Rev. bras. psicoter. 2021; 23(1):189-207
Rodrigues FF, Feltens A, Ródio-Trevisan KR, Sedor LDA, Alves RB. Intervenções psicológicas frente à COVID-19: uma revisão integrativa da literatura. Rev. bras. psicoter. 2021;23(1):189-207
Revisão sistemática
Intervenções psicológicas frente à COVID-19: uma revisão integrativa da literatura
Psychological Interventions due to COVID-19: an integrative review in the literature
Intervenciones Psicológicas por COVID-19: una revisión integradora en la literatura
Fernanda Fernandes Rodriguesa; Alexandre Feltensa; Karen Rayany Ródio-Trevisanb; Liara Dall' Agnese Sedora; Roberta Borghetti Alvesa
Resumo
Abstract
Resumen
INTRODUÇÃO
Com mais de 373 mil óbitos até abril de 2021 no Brasil, a COVID-19 - doença causada pelo novo coronavírus, é considerada um dos maiores problemas de saúde pública das últimas décadas1'2. O Ministério da Saúde divulga diariamente os casos confirmados, em recuperação e recuperados. Desde o primeiro caso identificado, em março de 2020, somam-se mais de treze milhões de casos confirmados no mundo. Com o objetivo de achatar a curva de contágio, medidas como distanciamento social, utilização de máscaras, restrição a toques como abraços e beijos e higiene frequente das mãos foram recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Frente a esse cenário, o medo de contaminação própria e de familiares e amigos, a ansiedade por não saber o que está por vir, a angústia e o estresse por preocupações excessivas se tornaram frequentes no dia a dia da população3,4. Passados mais de um ano em cenário pandêmico, a população se encontra em uma «fase crônica» para os impactos na saúde mental. Nessa fase há incidência de Transtornos Comportamentais, Ansiedade, Depressão, sentimentos de desesperança e vazio, violência e conflitos familiares5.
Situações de pandemia impactam a população e podem causar reações psicológicas adversas, capazes de afetar a recuperação de pacientes hospitalizados, de modo a necessitar de intervenção psicológica6. É possível indicar que mesmo após o término da pandemia, a reflexão e revisão da atenção psicossocial realizada será essencial, assim como a implementação das políticas públicas voltadas ao cuidado em saúde mental7,8. Percebe-se que os profissionais da psicologia têm sido requisitados para realizar intervenções tanto com pessoas que estão internadas em hospitais6 quanto com equipes de saúde que realizam o cuidado das pessoas afetadas pela COVID-199.
No Brasil, com o objetivo de orientar e contribuir com a atuação dos psicólogos em situações adversas, como na pandemia da COVID-19, o Conselho Federal de Psicologia lançou Nota Técnica em 2016 sobre a Psicologia na Gestão Integral de Riscos e de Desastres. Assim, as intervenções psicológicos em situações de pandemia deverão respeitar cinco fases, assim definidas: prevenção (ações que visam evitar a ocorrência do evento); mitigação (estratégias para minimizar as possíveis consequências do evento adverso); prevenção (práticas para a melhora da resposta dos órgãos públicos e da população frente ao evento adverso); resposta (ações para realizar o atendimento à população, assistir às vítimas e restabelecer serviços essenciais) e reconstrução (momento de administração dos impactos pós-emergência)10.
Destaca-se a utilização de métodos alternativos para se realizar esses atendimentos e intervenções como forma de evitar o risco de contágio11 e de garantir a qualidade das intervenções. Portanto, evidencia-se a necessidade de investigar essas práticas psicológicas no contexto da pandemia COVID-19 para o fornecimento de subsídios técnicos para profissionais de saúde mental, assim como, para a construção de protocolos e guias de atuação. Ainda, destaca-se a importância da realização de revisões na literatura para subsidiar a elaboração de novos estudos. Com base em tais aspectos, o presente estudo busca identificar os primeiros registros e produções científicas a respeito das intervenções psicológicas realizadas frente a COVID-19 em nível mundial.
MÉTODO
Foram realizados dois momentos na coleta de dados. Na "busca 1" foram pesquisados nas bases Scielo, Science Direct, Lilacs e Pubmed os termos ("Public Health" AND "Psychology" AND "COVID-19") e ("Community Health" AND "COVID-19" AND "Psychology"). Já na "busca 2", pesquisou-se nas bases Scielo, Science Direct, Portal de Periódicos da Capes e Pubmed os descritores ("Psychological Interventions" AND "COVID-19"). Foram realizados esses dois momentos de busca de produções científicas de forma a conseguir englobar um número maior de artigos e, consequentemente, de informações relevantes e modelos de intervenção psicológica frente a COVID-19. Como critérios de inclusão, nesta pesquisa se consideraram os artigos de relatos de experiência, empíricos, teóricos e de revisão da literatura, bem como, comunicações breves, publicados em português, inglês, espanhol ou francês, de janeiro de 2020 a 7 de agosto de 2020.
Além desses critérios, as produções científicas deveriam abordar ou trazer contribuições a respeito da atuação ou das intervenções realizadas por psicólogos frente a COVID-19. Essas intervenções consideradas são aquelas que utilizaram de técnicas da psicologia para manejo do sofrimento psíquico e/ou demandam conhecimento do campo científico da psicologia para tal. Ao total, somando os dois momentos, foram localizados 847 artigos. Sete deles foram excluídos pois estavam duplicados, totalizando, portanto, 840 artigos. Para a análise dos 840 artigos se adotou os critérios de seleção supracitados. Na seleção foram lidos os títulos e os resumos de todos os artigos por três pesquisadores. Ao final dessa seleção, foram selecionados 12 artigos, seis de cada momento da pesquisa, esses que foram lidos e analisados na íntegra.
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