Rev. bras. psicoter. 2019; 21(2):35-48
Quevedo RF, Andreolla MN, Gonçalves FG, Andretta I. Capacitación en habilidades sociales en adolescentes con trastorno de ansiedad social: una revisión sistemática. Rev. bras. psicoter. 2019;21(2):35-48
Artigo Original
Capacitación en habilidades sociales en adolescentes con trastorno de ansiedad social: una revisión sistemática
Social skills training in adolescents with social anxiety disorder: a systematic review
Treinamento de habilidades sociais em adolescentes com transtorno de ansiedade social: uma revisão sistemática
Rafaela Fava de Quevedoa; Mariana Nunes Andreollab; Francine Guimarães Gonçalvesc; Ilana Andrettad
Resumo
Abstract
Resumen
O Transtorno de Ansiedade Social (TAS), também conhecido como fobia social, é conceituado como um medo marcante e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, de acordo com as características diagnósticas do DSM-51. Em diversas situações, o indivíduo se esquiva de interações e situações sociais nas quais pode ser avaliado por outras pessoas. Considerando as dificuldades que acarreta na vida social, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhores são as perspectivas de prevenção e tratamento do quadro1-3.
Segundo Leahy2, a predisposição ao TAS pode ser observada na infância. Comportamentos de timidez e inibição comportamental, cansaço e desgosto por mudanças, bem como a dinâmica familiar podem influenciar o desenvolvimento do transtorno. Um ambiente familiar constituído por pais socialmente ansiosos pouco vai estimular os filhos a interagir com outras crianças. Ainda, segundo o mesmo autor2, características de pais críticos e controladores reverberam em menor apoio aos filhos. Esse conjunto de circunstâncias da infância é influente no desenvolvimento do TAS, visto que na vida adulta as pessoas com TAS tendem a criar circunstâncias de isolamento, reforçando a crença delas serem rejeitadas. Em relação ao tratamento, salienta-se que são necessárias múltiplas intervenções para melhora clínica de indivíduos com TAS. Sem intervenções, os sintomas persistem e geram impacto significativo na vida dos indivíduos4. O transtorno apresenta boa resposta às técnicas de reestruturação cognitiva, associadas à exposição e treino de habilidades sociais2,3 5.
Habilidades sociais são aprendidas no contexto em que os indivíduos estão inseridos, através de exposição a diferentes situações, bem como a partir da observação de interações sociais6. Dessa forma, crianças inibidas podem demonstrar um repertório social empobrecido ou ineficaz devido ao ambiente oferecer poucas oportunidades de aprendizagem, prática e reforço de condutas sociais7,8. No entanto, essas habilidades também podem ser aprendidas por meio de treinamento, prática e ensaio comportamental8. De acordo com Halls, Cooper e Creswell9, crianças com TAS possuem menores habilidades de comunicação social quando comparadas a crianças com outros transtornos de ansiedade.
Nesse sentido, um foco no treinamento de habilidades sociais (THS) pode beneficiar o tratamento do TAS, uma vez que visa facilitar uma interação verbal mais efetiva. Diferentes autores, ao tratarem do diagnóstico de TAS, utilizam o THS, o qual inclui ensino e prática de habilidades sociais10-12. As intervenções com o THS também podem ser realizadas no sentido de prevenção de eclosão de sintomas, o que atua na melhora dos fatores que sustentam ou não o diagnóstico12. Tal treinamento proporciona a aprendizagem de novos comportamentos, os quais se relacionam a saúde física e mental do indivíduo13.
Alguns elementos desenvolvidos durante o THS são: treinamento de comportamentos específicos que são ensinados e integrados ao repertório do indivíduo; redução da ansiedade, como resultado de comportamentos mais adaptativos e assertivos nas situações sociais; reestruturação cognitiva, atuando na modificação de crenças e pensamentos disfuncionais do indivíduo sobre seu comportamento e interação social; e, treinamento de solução de problemas, através do qual o indivíduo é ensinado a identificar as variáveis que envolvem seus problemas, processá-las e criar respostas, selecionando a mais funcional para atingir seus objetivos3,8,13. Esses elementos são importantes para a eficácia do treinamento, visando melhora na qualidade de vida dos que dele se beneficiarem.
Em experiências de intervenção com a população adulta diagnosticada com TAS14,15, o THS aparece como parte do protocolo de tratamento. As intervenções foram feitas na sua maioria em grupo, apresentando em conjunto sessões individuais e tarefas de casa. A duração das intervenções destes estudos é de duas sessões semanais de 90 minutos, com duração de 12 semanas. Ainda, destaca-se que parte do tratamento envolvendo habilidades sociais envolve terapia de exposição. Embora o THS fosse constituído como parte de tratamentos para o TAS, os resultados dos estudos demonstram que há efetividade no pós-tratamento, atuando no decréscimo de sintomas característicos do diagnóstico. Os tópicos relacionados ao THS com a população adulta abordam habilidades básicas de conversação, assertividade, estabelecimento de novos amigos e habilidades de falar em público.
A escolha pela adolescência como faixa etária para esta pesquisa decorre de que a literatura aponta essa fase do desenvolvimento como mais prevalente no início da sintomatologia do TAS. Além disso, segundo a Terapia Cognitivo-Comportamental, a constituição e reforço das crenças disfuncionais ocorrem entre a infância e a adolescência, sendo plausível um estudo que contemple, então, tal população. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é identificar os Treinamentos de Habilidades Sociais realizados em adolescentes com Transtorno de Ansiedade Social e seus resultados.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura na qual foi realizada uma busca nas bases de dados ScienceDirect, PubMed Central, SCOPUS, LILACS e PsycINFO sendo considerados os seguintes descritores: "social skills training" e "phobic disorders", utilizando o recurso de pesquisa booleana AND no cruzamento entre descritores. Foram incluídos artigos empíricos completos publicados em língua portuguesa e inglesa, compreendendo o período entre 2006 e 2016. Foram excluídos estudos teóricos, incompletos e indisponíveis. Os artigos foram analisados por dois juízes independentes, os quais contavam com a avaliação de um terceiro revisor no caso de divergências. Para o relato e análise dos itens utilizou-se as recomendações do PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises)16.
RESULTADOS
A busca inicial nas bases evocou 236 itens. Destes, 87 preenchiam o critério referente ao período de análise, ou seja, 2006 a 2016. Com a exclusão dos arquivos teóricos, indisponíveis, incompletos e que não contemplassem os idiomas de inclusão, os arquivos resumiram-se a 40. Após a retirada de arquivos repetidos entre as bases referenciadas, restaram 33, os quais foram lidos os resumos. Em seguida, sete artigos restaram para leitura na íntegra. A decisão para os itens selecionados repercutiu em cinco artigos para compor essa revisão sistemática, em acordo de elegibilidade de critérios de inclusão e objetivos propostos. O fluxograma representado na Figura 1 permite visualizar melhor a condução desta revisão.
Todos os estudos que compuseram a revisão, apresentados na Tabela 1, foram publicados em língua inglesa. Os estudos objetivaram determinar o resultado em longo prazo (3, 4 e 5 anos depois) em uma amostra de adolescentes tratados com Social Effectiveness Therapy for Children (SET-C)17; avaliar a utilidade de um ambiente virtual interativo para o tratamento do TAS em crianças pré-adolescentes18; avaliar os comportamentos sociais específicos em crianças com TAS tratadas com SET-C, juntamente com tratamento farmacológico com fluoxetina ou pílula placebo19; examinar mediadores e moderadores da resposta ao tratamento em crianças e adolescentes com diagnóstico de fobia social20; e avaliar se um curso de educação de pais melhoraria o resultado para crianças com um diagnóstico de fobia social e se a comorbidade no início do tratamento prejudicaria o resultado da fobia social21. Todas as intervenções foram realizadas nos Estados Unidos, exceto a de Öst et al21, que foi realizado na Suécia. Ainda, todos os estudos incluídos na análise têm delineamento quantitativo.
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