ISSN 1516-8530 Versão Impressa
ISSN 2318-0404 Versão Online

Revista Brasileira de Psicoteratia

Submissão Online Revisar Artigo

Rev. bras. psicoter. 2024; 26(1):41-56



SEÇÃO ESPECIAL

Segurança ou proteção na relação terapêutica? Um estudo qualitativo de preferências pela psicoterapia online ou presencial

Safety or safeness in the therapeutic relationship? A qualitative study of preferences for online or in person psychotherapy

¿Seguridad o protección en la relación terapéutica? Un estudio cualitativo de preferencias por psicoterapia online o presencial

Francisco Leal Ximenes Souzaa; Stella Becher-Urbaniakb; Lisa Winterc; Birgitta Schillerd

Resumo

INTRODUÇÃO: A pandemia de COVID-19 expandiu a realidade da psicoterapia online a um nível nunca imaginado anteriormente. Contudo, um foco em como o corpo é percebido de maneira distinta pelos pacientes entre a psicoterapia online e presencial é um fenômeno pouco aprofundado na literatura científica. O presente estudo almeja gerar teoria sobre este tema.
MÉTODO: Uma entrevista semi-estruturada sobre percepções dos pacientes sobre o corpo na psicoterapia online e presencial foi conduzida com pacientes de um ambulatório para adultos (n = 6). As respostas foram analisadas indutivamente com um método de teoria fundamentada. Após a identificação de conceitos e categorias e exclusão de um participante (n = 5), uma abordagem abdutiva foi conduzida sobre os dados em torno dos temas de segurança e proteção, provenientes da teoria da terapia focada na compaixão.
RESULTADOS: Uma teoria fundamentada foi gerada, na qual motivações de segurança estão conectadas à preferência por psicoterapia online enquanto as de proteção estão ligadas à inclinação pela psicoterapia presencial.
DISCUSSÃO: Como o corpo está mais exposto na psicoterapia presencial, os pacientes têm menos controle sobre ameaças e estão mais vulneráveis na relação terapêutica. Pacientes focados em prevenção de danos (segurança) podem escolher a psicoterapia online pelo controle que ela oferece. Pacientes buscando conexões profundas de ajuda (proteção), que requerem vulnerabilidade, podem preferir psicoterapia presencial. Implicações, limitações e direções para pesquisas futuras são discutidas no artigo.
CONCLUSÃO: Embora a geração de teoria tenha sido alcançada, estudos de validação precisam ser conduzidos pela pesquisa quantitativa.

Descritores: Psicoterapia; Relações profissional-paciente; Telessaúde mental; Comportamento de escolha

Abstract

INTRODUCTION: The COVID-19 pandemic has widened the reality of online psychotherapy to an extent never imagined before. However, a focus on how the experience of the body is distinctly perceived by patients from in-person to online psychotherapy is a phenomenon not deeply explored in scientific literature. The present study aims to fill this gap by generating theory on this theme.
METHOD: A semi-structured interview about patients' perceptions of the body in online and in-person psychotherapy was conducted with patients from an outpatient clinic for adults (n = 6). Answers were analyzed inductively within the grounded theory methodology. Following the identification of core and secondary codes and the exclusion of one participant (n = 5), the findings were situated within a theoretical framework centered on themes of safety and security, rooted in the principles of compassion-focused therapy.
RESULTS: A grounded theory was generated, in which safety-focused motivations are connected to the preference for online psychotherapy whereas safeness-seeking ones are linked to the inclination for in-person psychotherapy.
DISCUSSION: Given that the body is more exposed in in-person psychotherapy, patients have less control over threats and are more vulnerable in the therapeutic relationship. Harm-prevention (safety) focused patients might choose online psychotherapy given the control it offers. Patients searching for helpful deep connection (safeness), which requires vulnerability, might prefer in person psychotherapy. Implications, limitations and directions for future research are discussed in the article.
CONCLUSION: Although theory generation was accomplished, validation studies must be carried by quantitative research.

Keywords: Psychotherapy; Professional-patient relations; Mental telehealth; Choice behavior

Resumen

INTRODUCCIÓN: La pandemia de COVID-19 expandió la realidad de la psicoterapia online hasta un nivel jamás imaginado. Sin embargo, un énfasis en cómo el cuerpo es percibido por los pacientes de manera distinta entre psicoterapia online y presencial es poco estudiado en la literatura científica. Este estudio tiene el objetivo de generar teoría sobre este tema.
MÉTODO: Fue realizada una entrevista semiestructurada sobre las percepciones sobre el cuerpo en la psicoterapia online y presencial con pacientes del ambulatorio para adultos (n = 6). Las respuestas fueron analizadas inductivamente con la metodología teoría fundamentada. Después de identificar conceptos y categorías y excluir un participante (n = 5), se situaron los resultados en una estructura teórica centrada en temas de seguridad y protección, arraigados en los principios de terapia centrada en la compasión.
RESULTADOS: Una teoría fundamentada fue generada, en la cual motivaciones de seguridad están conectadas con preferencia por psicoterapia online, mientras las motivaciones de protección están inclinadas hacia psicoterapia presencial.
DISCUSIÓN: Como el cuerpo está más expuesto en la psicoterapia presencial, los pacientes tienen menos control sobre amenazas y están más vulnerables en la relación terapéutica. Pacientes enfocados en prevención de daños (seguridad) pueden elegir psicoterapia online por el control que ofrece. Pacientes buscando conexiones profundas de ayuda (protección), que demandan vulnerabilidad, pueden preferir psicoterapia presencial. Implicaciones, limitaciones y direcciones para investigaciones futuras son discutidas en el artículo.
CONCLUSIÓN: A pesar de que la generación de teoría haya sido alcanzada, se necesitan estudios de validación por investigación cuantitativa.

Descriptores: Psicoterapia; Relaciones profesional-paciente; Telesalud mental; Conducta de elección

 

 

 

artigo anterior voltar ao topo próximo artigo
     
artigo anterior voltar ao topo próximo artigo