Vol 23 N° 1 2021
Editorial
1 -
Saúde mental e perspectivas terapêuticas no cenário da COVID-19
Felipe Ornell; Jaqueline Bohrer Schuch; Mário Barcellos; Joana Corrêa de Magalhães Narvaez
Páginas: 1 - 2
Descritores:
Carta ao Editor
2 -
Impacto da pandemia por COVID-19 em pacientes com transtornos alimentares: considerações para profissionais de saúde mental
Felipe Alckmin-Carvalho
Páginas: 3 - 7
Apresenta-se um manuscrito no formato de carta ao editor, em que são abordados os impactos da pandemia por COVID-19 na saúde mental de pessoas com transtornos alimentares. São discutidos os impactos mais prováveis, em termos de agravamento dos sintomas nos quadros de Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e no Transtorno de Compulsão Alimentar. Por fim, são apresentadas considerações para o manejo clínico dos pacientes com a finalidade de mitigar os impactos da pandemia no comportamento alimentar.
Descritores: COVID-19; Infecções por Coronavirus; Saúde Mental; Comportamento Alimentar; Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos; Psicoterapia
3 -
Saúde mental de idosos na pandemia COVID-19 em países de baixa e média renda: a epidemia invisível
Wyllians Vendramini Borelli
Páginas: 9 - 11
Carta ao editor
Descritores: Idoso; Suicídio; Solidão; Depressão; Ansiedade
Artigo Especial
4 -
I Fórum Latino-Americano de Saúde Mental na Pandemia: desafios, panorama atual e perspectivas futuras
Vitor Crestani Calegaro; Juliana Motta; Mariana Apolinário Fernandes; Sigriny Victória Rezer Bertão; Heloísa Augusta Castralli; Artur Flores Missau; Cassiana Cherobini Bortolin; Giovanna Fais de Azevedo; César Augusto Neumann Ribeiro; Natália Gonçalves Rengel
Páginas: 13 - 29
O I Fórum Latino-Americano de Saúde Mental na Pandemia, ocorrido em dezembro de 2020, apresentou 18 estudos desenvolvidos em 13 universidades e instituições do Brasil, Argentina, Chile, Guatemala e Cuba. Os trabalhos foram divididos em cinco mesas: "Correlatos psicológicos da pandemia na população em geral", "Estudos sobre o efeito psicológico e biológico em populações específicas", "Aspectos da pandemia sobre mulheres grávidas e recém-nascidos", "Infância e adolescência na pandemia", e "Terapia e psicologia positiva em tempos de pandemia". O objetivo deste artigo de perspectivas é divulgar as pesquisas expostas e refletir a respeito das principais tendências. Assim, apresenta-se uma síntese de cada trabalho, objetivos e resultados. Os estudos apontam para um aumento nos sintomas de estresse, ansiedade e depressão na população em geral e em grupos específicos como crianças, grávidas, puérperas, profissionais da saúde e imigrantes. Foram sugeridos como possíveis preditores de sofrimento psicológico: exposição excessiva às notícias, insônia, sedentarismo, sexo feminino, jovens, baixa escolaridade, baixa renda, desemprego, abuso emocional ou físico, e diagnóstico de transtorno mental. Os estudos apresentados encontram-se em andamento, portanto os dados não são conclusivos. Por fim, as perspectivas e tendências apontadas pelas pesquisas foram discutidas. Em razão da crescente demanda por atendimento psicoterápico, e da escassez de profissionais, principalmente em áreas remotas, o desenvolvimento de novas abordagens de intervenção e promoção da saúde mental são encorajadas.
Descritores: Saúde mental; Pandemias; Ansiedade; Depressão; Estresse psicológico
Relato de Caso
5 -
Teleatendimento psicológico em universidade pública da saúde no enfrentamento da pandemia: da Gestão com Pessoas à Telepsicologia
Prisla Ücker Calvetti; Ana Cláudia Souza Vazquez; Luiza Maria de Oliveira Braga Silveira
Páginas: 31 - 42
A crise sanitária da pandemia pela COVID-19 remeteu instituições de ensino superior a redesenhar os métodos de trabalho para as modalidades de ensino à distância. Além dos profissionais da saúde, os docentes neste contexto tiveram que se adaptar a novas metodologias de ensino-aprendizagem, bem como, técnicos-administrativos, estagiários e bolsistas ao teletrabalho. Neste cenário, é fundamental a avaliação e monitoramento, bem como intervenções no campo da saúde mental e bem-estar de trabalhadores da comunidade acadêmica. A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) é referência nacional no ensino, pesquisa, extensão e gestão em saúde, e desde o início da pandemia, tem priorizado as ações de enfrentamento à crise sanitária. O objetivo deste artigo é apresentar o relato de um projeto desenvolvido pela gestão com pessoas com ações de telepsicologia aplicada ao acompanhamento de docentes e técnicos-administrativos da universidade como plano estratégico em saúde mental e bem-estar no trabalho. As práticas utilizadas em telepsicologia e realizadas pela equipe de voluntários da Psicologia e supervisionadas por especialistas com experiência clínica e na saúde foram: primeiros cuidados psicológicos por meio do telefone e os atendimentos psicológicos online. Destaca-se que tais ações resultam na promoção e prevenção em saúde mental e bem-estar no trabalho.
Descritores: Pandemia; Ensino Superior; Saúde Mental; Telepsicologia
6 -
Atuação da psicologia em um centro de terapia intensiva dedicado para CO VID-19: relato de experiência
Adriana Mokwa Zanini; Carolina Villanova Quiroga; Daniela Berger; Luísa Horn de Castro Silveira; Maria Luísa Pereira de Oliveira; Natalia Schopf Frizzo; Paula Cristina Silva da Rosa; Priscila Büttenbender; Sílvia Cristina Marceliano Hallberg; Tamires dos Santos Rios; Elis De Pellegrin Rossi; Rita Gigliola Gomes Prieb
Páginas: 43 - 58
As reestruturações necessárias nos serviços de saúde em decorrência da pandemia da COVID-19 geraram impactos na assistência aos pacientes hospitalizados, em especial àqueles gravemente afetados pela doença. A atuação da psicologia em Unidades de Terapia Intensiva dedicadas a esses pacientes requer a ampliação de ferramentas clínicas que possibilitem o atendimento às demandas psicológicas nesse contexto. Esse artigo discute, a partir de um relato de experiência, as atividades desenvolvidas pela equipe de psicologia em um Centro de Terapia Intensiva voltado ao tratamento da COVID-19: atendimento remoto a familiares, atendimento aos pacientes, visitas virtuais e presenciais. As intervenções realizadas, em consonância com o referencial teórico utilizado, indicam os seguintes benefícios: fortalecimento das conexões entre paciente, família e equipe; atenuação do sofrimento provocado pela situação de isolamento; prevenção de agravos em saúde mental relacionados ao luto complicado e à vivência de experiências traumáticas. Espera-se que as inovações nas práticas desenvolvidas sigam contribuindo para qualificar a atenção a pacientes críticos após a pandemia.
Descritores: Psicologia Clínica; Psicoterapia; Unidades de Terapia Intensiva; Estresse Psicológico; Coronavírus; Luto
7 -
Psicoterapia online para idosos com sintomas depressivos em distanciamento físico: relato de uma experiência
Gabriela Carneiro Martins; Vera Lucia Duarte Vieira; Flavia Miluzzi Pinetti; Ana Maria Leme de Arruda; Koki Fernando Oikawa; Claudia Berlim de Mello
Páginas: 59 - 72
Descritores:
Artigo Original
8 -
Desenvolvimento e Relato de Experiência de um Protocolo de Primeiros Cuidados Psicológicos a Distância (PCPd) durante a Pandemia COVID-19
Murilo Ricardo Zibetti; Fernanda Barcellos Serralta; Priscila Goergen Brust-Renck
Páginas: 73 - 90
A pandemia e as medidas para conter sua propagação tiveram efeitos significativos na saúde mental da população em geral e na dos profissionais da linha de frente nos atendimentos. Como consequência, o impacto em saúde mental pode ser considerado uma nova emergência sanitária. No entanto, os protocolos de atendimento não foram desenvolvidos para o contexto atual. Portanto, o objetivo do presente estudo foi adaptar o protocolo de Primeiros Cuidados Psicológicos desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para a modalidade de atendimento a distância (PCPd), bem como, relatar a experiência de sua aplicação em termos de perfil dos atendidos, principais demandas e técnicas aplicadas, e encaminhamento. Foram realizados atendimentos usando o protocolo PCPd a 15 participantes classificados como em sofrimento psicológico em um estudo prévio realizado para levantamento de saúde mental. A maioria dos participantes era do gênero feminino (73%) e possuía histórico de doenças psiquiátricas (60%). Com relação às demandas, 87% (n=13) dos participantes relataram causas de sofrimento mental atreladas à pandemia, particularmente em função da sobrecarga decorrente do excesso de demandas nas atividades domésticas e de trabalho. Foram utilizadas técnicas de normalização e de resolução de problemas no atendimento em quase todos os casos. Devido a alta intensidade de estresse e de ansiedade foi necessário aplicar técnicas de respiração diafragmática em três casos e o teste de realidade em um caso. Com relação ao encaminhamento, 40% dos participantes já estavam em atendimento psicoterápico e os demais foram encaminhados. Salienta-se que 20% optou por modalidades online de encaminhamento. Por fim, o presente relato de experiência apresenta a adequação do PCPd às necessidades de cuidados psicológicos a distância diante da emergência causada pela pandemia, bem como, a potencialidade do protocolo adaptado em promover suporte inicial e encaminhamento a rede de saúde mental. Estudos experimentais e mais controlados poderão fornecer mais evidências da prática desenvolvida.
Descritores: Pandemias; Saúde Mental; Angústia Psicológica; Estratégias de eSaúde
9 -
Situações de violência durante a pandemia da COVID-19
Luciane Maria Both; Rafaela Silva Santi; Natália Kerber; Gustavo Zoratto; Taís Cristina Favaretto; Cleonice Zatti; Vitor Crestani Calegaro; Lúcia Helena Freitas
Páginas: 91 - 106
INTRODUÇÃO: A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) alterou o estilo de vida da população em geral, principalmente através das medidas de distanciamento e isolamento adotadas para contenção do avanço da doença. Estas medidas geraram uma série de estressores, dentre eles o aumento da violência doméstica. OBJETIVO: Identificar a ocorrência de violência doméstica durante o isolamento decorrente da pandemia de COVID-19 no Brasil, a sua associação com questões relacionadas à saúde mental e traços mal adaptativos de personalidade. MÉTODO: Estudo não probabilístico, composto por uma amostra de 3625 participantes que foram avaliados através do PCL-5, DASS-21, PID-5-BF e AUDIT-C. Instrumentos aplicados on-line no período entre 22 de abril de 2020 a 08 de maio de 2020. RESULTADOS: 379 (13%) dos respondedores sofreu algum tipo de situação adversa durante o distanciamento social. Os participantes que vivenciaram violência possuem maior consumo de álcool (p=0,004), maior gravidade dos sintomas relacionada ao diagnóstico de TEPT (p<0,01), maior presença de sintomas de ansiedade (p<0,001), depressão (p<0,001), em relação àquelas que não sofreram. Demonstraram ainda possuir, de acordo com o PID-5, escores mais elevados de traços mal adaptativos de personalidade, como afetividade negativa (p<0.001), distanciamento (p<0.001), antagonismo (p<0.001), desinibição (p < 0.001) e psicoticismo (p<0.001). CONCLUSÃO: O isolamento devido a pandemia está causando grande impacto na saúde mental das pessoas, especificamente naquelas que sofreram violência. É necessário, junto ao órgão públicos e privados, criar estratégias visando uma escalada de intervenções relacionadas ao impacto da pandemia, sobretudo ampliando espaços de escuta no setor de saúde e na assistência social.
Descritores: Violência; Depressão; Ansiedade; Infecções por coronavírus
10 -
Saúde mental dos profissionais da saúde na pandemia do coronavírus (Covid-19)
Carolina Meira Moser; Gabriela Carneiro Monteiro; Joana Correa de Magalhães Narvaez; Felipe Ornell; Vitor Crestani Calegaro; Ana Margareth Siqueira Bassols; Pricilla Braga Laskoski; Simone Hauck
Páginas: 107 - 125
Introdução: A pandemia do coronavírus (Covid-19) impôs desafios adicionais aos profissionais da saúde (PS), potencializando o risco de sofrimento psíquico. Objetivo: Avaliar o perfil sociodemográfico e a saúde mental de uma amostra de PS do Brasil durante a pandemia do Covid-19. Métodos: Estudo transversal online realizado durante 1 mês, entre maio e junho de 2020. Sintomas depressivos foram avaliados pelo Patient Health Questionnaire 9 (PHQ-9) e o nível de burnout pelo Copenhagen Burnout Inventory (CBI). Resultados: 1054 PS foram incluídos, sendo 34,5% médicos, 19,1% técnicos de enfermagem, 14,2% enfermeiros e 11,9% psicólogos. Mais da metade da amostra total apresentou escores ≥ 50 no domínio de burnout pessoal (PB) da CBI, indicativo de alto nível de burnout, e escores no PHQ-9 sugestivos de depressão clinicamente significativa, sendo estes índices mais elevados entre os técnicos de enfermagem (68,2% com PB ≥ 50 e 68,7% com PHQ-9 ≥ 9) e os PS da linha de frente (61,3% com PB ≥ 50 e 58% com PHQ-9 ≥ 9). Os técnicos de enfermagem apresentaram escores PB (58,4 ± 20,9) e do domínio de burnout relacionado ao trabalho (WB = 51,0 ± 21,1) superiores aos dos médicos (PB= 48,2 ± 19,9 e WB= 44,2 ± 19,1) e dos psicólogos (PB= 44,2 ± 17,4 e WB= 41,2 ± 16,7) p < 0,001. Conclusão: Os elevados níveis de burnout e depressão, mais preocupantes entre os técnicos de enfermagem, corroboram a vulnerabilidade dos PS ao sofrimento emocional no contexto do atendimento à Covid-19, demonstrando a urgência de intervenções específicas.
Descritores: Infecções por coronavirus; Pessoal de saúde; Saúde mental; Depressão; Esgotamento profissional
11 -
Cuidados em saúde mental ofertados a profissionais de saúde durante a pandemia de Covid-19
Jocieli Ferrari; Priscila Goergen Brust-Renck
Páginas: 127 - 142
Este artigo traz aspectos relacionados à atenção à saúde mental dos trabalhadores da saúde da linha de frente durante a pandemia da Doença Coronavírus-2019. O estudo qualitativo teve como objetivo compreender as ações de cuidado em saúde mental ofertadas aos trabalhadores da saúde pública diretamente atuantes no combate à doença e descrever as implicações emocionais que os profissionais de saúde mental experienciaram no trabalho desenvolvido. No município de Lajeado/RS, os profissionais da linha de frente receberam apoio psicossocial e psicoterapia breve por sete psicólogas voluntárias que relataram sua percepção sobre a saúde mental desses profissionais e os desafios do atendimento presencial. Trechos das entrevistas foram utilizados para ilustrar os resultados, a partir das categorias analisadas à luz da análise de conteúdo. Os resultados foram classificados em três categorias: o estado de saúde mental dos trabalhadores de linha de frente, apoio oferecido a esses profissionais, e apoio recebido pelos profissionais de saúde mental para a realização dessas atividades. A análise indicou que muitos profissionais, tanto da linha de frente quanto da saúde mental, referiram sintomas psicológicos desencadeados ou agravados pela pandemia, preocupações com a possibilidade de contaminar alguém próximo, invisibilidade das necessidades em saúde mental da população, e a falta de investimento nesse setor.
Descritores: Infecções por Coronavírus; Saúde Mental; Pessoal de Saúde; Sistemas de Apoio Psicossocial; Psicoterapia Breve
Artigo de Revisao
12 -
Atividade física e saúde mental durante a pandemia da COVID-19: uma revisão rápida de estudos epidemiológicos brasileiros
Aline Josiane Waclawovsky; Eduarda Bitencourt dos Santos; Felipe Barreto Schuch
Páginas: 143 - 155
O distanciamento social, uma das principais estratégias para minimizar a transmissão e o contágio pelo novo coronavírus, provoca um rompimento brusco e substancial nos comportamentos da vida diária, levando a diminuição dos níveis de atividade física e piora dos sintomas de depressão e ansiedade. O objetivo do estudo foi realizar uma revisão rápida de estudos epidemiológicos brasileiros que avaliaram a associação entre atividade física e saúde mental durante a pandemia de COVID-19. A busca pelos estudos foi realizada nas bases Scielo, Scielo Preprints e PubMed até o dia 27 de janeiro de 2021. Foram incluídos seis estudos que avaliaram um total de 64.473 brasileiros, com idades acima dos 18, de todas as regiões do país. Dos estudos analisados, quatro demonstraram que há uma associação entre atividade física e sintomas de depressão e ansiedade, um demonstrou que há associação entre atividade física e depressão e um que há associação entre atividade física e sintomas de ansiedade. Ser fisicamente inativo durante a pandemia da COVID-19 está associado a um risco 152% maior de apresentar depressão e 118% maior de ansiedade. Realizar 30 minutos ou mais de atividade física moderada a vigorosa por dia está associado a redução de 29% no risco de sintomas depressivos, 28% de ansiedade e 29% na co-ocorrência de sintomas de depressão e ansiedade. A prática de atividade física é uma estratégia importante de saúde pública para mitigar o impacto da pandemia e das medidas de isolamento social na saúde mental da população Brasileira.
Descritores: Atividade Física; Saúde Mental; COVID-19
Revisão sistemática
13 -
Desafios na transição dos atendimentos psicoterápicos presenciais para online na pandemia de COVID-19: revisão sistemática
Tatiele Jacques Bossi; Indianara Sehaparini
Páginas: 157 - 165
Este estudo teve como objetivo investigar os desafios para as psicoterapias na transição dos atendimentos presenciais para online durante a pandemia de COVID-19, através de uma revisão sistemática da literatura. A busca pelo material consultado se deu em bases de dados científicas por meio da combinação de descritores sobre o tema, cujo levantamento apontou 7 estudos publicados no contexto internacional no ano de 2020. Os resultados mostram que a videoconferência foi a Tecnologia de Informação e Comunicação mais utilizada. A transição dos atendimentos presenciais para online impuseram diversos desafios aos psicoterapeutas e pacientes, uma vez que exigiu de ambas as partes encontrar um ambiente adequado em casa para os atendimentos. Além disso, os desafios nesse processo de transição estiveram relacionados a aspectos da interação terapêutica, como dificuldades em se conectar aos pacientes e em ler suas emoções. A adaptação ao novo ritmo da sessão no contexto online, diferenciado do atendimento presencial, também foi destacado. Evidencia-se a predominância de pesquisas relacionadas à psicoterapia online adulta e discute-se a necessidade de estudos sobre o manejo e a efetividade da psicoterapia online com crianças e adolescentes. Conclui-se que o aprimoramento do psicólogo referente ao trabalho clínico online torna-se uma necessidade emergente.
Descritores: Psicoterapia; Tecnologia da informação; Coronavírus
14 -
Intervenções on-line em saúde mental em tempos de COVID-19: Revisão sistemática
Álisson Secchi; Willian Roger Dullius; Livia Garcez; Silvana Alba Scortegagna
Páginas: 167 - 190
A pandemia de COVID-19 alterou as modalidades presenciais de intervenção voltadas à saúde da população e motivou a busca de outros recursos. Na assistência à saúde mental, as intervenções on-line tornaram-se uma importante opção, mas pouco ainda se sabe sobre este tipo de assistência. Este estudo objetivou reunir evidências empíricas sobre as intervenções on-line em saúde mental em tempos de COVID-19. A revisão sistemática realizada em bases internacionais e brasileiras, entre os meses de janeiro e dezembro/2020, resultou em 1444 materiais publicados em inglês e português. Foram selecionados 95 artigos para a leitura na íntegra, dos quais 28 artigos foram considerados para compor esta revisão. Os resultados mostraram que adultos e profissionais de saúde foram os que mais buscaram atendimento em saúde mental, por meio de ligação telefônica e de videochamada. As principais motivações para a busca de assistência foram sentimentos de ansiedade, depressão, pânico, transtorno alimentar e TDAH. Os atendimentos on-line mostraram efeitos positivos e de eficácia no cuidado em saúde mental de adultos com problemas psicológicos. Esses achados promissores impõem desafios às questões éticas profissionais, especialmente quanto aos cuidados com pacientes de alto risco. Adicionalmente, limitações do atendimento on-line quanto ao acesso à internet e ao domínio da tecnologia pelo profissional e o usuário devem ser consideradas.
Descritores: Saúde Mental; Serviços On-Line; Telessaúde Mental; Psicoterapia; Infecções por coronavírus
15 -
Intervenções psicológicas frente à COVID-19: uma revisão integrativa da literatura
Fernanda Fernandes Rodrigues; Alexandre Feltens; Karen Rayany Ródio-Trevisan; Liara Dall' Agnese Sedor; Roberta Borghetti Alves
Páginas: 189 - 207
Intervenções psicológicas frente a COVID-19 foram analisadas a partir de produções científicas. Pesquisou-se nas bases de dados Scielo, Science Direct, Lilacs, Pubmed e Portal da Capes, os descritores ("Psychological Interventions" AND "COVID-19"), ("Public Health" AND "Psychology" AND "COVID-19") e ("Community Health" AND "COVID-19" AND "Psychology"). Foram selecionados 12 artigos que atenderam os critérios de inclusão, sendo cinco estudos empíricos, duas comunicações breves, três revisões da literatura e dois relatos de experiência, todos de 2020, sendo um brasileiro e os demais internacionais. Evidenciou-se que as intervenções psicológicas de forma remota tiveram prevalência, dentre elas grupos de psicoeducação e terapêuticos na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental. Destacaram-se intervenções focadas nos estressores, nas dificuldades de adaptação, bem como, regulação do sono, regulação emocional, culpa, medo de ser discriminado e desamparo. Sugere-se o desenvolvimento de pesquisas voltadas à elaboração de guias de intervenção, respeitando as fases de prevenção, mitigação, prevenção, resposta e reconstrução conforme orienta a Psicologia na Gestão de Riscos e Desastres.
Descritores: COVID-19; Intervenções psicológicas; Saúde mental; Doenças infecciosas; Pandemia
Revisão Narrativa
16 -
Sofrimento de mulheres em situação de vulnerabilidade durante a pandemia de COVID-19
Antonio Richard Carias; Letícia Jóia Ribeiro; Sofia Creato Bonfatti; Maria Lydia Sanchez Garcia Mozardo; Raquel Gonçalves Siqueira Alves; Carolina Del Negro Visintin; Tania Mara Marques Granato
Páginas: 209 - 222
Diante da situação de crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, o isolamento social tem sido uma das estratégias de prevenção do contágio. Como a pandemia vem se estendendo por muitos meses, e consequentemente o confinamento das pessoas em suas residências, conflitos no campo das relações familiares são potencializados e geram sofrimento. Tal quadro nos leva a supor o aprofundamento do sofrimento emocional de mulheres que vivem diferentes situações de vulnerabilidade durante a pandemia. Por essa razão, o presente estudo propõe uma revisão narrativa que objetiva refletir sobre cinco experiências de vulnerabilidade que nos parecem emblemáticas do sofrimento da mulher que vive o drama da violência doméstica, da LGBTQI+ fobia, do consumo de álcool e drogas, da gestação, parto e puerpério e, finalmente, do diagnóstico e tratamento de câncer de mama. Realizamos uma reflexão psicanalítica winnicottiana a respeito das falhas ambientais e da experiência de solidão que caracterizam a vivência de mulheres expostas a situações de opressão e/ou medo em sua intersecção com a constante ameaça de contágio pelo novo Coronavírus. Destacamos a necessidade de intervenções psicossociais que estejam afinadas às necessidades das mulheres que se mostraram amplificadas pela atual conjuntura de quarentena e isolamento social.
Descritores: Relações Familiares; Saúde da Mulher; Isolamento social; Psicanálise
17 -
O fanatismo como sobrevivência psíquica durante a pandemia da COVID-19
Marcos da Silveira Cima; Vivian Peres Day
Páginas: 223 - 235
Contextos de crise, como o atual momento de pandemia da COVID-19, parecem estar associados com o aumento do fanatismo. O artigo aborda as origens do pensamento fanático, em nível social e individual, a partir de períodos históricos de recrudescimento do fanatismo, analisando-se os significados psicodinâmicos que podem estar vinculados a posições rígidas e extremadas, além de conceitos psicanalíticos acerca de estados mentais primitivos latentes. Da mesma forma, discute-se sobre o fenômeno das fake news e da perversão como traço marcante no "pensar fanático". Por fim, conclui-se que o fanatismo pode atuar como uma defesa possível à sobrevivência psíquica em determinados contextos de crise, e, ainda, que as capacidades de pensar, empatizar e amar são alternativas a esse desfecho.
Descritores: COVID-19; Psicanálise; Psicoterapia; Teoria Psicanalítica; Pandemias; Comportamento Social
18 -
Consumo de álcool, outras substâncias e a pandemia da COVID-19: implicações para a pesquisa e para a prática clínica
Alessandra Diehl; Sandra Cristina Pillon; Manoel dos-Santos
Páginas: 237 - 246
Evidências emergentes, mas ainda limitadas, sugerem que o consumo de álcool e outras substâncias aumentou durante a pandemia da COVID-19, e que pacientes com diagnóstico de transtorno por uso de substâncias (TUS) estão em risco significativamente aumentado de exposição à infecção. Este estudo tem por objetivo apresentar uma visão geral sobre o consumo de tabaco, álcool e outras drogas e suas possíveis interfaces com a COVID-19 mediante uma revisão narrativa da literatura. Os achados ressaltam a importância de fornecer suporte para o tratamento e recuperação de indivíduos com TUS como parte da estratégia para controlar a disseminação do novo coronavírus. São discutidas as implicações dos resultados para a pesquisa e oferecidas breves recomendações relevantes para a prática clínica de psicoterapeutas e outros profissionais da saúde.
Descritores: Consumo de bebidas alcoólicas; Uso de tabaco; Transtornos relacionados ao uso de substâncias; Infecções por coronavirus
19 -
Reflexos da (in)capacidade de estar só em tempos de isolamento social na pandemia COVID-19
Malu Joyce de Amorim Macedo; Beatriz Lima Costa; Maria João Baptista Fernandes; Lúcia Helena Freitas Ceitlin
Páginas: 247 - 256
As medidas adotadas em diversos países, necessárias como tentativa de contenção da pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19), desencadearam mudanças radicais no dia a dia dos indivíduos, ocasionando sentimentos de incerteza, angústia, ansiedade e depressão na população em geral. O aumento do sentimento de solidão levou muitos indivíduos a utilizarem recursos internos e pôs à prova a capacidade de estar só. Alguns conceitos psicanalíticos evidenciam que o indivíduo que atinge um ego integrado, através de cuidados maternos suficientemente bons nos momentos primitivos, como bebê, adquire a capacidade de estar só. Isso ressalta a importância das primeiras relações objetais para a construção de um mundo interno satisfatório. Em contrapartida, a interrupção desse amadurecimento emocional pode despertar no sujeito adulto a utilização de mecanismos de ordem externa, como diversos tipos de adições, exposição a comportamentos de risco e, provavelmente, no caso da pandemia, desrespeito às medidas de distanciamento social. Diante disso, observa-se quão importante é o desenvolvimento saudável das primeiras relações objetais para que o indivíduo seja capaz de lidar com a solidão, e adote estratégias saudáveis ao longo da vida, inclusive em situações críticas. Assim, esse artigo se propõe a revisar alguns aspectos da teoria psicanalítica sobre a capacidade de estar só dentro do desenvolvimento emocional e compreender as consequências psíquicas resultantes das falhas nessa etapa da vida psíquica dos indivíduos.
Descritores: Solidão; COVID-19; Capacidade de estar só; Psicanálise; Isolamento social
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