Rev. bras. psicoter. 2019; 21(2):49-58
Parcianello RR, Mabilde LC. Insight: del chimpancé al setting terapéutico. Rev. bras. psicoter. 2019;21(2):49-58
Artigo de Revisao
Insight: del chimpancé al setting terapéutico
Insight: from chimpanzee to therapeutic setting
Insight: do chimpanzé ao setting terapêutico
Rodrigo Ritter Parcianelloa; Luiz Carlos Mabildeb
Resumo
Abstract
Resumen
1. INTRODUÇÃO: EXPERIMENTO DE KOHLER
Em uma sequência típica, um chimpanzé salta em bananas que foram penduradas fora do alcance. Geralmente, depois de um período de saltos sem sucesso, o chimpanzé mostra-se irritado ou frustrado. Em seguida observa as frutas, desvia o olhar para os brinquedos do recinto e sucessivamente olha das frutas aos brinquedos. Finalmente, o animal começa a usar os brinquedos na tentativa de alcançar as bananas.
As soluções encontradas pelos chimpanzés no experimento de Kohler variaram. Vários dos chimpanzés conseguiram empilhar caixotes, mas tiveram dificuldades por não se posicionarem no centro de gravidade. Outro chimpanzé teve a iniciativa de usar um bambu para derrubá-las. O aspecto comum a cada uma dessas tentativas é que os chimpanzés estavam tentando resolver o problema por um meio cognitivo de tentativa e erro, como se estivessem imaginando a cena em suas mentes antes de manipular as ferramentas. O padrão desses comportamentos - falha, pausa, análise das ferramentas potenciais e, em seguida, a tentativa - parece envolver visão e planejamento1.
(Wolfgang Kohler, 1917 - Adaptado)
2. AS DIFERENTES ABORDAGENS DO TERMO INSIGHT
De acordo com a teoria da forma, Kohler2, ao estudar a psicologia do chimpanzé, confere o insight como um momento de novidade, de criação. Nesse sentido, o autor pode observar alguns fatos singulares. Por exemplo, quando é proposto ao chimpanzé um problema, como o de apoderar-se de uma banana com um bambu que não alcança a fruta, o animal fica desconcertado como se estivesse pensando e, de repente, em um ato de intuição, que Kohler chama concretamente de insight, se dá conta que colocando um bambu dentro de outro alonga suficientemente seu instrumento para alcançar a fruta. Kohler quer mostrar com isso que o pensamento não é construído através de tentativa e erro. Ao invés disso, pode-se explica-lo a partir de uma Gestalt. De acordo com essa teoria, para se compreender as partes de um objeto é preciso antes compreender o todo. Nesse sentido, o chimpanzé só consegue juntar os bambus um dentro do outro quando esta junção constitui um terceiro objeto.
Etimologicamente, a palavra inglesa insight está composta no prefixo 'in' que quer dizer interno, para dentro e 'sight' que é vista, visão. Literalmente, pois, 'insight' quer dizer visão interna, visão para dentro das coisas além da superfície, discernimento3. O dicionário diz que é o poder de ver com a mente dentro das coisas, a apreciação súbita da solução de problema4. O insight, neste sentido, significa conhecimento novo e permanente. De uma forma mais ampla, insight é o processo através do qual alcançamos uma visão nova e distinta de nós mesmos.
Já na psiquiatria geral, introduziu-se ''compressão interna'' (insight) para indicar o conhecimento, pelo paciente, de que os sistemas de sua doença são anormalidades ou fenômenos mórbidos5. Dessa forma, na visão de Kraepelin6, Bleuler7 e Jaspers8, a ''ausência'' de compreensão interna está associada principalmente a estados mentais psicóticos. Sandler descreve que parece haver uma relação complexa entre os significados psicanalítico e psiquiátrico do termo. Contudo, embora a terminologia insight tenha sido estendida da psiquiatria à psicanálise, especialmente nas últimas décadas, o significado psiquiátrico foi perdido na direção até a psicanalise9.
No contexto histórico psicanalítico, o vocábulo 'insight' foi se impondo até transformar-se de uma palavra da linguagem corrente em uma expressão técnica. Sempre é difícil decidir em que momento uma palavra da linguagem comum se recobre de um significado teórico. Todavia, para o caso do insight, temos dois pontos de referência importantes: o XIV Congresso Internacional, que se realizou em Marienbad (1936), e o XXII Congresso Internacional, que teve lugar em Edinburgo (1961). Assim, pode-se dizer que o lapso entre os dois simpósios representa o tempo histórico no qual a palavra insight se transforma em um vocabulário estritamente técnico3.
Quando se emprega a palavra insight em psicanálise, deve-se honrar o prefixo 'in' porque insight é um conhecimento de nós próprios, não um conhecimento qualquer. Assim, o insight deve ser considerado como o ato fundamentalmente pessoal de ver-se a si mesmo10.
3. O INSIGHT E A PSICANÁLISE
No modelo Freudiano, o insight consiste em tornar consciente o inconsciente. Essa regra vai se recobrindo dos diversos significados que Freud desdobra em sua primeira tópica. Do ponto de vista dinâmico, há diversos "inconscientes": há o inconsciente reprimido que são todas as pulsões e fantasias correspondentes que sofreram esse destino; há todas as funções do ego que mantém a repressão e a há a resistência ao tratamento e o superego e suas várias funções. Nesse sentido, o paciente poderá tomar conhecimento, ter um insight, a respeito de um desejo seu reprimido, de uma censura inconsciente que fazia a si mesmo e lhe causava um sentimento de culpa ou de uma resistência que o domina e cria obstáculos ao andamento do tratamento.
Ainda, nesse mesmo modelo, quando uma pulsão é reprimida, as representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a ela são repelidas ou mantidas no inconsciente, mediante vários movimentos de catexias e anticatexias11. Entretanto, o afeto ligado a essa pulsão alvo da repressão é liberado sob forma de ansiedade livre. Assim, o afeto que estava ligado às representações reprimidas, quando opera a repressão, é desligado de sua representação original. Simplificado, então, existe dois destinos para esse afeto: permanecer livre sob forma de ansiedade, e o sujeito fica ansioso e não sabe o por quê; ou se liga a outra representação substitutiva12.
Segundo o modelo Kleiniano (1935), o insight é a capacidade de aceitar a realidade psíquica, com seus impulsos de amor e ódio dirigidos para um mesmo objeto. Dessa forma, podemos considerar insight como o resultado da introjeção do objeto e da integração do ego, caracterizando a posição depressiva. Klein diz que a dor depressiva é a condição necessária para o insight da realidade psíquica, que por sua vez, contribui para uma melhor compreensão do mundo externo12.
Seguindo a psicologia do ego, Kris13 utiliza para explicar o insight não só a dialética do processo primário e secundário, mas também o modelo de aparato psíquico que Freud propôs em 1923. Do ponto de vista estrutural, Kris pensa o insight como um fenômeno bifronte que tem lugar ao mesmo tempo no ego e no id: há uma forma incorporativa (oral) e uma forma anal do insight (presente, tesouro), que são claramente modelos instintivos, ou seja, do id.
Para Hanna Segal14 o insight consiste em adquirir conhecimento sobre o próprio inconsciente. Para essa autora, o insight opera terapeuticamente por dois motivos: 1) por que produz o processo de integração das partes cindidas do ego e 2) porque transforma a onipotência em conhecimento. Assim, o insight não é apenas conhecimento das partes do self, mas também incorporação das experiências passadas, o que reforça o sentimento e o poder do ego.
Baranger15, em "La situación analítica como campo dinâmico" traz o conceito de Winnicott de espaço transicional para esclarecer como o terapeuta participa do processo de insight. Em seus textos, o autor diz que é o campo terapêutico que se torna um espaço transicional: ao mesmo tempo, é mundo interno e realidade, passado e presente, apresenta uma ambiguidade essencial que a mente do analista, com suas ferramentas, é capaz de apreender.
Para Thomas Ogden (1996) o insight promove crescimento mental, pois enriquece a mente do paciente acrescentando significado e novas simbolizações. Na medida em que provoca uma reação catastrófica, forçando um reordenamento de todo o conhecimento anterior, é considerado um evento estruturante. Para Ogden, o encontro analítico será o encontro de duas subjetividades que geram uma terceira, intersubjetividade, no espaço potencial entre o paciente e o analista, ou seja, é "a terceira área da experiência que se encontra entre o eu e o não eu, entre realidade e fantasia"10,16. É nesse espaço que os símbolos são criados e a atividade imaginativa ocorre.
4. O INSIGHT COMO PROCESSO DINÂMICO
A partir das ideias gerais descritas anteriormente por diversos modelos teóricos da psicanálise acabamos de definir o insight como um tipo especial de conhecimento que reúne entre suas características a de ser novo e intransferível.
Dessa forma alguns teóricos explicam o insight de diferentes maneiras. A classificação mais típica é a que divide o insight em intelectual e emocional. Zilboorg17, por exemplo, adota e ademais sublinha energicamente que o verdadeiro insight é o emocional, o que, como vamos ver dentro de um momento, pode ser questionado. Reid e Finesinger18, que se juntaram em Maryland para realizar uma investigação interessante, criticaram a classificação de insight emocional e intelectual. Segundo eles, esta organização falha pela base, porque de fato, o próprio conceito de insight implica processo cognitivo (pensamento/conhecimento), processo intelectual. De modo que todo o insight é essencialmente intelectual e não pode haver insight que não o seja.
Há diferença, todavia, e esses autores a encontram na relação do insight com a emoção: há vezes que a emoção não é substancial, não vai além do componente afetivo de todo o processo intelectual. Outra vez, porém, o insight está vinculado estreitamente à emoção e de duas formas que se poderiam chamar de entrada e saída, como conteúdo ou consequência. A primeira dessas possibilidades é pouco significativa, o insight se refere a uma emoção, seu conteúdo é uma emoção, um dos termos dessa relação que se capta no momento de insight é uma emoção. Se, em um dado momento, o paciente se faz sabedor de que sente ódio pelo pai, em seu insight a emoção parece como conteúdo. Esse tipo é pouco significativo, porque com o mesmo critério se poderia dizer que um insight é infantil, quando se refere a algo que ocorreu na infância. É um erro semelhante ao de classificar os delírios por seu conteúdo e não por sua estrutura.
De modo diverso, no entanto, é quando o insight obtido veicula determinadas emoções. O insight, nesse caso, consiste em que o sujeito se faça sabedor de um fato psicológico que lhe provoca uma reposta emocional. Em outras palavras, o paciente vive o insight e sente algo novo durante o trabalho analítica.
Após haver esclarecido dessa maneira a dupla relação entre o insight e o afeto, Reid e Finesinger propõe chamar a ambos de insight emocional, contrapondo-os ao insight intelectual ao que denomina neutro, para evitar pleonasmo de chamar de intelectual um processo que, por definição, sempre o é18.
Preocupados como estão pelo papel do insight em psicoterapia, estes teóricos dizem que nenhum dos dois tipos de insight, neutro ou emocional, resolve o problema principal: por que em algumas circunstâncias o insight é operante e em outra não? Eles propõem então um terceiro tipo, que chamam de insight dinâmico e que tem a ver com a teoria da repressão: no momento em que se levanta uma repressão, o insight é dinâmico, referindo-se a sua eficácia.
Como indica seu nome, o insight dinâmico se constitui quando um conhecimento penetra a barreira da repressão no sentido estritamente freudiano e faz que o ego se faça a par de um desejo até então inconsciente.
Se tomarmos como base a teoria da intersubjetividade16, podemos compreender o insight dinâmico como sendo aquele oriundo do terceiro analítico intersubjetivo criado na experiência conjunta entre paciente e terapeuta. Nas palavras de Ogden "a intersubjetividade do analista/analisando coexiste em tensão dinâmica com (a subjetividade do) o analista e (do) o analisando como indivíduos separados, com seus próprios pensamentos, sentimentos, sensações, realidade corporal, identidade psicológica, etc. (...) a intersubjetividade e a subjetividade individual criam, negam e preservam uma a outra"19.
5. O INSIGHT E TRAÇOS DE PERSONALIDADES DENTRO DE UM SETTING TERAPÊUTICO
Academicamente é importante conceituar, classificar e entender como ocorre o insight em cada um dos modelos teóricos da psicanálise. De forma complementar o exemplo clínico contribui para a compreensão do fenômeno:
Paciente: Essa semana fiquei pensando em algumas coisas que aconteceram comigo.
Terapeuta: Hum.
Paciente: Esses dias eu fui apresentar uns dados lá do trabalho para meus colegas. E aí que eu fui com outra perspectiva. Diferente daquela minha de ficar imaginando quem vai estar lá, se alguém vai me perguntar alguma coisa que não vou saber responder ou o que vão achar da minha apresentação. Eu fui bem mais livre. Mas isso não foi uma escolha. Simplesmente eu fui desse jeito e nem me dei conta. Mas eu lembro que estava mais leve antes de ir. E aí eu cheguei lá, comecei a falar e mostrar os ''slides''. Uma colega, no final da apresentação, fez algumas perguntas e daí fui embora para casa. E aí, depois eu fiquei pensando nessas coisas que aconteceram. Era um assunto que eu dominava e também gostava. Mas eu senti algo diferente. Fazia tempo que não me sentia assim. Que não tinha essa sensação.
Terapeuta: Como foi?
Paciente: Foi tão bom. Eu simplesmente fui para lá e apresentei os dados. Não fiquei monitorando tudo que eu fazia. Se estava bom os ''slides'', minha entonação, se estava falando muito ou se as pessoas estavam gostando ou não. Eu estava ali presente do jeito que eu sou. Sem medo de errar.
Terapeuta: Parece que tem a ver com algumas coisas que falamos na última vez. (Nesse momento faço uma imagem mental, quase uma lembrança de alguma cena que eu já vi em algum momento, de um pai orgulhoso com seu filho que conseguiu andar de bicicleta sem apoio pela primeira vez).
Paciente: Isso mesmo. Agora que estou me dando conta aqui. Aquilo de ficar sempre me corrigindo, procurando minhas falhas, onde errei, o que posso fazer para melhorar. Ou o que vão pensar de mim. Nunca tinha visto com esse olhar. É tão bom viver esses momentos dessa maneira. As coisas ficam tão mais leves e até, digamos, prazerosas. Foi uma experiência nova. Não tinha ideia que trabalhar assim é bom. Na verdade, não sei bem o que aconteceu para eu ter ido daquela leveza para a aula que dei.
Terapeuta: Talvez não precise se preocupar tanto em explicar os fenômenos que estão mudando dentro de ti. O que importa é que estão ocorrendo transformações que estão te deixando mais satisfeito consigo mesmo.
Paciente: Sim.
Terapeuta: Até porque novamente já estas fazendo uma nova crítica de ti.
6. DISCUSSÃO DO CASO CLÍNICO
Nessa vinheta percebe-se o quanto esse paciente tem a necessidade de buscar explicações para tudo que vive, utilizando, por exemplo, mecanismos de racionalização e intelectualização; o que pode se opor ao insight emocional. Dessa forma, ele acaba experimentando um distanciamento afetivo que lhe gera angústia e insegurança. Na vinheta descrita, observa-se um possível insight no setting terapêutico: ''Agora que estou me dando conta aqui''. Provavelmente a integração atingida resulta do trabalho analítico de sessões anteriores como manifestação de todo o processo. A mudança psíquica que culminou com a melhora clínica ficou exemplificada na sessão pela satisfação do paciente ao final da apresentação realizada. Percebe-se que para ocorrer esse momento emotivo durante a aula houve redução da repressão o que permitiu o sentimento de bem-estar e satisfação pessoal.
Considerando os conceitos já descritos de insight e sua classificação, acredito que o paciente obteve insight dinâmico emocional, a partir de uma sequência de insights intelectuais em sessões anteriores. Portanto, penso que os insights intelectuais serviram de base preparatória e culminaram com a experiência do insight emocional vivido dentro do campo dinâmico. Nessa circunstância específica, o insight emocional pareceu mais poderoso e eficaz no contexto terapêutico. Porém, até em função das características de personalidade do paciente, os insights intelectuais representaram uma importante ferramenta para se alcançar um insight emocional.
Para Ogden16,19, essa experiência emocional compartilhada, descrita pelo autor como terceiro intersubjetivo, cria-se entre paciente e terapeuta, tornando-se o objeto da compreensão do terapeuta, da interpretação e do insight. De forma sintética, em sua visão, o sujeito psicanalítico cria-se a partir de diversas tensões dialéticas. Na vinheta descrita fica claro como o paciente percebe o efeito do insight proveniente da capacidade criativa da dupla, o que é expressado pela manifestação do terceiro analítico intersubjetivo.
O paciente acima é um homem capaz e inteligente, ao redor da meia idade, cujo sentimento predominante no setting é a inveja. Ele busca com frequência sentir-se mais valoroso, muitas vezes manifestando sua arrogância e onipotência narcísicas defensivas. No campo analítico dinâmico, paciente e terapeuta vivenciam uma experiência em que o paciente sente confiança suficiente para poder ser ele mesmo. Uma busca do seu espaço próprio, onde permita-se ser criativo e genuíno e onde não tenha uma necessidade premente de criticar-se. Ao lado de seu terapeuta, consegue perceber o seu valor, reconhece-lo e compreender que pode experimentar mais satisfação pessoal a partir de sua própria verdade emocional.
A característica do compartilhamento inconsciente da experiência entre paciente e terapeuta está expressa no devaneio do terapeuta (a imagem do pai orgulhoso). Não podemos esquecer que, para Ogden16,19, nenhum pensamento, sentimento ou sensação pode ser considerado igual ao que era ou seria fora do contexto da intersubjetividade específica (e em contínua mudança) criada pelo analista e pelo analisando. Esse é o momento em que o terceiro analítico intersubjetivo criado em conjunto pela dupla surge no campo e abre um caminho para o insight. Na minha compreensão foi a partir deste sentimento de orgulho (que é de ambos) que o paciente foi capaz de integrar suas capacidades egóicas em uma vivencia do novo.
7. CONCLUSÕES
Por fim, entendemos por insight um tipo especial de conhecimento, novo, claro e distinto, que ilumina de imediato a consciência e se refere sempre à própria pessoa que experimenta. É um termo teórico da psicanálise que pertence a psicologia processual, não à personalística, pois se refere ao processo mental de tornar consciente o inconsciente, que foi sempre para Freud a chave operativa de seu método. E conforme visto ao longo desse trabalho, se alguém, como o macaco de Kohler, dá-se conta, atando bambus, que, se coloca um bambu dentro do outro, inventa um novo instrumento, pode-se dizer que teve um insight, porque cria algo, porque foi capaz de ir mais além do dado, do manifesto. O insight seria esse momento de novidade, de criação.
No contexto analítico, pode-se dizer que o tratamento de psicoterapia propõe a melhor forma para alcançar o insight, não a única. A psicanálise não faz mais do que desenvolver uma função que já existia. O insight que se adquire antes de iniciar um tratamento é talvez o mais decisivo, ou seja, o insight espontâneo.
Nesse caso, Bion20 sustenta a ideia de que existe em todo o indivíduo uma função psicanalítica da personalidade, o que nos remete a ideia de algo anterior a experiencia do setting analítico.
Assim, e do que ninguém duvida, por haver inúmeras discussões sobre esse tema, é o setting analítico onde existem as melhores condições para que se produza o insight analítico. Justamente por serem a situação dinâmica do campo e a vivência intersubjetiva os ingredientes essenciais de favorecimento do insight analítico.
REFERÊNCIAS
1. Animal Cognition Home Page [homepage na internet]. Kohler's Research on the Mentality of Apes [acesso em 01 out 2017]. Disponível em: https://pigeon.psy.tufts.edu/psych26/kohler.htm
2. Kohler W. L'intelligence des signes supérieurs. Paris: Alcan; 1927.
3. Etchegoyen RH. Das Vicissitudes do Processo. In: Fundamentos da técnica psicanalítica. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989. p. 387-92.
4. Hornby AS. et al. The advanced learner's dictionary of current English. Londres: Oxford University Press; 1963.
5. Hinsie LEE, Campbell RJ. Psychiatric Dictionary. 4ª Ed. Londres: Oxford University Press; 1970.
6. Kraepelin E. Lectures on Clinical Psichiatry. Nova Iorque: Hafner; 1969. (Trabalho original publicado em 1906)
7. Bleuler E. Dementia Praecox or the Group of Schizophrenias. Nova Iorque: International Universities Press; 1950. (Trabalho original publicado em 1891)
8. Jaspers K. Allgemeine Psychopathologie. Berlim: Springer Verlang; 1913.
9. Sandler J, Dare C, Holder, A. Interpretação, outras intervenções e compreensão interna (insight). In: O Paciente e o Analista. Rio de Janeiro: Imago; 1977. p. 95-110. (Trabalho original publicado em 1973)
10. Heimann P. The curative factors in psychoanalysis. International Journal of Psychoanlysis; 1962, vol. 43, p. 218-20.
11. Laplanche J, Pontalis JB. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes; 1982.
12. Levy R. Insight e elaboração. In: Eizirik, CL, Aguiar RW, Schestatsky SS, ed. Psicoterapia de Orientação Analítica: Fundamentos teóricos e clínicos. Porto Alegre: Artmed; 2015. p. 267-92.
13. Kris E. On some vicissitudes of insight in psychoanalysis. International Journal of Psychoanalysis. 1956, Vol. 37. p. 445-55.
14. Segal H. The curative factors in psychoanalysis. International Journal of Psychoanlysis. 1962. Vol. 43, p. 212-18.
15. Baranger W, Baranger M. La situación analítica como campo dinâmico. In: Baranger W, Baranger M, ed. Problemas del campo psicoanalítico. Buenos Aires: Kargieman; 1969.
16. Ogden T. O terceiro analítico trabalhando com fatos clínicos intersubjetivos. In: Os Sujeitos da Psicanálise. Casa do Psicólogo: São Paulo; 1996. p. 57-91. (Trabalho original publicado em 1994)
17. Zilboorg G. The emotional problem and therapeutic role of insight. Psychoanalytic Quarterly. 1952. Vol. 21. p. 1-24. (Trabalho original publicado em 1950)
18. Reid JR, Finesinger JE. The role of insight in psychotherapy. American Journal os Psychiatry. 1952. Vol. 108. p. 726-34.
19. Ogden T. Esta arte da psicanálise: sonhando sonhos não sonhados e gritos interrompidos. In: Esta arte da psicanálise. Porto alegre: Artmed, 2010. Cap 1. p. 17-38.
20. Bion WR. "A theory of thinking". International Journal of Psycho-Analisys. 1964. Vol. 43, p. 306-10.
a Membro Aspirante na SPPA - (Psiquiatra) - Porto Alegre - RS - Brasil
b Psicanalista Didata - (Psiquiatra)
Correspondência
Rodrigo Ritter Parcianello
Rua João Abbott, 257 sala 504
90460-150 Porto Alegre - RS - Brasil
Submetido em: 25/01/2018
Aceito em: 10/07/2018
Contribuições: Rodrigo Ritter Parcianello - autor; Luiz Carlos Mabilde - orientador.
Instituição: Centro de Estudos Luis Guedes
artigo anterior | voltar ao topo | próximo artigo |
Rua Ramiro Barcelos, 2350 - Sala 2218 - Porto Alegre / RS | Telefones (51) 3330.5655 | (51) 3359.8416 | (51) 3388.8165-fone/fax