Rev. bras. psicoter. 2012; 14(1):13-33
Bassols AMS, Falceto O, Bergmann DS, Mardini V, Waldemar JO, Palma RB, et al. O ensino de técnicas psicoterápicas aplicadas à infância e adolescência. Rev. bras. psicoter. 2012;14(1):13-33
Artigos Originais
O ensino de técnicas psicoterápicas aplicadas à infância e adolescência
The teaching of psychotherapeutic techniques applied to childhood and adolescence
Ana Margareth S. Bassols*; Olga Falceto**; David S. Bergmann***; Victor Mardini****; José Ovídio Waldemar*****; Regina B. Palma******; Liseane C. Lyszkowski*******; Maria Lucrécia Scherer Zavaschi********
Resumo
Abstract
INTRODUÇAO
O ensino da psicoterapia de orientaçao psicanalítica na Residência e Curso de Especializaçao em Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS/ HCPA ocorre há várias décadas, embasado principalmente no forte perfil psicanalítico e psicodinâmico da formaçao psiquiátrica em nosso estado. Na década de oitenta introduziu-se a psicoterapia familiar (TF) e em 2002 a terapia cognitivo-comportamental (TCC).
O grupo de professores considera que, para melhor tratar os problemas emocionais de crianças e adolescentes, é necessário que os psiquiatras conheçam diferentes técnicas psicoterápicas e suas aplicaçoes, que variam de acordo com os níveis de desenvolvimento de seus pacientes e com o diagnóstico. A visao biopsicossocial favorece o processo de integraçao entre as modalidades terapêuticas utilizadas na arena do trabalho com crianças, adolescentes e seus familiares nos diversos programas do Serviço. Na prática, surge a necessidade de integraçao das diferentes abordagens. Assim, a visao psicodinâmica sobre o mundo interno da criança, inserido em uma realidade de interaçoes vigentes em sua família com as respectivas repetiçoes multigeracionais de crenças e comportamentos, eventualmente enseja a busca combinada de uma terapia familiar. Esta poderá, por exemplo, ser associada à TCC, de características mais focais, que já apresenta um bom corpo de resultados baseados em evidências. Realizam-se também grupos psicoterápicos de pacientes e de suas famílias utilizando-se a psicoeducaçao. Quando os pacientes apresentam patologias mais graves, há necessidade de indicar intervençoes específicas como internaçao hospitalar ou CAPSi (Centro de Atençao Psicossocial da infância e adolescência). Mesmo nessas modalidades de maior complexidade, busca-se a compreensao psicodinâmica subjacente ao diagnóstico descritivo que norteará a intervençao terapêutica.
Em 2002, a Associaçao Mundial de Psiquiatria (WPA) publicou o World Psychiatric Association Institutional Program on the Core Training Curriculum for Psychiatry1, para programas de residência em psiquiatria de todo o mundo. Pela primeira vez, a WPA define recomendaçoes mínimas para um currículo de especializaçao em psiquiatria, sem, entretanto, referir-se a um currículo específico para formaçao em Psiquiatria da Infância e Adolescência.
Em editorial da Revista Brasileira de Psiquiatria, Zanetti, Coelho e Lotufo Neto2 analisam os currículos das residências em diversos países. Os autores observaram uma tendência a valorizar este conhecimento, preconizando-se o contato do residente com suas diversas modalidades, inclusive na forma de subespecializaçao nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Os autores comentam que, no Brasil, o ensino da psicoterapia encontra-se longe do ambiente universitário, concentrado em cursos livres ou ligado às sociedades específicas. Destacam que o ensino de novas formas de terapia, validadas pela literatura, restringe-se a pouquíssimas escolas do sul e sudeste2.
No presente artigo, os autores apresentam e revisam o ensino das três principais abordagens psicoterápicas utilizadas no trabalho terapêutico com crianças, adolescentes e suas famílias desenvolvidas no programa da Residência e Curso de Especializaçao em Psiquiatria da Infância e Adolescência (PIA) do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência (SPIA) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), hospital-escola da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Serao abordadas e discutidas a psicoterapia psicanalítica ou psicodinâmica (PP), a terapia familiar (TF) e a terapia cognitivo-comportamental (TCC) bem como os seus respectivos programas.
PSICOTERAPIA PSICANALITICA/PSICODINAMICA (PP)
A técnica psicanalítica começou a despontar com Freud a partir da constataçao da existência dos fenômenos inconscientes. Em 1909, publicou a Análise de uma Fobia em um Menino de Cinco Anos - O Pequeno Hans3. Este caso abriu o campo para a compreensao das fobias, para a interpretaçao da linguagem pré-verbal, a investigaçao da neurose infantil, a indicaçao, necessidade e possibilidade de tratamento psicanalítico para crianças. Entre os inúmeros trabalhos de Freud, destacam-se ainda dois, de fundamental importância para o nascimento da teoria e técnica da terapia psicanalítica de crianças: A interpretaçao dos sonhos (1900)4 e Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)5.
Alguns psicanalistas começaram, na mesma época, a tratar pacientes dessa faixa etária. As primeiras tentativas foram realizadas por Hug-Hellmuth e Sophie Morgenstern6, mas foi através dos trabalhos pioneiros de Anna Freud e Melanie Klein que surgiram, de forma mais sistemática, as primeiras publicaçoes de atendimento psicanalítico de crianças. Anna Freud7 estudou o alcance, os limites e as dificuldades da técnica psicanalítica. Ela considerava que a situaçao da criança muito pequena em tratamento é diferente daquela do adulto, pois ela nao teria consciência de sua enfermidade nem desejo explícito de cura bem como nao se analisaria por decisao própria. Faltaria à criança pequena o instrumento terapêutico principal do adulto, as associaçoes verbais. Anna Freud, com sua técnica essencialmente pedagógico-educativa, orientava os pais de crianças menores, reservando a técnica psicanalítica propriamente dita para o exame da situaçao edípica e da relaçao transferencial a partir do período de latência.
Por sua vez, Melanie Klein8 entendia que a criança, mesmo na mais tenra idade, expressa suas fantasias, seus desejos e experiências de um modo simbólico por meio de brinquedos e jogos. O brincar traria à tona processos muito profundos, inconscientes, semelhantes aos do sonho. Sur-ge, entao, a técnica do brinquedo. Klein concluiu que a capacidade de transferência era espontânea e indicou que se deveria interpretar a transferência negativa e positiva desde o início, nao tendo o analista o papel de educador. As teorias de Melanie Klein foram introduzidas na América do Sul pela psicanalista argentina Arminda Aberastury6 e no Rio Grande do Sul pela psicanalista Zaira Martins, que fora supervisionada por Arminda em Buenos Aires9.
Contribuiçoes de inúmeros autores foram decisivas para a evoluçao da teoria psicanalítica. Bion10 acrescenta ao pensar psicanalítico a teoria dos grupos, a teoria do pensar, o aparelho para pensar pensamentos, a teoria das funçoes e o conceito de transformaçoes; nao trabalhou diretamente com crianças, mas seu pensamento influenciou o trabalho de, entre outros, o psicanalista italiano Antonino Ferro. Este introduziu um olhar diferente para os fenômenos que ocorrem na sala de análise11, baseado nos ensinamentos de Bion e nas ideias de campo do casal Baranger. Ferro destaca a importância de capacitar a comunicaçao do paciente, que surge na forma de um recado manifesto e necessita ser metabolizada pela mente do analista sem precipitar interpretaçoes. Ele identifica ainda que o analista pode contribuir para uma mudança de vértice na visao do paciente a partir da comunicaçao de sua experiência emocional vivida na sessao. Em artigo recente, Ferro e Molinari12 mostram que "a brincadeira compartilhada com o analista, mais do que a interpretaçao verbal, é capaz de ajudar a criança a desenvolver seu processo criativo" para que "possa manifestarse através de uma representaçao consciente-inconsciente, que fica implícita nos personagens da brincadeira ou no desenho" (p.295).
Outro autor de fundamental importância para o desenvolvimento da técnica psicanalítica de crianças foi Winnicott13. Ele ressalta a importância da relaçao mae-bebê, os cuidados da "mae suficientemente boa" com seu bebê se tornando parte importante de suas consideraçoes sobre o setting analítico. Além disso, introduziu o conceito de holding, que acentua a importância do ambiente físico, e principalmente emocional, de acolhimento às necessidades do bebê por parte da mae. Para ele, se o terapeuta oferece à criança um ambiente que simbólica e concretamente contenha aspectos da relaçao mae-bebê, há uma possibilidade de reparaçao da falha precoce provocada pelo ambiente.
A história da psiquiatria está pontuada pela publicaçao de obras paradigmáticas, que alteraram profundamente e concentraram o conhecimento sobre cada uma das principais condiçoes clínicas em saúde mental. Em seu livro Transtornos da Personalidade em Crianças e Adolescentes, Paulina Kernberg14 oferece o mais completo e revelador estudo sobre transtornos de personalidade na infância, resultado de ampla pesquisa siste-mática e da combinaçao de descobertas recentes da literatura com sua experiência clínica. Foi ela quem descreveu e pesquisou os primeiros sinais de transtornos de personalidade no desenvolvimento da criança/ adolescente. Kancyper15 enfatiza a fundamental importância do complexo fraterno para a estruturaçao da vida psíquica individual e social do sujeito. Esse autor considera existir uma tendência de ver no complexo fraterno um mero deslocamento do edípico, como se fosse um caminho linear de ida, um desenvolvimento programado dos investimentos objetais nas figuras parentais para substituí-las por outras: irmaos, primos e amigos, que favoreceriam gradual e progressivamente o acesso à exogamia. O complexo fraterno, entretanto, apresenta uma especificidade irredutível que se articula com a dinâmica narcisista e edípica, mas independe de seus eventuais deslocamentos nas relaçoes entre os irmaos. Kancyper acrescenta ainda que os ressentimentos e os remorsos que surgem a partir da dinâmica vincular entre os irmaos podem assumir uma importância significativa, determinando, inclusive, o destino de suas vidas e das vidas de seus descendentes.
História da psicoterapia psicanalítica de crianças e adolescentes no Departamento de Psiquiatria
As origens da aproximaçao entre a psiquiatria e a psicanálise em solo gaúcho situam-se nas primeiras décadas do século XX9. Mas foi só a partir do final da década de 1940 e início dos anos de 1950 com o regresso de eminentes psicanalistas que fizeram sua formaçao na Argentina - Mário Martins, Zaira Martins, José Lemmertz e Cyro Martins - que esses pioneiros passaram a atuar profissionalmente como psicanalistas, originando-se, entao, o núcleo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre. Foi organizado pela Faculdade de Medicina da UFRGS, no Hospital Sao Pedro, um curso de especializaçao em psiquiatria de orientaçao psicanalítica, coordenado pelos professores Paulo Guedes e David Zimmermann. Com a inauguraçao da Unidade Infantil do Centro Psiquiátrico Melanie Klein, na década de 1960, os alunos do Curso de Especializaçao puderam entrar em contato com a psiquiatria infantil.
Foram pioneiras do atendimento psiquiátrico a essa faixa etária as doutoras Emília Messias, Rute Stein Maltz, Maria Hermínia Lapolli e Aida Zimmermann. Participavam também do ensino as psicanalistas Marlene Araújo e Nara Caron9. A formaçao dessas professoras foi fortemente influenciada de Zaira Martins, que por sua vez fora supervisionada por Arminda Aberastury.
Na década de 1980, com a transferência do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da FAMED/UFRGS para o HCPA, o ensino da psi-quiatria infantil passou a ocorrer neste, junto com as demais atividades do Curso de Especializaçao em Psiquiatria. Na época, o ensino da psicoterapia da infância e adolescência manteve-se através das atividades ambulatoriais, sob a coordenaçao da professora Maria Lucrécia Scherer Zavaschi. Também foram ministrados seminários teóricos e oferecida supervisao prática por professores voluntários, associados ao Centro de Estudos Luis Guedes (CELG).
O trabalho psicoterápico foi influenciado pela escola psicanalítica tradicional freudiana, e pela escola kleiniana e pela psicologia do ego, incluindo autores que trabalhavam no Mount Sinai Hospital (City University of New York), onde a professora Maria Lucrécia fez sua formaçao em psiquiatria da infância e adolescência. Desta forma, o ensino e a formaçao realizam-se baseados em uma série de autores psicanalíticos como Peter Blos, Mortimer Blumenthal, Elenor Galenson, Eduard Joseph, Margareth Mahler, James Anthony e Paulina Kernberg. Atualmente trabalha-se com a noçao de "campo analítico", do casal Baranger, influentes também para autores como Kancyper, Ferro e Bolognini, que seguem uma inspiraçao para os autores deste artigo nos dias atuais.
A missao de ensino desta universidade (UFRGS), aliada à postura aberta aos novos conhecimentos do corpo de professores, norteia o trabalho de formaçao de novas geraçoes de psiquiatras e psicoterapeutas da infância e adolescência. No início dos anos de 1990 foi criado o Curso de Extensao em Psicoterapia da Infância e Adolescência do CELG, tendo formado 75 psicoterapeutas. Em 1994 iniciou-se o Curso de Especializaçao em PIA pela UFRGS, com duraçao de dois anos e em 1995 teve início a Residência Médica em PIA, a segunda residência do país. O esforço deste departamento e serviço entregou à sociedade brasileira um total de 153 profissionais até a presente data. Inúmeros colegas que realizaram sua formaçao no SPIA estao desenvolvendo suas atividades e multiplicando seus conhecimentos em outros locais e universidades.
Psicoterapia psicanalítica - aspectos teóricos e técnicos
A PP na infância e adolescência responde às necessidades crescentes de cuidados à populaçao nessa etapa da vida. Sua aplicaçao pressupoe minucioso treinamento teórico e técnico16,17. Na formaçao do psiquiatra infantil o processo de ensino-aprendizagem assenta-se sobre os pressupostos18 de ênfase na experiência individual e na compreensao de si mesmo, importância do inconsciente, fenômeno da resistência, determinismo psíquico, foco na transferência, objetivos terapêuticos amplos que favoreçam o crescimento psicológico do paciente e nao somente a açao sobre os sintomas.
O processo psicoterápico ambulatorial inicia-se a partir de uma entrevista de triagem que vai orientar a melhor indicaçao para o caso a partir de uma hipótese diagnóstica clínica e dinâmica. O paciente entao é encaminhado a um dos residentes/cursistasa, que irá tratá-lo. A avaliaçao do caso pelo terapeuta irá aprofundar o conhecimento sobre a situaçao do paciente e de sua família. Após as entrevistas iniciais de avaliaçao, sendo indicada psicoterapia de orientaçao psicanalítica (PP), será feito um contrato com o paciente e seus pais.
O processo psicoterápico vai se desenrolando e os conceitos teóricos apreendidos sao utilizados na relaçao que se estabelece com a criança ou adolescente. Nas fases iniciais, o estabelecimento de um vínculo de confiança entre o paciente e o terapeuta é o foco da intervençao. A compreensao do conflito do paciente, de acordo com sua idade ou fase do desenvolvimento, pode ser interpretada. Detalhes do processo psicoterápico com crianças estao descritos em outras publicaçoes dos autores16,17.
Metodologia de ensino da psicoterapia psicodinâmica
O ensino da psicoterapia psicodinâmica inclui aspectos teóricos desenvolvidos no programa de seminários sobre Desenvolvimento Normal e Psicoterapia e nas supervisoes dos casos ambulatoriais. Trata-se de um processo de ensino-aprendizado de natureza cognitivo-afetiva19 com o objetivo de auxiliar o supervisionando a estabelecer as bases para a aquisiçao da identidade de psicoterapeuta, através de uma aliança que envolve confiança, cuidado e ética. Os autores consideram o tripé da formaçao - seminários teóricos, supervisao e tratamento pessoal - fundamental para a formaçao dos novos profissionais da área.
TERAPIA FAMILIAR (TF)
Metodologia de ensino
Durante os dois anos de formaçao em psiquiatria da infância e adolescência, os alunos participam de seminários teórico-clínicos, com supervisao semanal em pequenos grupos e ênfase no atendimento de famílias juntamente com os supervisores. Cada aluno atende ao menos uma família. Inicialmente é importante familiarizar os alunos com a visao sistêmica para que possam pensar nos problemas humanos como de natureza interacional e para que a família seja tratada como uma unidade, reconhecendo-se que os sintomas emocionais frequentemente estao associados aos conflitos familiares.
O contato inicial com famílias desperta sentimentos de paralisia e ansiedade no terapeuta iniciante, junto com o receio de ser engolfado por um sistema de interaçoes complexas. Por isso, a primeira tarefa do supervisor é ajudar o aluno a sentir-se confortável com uma família. Depois descobrirá que seu conforto o libera para criar um clima de cooperaçao e "cocriaçao" de alternativas com a família.
História e referencial teórico
O movimento da terapia familiar iniciou nos Estados Unidos na metade do século passado, influenciado pelas ciências sociais. A família passou a ser vista como um sistema vivo em movimento, um todo orgânico, enraizado no seu contexto cultural e social. O progresso da cibernética também contribuiu para o desenvolvimento da terapia familiar introduzindo a noçao de sistemas complexos, mecanismos de retroalimentaçao e da influência do observador no campo observado20. Naquela época iniciava-se também o movimento feminista em escala mundial, chamando a atençao sobre o funcionamento familiar e gerando profundas modificaçoes na família e sociedade.
Os estudos com famílias de esquizofrênicos21 buscando um modelo interacional das doenças psiquiátricas (teoria do duplo vínculo) marcaram definitivamente o início do movimento da terapia familiar nos anos de 1950. Mais tarde, vieram os estudos de Ackerman, mostrando a influência das relaçoes familiares nos sintomas psiquiátricos de seus pacientes22. Historicamente, já em 1983 Rutter23 assinalava que o número de crianças e adolescentes com problemas de conduta era muito maior no grupo em que os pais apresentavam distúrbio psiquiátrico e um alto grau de conflito e tensao. Os sintomas surgiam nos filhos envolvidos mais diretamente no conflito conjugal, aos quais chamamos "triangulados". Já os irmaos que nao se envolviam tanto nos conflitos dos pais, ficavam "protegidos" dos sintomas24,25. A clínica com crianças portadoras de graves patologias psiquiátricas demonstra que muitas vezes trabalhar as interaçoes disfuncionais na família só é possível após a melhora sintomática da criança, o que traz um imediato alívio para toda a família, mas ainda assim nao resolve os problemas interacionais que agravam o quadro.
História da Terapia Familiar na residência/curso
Os primeiros supervisores de TF do programa foram os professores Olga Falceto e José Ovídio Waldemar, que completaram sua formaçao pro-fissional nos Estados Unidos na década de 1970, quando o movimento de terapia familiar estava desabrochando. Como psiquiatras da infância e adolescência trouxeram a visao sistêmica, integrando a contribuiçao biológica e a psicodinâmica, o que possibilitou, no retorno ao Brasil no início da década de 1980, a inserçao harmoniosa da terapia familiar no contexto acadêmico, evitando polarizaçoes que ocorreram em outros centros formadores. Já em trabalho publicado anteriormente Waldemar e Falceto26 escreveram:
Pensamos, como Liddle, que as teorias da terapia sao por sua própria natureza uma visao parcial da realidade... por outro lado, o ecletismo sistemático isto é, a combinaçao disciplinada de teorias e técnicas de escolas diferentes mas compatíveis nao é algo simples, ao contrário, é uma tarefa árdua e complexa que só recentemente começou.
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