ISSN 1516-8530 Versão Impressa
ISSN 2318-0404 Versão Online

Revista Brasileira de Psicoteratia

Submissão Online Revisar Artigo

Vol 21 N° 2  2019

 

Artigo Original
1 -  Modelo de supervisão integrativa: Construindo uma identidade profissional no campo do Aconselhamento Psicológico na Guatemala
Ana Alicia Cóbar Catalán; Lucía Cazali; Ingrid Erdmenger de Staebler María del Pilar Grazioso; Maritza Gallardo-Cooper
Páginas: 1 - 20

Resumo

Este estudo contribui para o avanço da pesquisa incipiente sobre supervisão na Guatemala e visa avaliar o modelo utilizado em um programa de mestrado em Aconselhamento Psicológico e Saúde Mental de uma universidade privada do país. Trata-se de um estudo qualitativo, no qual quatro orientadores entrevistaram 14 profissionais graduadas e alunas desse programa. A entrevista incluiu perguntas sobre o significado e propósito, benefícios e importância, impacto no cliente, habilidades pessoais e a aliança de supervisão. As respostas foram codificadas, agrupadas e analisadas por tópicos dos quais emergiram: (a) a definição de supervisão como processo de aprendizagem e avaliação por meio de acompanhamento e feedback, (b) confirmação de que a supervisão tem impacto no cliente, (c) a necessidade de definir o modelo orientador e a padronização do formato e da prática e (d) as características relevantes da pessoa que supervisiona a relação de supervisão. As características mais relevantes encontradas são: respeito, apoio, orientação, escuta, confiança, habilidades de comunicação, responsabilidade, empatia, abertura, respeito à diversidade, feedback, aprendizado e ordem. Este trabalho abre a oportunidade de continuar pesquisas semelhantes em ambientes acadêmicos, comunitários, profissionais e de treinamento que transcendem os limites deste programa e se aplicam a outros contextos latino-americanos.

Descritores: Supervisão; Aliança de supervisão; Guatemala; Treinamento

2 -  El seguimiento terapéutico en la escena urbana: transicionalidad e interjuego en la arena sociocultural
Danilo Marques da Silva Godinho; Carlos Augusto Peixoto Junior
Páginas: 21 - 33

Resumo

O presente artigo visa refletir sobre o acompanhamento terapêutico, no intuito de articular as análises de Donald Winnicott acerca da importância das provisões ambientais primárias, à qualidade da relação que se estabelece entre o acompanhante terapêutico e o sujeito acompanhado. O acompanhamento terapêutico se inscreve no processo de Reforma Psiquiátrica brasileira, sendo uma de suas características mais marcantes a proposta de uma clínica ampliada, que acontece nos territórios de vida daqueles que são assistidos. A partir desta perspectiva, buscaremos esquadrinhar as questões clínicas decorrentes dessa abertura para o "fora" que caracteriza este tipo de acompanhamento. Constata-se com isso que, no acompanhamento terapêutico, as relações clínicas são estabelecidas no "aqui e agora" do cotidiano coletivo, domínio no qual a realidade só pode ser compartilhada, fazendo com que o vínculo seja distinto daquele que permeia os consultórios e clínicas de atendimento, promovendo outra qualidade de relação a qual precisa ser mais bem explorada pela literatura acerca do tema, exigindo a criação de conceitos que escapem às categorias clínicas tradicionais.

Descritores: Saúde mental; Acompanhamento terapêutico; Clínica ampliada; Intersubjetividade

3 -  Capacitación en habilidades sociales en adolescentes con trastorno de ansiedad social: una revisión sistemática
Rafaela Fava de Quevedo; Mariana Nunes Andreolla; Francine Guimarães Gonçalves; Ilana Andretta
Páginas: 35 - 48

Resumo

O Transtorno de Ansiedade Social caracteriza-se por um medo persistente em situaçoes de exposiçao ou interaçao social. Para fins terapêuticos, faz-se importante desenvolver um repertório de habilidades sociais, favorecendo a diminuiçao dos sintomas. Este estudo tem por objetivo identificar os treinamentos de habilidades sociais em adolescentes com transtorno de ansiedade social, bem como seus resultados através de uma revisao sistemática de artigos. Foram incluídos artigos publicados entre 2006 e 2016 nas bases ScienceDirect, PubMed Central, SCOPUS, LILACS e PsycINFO. O relato e análise dos itens seguiram as recomendaçoes PRISMA. Dos 236 artigos encontrados, cinco foram analisados, considerando as características da amostra, conteúdo da intervençao, resultados e limitaçoes de cada artigo. Os estudos, em sua maioria, realizaram intervençoes baseadas no protocolo SET-C, as quais resultaram na melhora do Transtorno de Ansiedade Social de crianças e adolescentes. No entanto, nenhum dos estudos realizou uma análise específica das habilidades sociais póstratamento. Salienta-se a necessidades de estudos brasileiros com a temática, bem como se sugere pesquisas direcionadas à investigaçao específica das contribuiçoes do treinamento de habilidades sociais para o tratamento do Transtorno de Ansiedade Social.

Descritores: Transtornos Fóbicos; Criança; Adolescente; Revisão

Artigo de Revisao
4 -  Insight: del chimpancé al setting terapéutico
Rodrigo Ritter Parcianello; Luiz Carlos Mabilde
Páginas: 49 - 58

Resumo

O insight pode ser definido com o um tipo especial de conhecimento, novo, claro e distinto, que ilumina de imediato a consciência e se refere sempre à própria pessoa que experimenta. É um termo teórico da psicanálise que pertence a psicologia processual, não à personalística, pois se refere ao processo mental de tornar consciente o inconsciente. Diversos modelos teóricos da psicanálise buscam definir o insight como um conhecimento que reúne entre suas características a de ser novo e intransferível. O insight pode ser visto de diferentes maneiras. A classificação mais típica é a que divide o insight em intelectual e emocional. Este trabalho tem por objeto revisar o conceito de insight na literatura psicanalítica, classificar os diferentes tipos de insight, aplicar, através de uma vinheta, e discutir esse fenômeno dentro do setting terapêutico.

Descritores: Psicoterapia; Processos Psicoterapêuticos; Psicanálise; Teoria Psicanalítica; Terapia Psicanalítica

5 -  Psicoterapia de grupos y Psicologia Analítica
Ana Luisa Testa; Carlos Augusto Serbena
Páginas: 59 - 77

Resumo

Jung e a Psicologia Analítica não contemplaram em profundidade o estudo da psicoterapia de grupos, tendo privilegiado o trabalho clínico individual. O presente artigo tem como objetivo principal fornecer um panorama descritivo das pesquisas sobre como a participação em pequenos grupos psicoterapêuticos pode influenciar no processo de individuação de seus membros, no referencial da Psicologia Analítica, e também, como um objetivo secundário, recapitular e confrontar com o que a literatura da área expõe sobre o tema. Para isso, foi feito num primeiro momento uma revisão estruturada, em bases de dados. Os critérios de seleção do material é que fossem artigos, em português e inglês, que tratassem do desenvolvimento da personalidade no interior de pequenos grupos de desenvolvimento pessoal, na área da psicologia analítica. Na sequência foi feita uma pesquisa não estruturada, levantando artigos frequentemente citados e também através da literatura da área e posteriormente uma revisão integrativa que aponta a dificuldade do tema no campo da psicologia analítica, especialmente pelo receio dos processos de identificação e regressão entre os membros do grupo - que para Jung operariam invariavelmente contra a individuação. Os artigos levantados questionam essa afirmação e apresentam possibilidades de desenvolvimento psíquico no interior desses grupos e correlacionam individuação com vida em sociedade. Eles também propõem métodos de psicoterapia grupal no referencial da psicologia analítica. Considera-se que pequenos grupos fazem parte do contexto de vida de qualquer indivíduo, e seu potencial para favorecer a individuação ainda precisa ser melhor compreendido.

Descritores: Arquétipos; Grupos; Individuação; Psicoterapia grupal; Regressão psíquica

6 -  Terapia Cognitivo-Conductual e intervenciones con parejas en Brasil: ¿amor o divorcio?
Lia Wagner Plutarco; João Virgílio Vieira Ribeiro; Estefânea Élida da Silva Gusmão; Mariana Gonçalves Farias
Páginas: 79 - 92

Resumo

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) possui técnicas eficazes para a intervenção clínica com casais, a partir das quais é possível ajudar os casais a lidarem melhor com estresses do relacionamento e problemas de saúde de origem física ou psicológica, tendo como principal foco a interação entre as cognições, as respostas emocionais e as interações comportamentais dos casais. Desse modo, conhecer a produção científica acerca do tema pode contribuir para uma maior visibilidade da TCC, para a maior fundamentação de intervenções e para a identificação de avanços e lacunas da literatura. Desse modo, o presente artigo objetiva realizar uma revisão sistemática da literatura, produzida nos últimos dez anos, acerca da terapia de casal aliada à terapia cognitivo-comportamental. A revisão foi realizada por meio do Portal de periódicos CAPES e do Google Scholar; a partir dessas, foram selecionadas 11 publicações. De modo geral, as publicações foram heterogêneas no que tange à metodologia utilizada, ao ano de publicação e aos tópicos de interesse; com destaque para os tópicos acera da satisfação conjugal e habilidades sociais que apareceram em mais de um artigo. Os principais resultados encontrados pelas publicações também foram discutidos. Em suma, pode-se concluir que houve um crescimento, ainda que limitado, de publicações a respeito da terapia cognitivo-comportamental com casais, reunindo evidências de contribuição da terapia cognitivo-comportamental na resolução de diversas questões relacionadas com as relações conjugais.

Descritores: Casais; Terapia Cognitivo-Comportamental; Revisão Sistemática

Relato de Caso
7 -  La elección amorosa entre la compulsión a la repetición y la transferencia: un caso clínico
Homero Artur Belloni Silva; Sandra Aparecida Serra Zanetti
Páginas: 93 - 103

Resumo

Problemas relacionados com escolhas amorosas estão entre as situações de maior procura para atendimento clínico e merecem um olhar atento daqueles que se propõem a trabalhar em tal campo. Dentro da teoria psicanalítica, dois conceitos se mostram indispensáveis para tal estudo: a compulsão à repetição e a transferência. O primeiro pelo fato deste movimento inconsciente ser o que impulsiona a escolha amorosa; e o segundo, por se tratar de uma modalidade da compulsão à repetição e, por isso, ser a responsável por trazer essa problemática a relação terapêutica. Diante da importância do tema para a prática psicanalítica, esse artigo busca apresentar um caso clínico onde esses dois conceitos serão trabalhados para a compreensão do caso e o tratamento clínico.

Descritores: compulsão à repetição, transferência amorosa, escolha amorosa, clínica psicanalítica, relacionamento amoroso

8 -  Caminos de la supervivencia psíquica a la resiliencia: un relato de caso
Felipe de Luca Medeiros; Bibiana Godoi Malgarim; Lúcia Helena Machado Freitas
Páginas: 105 - 118

Resumo

Resiliência é um conceito ainda em evolução que procura compreender a capacidade de alguns indivíduos suportarem situações traumáticas de três maneiras principais: mantendo seu equilíbrio mental, retornando ao seu funcionamento prévio ou crescendo psiquicamente após o trauma. No contexto psicoterapêutico, é importante conhecer como auxiliar o indivíduo a percorrer os caminhos de um estado mental de adaptação ao trauma (sobrevivência psíquica) à resiliência. O presente relato ilustra dificuldades enfrentadas nesse processo em psicoterapia de orientação analítica de um paciente com história de múltiplos traumas e problemas severos ao longo de seu ciclo vital. Destaca a importância do papel de tutor de resiliência exercido pelo psicoterapeuta, através de encontros emocionalmente genuínos e sensíveis que criam um espaço para que a dor seja acolhida e a resiliência "tecida" mediante narrativas que produzam experiências de reparação, facilitando a construção de novas bases de segurança e metamorfoseando feridas psíquicas em novos significados. Para o psicoterapeuta empreender essa função, o relato também delineia a importância de se compreender os fatores que dificultam o sujeito a percorrer esse caminho sem ajuda profissional, incluindo: déficit na aquisição de recursos internos na infância; tipo, intensidade, período do ciclo vital, contexto e significados do evento traumático; bem como carência de rede de apoio ou dificuldade ao mobilizá-la para narrar e encenar o trauma.

Descritores: Resiliência; Trauma Psicológico; Psicoterapia