Vol 20 N° 1 2018
Artigo Original
2 -
Psicoterapia de Grupo de inspiraçao fenomenológico-existencial em pacientes esquizofrênicos.
Gustavo França Santos; Ana Maria Moreira; Raúl Guimaraes Lopes
Páginas: 3 - 18
A psicoterapia existencial é uma abordagem filosoficamente informada à psicoterapia. Surgiu como um esforço de convergir conhecimentos da fenomenologia e do movimento existencial com a prática terapêutica. Esta psicoterapia é um processo colaborativo e integrativo que privilegia a confrontaçao com os existenciais e a compreensao empática da experiência subjetiva do paciente, promovendo o desenvolvimento de um self autêntico. Previamente descrita por alguns autores como insegurança ontológica e perda do contato vital com a realidade, a esquizofrenia acarreta frequentemente dificuldades acrescidas em diversas áreas da vida e isolamento social. O objetivo deste artigo é discutir a aplicabilidade da psicoterapia de grupo de inspiraçao fenomenológico-existencial na esquizofrenia. Primeiro, revemos a literatura existente acerca da psicoterapia de grupo na esquizofrenia, introduzindo a terapia existencial e enfatizando áreas de convergência e de diferença. Depois, descrevemos a experiência de um grupo psicoterapêutico de pacientes com esquizofrenia. Numa perspetiva conceptual, a terapia de inspiraçao fenomenológico-existencial pode fundar qualquer intervençao terapêutica na esquizofrenia. Durante as sessoes de grupo os pacientes foram encorajados a explorar descritivamente o seu mundo vivido e a reconhecer as suas liberdades e responsabilidades. Foi de grande valor a abordagem das preocupaçoes existenciais, frequentemente negligenciadas em outros modelos psicoterapêuticos. Esta abordagem nao pretende substituir o tratamento padrao, reconhecendo que uma mudança dramática de paradigma podia significar uma visao despatologizada da esquizofrenia. Em vez disso, argumentamos pela assimilaçao. E numa altura em que os terapeutas se encontram focados no alívio sintomático imediato e sobrecarregados com resultados funcionais esta assimilaçao pode ter particular importância.
Descritores: Psicoterapia; Esquizofrenia; Psicoterapia de Grupo.
3 -
Fatores associados à percepçao de aliança terapêutica por pacientes em psicoterapia psicanalítica
Camila Piva da Costa; Camila Pereira Alves; Cláudio Laks Eizirik
Páginas: 19 - 35
A percepçao do paciente sobre a relaçao com seu psicoterapeuta é determinante para a sua permanência em tratamento e para o sucesso da psicoterapia. Estabelecer preditores de aliança terapêutica pode ter o potencial de auxiliar os psicoterapeutas a utilizar formas de intervençao durante as fases iniciais do tratamento. O objetivo do estudo foi investigar a associaçao entre fatores sócio-demográficos e clínicos do paciente e do terapeuta e a forma como o paciente percebe a aliança terapêutica. Trata-se de um estudo transversal que avaliou a qualidade da aliança em pacientes adultos atendidos em psicoterapia psicanalítica em um ambulatório de saúde mental. A amostra foi constituída por 118 pacientes que chegaram até a quarta sessao de psicoterapia psicanalítica. Os resultados apontam para a influência da intensidade dos sintomas de psicoticismo e do gênero do paciente na percepçao da aliança terapêutica.
Descritores: Psicoterapia Psicanalítica; Aliança Terapêutica; Fatores Sócio-demográficos e Clínicos; Preditores; Sintomas; Gênero.
4 -
Falhas ambientais e conflito: compondo uma escuta da organizaçao borderline
Carina Teixeira Leite
Páginas: 37 - 48
O objetivo deste trabalho é relacionar a organizaçao borderline às patologias do vazio, e propor uma escuta psicodinâmica ancorada na conjunçao das vertentes de deficit e de conflito. Valho-me de alguns pensadores psicanalíticos como Donald Winnicott, Wilfred Bion, Andre Green, Otto Kernberg, David Zimerman e Sidney Schestatsky ao considerar os primórdios da formaçao dessa organizaçao psicopatológica, ao tecer algumas consideraçoes sobre sua compreensao psicodinâmica e ao apresentar sua expressao clínica. Saliento que o psicoterapeuta deve identificar psicodinamicamente a fragilidade do paciente, acolher sua regressao e possibilitar que a dupla terapeuta-paciente teça a trama significante que estreite as bordas do vazio.
Descritores: Psicoterapia; Conflito (Psicologia); Transtorno da Personalidade Borderline.
5 -
O término de tratamento em psicoterapia psicanalítica
Cleonice Zatti; Juliana Neves; Kelen Patrícia Bürke Bridi; Vitor Crestani Calegaro; Lucia Helena Machado Freitas; Márcia Semensato
Páginas: 49 - 59
O presente artigo descreve algumas consideraçoes a respeito do processo de término em psicoterapia psicanalítica, encontradas na literatura. O objetivo é discorrer sobre aspectos e recomendaçoes que caracterizam a fase final do tratamento, considerando que a mesma é percebida de forma singular pela dupla: terapeutapaciente. Alguns autores destacam a capacidade do ego do paciente, o alcance de objetivos determinados na terapia, a superaçao de ansiedades e inibiçoes, entre outros, como indicadores para a conclusao do tratamento. Tais critérios e demais questionamentos serao descritos ao longo deste estudo, contemplando principalmente o fechamento integral do processo, observando brevemente alguns aspectos relacionados às interrupçoes. O fim da terapêutica desperta, tanto em quem se trata quanto nos profissionais, angústias primitivas que devem ser elaboradas por ambos, portanto, reconhecidas e trabalhadas ao máximo durante o tratamento.
Descritores: Psicoterapia; Psicanálise; Contratos.
Artigo de Revisao
6 -
O modelo cognitivo-comportamental da procrastinaçao acadêmica: uma revisao da literatura
Amanda Borges Fortes; Márcio Barbosa
Páginas: 61 - 67
Procrastinaçao é um fenômeno comum entre estudantes, sendo, geralmente, prejudicial à vida acadêmica. As pesquisas sobre procrastinaçao sao relativamente recentes, sendo iniciadas na década de 60 e, desde lá, pode-se considerar que há pouco avanço sobre o tema. Atualmente, considera-se a procrastinaçao como problema mais grave da educaçao. O presente estudo buscou descrever as crenças irracionais e distorçoes cognitivas que levam ao comportamento de procrastinar. Para isto, o método utilizado foi uma revisao integrativa de literatura sobre o modelo cognitivo da procrastinaçao. A compreensao deste fenômeno sob a perspectiva cognitivo-comportamental busca dar subsídio para a prática clínica com acadêmicos que apresentam prejuízos devido à procrastinaçao.
Descritores: Terapia Cognitiva; Psicologia Clínica; Psicologia Educacional.
7 -
Psicodinâmica contemporânea em pedopsiquiatria - abordagens Integrativas
Ivo Peixoto; Cristina Maria Marques
Páginas: 69 - 80
A prática clínica em pedopsiquiatria reveste-se de desafios na compreensao e abordagem clínica dos pacientes e do seu contexto. Desta forma, o pedopsiquiatra de hoje em dia tem a necessidade de integrar múltiplas vertentes de conhecimento na sua formaçao e na sua prática numa formulaçao biopsicossocial. No entanto, cada um dos elementos desta tríada possui raízes históricas e uma série de premissas e referenciais teóricos diferentes, tornando-se, muitas vezes, dificultada a sua conjugaçao. Existe, portanto, uma necessidade de integrar perspetivas relacionais terapêuticas contemporâneas numa ótica de harmonizaçao e como informadoras da atividade clínica em psiquiatria da infância e da adolescência. Os autores propoem uma revisao conceptual sobre o papel do paradigma psicodinâmico contemporâneo na pedopsiquiatria, com uma orientaçao para a prática clínica e flexível na compreensao e intervençao.
Descritores: Psicoterapia; Psiquiatria Infantil; Psicanálise.
8 -
Vantagens e desvantagens da terapia de exposiçao virtual para o transtorno de estresse pós-traumático
Márcio Barbosa; Laura Pordany do Valle; Tayse Conter de Moura; Christian Haag Kristensen
Páginas: 81 - 94
As técnicas de exposiçao foram as mais desenvolvidas no estudo do tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático nos últimos anos. Porém, exposiçoes ao vivo e através da imaginaçao apresentam importantes limitaçoes, como a impossibilidade de expor o indivíduo a determinados eventos, dificuldade de acesso emocional às memórias traumáticas e importantes taxas de desistência durante o tratamento. A Terapia de Exposiçao Virtual tem se mostrado eficaz no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, mas apresenta desafios para sua operacionalizaçao. Esta revisao se propôs a avaliar as vantagens e desvantagens do uso da Terapia de Exposiçao Virtual para o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Foram encontradas vantagens em relaçao à motivaçao para o tratamento, capacidade de engajamento emocional e controle do terapeuta sobre os estímulos associados ao trauma. Os custos e a necessidade de especialistas em programaçao sao desvantagens importantes. Sao encontradas também contraindicaçoes médicas e psiquiátricas. Os avanços tecnológicos têm diminuído desvantagens facilitando o uso e a criaçao de novos cenários virtuais, porém, sem eliminá-las por completo.
Descritores: Terapia Cognitiva; Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos; Terapia de Exposiçao à Realidade Virtual.
Artigo Especial
9 -
Sobre as terapias psicanalíticas na infância e adolescência: um ensaio psicoeducativo
Ana Cristina Tietzmann
Páginas: 95 - 103
A psicanálise e a psicoterapia de orientaçao analítica, chamadas abordagens psicodinâmicas, mantém-se como importantes instrumentos preventivos e terapêuticos para os problemas de saúde mental na infância e adolescência. Apesar disso, permanecem desconhecidos para muitos pais e profissionais que cuidam de crianças e jovens. Aspectos históricos, o papel do inconsciente, o vínculo terapêutico e a possibilidade de transformaçao das emoçoes ao longo de um processo de tratamento sao alguns dos aspectos abordados neste trabalho. Fragmentos de textos literários servirao como ilustraçoes, buscando traduzir e tornar mais acessível ao leitor nao especializado este complexo campo de conhecimento que continua em desenvolvimento.
Descritores: Terapia Psicanalítica; Criança; Adolescente; Educaçao em Saúde.
Resenha
10 -
Possuídos - da prisao do adoecer psicótico
Orlando von Doellinger
Páginas: 105 - 109
A doença mental tem uma longa história de representaçao no cinema, ainda que, muitas vezes, essas representaçoes sejam incorretas e irreais. "Possuídos", um filme de William Friedkin, lançado em 2006, apresenta, contudo, uma visao que nos parece mais verdadeira, revelando o caráter catastrófico (intrapsíquico e interpessoal) da psicose e evidenciando que essa doença é a mais inexorável das prisoes. Com os dois personagens principais (Agnes e Peter) encerrados num quarto durante quase todo o filme, somos confrontados com duas formas de adoecer psicótico: a esquizofrenia de Peter, com delírios de infestaçao, delírios persecutórios e uma crescente desorganizaçao do pensamento e do comportamento; e a psicose induzida de Agnes, resultado do investimento maciço em Peter, fruto de um luto (de um filho) nao resolvido.
Descritores: Cinema como Assunto; Transtornos Psicóticos; Esquizofrenia.
Rua Ramiro Barcelos, 2350 - Sala 2218 - Porto Alegre / RS | Telefones (51) 3330.5655 | (51) 3359.8416 | (51) 3388.8165-fone/fax