Rev. bras. psicoter. 2013; 15(3):28-41
Santeiro TV, Rocha GMA, Barboza LFL. Mercedes no Diva: da comédia ao uso didático na formaçao de psicoterapeutas. Rev. bras. psicoter. 2013;15(3):28-41
Artigos Originais
Mercedes no Diva: da comédia ao uso didático na formaçao de psicoterapeutas
Mercedes on the couch: from comedy to didactic use in the training of psychotherapists
Tales Vilela Santeiroa; Glaucia Mitsuko Ataka da Rochab; Leylane Franco Leal Barbozac
Resumo
Abstract
INTRODUÇAO
Neste trabalho será apresentado e discutido o uso do filme Diva1 para exemplificar aspectos teóricotécnicos da clínica psicanalítica com adultos. A literatura que inspira as práticas de formaçao em foco é semelhante à utilizada pelos dois primeiros autores quando ministram disciplinas introdutórias aos estágios supervisionados em cursos de Psicologia, sobre teorias e técnicas de orientaçao psicanalítica2,3,4,5.
Diva, portanto, será utilizado como um recurso ilustrativo para realizar aproximaçoes com o processo psicoterapêutico. Mas como ocorre com toda e qualquer aproximaçao, esta é limitada porque nao é viável realizar uma simples transposiçao da linguagem dos filmes, neste caso a linguagem de um filme comercial, igualando-a à dinâmica ocorrida num setting.
No âmbito formativo de psicoterapeutas de orientaçao psicanalítica, o tripé composto por estudos teóricos, supervisao da prática e psicoterapia pessoal permanece imprescindível8. A esse respeito, compreende-se que o uso de filmes precisa ser considerado como uma instância acoplada ao primeiro item constituinte do tripé, ampliando estudos teóricos9.
Desse modo, alguns filmes comerciais podem ser utilizados como recursos auxiliares na formaçao de psicoterapeutas de orientaçao psicanalítica, um processo sabidamente delicado e importante, entre outras razoes, por requerer o estudo, contato e aprofundamento em teorias, técnicas e práticas que propiciem e possibilitem o contato e o aprendizado sobre a diversidade das manifestaçoes psíquicas humanas10. Para viabilizar esse recurso, concebe-se superada a ideia manifestada por Freud sobre o cinema nao ser linguagem apropriada para retratar o trabalho do psicanalista11. Apesar de ser um exercício que supoe riscos12, traçar paralelos entre teorias, técnicas e obras cinematográficas constitui uma forma diferente e interessante de adentrar o contexto analítico; talvez, um meio leve e descontraído de entender a Psicanálise sem perder de vista sua essência e importância13,14, aproveitando os potenciais lúdicos envolvidos na linguagem fílmica como artifício didático-pedagógico15.
Para futuros estagiários de Psicoterapia Psicanalítica, a apreensao da complexidade dos fenômenos e constructos apresentados teoricamente e vividos subjetivamente pela dupla psicoterapeuta-paciente, é o fruto de uma tarefa abstrata que exige algum contato prévio com a prática, ao menos na condiçao de paciente. No entanto, nao raro, futuros psicólogos nunca tiveram esse tipo de experiência, o que torna a tarefa mais árdua para quem pretende levá-la a cabo com o mínimo de compreensao necessária que torne a prática posterior uma experiência positiva e transformadora, tanto para o paciente quanto para o estagiário.
O FILME E ALGUMAS APROXIMAÇOES POSSIVEIS AO PROCESSO PSICOTERAPEUTICO
Diva é uma produçao brasileira baseada na obra literária homônima de Martha Medeiros, dirigida por José Alvarenga Jr. e lançada em 20091. No filme, é encenada a história de Mercedes (Lília Cabral), mulher de uns quarenta anos, casada com Gustavo (José Mayer) há quase vinte anos e com quem tem dois filhos. A protagonista leva uma vida aparentemente perfeita e procura na análise uma forma de entender os porquês disso. Além dos laços familiares, ela mantém uma relaçao de intimidade com Mônica (Alexandra Richter), sua amiga desde os tempos de colégio. Atualmente, ministra aulas particulares de Matemática, um trabalho que viabiliza sua dedicaçao às artes plásticas.
Do ponto de vista didático, a literatura especializada em processos psicoterápicos divide-os em três momentos distintos: fases inicial, intermediária e final, cada qual contendo especificidades que engendram atitudes clínicas diferenciadas, ocorridas no interjogo transferência-contratransferência17. Apesar de essa divisao de um processo terapêutico em fases ser usual entre praticantes e estudiosos do assunto, que conseguem, via empírica, "visualizá-las" com facilidade, nem sempre ela é visível para um estudante ou um profissional menos experiente. Esse é o principal motivo que se constitui em justificativa para a ordenaçao do texto conforme esses três momentos.
Nesse sentido, a partir de agora, para a apresentaçao de informaçoes sobre o filme, considerar-seá que a análise vivida por Mercedes pode ser dividida em três fases. Espera-se que o leitor acompanhe essas distinçoes artificiais, especialmente se assistir ao filme com antecedência. Em linguagem cinematográfica, costuma-se dizer que Diva apresenta um tipo de narrativa direta6: a história tem início, meio e fim facilmente visualizáveis mesmo por aqueles que nao estudam filmes. Também por essas caraterísticas, ele foi escolhido como peça que pode favorecer o uso didático em processos de formaçao embora se saiba que um processo psicoterapêutico dificilmente siga esse fluxo linear.
Sobre o uso do termo "análise", esclarece-se que é utilizado em consonância com o uso que dele se faz no filme. Embora nao seja consensual entre autores da área, aqui o termo pretende designar uma psicoterapia de orientaçao psicanalítica de longo prazo4.
A FASE INICIAL DO PROCESSO
Esta fase estende-se desde o primeiro contato entre paciente e terapeuta até que se estabeleça uma sólida aliança terapêutica entre eles. Esse lapso de tempo nao é preestabelecido, pois depende das características de personalidade do paciente e da habilidade do terapeuta para conduzir as questoes importantes dessa etapa. A etapa inicial tem como principais objetivos estabelecer uma aliança terapêutica sólida, identificar as razoes da procura pela psicoterapia e compreender a conflitiva inconsciente que produz sofrimento, além de, nela, a dupla paciente-terapeuta, conduzida por este último, buscar formalizar um contrato de trabalho16. Acredita-se, por razoes como essas, que a entrevista inicial deva caracterizarse por uma conduta nao diretiva por parte do terapeuta, que deve facilitar as iniciativas do entrevistado, apenas auxiliando-o em momentos difíceis2,17.
Logo no início do filme, Mercedes chega ao consultório de Dr. Lopes, o psicanalista, num movimento que abre a possibilidade de discussao sobre um "início" de seu processo terapêutico. Na primeira sessao, mostra-se ansiosa e insegura, nao sabe como conduzir a situaçao: "Sou eu que começo ou é você que começa? [Sem haver verbalizaçao de Lopes, Mercedes continua:] Sou eu que começo! Como eu nunca fiz análise, entao eu nao sei".
O primeiro ponto a ser ponderado é o porquê de Mercedes procurar o analista. Entre os vários motivos que levam alguém a procurar ajuda psicológica, costuma existir pelo menos algum incômodo, o que se convenciona chamar de queixa, mesmo que, às vezes, nao se tenha muita ideia do que subjaz a ela (conteúdo latente à queixa). Embora nao saiba definir o porquê de procurar Lopes, nota-se no discurso e nas lembranças de Mercedes um sentimento de incompletude e um saudosismo em relaçao ao tempo em que fora feliz. Ao longo da análise, ela começa a perceber que há um motivo para ter buscado ajuda: "Por que é que eu vim aqui se 'tá' tudo tao bem? Busca por autoconhecimento? Isso nao é uma boa resposta pra uma boa pergunta".
Mercedes acredita que nao tem nenhum problema, diz estar feliz e realizada: "Eu acho que eu me precipitei, talvez eu nao seja um caso tao sério, um caso de análise [sugestao de tempo decorrido em silêncio]. Posso falar a verdade? Eu nem sequer estou triste". Assim, ameaça ir embora, mas uma pergunta do analista [apenas sugerida, ainda sem verbalizaçao por parte de Dr. Lopes] a faz continuar e permanecer em análise. Deita-se no diva, indicando que essa decisao pessoal, apoiada na qualidade da relaçao que se inicia entre ela e o analista, pode ser entendida como um verdadeiro adentrar na fase inicial do processo, para além da mera presença física no espaço clínico (setting).
Logo se percebe que a vida de Mercedes nao é tao perfeita como ela diz num primeiro instante. Sobre seu casamento, afirma que ele nao está em crise, porém nao é isso que vai sendo mostrado ao longo do filme: as discussoes com Gustavo e a sua indiferença demonstram que há contradiçoes no que ela verbaliza. Em uma das sessoes, Mercedes também fala da perda da mae, em decorrência de um aneurisma, quando tinha oito anos de idade. Ela se mostra profundamente abalada com essa perda, fundamental e precoce, a qual instiga o trabalho sobre as conflitivas inconscientes a ela relacionadas, ao longo da película.
Na visao psicanalítica, o que o paciente apresenta hoje pode ser vinculado a acontecimentos anteriores, principalmente vividos na infância, usualmente entendida como matriz do desenvolvimento psíquico. O analista, por meio de suas perguntas, pode realizar investigaçoes que inclusive se debrucem sobre o passado do paciente. Seguindo essa conduta analítica (que nao necessariamente constitui um padrao seguido por outros profissionais psicanalistas), ao longo do filme, Lopes questiona Mercedes sobre sua mae. Essa indagaçao recorrente também pode ser um marco referencial de Diva útil para ilustraçoes sobre modos de focalizaçao de um processo18, pois o processo de análise parecer ter se centrado nas questoes relativas à perda da mae e nas implicaçoes dessa perda na vida de Mercedes.
Ainda sobre a perda da mae, cabe assinalar que um evento, por si só, nao tem necessariamente uma implicaçao na vida de alguém. Esse evento marca e transforma somente na repetiçao, ocorrida em um segundo momento, quando é revivido a posteriori pela pessoa. É a partir do segundo evento que a angústia é retomada e revivida3. Dessa maneira, procura-se demonstrar que os fatos da vida agem nas pessoas e também nos pacientes. É pela biografia singular de cada um que se consegue, ou nao, integrá-los: "(...) reinterpretar o passado, descobrir (ou inventar) novos sentidos para o que aconteceu é quase sempre uma maneira de mudar nosso presente"3 (p. 56). E, na medida em que Mercedes vai se deixando desafiar por si mesma, por Lopes, e em igual medida vai se permitindo rever os sentidos de sua existência, é que se pode dizer que a fase intermediária de seu processo analítico tem início.
A FASE INTERMEDIARIA DO PROCESSO
Esta fase é caracterizada como aquela que "se estende desde o momento no qual o terapeuta identifica uma razoável aliança terapêutica estabelecida até a ocasiao em que uma séria proposta de término passa a ser discutida entre paciente e terapeuta"16 (p. 258). Os objetivos dela sao "examinar, analisar, explorar e resolver os sintomas e as dificuldades emocionais do paciente"16 (p. 258). Após começar a desconfiar do relacionamento extraconjugal de Gustavo, mas nao demonstrar se importar com essa possibilidade, Mercedes também inicia um relacionamento fora do casamento. Esse momento é entendido como outro sinalizador que torna visível, do ponto de vista didático, o fato de Mercedes nao ser mais a mesma que era no começo da análise e de a fase intermediária estar em andamento. Certo dia, em virtude de um comentário de Mônica e seu marido, Mercedes e Gustavo percebem que já nao sao mais o casal que foram algum dia e que sua relaçao perdera o sentido e a vitalidade. A protagonista passa por um momento reservado e, triste, sofre com o fim do casamento.
Alguns meses após o divórcio, Mercedes começa a fazer programas diferentes dos que costumava fazer e também apresenta comportamentos tipicamente adolescentes: frequenta "baladas", faz uso de gírias e se envolve com rapazes mais jovens. O término do casamento faz emergir, em paralelo, a temática da perda materna, e Mercedes busca recursos, junto a Lopes, para elaborá-la, ao longo do tempo - foram três anos de análise -, permitindo-se sentir-se, ora frágil, ora corajosa, chorando ou rindo. Desse modo, se a alusao à perda materna é uma característica presente no discurso inicial e resistente de Mercedes, essa perda vai sendo remodelada ao longo do processo. Destarte, a fase intermediária do processo de Mercedes nao implica o tratamento de temáticas novas, como se isso caracterizasse uma mudança de "fase" no processo analítico. Pelo contrário, didaticamente faz-se razoável ressaltar que as temáticas apresentadas na fase inicial podem se reapresentar nessa segunda fase revestidas de outros graus de proximidade, agora toleráveis psiquicamente para Mercedes, porque um trabalho foi estabelecido.
Mercedes traz à baila aspectos transferenciais passíveis de discussao, um recurso psíquico conquistado ao longo de sua relaçao com Lopes. Vale frisar que a transferência nao está relacionada somente à figura do analista, mas ocorre em todos os outros aspectos da vida do paciente19. Ao repetir situaçoes anteriores, a recordaçao se torna impossível, e há um aumento da resistência. Mercedes repete situaçoes frequentemente, situaçoes também encenadas em outros momentos do filme: busca no marido o mesmo carinho recebido do pai; racionaliza constantemente as perdas que ocorrem em sua vida - o marido, o caso extraconjugal de Gustavo, o fim do relacionamento com o amante - assim como racionalizou o sofrimento pela morte da mae.
Com o manejo da transferência, a repetiçao se transforma em recordaçao e os sintomas podem adquirir novos significados. O analista deve dar tempo ao paciente para que ele elabore a resistência, superando-a20. Cada paciente tem um tempo próprio, que é chamado de timing2, para enfrentar e resolver seus conflitos. Saber acompanhar e estar atento ao timing do paciente é fundamental para o processo analítico, uma vez que é na elaboraçao de resistências que também podem ser efetuadas mudanças psíquicas. Lopes avança na análise conforme o tempo de Mercedes, permitindo que ela resolva seus conflitos e efetue mudanças por conta própria.
Os seres humanos sao constituídos pelas perdas que ocorrem desde o nascimento, quando se rompe a unicidade com o corpo materno, até o advento da morte propriamente dita. Nesse ínterim, ganhos vao se sobrepondo, também para tonificar a vida como abarcando potencialidades. No entanto, há uma luta constante entre o desejo interno, inconscientemente fundado, de completude, e a realidade exterior. Cabe lembrar que, no filme, nao está representada somente a perda da mae de Mercedes, mas também a da juventude, a do casamento, a da melhor amiga, entre outras perdas aludidas.
Em termos didáticos, cabe lembrar que a fase intermediária do processo analítico de Mercedes seria aquela que tem maior extensao temporal. Nesse instante, os ires e vires, os altos e baixos, sao constantes. O formador pode-se utilizar desse tipo de encenaçao para esclarecer ao estudante que se analisar ou procurar analisar alguém é envolver-se em um processo dialético: teses, antíteses e sínteses sao intermináveis, porém é na fase intermediária, consolidada por uma aliança terapêutica bem estabelecida, que há favorecimento de "tempo" para se adentrar nos conflitos apresentados (teses), elaborá-los (antíteses) e transformá-los (sínteses), terapeuta e paciente juntos.
Mas o que sinalizaria ao terapeuta que a mesma dialética poderia indicar que o processo terapêutico estaria se aproximando do fim? Isso será visto no próximo item, mas, desde já, é possível antecipar que o fim se aproximaria quando Mercedes passasse a lidar com o movimento dinâmico envolvido em suas questoes vitais com maior autonomia em relaçao ao próprio processo e ao terapeuta.
A FASE FINAL DO PROCESSO
Esta é a fase que se inicia quando é feita uma proposta séria de término da psicoterapia e se alastra até a última sessao. Ela tem por objetivos "ajudar o paciente a examinar suas condiçoes reais para um término, assim como trabalhar com ele as questoes relativas ao luto pelo fim do relacionamento com o terapeuta"16 (p. 263). Igualmente, nesta etapa se busca ponderar sobre ganhos conquistados e situaçoes futuras que mereceriam alguma atençao psicoterápica.
A psicoterapia psicanalítica nao se propoe à cura, no sentido da extirpaçao total do sofrimento inicialmente apresentado pelo paciente, todavia busca meios, no trabalho construído por paciente e terapeuta, para que aquele que sofre possa lidar com a própria dor, com os próprios limites e potencialidades. Ela pressupoe espaço para diálogos que possam levar o par analítico ao desenvolvimento psíquico. Nesse ponto revela-se evidente a ligaçao entre o objetivo da psicanálise e o momento em que Lopes menciona a alta a Mercedes. A partir da percepçao de Mercedes de que seu poder é limitado, de que ela nao é capaz de resolver todos os problemas que a vida traz, ela se fortalece, e, entao, Lopes sente que ela está apta a deixar a análise, se encontra em "equilíbrio".
No entanto, o momento em que Mercedes é chamada a reviver intensamente e reinterpretar a perda materna, vendo-se lançada forçosamente a elaborar21 sua condiçao de órfa, veio com a morte de Mônica, pela qual teve um pranto solitário e profundo. Nesse momento de consternaçao e alcance de insight, Mercedes se permite sofrer e enfrentar o processo de luto, algo que ela "se recusou" a fazer quando a mae morreu, tanto por entraves pessoais próprios de sua infância, como também por aqueles referentes ao entorno familiar: o pai demonstrava-se tao ou mais incapaz de prover-lhe o cuidado (teoricamente) desejável. O formador pode fazer uso dessa cena para ilustrar que agora Mercedes está junto ao analista e nao mais sozinha. Essa situaçao pode ser ilustrativa, ainda, da importância da aliança terapêutica num processo analítico, aqui entendida como assentada nas funçoes egoicas do paciente, uma característica da "relaçao positiva e necessária entre terapeuta e paciente no processo a ser desenvolvido entre ambos"22 (p. 246). Além disso, para os propósitos desta discussao, essa aliança faz alusao "às primeiras relaçoes de objeto da criança com os pais, em especial com a mae"22 (p. 248).
Nesse momento do filme, Mercedes "dá alta" a Lopes. Na primeira sessao, ela nao se achava um caso de análise e nao sabia definir o porquê de estar ali. Ao longo de três anos de processo, questionou seu casamento, descobriu a necessidade de ser desejada, de sentir novas emoçoes e de realizar algumas fantasias. Ao final da análise, o que parecia um sentimento de incompletude, de falta, dá lugar à convicçao de que a plenitude nunca será alcançada.
Com o decorrer do tempo, Mercedes almoça com o ex-marido. Ela aproveita o momento e verbaliza a Gustavo as contribuiçoes positivas que ele e o casamento tinham dado a ela. Percebe-se que a protagonista aceita e convive bem com o fato de estarem separados, mas, ao mesmo tempo, demonstra sentir falta de Gustavo e deseja reatar o casamento. Demonstra insegurança e dificuldades em sustentar a escolha de ser solteira, mesmo que por breves intervalos temporais. Contudo, agora Mercedes é capaz de compreender e aceitar tais sentimentos, evidenciando as conquistas de seu processo terapêutico, como a capacidade de conviver de forma satisfatória com o seu "desalinho" e "inconstância".
A aceitaçao da separaçao nao ocorre sem dor. Porém, nao se trata somente da separaçao do marido, mas, igualmente, da mae, dos filhos e de Mônica. Esse momento pode ser visto como uma metáfora da separaçao que precisa haver entre a Mercedes do início do filme (ou do "processo" terapêutico aqui proposto), movida por um desenvolvimento emocional menos maduro, e uma Mercedes mais integrada (fase final do "processo"). Nesse momento do filme podem ser discutidos os aspectos relativos ao término do processo, tanto do ponto de vista do terapeuta23 quanto da perspectiva do paciente.
No final do filme, momento que demarca o desfecho da relaçao paciente-analista, Mercedes percebe que tem problemas e que os terá sempre. O que determina sua saúde mental é a forma como ela lida e lidará com eles. Assim sendo, "dá alta para o seu analista", pois agora se vê suficientemente capaz de enfrentar, sozinha, as variantes dinâmicas de sua vida, tendo Lopes como uma referência interna.
Numa análise, "espera-se que, um dia, a idealizaçao do terapeuta acabe"3 (p. 99). A cena final do filme pode ser utilizada para ilustrar didaticamente esse momento. Quando Lopes vai à exposiçao dos quadros de Mercedes, ela diz: "Você fuma? Quem diria! E bebe também? Essa é quem? É sua namorada? (...) Você trepa, né, Lopes? Ai que bom que você existe!". Essa cena parece bastante profícua para o trabalho em duas frentes: sobre a humanidade do terapeuta e sobre os cruzamentos de fronteiras profissionais.
Quanto à primeira frente, é benéfico que o analista "dê a si mesmo a oportunidade de aprender algo e nao permitir que o paciente, ou quem quer que seja, insista que ele é uma espécie de deus que conhece todas as respostas"5 (p. 452). Ele deve procurar reconhecer suas limitaçoes e o direito ao erro. Dessa maneira, compromete-se a fazer o melhor possível, nao se vendo na obrigaçao de obter êxito em qualquer circunstância que envolva certo paciente. E desse modo também pode se permitir integrar alguma situaçao social em presença de seu paciente, nao prevista no momento no qual se formulou o contrato de trabalho com ele. Também com intençoes didáticas, cabe ressaltar que a humanidade do terapeuta é um ponto potencialmente fecundo a ser trabalhado na relaçao com o paciente, mas que deve ser abordado preferencialmente quando, de fato, a relaçao tiver sido estabelecida nas fases antecedentes do tratamento (inicial e intermediária). A fase final do processo "sustenta" esse tipo de trabalho sobre o quanto a humanidade de um psicoterapeuta e a de seu paciente podem convergir em alguns aspectos. Contudo, ainda assim, nao perder de vista que a terapia é "do paciente" continua sendo um fator que requer exaustivos e reiterados cuidados, mesmo num momento da relaçao terapeuta-paciente em que já tiver se concretizado um aparente "encerramento".
Desse último raciocínio decorre uma segunda frente mencionada como potencialmente fecunda para fomentar aprendizados sobre a clínica, que implicaria retomar literatura pertinente sobre as diferenciaçoes existentes entre violaçoes e cruzamentos de fronteiras profissionais24. No caso em pauta, é importante manter em mente que, mesmo a análise de Mercedes tendo chegado ao fim, em momento futuro ela pode precisar recorrer aos serviços profissionais de Lopes. Nesse sentido, embora a presença do analista de Mercedes nao implique uma violaçao, pode ser frutífero alertar o estudante de que houve encenaçao de cruzamento de fronteira. Esse debate permite colocar devidamente o tema das fronteiras profissionais e dos modos de se prevenir violaçoes e/ou cruzamentos dessas fronteiras.
BREVE PARENTESE: MECANISMOS DE DEFESA UTILIZADOS POR MERCEDES EM SEU PROCESSO TERAPEUTICO
Até aqui, o texto focalizou essencialmente o processo terapêutico vivido por Mercedes, bem como alguns aspectos técnicos envolvidos nele, num direcionamento necessário para a obtençao de ganhos didáticos. Porém, do ponto de vista da formaçao de terapeutas e ainda com preocupaçoes didáticas, o filme pode ser utilizado para ilustrar algumas características da protagonista, na medida em que elas mesmas sao desenvolvidas "durante" o processo, no trabalho com Lopes. Ao estudante é importante esclarecer que se espera que mudanças no funcionamento defensivo sejam mediadoras da melhora do funcionamento geral e nos sintomas dos pacientes25 e que, a depender da fase da psicoterapia, os mecanismos de defesa sao apresentados pelo paciente de modo distinto.
De modo semelhante ao ocorrido com um paciente de consultório, Mercedes faz uso de alguns mecanismos de defesa do ego26. O entendimento desses mecanismos tem sido reconhecido como bom indicador da saúde psicológica da pessoa27 e como um critério que pode fundamentar a avaliaçao das condiçoes psíquicas do paciente no âmbito das entrevistas iniciais (fase inicial). Ora, algumas encenaçoes de Diva podem ser utilizadas para esclarecimento sobre alguns desses mecanismos.
Os mecanismos de defesa sao utilizados para auxiliar o ego na luta com a vida instintiva e contra ideias ou afetos tanto dolorosos quanto intoleráveis. A negaçao é um desses mecanismos e, para identificá-la, o terapeuta deve estar atento à recusa, por parte do paciente, de realidades desagradáveis e difíceis de serem encaradas28, que inclui a desconsideraçao de dados sensoriais27. Nesse sentido, Mercedes se nega a sofrer e elaborar o luto pela perda da mae, especialmente na fase inicial do seu processo. O uso dessa defesa é perceptível quando Mercedes diz: "Se sofrer era tudo o que esperavam de mim, eu surpreendi sendo madura antes da hora e evitando dar trabalho para o meu pai. (...) Naquele dia eu nao chorei pela minha mae, e depois daquele dia eu nao chorei por mais ninguém".
Outro mecanismo de defesa observável no processo inicial de Mercedes é o da da racionalizaçao, que aqui é tratada em separado para efeitos didáticos, mas que mantém proximidade com o processo envolvido na negaçao. Ao utilizar a racionalizaçao, o sujeito encobre as verdadeiras motivaçoes para seus próprios pensamentos, açoes ou sentimentos28 e tenta justificar "atitudes, comportamentos e crenças inaceitáveis para torná-las toleráveis para si mesmo"27 (p. 38). É o que se observa quando a protagonista conversa com Mônica sobre o possível relacionamento extraconjugal de Gustavo: "Mas isso nao significa que o casamento acabou, significa que de vez em quando ele sai com outra mulher, só isso. (...) Posso ser sincera? Nao me dói nadinha pensar que o Gustavo tem outra". Por meio dessa ilustraçao procura-se forjar um desenho complexo, que é o modo como os pacientes se apresentam em suas vidas, com suas defesas psíquicas, as quais sao cotidianamente erigidas. Negaçao e racionalizaçao sao mecanismos que se sobrepoem, e seu dinamismo é definido pelo modo como a pessoa lida com seu mundo interno: quanto mais ameaçador esse mundo for, maior será a propensao para a abundante utilizaçao de mecanismos menos maduros, como os ilustrados.
A sublimaçao, por sua vez, constitui-se em outro mecanismo de defesa egoico utilizado por Mercedes em seu cotidiano vital, contudo ele é usualmente entendido como bem-sucedido, ou mais maduro em relaçao à negaçao e à racionalizaçao. As sublimaçoes só aparecem após a remoçao de certa repressao, após haver dessexualizaçao instintual, o que faz com que as energias instintiva e defensiva se unam e tenham liberdade para atuar28. Frisa-se que o papel dessa estratégia de defesa psíquica é transformar objetivos social ou "internamente inaceitáveis em outros socialmente aceitáveis"27 (p. 39). Desse modo, na primeira cena do filme, Mercedes divaga sobre suas aspiraçoes em relaçao à pintura: "Quando eu pinto os meus quadros, eu nao penso em ser uma celebridade. Minha pintura é pra dar contorno ao que em mim fica solto e nao se enquadra". A própria fala da artista reproduz no discurso o que é operado na prática: sublimar é produzir, é construir, para si, mas também o é para os outros (Cultura), para além das imaturidades psíquicas. A sublimaçao surge como um mecanismo de defesa atuante e que reaparecerá em momentos posteriores do filme, em todas as fases do processo terapêutico de Mercedes, quando, por exemplo, ela ministra aulas e, no final, na cena da galeria onde expoe seus quadros.
Nessa direçao, espera-se ter deixado claro que os três mecanismos de defesa ressaltados, a negaçao, a racionalizaçao e a sublimaçao, nao foram os únicos utilizados por Mercedes ao longo do filme e de seu tratamento, o que também ocorreria com um paciente da prática clínica real. Eles só foram destacados para elucidar o fato de, nos dias atuais, compreender-se que esses modos de funcionamento psíquico podem se dar em graus diversos, abrangendo desde defesas primitivas (a negaçao), defesas neuróticas mais elaboradas (racionalizaçao), até aquelas mais maduras (sublimaçao)27.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Em Diva, o trabalho psicanalítico propoe ao paciente a aceitaçao da realidade e o abandono de apegos às ilusoes infantis nutridas desde o nascimento. O psicoterapeuta, ao longo desse processo, busca levar o paciente a lidar com as inúmeras frustraçoes trazidas pela vida e a aceitar o que ela realmente oferece (nao o que gostaria que ela fosse). Além do mais, na psicanálise nao se visa somente à aceitaçao da realidade material, mas se busca, sobretudo, capacitar a pessoa a lidar com essa faceta da vida como estando em constante transiçao com a esfera da realidade psíquica.
A Mercedes da primeira sessao representa o humano essencialmente racional: quer se mostrar feliz, realizada, mae de uma família padrao, que tem todos os motivos para nao questionar esse estado de coisas. Trata-se, entao, do humano que ocupa um lugar que a psicanálise, desde o início, procurou descaracterizar mostrando que ele nao é dono da própria morada.
Por meio da relaçao analítica, Mercedes pôde se questionar, verbalizar, sentir e experimentar aspectos de sua vida que nao eram anteriormente "permitidos" do ponto de vista psíquico, fossem situaçoes boas ou ruins. Ao término da análise, Mercedes, sendo a mesma, é outra, diferente da mostrada no início do filme: ela torna-se capaz de concluir que felicidade e infelicidade sao instâncias compreensíveis apenas quando contrapostas e complementares umas em relaçao às outras.
Os conceitos e ideias expostos permitiram debater o processo analítico de Mercedes, composto de distintas fases e movimentos psíquicos observáveis em processos reais. Diva é um filme pleno de possibilidades de interpretaçoes e discussoes de ordem psicanalítica, tanto no que diz respeito à técnica quanto à teorizaçao. Igualmente, é importante ressaltar que vários outros pontos poderiam ter sido objeto de debate e permanecem em aberto, como, por exemplo, o relativo à psicodinâmica familiar na que se insere uma mulher brasileira de classe média, mae e produtiva, que se vê em conflito conjugal após os quarenta anos.
O artigo procurou fazer da experiência de Lopes algo compartilhável e instigador de pensamentos sobre como um psicoterapeuta em formaçao pode embrenhar-se na prestaçao de cuidados à saúde mental de pessoas que, como Mercedes, procuram a ajuda de um psicoterapeuta de orientaçao psicanalítica. Alvarenga Jr.1 parte de elementos cômicos que precisam ser referidos, dentre outras razoes, provavelmente para que uma produçao brasileira possa ter sucesso de público. E, ao fazê-lo, pode apresentar aos estudantes de psicoterapia modelos de atuaçao profissional didaticamente respeitáveis, porque, a despeito da brincadeira, aspectos sérios do ofício psicanalítico sao ilustrados e refletidos no filme.
O olhar do profissional que utilizar Diva como recurso didático determinará a medida de sua contribuiçao: pode tomá-lo como modelo do que pode ser feito, e nao necessariamente do seu contrário4; ou, ainda, mesmo que o filme esteja montado a partir de uma veia cômica (ou por causa disso), ele pode utilizá-lo para discernir caricaturas usualmente propagadas sobre esse profissional7. Pela via desse raciocínio, o fato de as falas de Lopes nao serem encenadas de modo explícito pode privar o psicoterapeuta neófito de entender um pouco melhor sobre o que caracterizaria o trabalho do analista. Talvez Diva (caso sua exibiçao nao seja acompanhada de literatura psicanalítica e de explanaçoes que contemplem modos de intervençao clínica verbais e nao verbais passíveis de uso pelo profissional) possa contribuir para propagar a concepçao de psicanalista como uma tela em branco, muito alinhada ao modelo de psicanálise proposto pelos seus precursores.
Neste instante cabe lembrar alguns dos desafios encontrados no percurso formativo de psicoterapeutas. Ele é lento, exigente nos planos cognitivo e emocional, requer prática supervisionada e muito estudo teórico e exposiçao a casos com diferentes diagnósticos clínicos6. Com essa digressao final procura-se dizer que o processo de formaçao de um psicoterapeuta nao se reduz a assistir e analisar filmes; pelo contrário, é um processo muito mais complexo que endereça variadas demandas aos psicoterapeutas em formaçao. Os filmes, como mediadores de processos de ensino-aprendizagem e de construçao de identidade profissional, figuram-se como uma ferramenta. Espera-se que, ao longo do texto, tanto as limitaçoes quanto as potencialidades do uso da linguagem do filme Diva tenham sido debatidas.
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a. Doutor (professor adjunto e supervisor de Estágios Clínicos) - Jataí - GO - Brasil
b. Doutora (professora e supervisora de Estágios Clínicos)
c. Graduanda (estudante de Psicologia)
Instituiçao: Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí; Universidade Presbiteriana Mackenzie; Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí.
Correspondência
Tales Vilela Santeiro
Rua Ana Dias, n. 279, Praça José Peres de Assis, Setor Hermosa
75803-320. Jataí, Goiás
talessanteiro@hotmail.com
Submetido em 29/08/2013
Devolvido ao autor em 14/11/2013
Retorno do autor em 16/12/2013
Aceito em 07/01/2014
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