportamental; comportamento antisocial; lesoes pré-frontais.

7 -  Comentário sobre o caso Raul: ponto de vista de um psicólogo americano
Douglas A. Bernstein
Páginas: 218 - 224

Resumo

Este comentário trata das dificuldades inerentes à avaliaçao de um caso clínico complexo no qual elementos associados a características genéticas, experiências de aprendizagem precoce, e um acidente traumático combinaram- se para ampliar a tendência a reaçoes violentas face ao stress. O autor compara o manejo profissional deste caso clínico com o manejo que lhe seria provavelmente aplicado nos Estados Unidos frente às consideraçoes legais e éticas em vigor naquele país.

Descritores: diagnostico diferencial; violência; Estados Unidos.

8 -  A violência transgeracional no caso Raul: exemplo de competente trabalho terapêutico em rede
Maria Rita D'Angelo Seixas
Páginas: 225 - 237

Resumo

A incidência de mortes de jovens no Brasil por "causas externas" é crescente e assustadora. É obrigaçao constitucional do Estado proteger crianças e adolescentes, mas nao existe uma política pública sobre violência implantada no país, e os profissionais que desejam trabalhar com famílias em risco, nao têm apoio. Trabalhar com violência doméstica significa necessidade de rede social, que permita a transformaçao de uma cultura de violência em uma cultura de paz. Este trabalho visa explicitar que a violência doméstica é multiplicadora (a família transmite padroes relacionais de violência para seus membros) e demonstrar que, quando existe um trabalho em rede como o do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital Geral e uma disposiçao dos seus profissionais de atuar, dentro dos princípios da terapia familiar sistêmica e de uma ética relacional, é possível um atendimento com sucesso, próximo ao ideal, em situaçoes de violência.

Descritores: política social; violência doméstica; adolescente.

9 -  Violência, juventude e reconstruçao dos laços sociais
José Vicente Tavares-dos-Santos; Elisabeth Mazeron Machado
Páginas: 238 - 251

Resumo

O tema deste texto sao os fenômenos de violência na juventude, analisando o espaço escolar e as experiências de construçao de políticas de segurança pública na sociedade contemporânea. Pode-se considerar a microfísica da violência como um dispositivo de poder-saber que consiste em um ato de excesso presente nas relaçoes de poder. Em face da configuraçao da violência difusa como uma questao social mundial, na vida cotidiana aparece um novo mal-estar civilizatório. Dentre as categorias sociais mais vitimizadas estao os jovens de distintas classe e camadas sociais. Por conseguinte, o espaço escolar aparece como um nó de condensaçao e de explosao da crise econômica, social e política. O texto defende a hipótese dialógica que enfrenta a violência como um problema a ser trabalhado no processo pedagógico. Esta vida juvenil marcada pelo "conflito social" coloca a sociedade diante da necessidade de desenvolver práticas de negociaçao e de resoluçao de conflitos. Para empreendê-las, é preciso entender os significados ocultos nos atos de violência. Nos grupos de adolescentes, o vínculo de reconhecimento torna-se relevante e necessário, nao apenas como processo fundamental na construçao do aparelho psíquico, mas como procura de reconhecimento pelo outro, que reafirma a alteridade como dinâmica da vida social. Nesta perspectiva, seria importante visualizar as estratégias de convivência de todos os atores no espaço escolar, incorporando as experiências dos jovens e tentando ampliar o respeito do direito à diferença.

Descritores: violência; adolescente; segurança.

10 -  Uso de substâncias psicoativas e violência
Márcia Pettenon; Lisia Von Diemen
Páginas: 252 - 258

Resumo

As implicaçoes causadas pelo uso de drogas sao variadas. A literatura tem demonstrado que usuários de substâncias psicoativas apresentam prejuízos significativos em seus relacionamentos familiares e sociais. O objetivo desse trabalho foi analisar os possíveis fatores de risco que pudessem estar associados ao uso de substâncias psicoativas e a tentativa de matricídio do "estudo de caso Raul". De acordo com o histórico clínico do paciente e com a revisao bibliográfica realizada, podem-se identificar potenciais fatores de vulnerabilidade individual, familiar e social associados ao uso de substâncias psicoativas e ao desencadeamento do comportamento agressivo/criminal no paciente. Desse modo, é consenso entre pesquisadores que, devido à complexidade etiológica envolta ao uso de drogas, é fundamental uma abordagem multiprofissional que abarque todas as áreas afetadas pelo uso de drogas, bem como as suas consequências

Descritores: violência; alcoolismo; família; cocaína; crack.

11 -  Bioética e psiquiatria: uma interface complexa, possível e necessária
Cristina Soares Melnik; José Roberto Goldim
Páginas: 259 - 269

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir, a partir da Bioética Complexa, sobre o relato de caso de um adolescente atendido pela equipe de psiquiatria de um hospital universitário de Porto Alegre após tentativa de matricídio, agressao física ao irmao e tentativa de suicídio. Considerando vínculos, desejos, interesses, tradiçoes e crenças, e utilizando os princípios, os direitos humanos, as virtudes e a alteridade como referencial teórico para a tomada de decisao, sao apresentadas duas alternativas para o caso e suas respectivas consequências.

Descritores: bioética; direitos humanos; agressao.

12 -  Aspectos psiquiátrico-forenses de um caso de um matricida juvenil
Vivian Peres Day
Páginas: 270 - 283

Resumo

Este estudo de caso descreve uma troca de experiências entre duas áreas da psiquiatria. A autora é psiquiatra forense e participou como consultora no atendimento de um jovem adolescente que esteve em tratamento junto com sua família de novembro de 2007 a abril de 2010 (numa unidade psiquiátrica para crianças e adolescentes) por tentativa de matricídio e, após, de suicídio. Havia também plano ampliado de execuçao de toda família, incriminando o pai. Esse trabalho descreve alguns aspectos da delicada tarefa em ajudar o paciente, sua família e a equipe. Discute os fatores de risco, enfatiza a falta de adequada atençao e prevençao para um grande número de jovens com sofrimento mental, suas experiências dolorosas e o possível trágico futuro para suas vidas, suas famílias e a sociedade.

Descritores: homicídio; psiquiatria forense; psicologia do adolescente.

13 -  O adolescente autor de ato infracional: aspectos jurídicos
Maria Regina Fay de Azambuja
Páginas: 284 - 296

Resumo

Desde séculos passados, a violência praticada por crianças e adolescentes desperta a atençao das sociedades motivando acalorados debates que se refletem na legislaçao. No Brasil, com a Constituiçao Federal de 1988, sao observadas significativas alteraçoes no tratamento legal dispensado à criança e ao adolescente, envolvendo, inclusive, o procedimento a ser aplicado àqueles que praticam ato infracional. A partir da revisao de aspectos históricos da legislaçao brasileira, a autora apresenta as previsoes contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente voltadas ao adolescente que pratica ato infracional. Por fim, tece comentários ao caso clínico à luz das previsoes legais.

Descritores: sistema de justiça; violência; legislaçao.

14 -  Cuidados com a equipe de atendimento
Oriol Ginés; Eduardo Carvalho Barbosa
Páginas: 297 - 313

Resumo

A violência representa na nossa sociedade, ao mesmo tempo, um tabu e um grave problema social que exige respostas complexas. Essas duas características fazem do trabalho em face da violência uma tarefa desafiadora que poe à prova ao máximo nossas instituiçoes e equipes profissionais. Isso deve nos fazer refletir a fim de podermos desenvolver antídotos que permitam reduzir e prevenir os danos e os efeitos tóxicos que o veneno da violência inocula nas equipes profissionais que a atendem. Este artigo reúne alguns conceitos teóricos básicos sobre os estudos do autocuidado com equipes de cuidadores que se relacionam diariamente com o sofrimento humano, em diálogo com a experiência dos autores no âmbito da violência. Mais adiante, propoe-se uma reflexao sobre o trabalho da equipe no caso de Raul e, por último, algumas consideraçoes acerca da implementaçao das estratégias de autocuidado em equipes profissionais.

Descritores: autocuidado; cuidadores; violência.

Seguimento e reflexoes finais sobre o caso e seu tratamento
15 -  Um ano após o término do tratamento intensivo (Fevereiro de 2011)
José Ovidio Copstein Waldemar
Páginas: 317 - 318

Descritores:

16 -  Reflexoes finais sobre o caso e seu tratamento
Olga Garcia Falceto
Páginas: 319 - 323

Descritores: