Rev. bras. psicoter. 2010; 12(2-3):317-318
Waldemar JOC. Um ano após o término do tratamento intensivo (Fevereiro de 2011). Rev. bras. psicoter. 2010;12(2-3):317-318
Seguimento e reflexoes finais sobre o caso e seu tratamento
Um ano após o término do tratamento intensivo (Fevereiro de 2011)
After one year of intensive treatment (February 2011)
José Ovidio Copstein Waldemar*
A pedido dos editores e por intermediaçao da psiquiatra do caso, entrei em contato com a família para marcar uma entrevista presencial. Apesar de minha boa vontade e flexibilidade de horário (inclusive disposto a visitálos em casa), a família, no verao de 2011, nao conseguiu agendar o encontro direto. Portanto, os depoimentos de Pedro, Marta e Raul foram obtidos através de contato telefônico individual com cada um.
Em relaçao a Raul, tanto a mae quanto o pai estao vendo o filho mais maduro e equilibrado. Marta disse que a situaçao "melhorou oitenta por cento", mas que, tanto ela quanto o irmao menor, ainda sentem um desconforto quando ficam a sós com Raul, o que acontece muitas vezes por imposiçoes rotineiras dos membros da família. Foram unânimes em afirmar que os resultados do tratamento em relaçao a Raul superaram todas as expectativas já que, no início do tratamento, a gravidade do que havia ocorrido deixara ambos muito pessimistas quanto à possibilidade de voltarem a ter uma vida familiar normal. Pedro acha que a família extensa ainda tem problemas com Raul, mas que este nao nota nenhuma rejeiçao por parte deles.
Ambos elogiaram a equipe, destacando o acolhimento imediato e a dedicaçao dos médicos como o principal fator terapêutico: "Sempre achavam horários para nos ver que nao complicavam nossa vida", disse o pai.
Em relaçao à participaçao da família extensa e à necessidade de se continuar o tratamento por mais tempo, o casal tem pontos de vista divergentes. Para Pedro, as sessoes com os familiares trouxeram à tona assuntos que, segundo ele, nao eram relevantes para o problema em questao. Marta discorda; para ela, as sessoes com os familiares foram muito importantes, pois acredita que o que aconteceu com Raul tem tudo a ver com problemas familiares que extrapolam o âmbito da família nuclear. Afirmou que gostaria de continuar a terapia de casal para tratar o alcoolismo de Pedro e de ter sessoes de família para lidar com dificuldades que nao se resolveram com a sogra. Pedro nao aceita: "Depois de tudo que passamos, quero agora um tempo para descansar e respirar em paz".
Ao telefone, Raul disse que se acha bem equilibrado, está namorando e trabalhando e que a relaçao com o irmao menor nunca esteve tao boa. Acredita que o que mais o ajudou no tratamento foi a insistência da equipe em afastá-lo imediatamente das pessoas que lhe estavam prejudicando. Valorizou muito as conversas individuais com seu primeiro psiquiatra e também as sessoes em família, mas essas nao tanto quanto as individuais: "nas conversas com meu psiquiatra, eu mudava meus pontos de vista". Uma preocupaçao adicional da família sao os efeitos sedativos da medicaçao de Raul que, segundo ele, "dao sono e prejudicam o trabalho". Raul está discutindo este tema com seu psiquiatra, mas Marta pensa que, nao fosse a supervisao diária dos pais, Raul poderia nao estar mais tomando os remédios.
* Psiquiatra e Professor do Instituto da Família de Porto Alegre. Ex-Presidente da Associaçao Brasileira de Terapia Familiar. Professor do Centro de Estudos Luis Guedes, Departamento de Psiquiatria da UFRGS.
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