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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2024; 26(1):91-104



Artigos de Revisao

Teorias homeostáticas das adições: uma revisão narrativa

Homeostatic theories of addictions: a narrative review

Bibiana Bolten Lucion Loreto; Anne Orgler Sordi; Andressa Goldman Ruwel; Cristhian Ferreira Falleiro; Caroline Sousa de Souza; Deborah Daitschman; Felix Henrique Paim Kessler

Resumo

INTRODUÇÃO: Transtornos aditivos estão associados à mortalidade precoce, a prejuízos psicossociais e a custos econômicos significativos. Apesar do aumento na pesquisa sobre adições, persistem muitas divergências no que tange às teorias propostas para explicar seu desenvolvimento e manutenção, o que implica na heterogeneidade dos tratamentos oferecidos aos pacientes.
Metodologia: Revisão narrativa sobre as teorias homeostáticas das adições. Buscas foram realizadas na literatura nas plataformas MEDLINE, LILACS, SCIELO e BIREME entre os meses de novembro e dezembro de 2022.
RESULTADOS: Foram encontrados 18 artigos sobre teorias homeostáticas, de regulação emocional ou autorregulação das adições. Para complementar a revisão, foi utilizado o relatório do European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction sobre modelos de adição, além de outros materiais referentes a teorias e critérios diagnósticos das adições. As principais teorias incluem a hipótese da automedicação, a teoria do apego, a teoria da regulação do afeto, a desregulação de recompensa e alostase, a teoria do aprendizado de reforço homeostático e o modelo dinâmico dos sistemas de controle do impulso de fumar.
DISCUSSÃO: A elaboração de modelos teóricos impactantes na abordagem dos transtornos por uso de substâncias permanece um desafio. As teorias homeostáticas tendem a integrar diferentes fatores que contribuem para o desenvolvimento da adição, como vulnerabilidades individuais, comorbidades psiquiátricas e fatores ambientais.
CONCLUSÃO: O entendimento da adição como uma desregulação da homeostase e necessidade de autorregulação pode propiciar o desenvolvimento de terapêuticas que tenham como objetivo restabelecer o que seriam as condições de equilíbrio, e pesquisas futuras poderão explorar novas possibilidades farmacológicas e psicoterápicas.

Descritores: Adição; Homeostase; Abuso de drogas; Autorregulação emocional; Diagnóstico psiquiátrico

Abstract

INTRODUÇÃO: Addictive disorders are associated with premature mortality, psychosocial impairments, and significant economic costs. Despite the increased research on addictions, there are still many divergences regarding the proposed theories to explain their development and maintenance, leading to heterogeneity in the treatments offered to patients.
METHODOLOGY: Narrative review on homeostatic theories of addictions. Searches were conducted in the literature on the MEDLINE, LILACS, SCIELO, and BIREME platforms between November and December 2022.
RESULTS: 18 articles were found on homeostatic, emotional regulation, or self-regulation theories of addictions. To complement the review, the European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction report on addiction models was used, along with other materials related to theories and diagnostic criteria of addictions. The main theories include self-medication hypothesis, attachment theory, affect regulation theory, reward dysregulation and allostasis, homeostatic reinforcement learning theory, and dynamic model of smoking impulse control systems.
DISCUSSION: The development of impactful theoretical models in addressing substance use disorders remains a challenge. Homeostatic theories tend to integrate different contributing factors to addiction development, such as individual vulnerabilities, psychiatric comorbidities, and environmental factors.
CONCLUSION: The understanding of addiction as a dysregulation of homeostasis and the need for self-regulation can foster the development of therapies aimed at restoring what would be the conditions of balance, and future research may explore new pharmacological and psychotherapeutic possibilities.

Keywords: Addiction; Homeostasis; Drug abuse; Self regulation; Psychiatric diagnoses

Resumen

INTRODUCCIÓN: Los trastornos adictivos se asocian con mortalidad prematura, deterioro psicosocial y costos económicos significativos. A pesar del aumento de las investigaciones sobre las adicciones, todavía existen muchas divergencias en cuanto a las teorías propuestas para explicar su desarrollo y mantenimiento, lo que lleva a una heterogeneidad en los tratamientos ofrecidos a los pacientes.
METODOLOGÍA: Revisión narrativa sobre teorías homeostáticas de las adicciones. Se realizaron búsquedas en la literatura en las plataformas MEDLINE, LILACS, SCIELO y BIREME entre noviembre y diciembre de 2022.
RESULTADOS: se encontraron 18 artículos sobre teorías homeostáticas, de regulación emocional o de autorregulación de las adicciones. Para complementar la revisión se utilizó el informe del Observatorio Europeo de las Drogas y las Toxicomanías sobre modelos de adicciones, junto con otros materiales relacionados con teorías y criterios diagnósticos de las adicciones. Las principales teorías incluyen la hipótesis de la automedicación, la teoría del apego, la teoría de la regulación del afecto, la desregulación de la recompensa y la alostasis, la teoría del aprendizaje por refuerzo homeostático y el modelo dinámico de los sistemas de control de los impulsos de fumar.
DISCUSIÓN: El desarrollo de modelos teóricos impactantes para abordar los trastornos por uso de sustancias sigue siendo un desafío. Las teorías homeostáticas tienden a integrar diferentes factores que contribuyen al desarrollo de la adicción, como las vulnerabilidades individuales, las comorbilidades psiquiátricas y los factores ambientales.
CONCLUSIÓN: La comprensión de la adicción como una desregulación de la homeostasis y la necesidad de autorregulación puede fomentar el desarrollo de terapias dirigidas a restaurar lo que serían las condiciones de equilibrio, y futuras investigaciones pueden explorar nuevas posibilidades farmacológicas y psicoterapéuticas.

Descriptores: Adición; Homeostasis; Abuso de drogas;Autorregulación emocional; Diagnóstico psiquiátrico

 

 

Introdução

Os transtornos aditivos estão associados à mortalidade precoce, a prejuízos psicossociais e a custos econômicos diretos e indiretos no âmbito global. O termo "adição" engloba tanto os transtornos por uso de substâncias quanto aqueles relacionados a outros comportamentos disfuncionais, como o jogo patológico. No entanto, os principais dados de prevalência se referem a drogas lícitas e ilícitas. Em um estudo de estatística global de uso de álcool, tabaco e outras drogas de 2017, se evidenciou que o uso de álcool e tabaco é consideravelmente mais prevalente que o uso de substâncias ilícitas. Enquanto a prevalência de consumo episódico pesado de álcool é de 18,3%, o tabagismo foi estimado em 15,2% da população mundial1. A prevalência do transtorno por uso de álcool também é considerada elevada, podendo chegar a 29,1% ao longo da vida nos Estados Unidos segundo critérios do DSM-5-TR2. Já o uso de outras substâncias no último ano variou entre 0,35% a 3,8%1.

Embora a literatura sobre adições tenha crescido nos últimos anos, ainda há muitas divergências no que tange aos modelos e teorias propostas para explicar o desenvolvimento e manutenção das adições. Recentemente, as teorias biológicas têm recebido mais atenção, assim como suas proposições têm sido testadas através de exames de imagem cerebrais. Essas teorias têm por base mecanismos cerebrais de reforço de comportamento, que se aplicam não apenas a substâncias com potencial de abuso, mas a outros comportamentos naturais do ser humano e mesmo de outros animais. O principal sistema de reforço já identificado é o aumento de dopamina em regiões límbicas. O córtex orbitofrontal integra projeções de diferentes áreas envolvidas na resposta a estímulos reforçadores, destacando a relevância desses mecanismos em um modelo explicativo para adições.3 No entanto, os transtornos aditivos têm etiologia multifatorial e, portanto, é importante considerar a contribuição de outros fatores, incluindo questões ambientais4,5 e a presença de comorbidades psiquiátricas6.

Apesar do incremento na pesquisa nessa área, os transtornos aditivos permanecem como um desafio em termos de prevenção e tratamento, por isso a necessidade de uma melhor compreensão e desenvolvimento de novos modelos teóricos mais abrangentes e integrativos. Além do crescimento da prevalência dos transtornos comportamentais e aditivos nos últimos anos7, os resultados obtidos com o tratamento apresentam limitações. Embora haja uma variedade de opções terapêuticas, há poucas medicações aprovadas especificamente para o tratamento de adições8,9. Além disso, a adesão ao tratamento pode ser uma barreira e muitos estudos tendem a demonstrar tamanhos de efeito leves a moderados8,10. Foram propostas ao longo dos anos teorias que consideram a adição não apenas como a manifestação de uma doença cerebral, mas também como uma resposta a contingências ambientais e uma busca por regulação. É importante o desenvolvimento de um modelo que explique o comportamento aditivo a partir das evidências neurobiológicas, genéticas e socioambientais de maneira integrada.

A regulação teria como objetivo a homeostase, que é definida como a manutenção de estabilidade de um organismo se adaptando a mudanças externas. É um processo dinâmico, composto pela interação de diversos sistemas de feedback. Um sistema de feedback é um circuito fechado no qual os resultados de ações antigas são alimentados no sistema para controle de ações do futuro, afetando o próprio comportamento. O feedback negativo responde à falha em atingir um objetivo, enquanto o positivo promove um ciclo de crescimento de ações que deram resultado. Sob essa perspectiva, a ruptura da homeostase levaria a processos patológicos7 . Esse estado de desequilíbrio, que em humanos pode ser representado por afetos negativos, causando a diminuição de dopamina e peptídeo opioide e aumentando os níveis de estresse cerebral, tornaria o indivíduo predisposto ao uso de substâncias como uma tentativa de retornar ao equilíbrio. No entanto, a persistência do comportamento aditivo contribuiria para manter o ciclo de desregulação11. Apesar dos modelos diferentes que procuram explicar as adições, não se encontra um modelo que consiga integrar todas as diferentes dimensões que compreendem esses transtornos. Este trabalho tem por objetivo revisar a literatura existente sobre as teorias homeostáticas relacionadas às adições. Dentro desse grupo, estão incluídos os modelos que entendem os transtornos aditivos como um meio de regulação emocional e busca por equilíbrio.


Metodologia

Foi realizada busca na literatura nas plataformas eletrônicas MEDLINE, LILACS, SciELO e BIREME entre os meses de novembro e dezembro de 2022. As seguintes palavras-chave foram utilizadas: "addiction" ou "addictive disorders" ou "substance use disorders" AND "homeostatic theories" ou "regulation theories" ou "self-regulation theories" ou "emotional regulation theories" ou "self-medication theories". Após a identificação inicial dos estudos, foi realizada uma análise dos resumos para verificar quais se adequaram ao tema. Foram encontrados 18 artigos relacionados a teorias homeostáticas, de regulação emocional ou autorregulação das adições. Quanto aos termos utilizados, "homeostase", segundo Walter Cannon12, pode ser entendido como a capacidade de manter o meio interno em equilíbrio a despeito das alterações do meio externo. Trata-se, portanto, de um conceito mais amplo do ponto de vista fisiológico do que a regulação emocional. Deste modo, o uso dos diferentes termos teve por objetivo ampliar a busca na literatura, considerando que muitos trabalhos não utilizam esses como sinônimos.

Para completar a revisão sobre o tema, também foi referenciado o relatório do European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction sobre modelos de adição13. Por fim, foram incluídos outros 8 materiais referentes a teorias e critérios diagnósticos das adições para enriquecer a discussão. Os diferentes modelos encontrados foram compilados em 6 teorias, são elas: 1) hipótese da automedicação; 2) teoria do apego; 3) teoria da regulação do afeto; 4) desregulação de recompensa e alostase; 5) teoria do aprendizado do reforço homeostático; 6) modelo dinâmico dos sistemas de controle do impulso de fumar. A grande maioria das teorias foram retiradas a partir do documento European Monitoring Centre for Drugs and Drugs Addiction. Este é um relatório sobre modelos de adições, e apesar de ele citar outras teorias menores, selecionamos as com maior embasamento na literatura.


Resultados

1. Hipótese da automedicação


A hipótese da automedicação é considerada uma das principais teorias propostas para o desenvolvimento das adições e foi baseada majoritariamente em observações clínicas. Foi descrita por Khantzian em 1985, inicialmente enfatizando os transtornos por uso de cocaína e heroína. Destacamos a hipótese da automedicação não apenas por sua longa presença na literatura, mas também pela quantidade significativa de evidências que a sustentam. Estudos têm continuamente encontrado correlações entre transtornos psiquiátricos específicos e a escolha de substâncias psicoativas como forma de alívio dos sintomas associados. Além disso, a teoria da automedicação oferece um quadro teórico robusto para compreender por que certos indivíduos são mais propensos a desenvolver dependência de substâncias, relacionando diretamente o sofrimento psíquico e as necessidades não atendidas com o comportamento de automedicação através das drogas. Assim, sua prevalência e menção frequente na literatura refletem não apenas sua validade teórica, mas também sua utilidade para explicar e abordar as complexidades das adições. Segundo essa teoria, a predisposição aos transtornos aditivos estaria relacionada à existência prévia de outros transtornos psiquiátricos e a estados de afeto negativo. Dessa forma, o indivíduo buscaria o uso de substâncias como uma forma de automedicação e consequente alívio dos sintomas psíquicos. Outro pressuposto desse modelo é que a escolha por determinado tipo de substância não ocorre de maneira aleatória. Haveria uma tendência a se buscar substâncias cuja ação no sistema nervoso central fosse oposta aos sintomas psiquiátricos já existentes. Khantzian observou uma ocorrência frequente de comportamentos violentos associados à raiva em indivíduos que tinham preferência pela utilização de opióides. Esse tipo de substância teria uma ação mais sedativa e capaz de exercer algum controle sobre as manifestações de raiva. No caso da cocaína, o objetivo do consumo estaria diretamente relacionado aos seus efeitos estimulantes ou até mesmo antidepressivos. Seria uma substância de preferência para indivíduos com sintomas de tristeza, com diagnósticos como transtorno bipolar, e poderia reduzir algumas manifestações daqueles com transtorno de déficit de atenção14.

A hipótese da automedicação permaneceu sendo estudada e suas aplicações reavaliadas ao longo dos anos. Encontram-se na literatura evidências que reforçam e também que questionam esse modelo. Khantzian, em estudos posteriores, seguiu enfatizando o papel do sofrimento psíquico e da vulnerabilidade à adição no desenvolvimento das dependências. Indo além dos transtornos associados às substâncias descritas anteriormente, propôs outras correlações entre transtornos psiquiátricos e drogas específicas. A nicotina, por exemplo, estaria mais associada a sintomas disfóricos e depressivos prévios. A alta prevalência de uso de substâncias em indivíduos com psicose seria uma resposta aos sintomas negativos da doença. Por fim, outra comorbidade psiquiátrica considerada relevante nesse contexto é o transtorno de estresse pós-traumático. O uso de álcool e outras drogas teria o papel de aliviar os sintomas de desregulação emocional e comportamental presentes neste quadro. Além de considerar a preferência por determinadas substâncias como um indicativo de demandas não atendidas, a hipótese da automedicação se apresenta como um paradigma importante na avaliação das adições ao enfatizar o sofrimento do paciente e buscar compreender suas vulnerabilidades15.

Pesquisas realizadas nos últimos anos têm buscado validar essa teoria. Um estudo de 2015, que utilizou uma amostra de 304 pacientes com dependência química, analisou a relação entre sintomas psiquiátricos e aspectos da personalidade com a substância de preferência. A conclusão dos autores foi de que os resultados corroboram parcialmente a hipótese da automedicação, pois os indivíduos que faziam uso de drogas depressoras do sistema nervoso central e opioides apresentavam maior prevalência de determinados sintomas e características de personalidade16. Por exemplo, os usuários de drogas depressoras (álcool, barbitúricos e benzodiazepínicos) costumam inibir e conter suas emoções de forma excessiva, utilizando negação e repressão como formas de defesa. Este grupo também apresentou níveis significativamente mais altos de hostilidade supercontrolada em comparação com outros TUS. Por outro lado, os que fazem uso de opioides costumam utilizar a droga para atenuar sentimentos de agressão, raiva e depressão frequentemente associados ao trauma. Assim, raramente possuem capacidade defensiva para regular emoções muito intensas. É um grupo que exibe níveis significativamente mais altos de depressão subjetiva, ceticismo, tendências antissociais e estresse pós-traumático do que outros grupos16. Outro estudo publicado em 2017 avaliou a correlação entre uso de substâncias e a presença de outras demandas de saúde mental, incluindo a busca por serviços de saúde mental. Os resultados favorecem a hipótese da automedicação, sugerindo que as substâncias psicoativas teriam o papel de alívio de emoções negativas17. Nos últimos anos, novos modelos teóricos sobre o desenvolvimento das adições têm sido propostos tendo como base conceitos da automedicação. A exposição a eventos traumáticos já foi estudada como um fator que pode aumentar o estresse, reduzir a percepção de autoeficácia e, consequentemente, levar ao uso de substâncias psicoativas como forma de automedicação em indivíduos que já apresentam vulnerabilidade18.

2. Teoria do apego

Alguns autores defendem que o desenvolvimento da adição pode ser explicado com base na teoria do apego19. Essa teoria foi desenvolvida pelo psiquiatra John Bowlby entre os anos 1950 e 1960. Ela conceitua a propensão dos seres humanos a formar vínculos afetivos fortes com pessoas específicas e explica as diversas formas de sofrimento emocional e distúrbios de personalidade, incluindo ansiedade, raiva, depressão e desapego emocional, que surgem devido à separação indesejada e à perda. Embora incorpore muitos pensamentos psicanalíticos, seus princípios derivam em grande parte da etologia, psicologia cognitiva e teoria do controle19. O comportamento aditivo surgiria como uma tentativa de compensar déficits no desenvolvimento do apego, que podem ser causados por uma combinação de fatores ambientais e biológicos, e que desencadearia sintomas internalizantes e externalizantes, os quais podem ser entendidos como desregulatórios. Posteriormente, o uso de substâncias pode contribuir para perpetuar as dificuldades de apego devido aos danos psicológicos associados à dependência20.

Embora essas teorias tenham sido inicialmente elaboradas tendo como base os transtornos por uso de substâncias, estudos mais recentes têm avaliado também as adições comportamentais. Dados da literatura sugerem que déficits no apego estão associados a comportamentos como o jogo patológico e o uso problemático de Internet21. Um estudo de 2019 também constatou que o apego ansioso pode ser um preditor para o desenvolvimento de adição a redes sociais22.

Alguns estudos têm focado em grupos específicos dentro da população de usuários de substâncias, como indivíduos com uso de múltiplas drogas, que tendem a apresentar piores desfechos de tratamento. Uma revisão publicada em 2019 ressaltou a presença do apego inseguro em indivíduos com uso de múltiplas substâncias. Além disso, também foi observada uma correlação entre esses aspectos e parâmetros neurológicos, como alterações na substância branca23. Há uma tendência de novos modelos de integrar o conhecimento sobre as bases neurobiológicas das adições com essa perspectiva psicológica de falhas na formação do apego e na regulação de emoções24.

3. Teoria da regulação do afeto

Foi descrita por Cooper em 1995, como um modelo que permitisse entender melhor os motivos do uso de álcool25. Segundo essa teoria, a adição seria um resultado de deficiências nos sistemas de regulação de afeto, ou seja, há consumo de álcool em resposta a situações que provocam tanto o afeto positivo quanto o negativo. Por exemplo, no caso de experiências negativas, é feito uso de álcool com objetivo de enfrentamento, para escapar, evitar ou regular as emoções desfavoráveis. Em contraste, pode haver uso estratégico de álcool para aumentar afetos positivos, utilizando a bebida para potencializar um estado almejado, ao invés de evitar ou minimizar um estado aversivo25. No entanto, a persistência do comportamento ao longo do tempo também contribuiria para a perpetuação dessa desregulação. Dois conceitos centrais são fundamentos deste modelo: (1) objetivos de enfrentamento e potencialização no uso de álcool são determinantes proximais do uso e abuso de álcool através dos quais a influência de expectativas, emoções e outras diferenças individuais é mediada; (2) esses representam comportamentos fenomenologicamente distintos, possuindo tanto antecedentes quanto consequências únicas25.

Estudos avaliaram a presença de déficits na regulação emocional como um fator de risco transdiagnóstico para o desenvolvimento de adições e patologias comórbidas na adolescência. Esse é um período crítico para o desenvolvimento neurológico, que pode ser determinante no desenvolvimento de mecanismos de regulação emocional26. Uma metanálise publicada recentemente avaliou a associação entre regulação emocional e uso de substâncias. A análise dos estudos incluídos sugere que há uma correlação significativa, mas cuja magnitude pode variar de acordo com características da amostra. A associação parece ser maior conforme a faixa etária da amostra e também no caso de amostras clínicas27 .

Ademais, assim como as teorias mencionadas anteriormente, esta também sustenta que a razão para a manutenção do comportamento aditivo é atender a necessidades psicológicas preexistentes, por isso há uma semelhança entre elas. De modo geral, as teorias propõem que os indivíduos podem recorrer a comportamentos aditivos para enfrentar problemas já existentes, contudo, isso pode intensificar e agravar a situação original, o que gera um ciclo vicioso. Entretanto, a diferença entre elas está na origem dos problemas psicológicos. A hipótese da automedicação foca em problemas psicológicos preexistentes oriundos de experiências de vida precoce, dotação genética ou a interação entre ambos; a teoria do apego enfatiza déficits de desenvolvimento que levam a estilos de apego desadaptativos; já a teoria da regulação do afeto atribui o vício a sistemas defeituosos de regulação de afeto.

4. Desregulação de recompensa e alostase

Um modelo descrito por Koob buscou explicar a persistência do risco de recaída em indivíduos com transtornos aditivos utilizando a perspectiva da alostase11. A adição corresponderia primariamente a uma desregulação dos mecanismos de recompensa, que piora progressivamente se o comportamento se mantém ao longo do tempo. O autor sugere que, então, se estabeleceria um estado de alostase. Em contraste com a homeostase, que corresponde aos mecanismos que mantêm a estabilidade dentro dos sistemas fisiológicos, mantendo todos os parâmetros do meio interno dos organismos dentro de limites que permitem a sobrevivência28,29,30, a alostase propõe a manutenção da estabilidade fora do intervalo homeostático normal. Nesse estado, um organismo deve variar todos os parâmetros de seus sistemas fisiológicos para ajustá-los adequadamente às demandas crônicas30. Com o tempo e o uso repetido, o sistema de recompensa sofre alterações, levando a uma necessidade crescente da substância para atingir o mesmo nível de prazer. Isso ocorre porque os mecanismos cerebrais de recompensa são progressivamente desregulados. Em vez de retornar a um estado de homeostase, onde o funcionamento normal do sistema de recompensa é restabelecido, o cérebro estabelece um novo equilíbrio patológico - um estado alostático. Esse estado é caracterizado por uma aparente estabilidade nas funções de recompensa, mas essa estabilidade é mantida por mudanças nos circuitos cerebrais que, paradoxalmente, promovem a manutenção do comportamento compulsivo de busca e uso de substâncias. Assim, a alostase neste contexto explica por que os indivíduos com transtornos aditivos permanecem vulneráveis a recaídas. Mesmo que eles interrompam o uso da substância, as mudanças alostáticas no cérebro dificultam o retorno ao funcionamento normal e os tornam mais propensos a voltar ao uso compulsivo diante de estresses ou estímulos relacionados à substância. Essa concepção da adição baseada na alostase também se reflete nas perspectivas sobre o tratamento. A prevenção de recaída assume um papel fundamental, assim como o conceito de abstinência protraída, definido como um estado residual de abstinência. Tanto a abstinência protraída quanto estressores e gatilhos ambientais podem aumentar a vulnerabilidade a recaídas. Nesse sentido, se destacam as estratégias comportamentais de prevenção de recaída, enquanto os tratamentos farmacológicos para esse fim têm efetividade mais limitada12.

5. Teoria do aprendizado de reforço homeostático

Essa teoria buscou integrar os aspectos de regulação homeostática e aprendizado do sistema de recompensa. A proposta dos autores consistiu em uma teoria computacional que explica a adição à cocaína em parte como um reforço comportamental aprendido devido à sensação de um efeito homeostático associado ao uso. Com o uso crônico, começariam a se desenvolver alterações na capacidade de ajuste homeostático. Essa teoria foi baseada em aspectos neurobiológicos da adição, incluindo experimentos com animais que possibilitam predições do padrão de uso31. Mesmo previamente a esse estudo, os modelos de aprendizado por reforço já eram avaliados como uma possível explicação para recaídas no uso de substâncias e em adições comportamentais32. Isso ocorre pelo fato de que substâncias que afetam áreas dopaminérgicas cerebrais promovem um aprendizado associativo. Ou seja, passam a ser vinculadas aos estímulos ambientais presentes durante a experiência de recompensa. Assim, o uso crônico da droga faz com que a liberação de dopamina ocorra não apenas em resposta à substância em si, mas também aos estímulos ambientais associados. Esse fenômeno resulta do reforço das conexões sinápticas, refletindo um mecanismo diretamente comparável ao processo de aprendizagem.

Em relação às distinções em comparação com hipóteses anteriores, além do enfoque computacional, a Teoria do Aprendizado de Reforço Homeostático enfatiza aspectos que não eram suficientemente abordados em teorias prévias. Embora também integre o conceito de regulação homeostática, essa teoria ressalta a importância do aprendizado por reforço na manutenção de comportamentos aditivos. Segundo Keramati et al.31, a ausência de sistemas de aprendizado associativo limita o poder explicativo dessas hipóteses anteriores, impedindo-as de elucidar padrões de comportamento onde um componente de aprendizado está claramente presente.

Enquanto essa teoria apresenta uma proposta integrativa entre as bases neurobiológicas e a regulação por meio do aprendizado, outros autores têm proposto hipóteses que questionam mais diretamente o modelo da adição como uma doença cerebral descrito por Volkow33. Lewis propôs que a adição se desenvolve como aprendizado e ressalta o papel deste nas alterações cerebrais. Também discute a repercussão que essa visão poderia ter em termos terapêuticos, como mudanças em relação ao estigma e na participação do paciente no tratamento34.

6. Modelo dinâmico dos sistemas de controle do impulso de fumar

Esse modelo está inserido dentro de um grupo de teorias que ressalta o papel de mecanismos homeostáticos e da manutenção de parâmetros fisiológicos. Nesse sentido, o comportamento aditivo surgiria como uma resposta a impulsos necessários para se atingir a homeostase13. Essa teoria tem sido a base de estudos recentes que buscam avaliar a intensidade do impulso de fumar e sua correlação com o comportamento aditivo e outras variáveis. O modelo dinâmico dos sistemas de controle de fumar cita uma substância específica, pois os estudos que a têm embasado buscam avaliar a intensidade do impulso de fumar e sua correlação com o comportamento aditivo e outras variáveis. Esse comportamento de fumar constitui um sistema de feedback de circuito fechado, no qual aumentos na vontade de fumar precipitam a decisão de fumar. Utilizando-se intervenções pelo celular, um estudo propôs que seria possível identificar estados de afeto negativo e assim antecipar situações de risco que levariam o indivíduo a tomar a decisão de fumar35.


Discussão

A busca por um modelo para as adições, especialmente aplicável à prática clínica, permanece como um objeto de estudo frequente na literatura. Alguns autores, por meio da revisão de abordagens já descritas, propõem novas teorias para explicar o comportamento dos indivíduos adictos36. Já foram apresentados também modelos que se correlacionam com os critérios diagnósticos do DSM-52. No entanto, a elaboração de pressupostos que tenham real impacto na perspectiva dos transtornos por uso de substâncias permanece um desafio37 .

Em relação à compreensão das bases neurobiológicas dos transtornos aditivos, foram alcançados avanços significativos, inclusive com a utilização de modelos animais38. Múltiplas evidências sustentam o modelo da adição como uma doença cerebral39 e apontam seu impacto tanto em intervenções terapêuticas individuais quanto em políticas públicas32. Todavia, a persistência das adições como um problema de saúde pública e os desafios inerentes ao tratamento suscitam a elaboração de novas teorias que agreguem a esse conhecimento já estabelecido.

Publicações recentes que citam e revisitam a hipótese da automedicação sinalizam que as teorias homeostáticas podem ter um papel complementar às teorias biológicas16,18,19. Esses modelos tendem a integrar os diferentes fatores que contribuem para o desenvolvimento da adição, como vulnerabilidades individuais, comorbidades psiquiátricas e fatores ambientais. Embora a hipótese da automedicação seja uma teoria conhecida - que tem como base a busca pela regulação - a introdução de novos modelos pode contribuir para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes. Um artigo recente destaca o componente de automedicação das adições, assim como as alterações neurobiológicas dos mecanismos de recompensa, porém sugere que a psicoterapia para esses transtornos tenha uma abordagem integrativa, abarcando outros aspectos psicológicos e sociais40.

A revisão da literatura permite a identificação de teorias que contêm pontos em comum com a hipótese da automedicação, se articulando com ela de forma complementar. Destaca-se a teoria da regulação do afeto, que também parte do pressuposto de que determinados afetos produzem um estado de desequilíbrio que seria propício ao comportamento aditivo25. Esse entendimento da adição como uma busca por equilíbrio é a base das teorias definidas como homeostáticas, mas também está presente em estudos mais recentes que enfatizam o conceito de regulação emocional27. A influência dos afetos negativos e da desregulação emocional também dialoga com as bases biológicas já conhecidas dos transtornos aditivos, visto que já foi demonstrado que o uso crônico de substâncias psicoativas e a exposição ao aumento da liberação de dopamina levam a adaptações que aumentam a reatividade ao estresse e o surgimento de emoções negativas. Consequentemente, o uso de substâncias se mantém na tentativa de evitar esses efeitos negativos33.

Seguindo a tendência de buscar novos modelos na área das adições, a compreensão dos processos de aprendizado envolvidos nesses transtornos também tem sido foco de estudo. Embora alguns autores apresentem uma dicotomia entre os modelos baseados no aprendizado e o modelo de doença, ambos podem ser complementares e integrar aspectos biológicos e psicossociais. As teorias que enfatizam o processo de aprendizado também se correlacionam com a busca pelo equilíbrio. Sob essa perspectiva, a adição seria uma resposta desadaptativa a estressores ambientais, como traumas e adversidades socioeconômicas. Ademais, essas abordagens propiciam mudanças futuras em relação a tratamentos, ao enfatizar a escolha e o comportamento do paciente no processo de mudança, que pode se dar por meio de modificações cognitivas34. Os transtornos aditivos seguem sendo condições prevalentes, cujo tratamento pode ser bastante complexo, e a baixa adesão às estratégias de intervenções disponíveis pode ser o reflexo de uma narrativa ainda complexa que não atinge o público alvo. Além disso, a população acometida pode ser considerada heterogênea, apresentando diferentes características biológicas, comorbidades e contextos sociais.


Conclusão

A revisão dos modelos já existentes na literatura permanece sendo um meio de integrar o conhecimento científico e expandir estudos na busca de uma teoria mais integrativa para o desenvolvimento das adições. O entendimento da adição como uma desregulação da homeostase pode propiciar o desenvolvimento de terapêuticas que tenham como objetivo restabelecer o que seriam as condições de equilíbrio6. Além disso, sendo a homeostase um componente central na adição, abre-se espaço para estratégias terapêuticas que promovam um equilíbrio adaptativo no indivíduo, por intermédio de intervenções que abordem a regulação emocional e o manejo de estresse. Portanto, o papel da homeostase na dependência química deve ser considerado tanto na elaboração de novos modelos teóricos quanto na prática clínica. Dessa forma, pesquisas futuras poderão explorar novas possibilidades de avaliação e tratamento, tanto farmacológico quanto psicoterápico, para os transtornos por uso de substâncias e as adições comportamentais.


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Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas - Porto Alegre/RS - Brasil

Autor de correspondente
Andressa Goldman Ruwel
andressagoldmanruwel@gmail.com

Submetido em: 13/03/2024
Aceito em: 23/09/2024

Contribuições: Bibiana Bolten Lucion Loreto - Análise estatística, Coleta de Dados, Conceitualização, Gerenciamento do Projeto, Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Validação; Anne Orgler Sordi - Conceitualização, Investigação, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Andressa Goldman Ruwel - Conceitualização, Redação - Revisão e Edição; Cristhian Ferreira Falleiro - Conceitualização, Redação - Revisão e Edição; Caroline Sousa de Souza - Conceitualização, Redação - Revisão e Edição; Deborah Daitschman - Conceitualização, Redação - Revisão e Edição; Felix Henrique Paim Kessler - Análise estatística, Coleta de Dados, Gerenciamento de Recursos, Redação - Revisão e Edição.

Conflitos de interesse e apoio financeiro

Os autores declaram que não há conflito de interesses a ser declarado e que não receberam apoio financeiro para este trabalho.

Agradecimentos

Agradecemos aos revisores do artigo, que colaboraram de forma construtiva para o melhor desenvolvimento do trabalho e para a sua leitura mais fluida.

 

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