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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2024; 26(1):21-36



SEÇÃO ESPECIAL

As mudanças climáticas e os desafios das ameaças globais à saúde mental

Climate change and the challenges of global threats to mental health

El cambio climático y los desafíos de las amenazas globales a la salud mental

Helena Ferreira Mouraa; Joana Correa de Magalhães Narvaezb; Felipe Rech Ornellc,d; Felix Henrique Paim Kesslerc,d; Albert Persaude

Resumo

O impacto das mudanças climáticas na saúde mental emerge como um tema crucial e desafiador diante do aumento na frequência e gravidade de eventos climáticos extremos, como as enchentes no Sul do Brasil em maio de 2024. Esses fenômenos não apenas destacam a necessidade de ampliar as estratégias de prevenção e manejo de transtornos mentais, como demandam expandir as perspectivas sobre a saúde mental, passando a incluir os determinantes geopolíticos de saúde mental. Até o momento, a compreensão do sofrimento emocional tem se limitado a fatores individuais e biopsicossociais, como história pessoal, genética e habilidades de enfrentamento. No entanto, é essencial integrar fatores externos e globais que ultrapassam o entorno mais próximo do indivíduo. As mudanças climáticas ampliam as desigualdades, afetando de forma desproporcional países de baixa e média renda e populações vulneráveis, que possuem menor capacidade de adaptação e enfrentamento. Emergências humanitárias relacionadas a desastres, como ondas de calor, inundações e incêndios florestais, já estão mais frequentes, intensas e de maior escala, como alertado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante desse cenário, este artigo tem como objetivo explorar os conceitos fundamentais sobre mudanças climáticas e seus impactos em desastres ambientais, evidenciando as associações com diferentes desfechos em saúde mental. Ademais, propõe uma análise do conceito de determinantes geopolíticos de saúde mental e como as mudanças climáticas se inserem nesse contexto. Por fim, sugere estratégias preventivas e interventivas para as áreas de assistência, ensino e pesquisa.

Descritores: Saúde mental; Desastres naturais; Determinantes sociais da saúde; Inundações

Abstract

The impact of climate change on mental health emerges as a crucial and challenging topic given the increasing frequency and severity of extreme weather events, such as the floods in Southern Brazil in May 2024. These phenomena not only underscore the need to enhance strategies for the prevention and management of mental disorders but also require an expansion of perspectives on mental health to include the geopolitical determinants of mental health. Until now, the understanding of emotional distress has been limited to individual and biopsychosocial factors, such as personal history, genetics, and coping skills. However, it is essential to integrate external and global factors that extend beyond an individual's immediate surroundings. Climate change exacerbates inequalities, disproportionately affecting low- and middle-income countries and vulnerable populations with limited adaptive and coping capacities. Humanitarian emergencies related to disasters, such as heatwaves, floods, and wildfires, are already becoming more frequent, intense, and larger in scale, as warned by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) and the World Health Organization (WHO). In this context, this article aims to explore fundamental concepts regarding climate change and its impacts on environmental disasters, highlighting associations with different mental health outcomes. Furthermore, it proposes an analysis of the concept of geopolitical determinants of mental health and how climate change fits into this context. Finally, it suggests preventive and intervention strategies for the fields of care, education, and research.

Keywords: Mental health; Natural disasters; Social determinants of health; Floods

Resumen

El impacto del cambio climático en la salud mental surge como un tema crucial y desafiante ante el aumento en la frecuencia y gravedad de los eventos climáticos extremos, como las inundaciones en el sur de Brasil en mayo de 2024. Estos fenómenos no solo resaltan la necesidad de ampliar las estrategias de prevención y manejo de los trastornos mentales, sino que también exigen expandir las perspectivas sobre la salud mental para incluir los determinantes geopolíticos de la salud mental. Hasta ahora, la comprensión del sufrimiento emocional ha estado limitada a factores individuales y biopsicosociales, como la historia personal, la genética y las habilidades de afrontamiento. Sin embargo, es esencial integrar factores externos y globales que van más allá del entorno inmediato del individuo. El cambio climático amplía las desigualdades, afectando de manera desproporcionada a los países de ingresos bajos y medianos y a las poblaciones vulnerables, que poseen una menor capacidad de adaptación y afrontamiento. Las emergencias humanitarias relacionadas con desastres, como las olas de calor, inundaciones e incendios forestales, ya son más frecuentes, intensas y de mayor escala, como lo advierten el Panel Intergubernamental sobre Cambio Climático (IPCC) y la Organización Mundial de la Salud (OMS). Ante este escenario, este artículo tiene como objetivo explorar los conceptos fundamentales sobre el cambio climático y sus impactos en los desastres ambientales, evidenciando las asociaciones con diferentes resultados en la salud mental. Además, propone un análisis del concepto de determinantes geopolíticos de la salud mental y cómo el cambio climático se inserta en este contexto. Finalmente, sugiere estrategias preventivas e interventivas para las áreas de asistencia, enseñanza e investigación.

Descriptores: Salud mental; Desastres naturales; Determinantes sociales de la salud; Inundaciones

 

 

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) observa que já estamos presenciando alterações nos fenômenos meteorológicos extremos devido às mudanças climáticas7. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as mudanças climáticas estão causando emergências humanitárias diretas, como ondas de calor, incêndios florestais, inundações, tempestades tropicais e furacões, que têm aumentado em escala, frequência e intensidade. Além disso, mais de três bilhões de pessoas vivem em áreas altamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. As regiões com infraestrutura de saúde precária, especialmente nos países em desenvolvimento, serão as mais impactadas, enfrentando grandes desafios para se preparar e responder adequadamente sem assistência externa8-10.

As cúpulas globais sobre mudanças climáticas discutem regularmente a complexa dinâmica desses fenômenos do ponto de vista econômico e os reconhecem como uma emergência predominantemente de saúde física. No entanto, pouca atenção e investimento têm sido dirigidos à conexão entre as mudanças nos padrões climáticos e a saúde mental. Na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas em Glasgow, a 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), a saúde foi escolhida como uma área prioritária para a ciência, mas o programa não incluiu de forma abrangente a saúde mental e os transtornos mentais em suas considerações11. O relatório de 2021 do Lancet Countdown, por sua vez, que coincidiu com a COP26, incluiu considerações sobre saúde mental, reconhecendo os riscos significativos que as mudanças climáticas representam para a saúde mental global. No entanto, o tema foi abordado de forma superficial, admitindo a necessidade de enfrentar esses desafios nos próximos anos e destacando a importância de proporcionar uma resposta de saúde pública mais completa e eficaz para lidar com os impactos na saúde mental desencadeados ou agravados pelas mudanças climáticas12.

Dessa forma, este artigo tem como objetivo apresentar os principais conceitos sobre mudanças climáticas e suas relações com desastres ambientais, enfatizando a associação entre eventos climáticos e diferentes desfechos em saúde mental. Ademais, visa descrever o conceito de determinantes geopolíticos de saúde mental e de que forma as mudanças climáticas se inserem nesse contexto. Por fim, sugere ações estratégicas para prevenção e enfrentamento nas áreas assistenciais e de ensino e pesquisa.


Eventos climáticos e desastres ambientais

A compreensão das interações entre fenômenos meteorológicos, mudanças climáticas e seus impactos sobre as comunidades exige a delimitação conceitual de termos frequentemente utilizados no campo das ciências climáticas e ambientais. O Quadro 1 apresenta uma análise comparativa entre os conceitos de evento climático, evento climático extremo e desastre ambiental. Essa distinção conceitual é crucial para o entendimento das dinâmicas que envolvem a manifestação de eventos naturais, suas implicações socioculturais e os mecanismos que potencializam seus efeitos adversos13-15.



Eventos climáticos e desastres no Brasil

Dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil mostram um aumento na ocorrência de desastres associados a eventos climáticos nos últimos anos (figura 1). Os desastres são organizados em quatro grandes grupos: climatológicos (estiagem e seca, onda de frio e incêndio florestal); hidrológicos (enxurradas, inundações, movimentos de massa, alagamentos e chuvas intensas); meteorológicos (granizo, onda de frio, tornado, vendavais e ciclones); e outros (erosão, onda de calor e baixa umidade, rompimento/colapso de barragem, doenças infecciosas (exceto COVID-19) e outros tipos de desastres. Este atlas fornece informações sistematizadas sobre ocorrências de desastres, danos e prejuízos, servindo como uma fonte única e oficial para a formulação de políticas públicas, pesquisas e atividades correlacionadas.



Entretanto, até o momento esses eventos vêm sendo abordados de forma isolada e com pouco ou nenhuma problematização ou reflexo em políticas ambientais que se reflitam em um real enfrentamento sustentado ou mesmo em estratégias preventivas efetivas aos problemas climáticos que se alavancam. Quando problematizados, isso se faz de forma predominante através de ações individuais e não de políticas públicas que comprometam grandes corporações ou instituições de alto calibre nos âmbitos federal, estadual e municipal.


Mudanças climáticas e saúde mental

As mudanças climáticas podem afetar a saúde mental direta ou indiretamente de diversas formas, incluindo eventos agudos (ondas de calor, desastres ambientais) e crônicos (aquecimento global), as quais apresentam-se resumidas na tabela 116,17. Naturalmente, as populações dos países de baixa ou média renda, apesar de comprometerem menos o meio ambiente, são mais impactadas em decorrência das dificuldades organizacionais, estruturais e financeiras em responder eficazmente à crise climática12,18. Portanto, os efeitos das mudanças climáticas são distribuídos de forma desigual.



Outros grupos também estão mais frágeis e suscetíveis ao adoecimento mental vinculado aos eventos climáticos extremos. Nesses casos, as crianças e jovens apresentam um desenvolvimento comprometido pelos múltiplos traumas ou perdas de acesso à educação, além dos riscos associados às eventuais perdas dos pais ou outros cuidadores. Idosos, muitas vezes, podem ter a mobilidade e autonomia reduzidos, assim como maior dificuldade de regulação térmica. Em relação ao gênero, as mulheres têm maior probabilidade de sofrer de depressão, ansiedade e transtornos relacionados ao estresse, enquanto os homens têm maior probabilidade de morrer por suicídio19. Outras vulnerabilidades associadas à mulher incluem a maior exposição à violência física e sexual, gestação e período puerperal16. Por fim, os povos originários dos locais afetados apresentam algumas particularidades culturais que serão melhor discutidas mais abaixo.


Eventos agudos

Tempestades, enchentes e deslizamentos têm efeitos abruptos e muitas vezes catastróficos, como a perda de entes queridos e bens materiais, se associam ao aumento de casos de depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade e até mesmo suicídio. O risco para esses desfechos aumenta quando há acúmulo de exposição a catástrofes, as quais se repetem em frequência e intensidade cada vez maiores, por vezes sem dar tempo para a completa recuperação do indivíduo16.

A necessidade de migração tende a vir em seguida, em consequência à destruição de meios de subsistência como a agricultura ou pesca, e traz uma sobrecarga ainda maior à saúde mental da população atingida. Deslocar alguém de seu lugar implica em mobilizar os recursos pessoais em relação à identidade do sujeito - seu lugar na comunidade, seu trabalho, sua rede de pertencimento. Além disso, destaca-se que quando uma comunidade inteira é afetada, a disponibilidade de apoio social fica comprometida20.

O aumento da demanda por atendimento em saúde mental contrasta com o déficit na disponibilidade de equipamentos adequados às necessidades, especialmente em países de baixa e média renda. É importante salientar que eventos climáticos extremos costumam danificar os serviços de saúde e sobrecarregam física ou mentalmente os profissionais, que, muitas vezes, também foram afetados diretamente pela catástrofe16,21.

Por fim, nestas ocasiões, observa-se comumente um aumento de violência física e sexual e de conflitos armados diante da instabilidade social gerada, assim como outros comportamentos de risco associados ao medo, incertezas, desespero e desesperança16, tais como uso problemático de substâncias psicoativas, ideação e tentativas de suicídio22-24. Portanto, a exposição a tais eventos aumenta a carga de sofrimento para o indivíduo ou população16.


Eventos crônicos

O aquecimento global está associado a uma série de desfechos psicológicos e psiquiátricos negativos e há evidências de que os indivíduos com transtornos mentais pré-existentes tendem a ser os mais afetados25. Temperaturas acima dos 30ºC estão associadas à piora do bem-estar, insônia, fadiga e irritabilidade na população geral, enquanto aqueles já diagnosticados com condições como depressão, bipolaridade, ansiedade ou esquizofrenia apresentam piora de seus sintomas17,26. Além disso, para cada aumento de 1ºC na temperatura ambiente local, há um aumento na mortalidade por saúde mental, incluindo suicídio e automutilação17,26. Isso pode se refletir em aumento da carga de sofrimento para pacientes e familiares e maior demanda por atendimento emergencial e ambulatorial, aumentando consideravelmente os custos dos tratamentos médicos.

Recentemente, uma revisão de meta-análises identificou a associação entre poluentes e transtornos mentais. Mais especificamente, a exposição a solventes a longo prazo esteve associada a uma maior incidência de demência ou comprometimento cognitivo (OR=1.139). Exposições prolongadas a outros poluentes associaram-se a um maior risco de prejuízos cognitivos, incluindo uma maior prevalência de demência vascular associada ao aumento de óxidos de nitrogênio (NOx) e altos níveis de monóxido de carbono (CO) (HR=1.004 e OR=1.587, respectivamente). A exposição ao material particulado (PM10) durante o segundo trimestre da gravidez esteve associada à incidência de depressão pós-parto (OR=1.023 por aumento de 1 μg/m3). Por fim, a exposição a curto prazo ao dióxido de enxofre (SO2) esteve relacionada à recaída de esquizofrenia (RR=1.004 a 1.005 por aumento de 1 μg/m3)26.

Períodos de seca prolongada também comprometem a saúde mental através da perda de subsistência para populações que dependem da agricultura e da pesca27,28. Em alguns casos, como o observado na Amazônia, a seca dos rios deixa comunidades isoladas e sem acesso a escolas ou serviços de saúde29. A insegurança alimentar e escassez de água potável aumenta o risco para desnutrição e outras condições clínicas que interferem no desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças. Assim como em casos de eventos climáticos agudos, as secas também levam à migração e às consequências já citadas20.

Recentemente, a complexa relação entre o indivíduo e o meio ambiente deu origem a novos conceitos em saúde mental, como a eco-ansiedade30 e a solastalgia31,32. Eco-ansiedade, também conhecida como ansiedade ecológica, é definida como uma forma de angústia crônica relacionada às ameaças ambientais e às mudanças climáticas30,33. Os sintomas ansiosos surgem do medo e da preocupação com o futuro do planeta, dos ecossistemas e da sobrevivência humana frente às mudanças climáticas. Indivíduos que sofrem de ecoansiedade podem experimentar sentimentos de impotência, tristeza, culpa e desesperança devido à percepção dos impactos ambientais negativos e à percepção de inação ou insuficiência das medidas tomadas para mitigar esses problemas. Crianças, adolescentes e indivíduos cujos meios de subsistência estão intimamente ligados à terra apresentam maior vulnerabilidade33.

A solastalgia, por sua vez, está relacionada a populações afetadas cujas raízes culturais têm uma conexão maior com o meio ambiente, como os povos indígenas. Nesses casos, uma determinada região está ligada ao senso de pertencimento e identidade de uma pessoa ou grupo32,34. Quando esse lugar começa a ser degradado ou há deslocamento forçado, o resultado é um intenso sofrimento. A alta taxa de suicídio entre os povos originários no Brasil que foram removidos de suas terras pode ser um reflexo da solastalgia. De acordo com um estudo publicado recentemente pela Fiocruz, essa taxa é quase 10 vezes maior entre os indígenas em comparação à população geral do país35. Além disso, estudos anteriores já mostravam um aumento do consumo de álcool e transtornos relacionados ao álcool em indígenas36. Entretanto, apesar de sua maior vulnerabilidade, os povos originários ainda são foco de poucos estudos e recebem pouca ou nenhuma atenção nos currículos de graduação e pós-graduação em saúde mental.

Por fim, o estilo de vida e os fatores socioeconômicos associados a melhores desfechos em saúde mental também podem ser ameaçados por condições climáticas extremas. A dificuldade de acesso a alimentos saudáveis ou, em casos mais graves, a insegurança alimentar, foram relatadas como algumas das consequências dos impactos relacionados ao clima na agricultura. O calor extremo pode impedir as pessoas de se exercitarem ao ar livre e comprometer o sono, gerando impacto no psiquismo e sensação de bem-estar mental37.


Mudanças climáticas como determinantes geopolíticos de saúde mental

Países de alta renda são os principais emissores de gases responsáveis pelas mudanças climáticas, entretanto são os países de média e baixa renda que estão sendo mais afetados em razão da maior dificuldade em instaurar medidas de prevenção, preparação e mitigação12,18,38,39. Portanto, os impactos das mudanças climáticas são distribuídos de forma desigual, com certos grupos sendo afetados de forma desproporcional devido aos diversos fatores geopolíticos combinados20,40. Os impactos desiguais dos desastres ambientais refletem uma combinação complexa de fatores econômicos, políticos, sociais e ambientais40.

Dentre os fatores socioeconômicos, destaca-se a desigualdade econômica e a vulnerabilidade expressa na pobreza, considerando que comunidades de baixa renda frequentemente vivem em áreas mais vulneráveis a desastres, como zonas costeiras sujeitas a inundações ou regiões propensas a deslizamentos de terra. A falta de recursos financeiros limita a capacidade dessas populações de se preparar para desastres, responder adequadamente e se recuperar depois. Grupos com maior status financeiro têm mais acesso a recursos como seguros, infraestrutura resistente a desastres e assistência médica, o que lhes permite lidar melhor com os impactos de desastres ambientais40.

No que tange a fatores geopolíticos, destaca-se a governança e infraestrutura, visto que países com governança fraca ou infraestrutura inadequada têm menos capacidade de mitigar os impactos de desastres naturais. Isso inclui falta de sistemas de alerta precoce, planejamento urbano inadequado, serviços de emergência insuficientes e políticas ambientais pouco estruturadas. Há ainda que se considerar a desigualdade global: nações em desenvolvimento, frequentemente mais expostas a eventos climáticos extremos devido à sua localização geográfica, recebem menos apoio internacional e possuem menos recursos internos para lidar com desastres em comparação com nações desenvolvidas40.

Dentre os fatores ambientais, estão a localização geográfica, já que regiões geograficamente mais vulneráveis, como pequenas ilhas, zonas costeiras baixas e áreas propensas a secas ou inundações, são mais afetadas por desastres climáticos. Habitantes lindeiros dessas áreas frequentemente têm menos opções para se deslocar ou adaptar suas habitações. Ademais, deve-se considerar a degradação ambiental, pois atividades como desmatamento, mineração e agricultura intensiva podem aumentar a vulnerabilidade a desastres naturais, exacerbar os impactos e dificultar a recuperação41-43.

Por fim, pontua-se os fatores socioculturais, dentre eles a discriminação e marginalização. Grupos marginalizados, como minorias étnicas, mulheres e povos indígenas, muitas vezes enfrentam discriminação que limita seu acesso a recursos e apoio durante e após desastres. Esses grupos podem ter menos voz nas decisões políticas e menos acesso a programas de ajuda. Ainda em termos de fatores socioculturais, o capital social é fator relevante, pois comunidades com fortes redes sociais e apoio comunitário tendem a se recuperar melhor dos desastres. No entanto, em áreas onde há fragmentação social ou conflitos, a recuperação pode ser muito mais difícil20.

Desastres prévios em outras partes do mundo demonstraram a desigualdade nos impactos de desastres ambientais. No Furacão Katrina, em 2005, as populações de baixa renda e afro-americanas em Nova Orleans foram desproporcionalmente afetadas devido à localização de suas residências em áreas de maior risco e à falta de recursos para evacuação e recuperação44. Outro exemplo são as secas frequentes na região do Sahel, na África, que afetam desproporcionalmente as comunidades rurais e dependentes da agricultura, exacerbando a pobreza e a insegurança alimentar. Os idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes foram os mais afetados pelas ondas de calor na Europa, como a de 2003, que resultou em milhares de mortes, muitas vezes devido à falta de políticas de proteção para os mais vulneráveis45.


Ações necessárias

O reconhecimento da associação entre mudanças climáticas e adoecimento mental leva à necessidade de ações em várias áreas, incluindo a formulação de políticas públicas, estratégias de prevenção e assistência psicossocial, além do ensino e pesquisa. Em todas elas, os profissionais de saúde mental podem exercer um papel fundamental na formulação de respostas adequadas.


Políticas públicas

A crescente conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde mental tem levado à necessidade de um compromisso global para mitigação e adaptação a essas mudanças. Esse compromisso envolve a integração de considerações sobre mudanças climáticas em políticas e programas de saúde mental, garantindo que os serviços de saúde estejam preparados para enfrentar os desafios adicionais impostos pelo clima20,40.

A adaptação às mudanças climáticas requer a implementação de estratégias robustas de monitoramento de riscos e prevenção de eventos climáticos graves. Isso inclui a utilização de tecnologias avançadas para prever desastres naturais e estabelecer sistemas de alerta precoce que possam minimizar os danos à saúde mental das populações afetadas20.

Além disso, a mobilização da comunidade é essencial para gerar respostas culturalmente apropriadas e fortalecer a resiliência coletiva. Abordagens comunitárias valorizam a autonomia da população para iniciativas de preparação e resposta a desastres, garantindo que as populações estejam melhor equipadas para lidar com os impactos adversos das mudanças climáticas em sua saúde mental20,46.

O ônus da doença mental deve ser levado em consideração ao avaliar o custo-benefício das políticas públicas destinadas a proteger o meio ambiente. É essencial que as avaliações econômicas e sociais das políticas ambientais incluam o impacto na saúde mental da população, uma vez que os transtornos mentais podem gerar custos significativos para os sistemas de saúde e a sociedade como um todo20.

Nesse contexto, os psiquiatras e outros profissionais com treinamento em saúde mental desempenham um papel crucial como defensores (advocates) das melhores práticas baseadas em evidências científicas. Líderes comunitários de regiões atingidas por desastres ambientais, assim como outros integrantes da comunidade, também podem enriquecer o debate ao trazerem as experiências vividas e propostas de respostas culturalmente

adaptadas. Juntos, esses agentes podem influenciar a formulação de políticas, sensibilizando os tomadores de decisão sobre as interconexões entre a saúde mental e o meio ambiente. Ao trazer a ciência e as perspectivas clínicas para o debate público, os profissionais de saúde mental ajudam a garantir que as políticas ambientais não apenas visem a mitigação das mudanças climáticas, mas também promovam o bem-estar psicológico das comunidades20,40.


Avaliação e assistência psicossocial

Profissionais de saúde mental precisam ser treinados a reconhecer e manejar sintomas e transtornos mentais associados às mudanças climáticas. Isso inclui a avaliação e o atendimento específicos das populações indígenas, reconhecendo suas necessidades únicas e vulnerabilidades diante dos impactos ambientais. Além disso, a preparação para emergências, incluindo ondas de calor ou frio extremo, é essencial. Adaptações nos serviços, especialmente em caso de colapso estrutural, já devem estar previstas e serem de fácil implementação20,40.

Há que se considerar que abordagens imediatas à saúde mental tendem a ter efeitos favoráveis sobre o desenvolvimento de quadros de transtornos mentais estruturados longitudinalmente46. No entanto, em países subdesenvolvidos, nos quais os recursos prévios de saúde mental já são escassos, em um contexto emergencial, a tendencia é conferir uma atenção insuficiente para essa demanda20,46.

Por fim, estruturar ações sistemáticas e abrangentes nos três níveis de prevenção é crucial para o cuidado com a saúde mental de populações afetadas pelas mudanças climáticas47. O quadro 2 apresenta alguns exemplos dessas medidas preventivas.




Ensino e pesquisa

Até o momento, a maioria dos estudos avaliando desfechos em saúde associados a mudanças climáticas focaram em saúde física. Dentre os poucos que avaliaram saúde mental, uma pequena minoria é proveniente de países de baixa e média renda e estudos avaliando estratégias de prevenção e enfrentamento são ainda mais escassos49. Recentemente, alguns autores propuseram modelos de estudo que podem ajudar a responder a algumas lacunas na literatura21,49.

Atualmente, o treinamento em enfrentamento de desastres e outras questões climáticas não faz parte dos currículos de graduação da área da saúde ou residência em saúde mental46. Da mesma forma, há carência de treinamento em saúde mental de povos indígenas, incluindo questões interculturais, como já ocorre em países como a Australia50. Na tabela 2 listamos algumas sugestões de enfrentamento para essas questões.




Conclusão

As mudanças climáticas estão associadas à piora da saúde mental e profissionais de saúde, pesquisadores e agentes públicos precisam estar atentos para esses efeitos, a fim de detectar precocemente os danos e realizar as intervenções mais efetivas da forma mais célere possível. Além disso, é importante reconhecer a relevância de ações nacionais e internacionais como parte da causa e resposta a esses problemas, desenvolvendo-se manuais e políticas públicas de prevenção e pósvenção, no sentido de minimizar os tristes e graves impactos dessas catástrofes cada vez mais presentes no século XXI.


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aUniversidade de Brasília, Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Brasília/DF - Brasil
bUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Curso de Psicologia, Porto Alegre/RS - Brasil
cPrograma de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS - Brasil
dCentro de Pesquisa em Álcool e Drogas, Hospital de Clínicas de Porto Alegre / Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS - Brasil. e Institute of Psychiatry, Psychology & Neuroscience, King's College London, London, UK

Autor correspondente
Helena Ferreira Moura
helenafmoura10@gmail.com

Submetido em: 15/10/2024
Aceito em: 01/12/2024

Contribuições: Helena Ferreira Moura - Concepção, design, análise e interpretação dos dados - Redação ou revisão crítica do conteúdo - Aprovação final da versão a ser publicada - Responsabilidade pela integridade do trabalho; Joana Correa de Magalhães Narvaez - Concepção, design, análise e interpretação dos dados - Redação ou revisão crítica do conteúdo - Aprovação final da versão a ser publicada - Responsabilidade pela integridade do trabalho; Felipe Rech Ornell - Concepção, design, análise e interpretação dos dados - Redação ou revisão crítica do conteúdo - Aprovação final da versão a ser publicada - Responsabilidade pela integridade do trabalho; Felix Henrique Paim Kessler - Concepção, design, análise e interpretação dos dados - Redação ou revisão crítica do conteúdo - Aprovação final da versão a ser publicada - Responsabilidade pela integridade do trabalho; Albert Persaud - Redação ou revisão crítica do conteúdo - Aprovação final da versão a ser publicada - Responsabilidade pela integridade do trabalho.

 

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