Rev. bras. psicoter. 2021; 23(1):157-165
Bossi TJ, Sehaparini I. Desafios na transição dos atendimentos psicoterápicos presenciais para online na pandemia de COVID-19: revisão sistemática. Rev. bras. psicoter. 2021;23(1):157-165
Revisão sistemática
Desafios na transição dos atendimentos psicoterápicos presenciais para online na pandemia de COVID-19: revisão sistemática
Challenges in the transition from face-to-face to online psychotherapeutic care in the COVID-19 pandemic: systematic review
Desafíos en la transición de la atención psicoterapéutica presencial a la atención online en la pandemia de COVID-19: revisión sistemática
Tatiele Jacques Bossi; Indianara Sehaparini
Resumo
Abstract
Resumen
INTRODUÇÃO
A pandemia de COVID-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020, devido à rápida disseminação mundial do vírus Sars-Cov-2, identificado pela primeira vez em dezembro de 2019. Medidas de isolamento social foram tomadas, a fim de amenizar a propagação do vírus e, consequentemente, sua taxa de contaminação e letalidade. Frente a isso, diversas transformações pessoais e laborais precisaram ocorrer, inclusive na vida dos psicólogos e de seus pacientes. A necessidade de adaptação à psicoterapêutica mediada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) foi uma urgência que trouxe à tona diversos desafios para os profissionais frente a realização dos atendimentos online1.
Apesar de ser uma prática que existe desde a década de 1950, os atendimentos psicológicos por meio das TICs só começaram a ser inseridos no Brasil nas duas últimas décadas2. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) autorizou, no ano de 2005, as psicoterapias online por meios síncronos (videoconferência e telefone) ou assíncronos (mensagens de texto e e-mails) apenas para fins de pesquisa, com o propósito de obter resultados científicos sobre a sua efetividade. Já no ano de 2012, houve a ampliação para a oferta de atendimento online breve2. Somente no ano de 2018, a psicoterapia online passou a ser autorizada como prática do psicólogo, tendo como exigências o registro profissional e o "Cadastro e-Psi", que se refere a uma autorização, emitida pelo CFP, para que o profissional possa realizar atendimentos psicológicos diversos mediados pelas TICs1.
Debates sobre a necessidade de capacitação para o atendimento psicológico online já ocorriam desde antes da regulamentação da prática. Questões sobre a eficácia do tratamento e a dificuldade na construção do setting terapêutico no ambiente online estavam em voga com o intuito de preparar os profissionais e os pacientes para os atendimentos3. Assim, a pandemia de COVID-19 veio trazer enormes desafios, ao se considerar a pouca familiaridade dos profissionais com a atuação psicoterapêutica online. Dessa forma, o objetivo deste estudo é investigar os desafios para as psicoterapias na transição dos atendimentos presenciais para online durante a pandemia de COVID-19.
MÉTODO
Esta é uma comunicação breve, em que se realizou uma revisão sistemática da literatura sobre psicoterapias online no contexto da pandemia de COVID-19. A busca pelo material consultado se deu nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online - SciELO, PubMed e PsycINFO, por meio dos descritores "(online psychotherapy OR online psychological interventions) and (COVID-19 OR coronavirus)", e selecionou-se como período de busca o ano de 2020 (seleção do material realizada entre 16 e 24 de fevereiro de 2021).
Ao todo, foram encontrados 380 documentos, distribuídos entre as bases de dados: nenhum estudo na SciELO, 265 na PubMed e 115 na PsycINFO. Os artigos encontrados foram classificados a partir dos critérios de inclusão: a) ser estudo empírico; e, b) ter como foco do estudo o atendimento psicológico online e a pandemia de COVID-19. Foram excluídas aquelas referências repetidas entre as bases de dados (n=43), revisões de literatura (n=59), outros tipos de documentos como cartas ao editor, editorial, debates, entrevistas, comentários e relatos de experiência (n=28). Além disso foi excluído um estudo que não apresentava o texto completo. Por fim, foram excluídos os artigos que não se referiam à temática em estudo (n=219). A partir disso, restaram 30 estudos que abordavam sobre o atendimento psicológico online e a pandemia de COVID-19. Para fins da presente comunicação breve, foram selecionados apenas os estudos sobre psicoterapia online e COVID-19, sendo excluídos aqueles sobre outras formas de intervenção (ex: intervenção breve e protocolos de atendimento). Com isso, restaram para a análise sete estudos, que foram lidos na íntegra, e estão apresentados na Tabela 1.
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