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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2023; 25(3):39-54



Artigo Original

Estudo de análise de viabilidade do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness como intervenção em saúde mental para estudantes universitários

Feasibility analysis study of the Mindfulness Based Quality of Life Program as a mental health intervention for university students

Estudio de análisis de factibilidad del Programa de Calidad de Vida Basado en Mindfulness como intervención en salud mental para estudiantes universitarios

Kênia Izabel David Silva de Resendea; Maycoln Lêoni Martins Teodoroa; Víviam Vargas Barrosb

Resumo

A partir da década de 1970, o interesse pelas Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) cresceu vertiginosamente em função de uma série de estudos que apontaram desfechos positivos sobre uma série de condições médicas e psicológicas. Os resultados favoráveis contribuíram para que as IBM fossem ampliadas para outros contextos como as organizações, instituições públicas e universidades. O objetivo do presente estudo foi avaliar a viabilidade do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness para que ele pudesse ser realizado futuramente em maior escala em ambientes acadêmicos. Participaram 22 estudantes de Psicologia de dois centros universitários diferentes. A análise da viabilidade focou em três aspectos distintos: aspectos metodológicos, praticabilidade do programa em instituições de ensino superior e a percepção dos participantes. Os resultados apontaram a factibilidade da intervenção como um recurso possível de ser empregado em contexto acadêmico como intervenção em saúde mental para auxiliar os estudantes universitários a lidarem com questões emocionais relativas à experiência na universidade.

Descritores: Atenção plena; Estudantes; Qualidade de vida; Depressão; Ansiedade; Estresse

Abstract

Since the 1970s, interest in Mindfulness-Based Interventions (MBIs) has grown dramatically as a result of a series of studies showing positive results for a range of medical and psychological conditions. The favourable results have contributed to the expansion of MBIs to other contexts, such as organizations, public institutions and universities. The aim of this study was to assess the feasibility of the Mindfulness-Based Quality of Life Program so that it can be carried out on a larger scale in academic settings in the future. Twenty-two psychology students from two different universities took part. The feasibility analysis focused on three different aspects: methodological aspects, the practicality of the program in higher education institutions and the perception of the participants. The results pointed to the viability of the intervention as a possible resource to be used in an academic context as a mental health intervention to help university students deal with emotional issues related to the university experience.

Keywords: Mindfulness; Students; Quality of life; Depression; Anxiety; Stress

Resumen

Desde la década de 1970, el interés por las intervenciones basadas en Mindfulness (MBI) ha crecido de forma espectacular como consecuencia de una serie de estudios que han mostrado resultados positivos para una serie de afecciones médicas y psicológicas. Los resultados favorables han contribuido a la expansión de las MBI a otros contextos, como organizaciones, instituciones públicas y universidades. El objetivo de este estudio era evaluar la viabilidad del Programa de Calidad de Vida Basado en Mindfulness para que pueda llevarse a cabo a mayor escala en entornos académicos en el futuro. Participaron 22 estudiantes de psicología de dos universidades diferentes. El análisis de viabilidad se centró en tres aspectos diferentes: los aspectos metodológicos, la viabilidad del programa en instituciones de enseñanza superior y la percepción de los participantes. Los resultados apuntaron a la viabilidad de la intervención como posible recurso para ser utilizado en un contexto académico como intervención de salud mental para ayudar a los estudiantes universitarios a afrontar problemas emocionales relacionados con la experiencia universitaria

Descriptores: Mindfulness; Estudiantes; Calidad de vida; Depresión; Ansiedad; Estrés

 

 

Introdução

Os dados epidemiológicos relativos à prevalência dos transtornos psiquiátricos no contexto acadêmico apontaram que os estudantes universitários apresentaram níveis sintomáticos acentuados1,2,3,5,7,9. Uma metanálise composta por 201 estudos avaliou a distribuição de vários sintomas psiquiátricos entre os discentes de medicina e constatou altas taxas de depressão (41%), ansiedade (38%), estresse (34%), distúrbios do sono (52%) e burnout (38%) nesta população3. No contexto nacional, um trabalho que reuniu 59 estudos que investigaram a prevalência de diferentes problemas de saúde mental em acadêmicos de medicina constatou que os sintomas de depressão (30,6%) e os transtornos mentais comuns (31,5%) foram os responsáveis pelos maiores índices de adoecimento emocional9. Os estudantes do curso de medicina constituíram uma população bastante investigada no que que se refere a saúde mental, porém os estudos com universitários de outros cursos como a enfermagem, a fisioterapia, a medicina veterinária e a engenharia também apontaram comprometimento nos níveis de saúde emocional e qualidade de vida destes alunos2, 4, 10.

As Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) são intervenções que visam o tratamento e a promoção da saúde mental e empregam as práticas de mindfulness como o principal agente de mudança14,23,25. Os estudos sobre os efeitos de mindfulness na saúde iniciaram na década de 1970 e privilegiaram populações clínicas com problemas relacionados a dor crônica, estresse e mais tarde a depressão23. Os resultados significativos destes trabalhos impulsionaram novos estudos e ampliaram as áreas de aplicação de mindfulness para as organizações e instituições de ensino superior4,6,16,17,18.

O termo mindfulness pode ser entendido como um estado psicológico, no qual se está atento ao presente de forma intencional e com esforço de não julgar a experiência13,14,15. Este estado pode ser treinado e desenvolvido por meio das IBM, cuja característica distintiva é o treinamento sistemático e sustentado da atenção por meio das práticas de mindfulness formais e informais15. Em mindfulness, prestar atenção significa direcionar o foco ao que se passa no momento, sendo capaz de observar os estímulos internos e externos, que compõem uma experiência14,15,23. Naturalmente, a atenção será captada por processos de interpretações, previsões, evocação de memórias e outros eventos mentais, que não são a experiência presente em si23,24. Prestar atenção, distrair-se, perceber a divagação mental, desengajar-se dos conteúdos distrativos e, conscientemente retornar o foco repetidas vezes, permitem o treinamento de uma habilidade chamada de inibição cognitiva15. Para atingir esse objetivo, é preciso que haja intenção. Ou seja, é importante que o praticante tenha clareza do seu propósito e das razões que o levam a se envolver com as práticas, sendo que a realização destas interfere nos desfechos afetivos e emocionais de vários aspectos da vida23. Em vista disso, para que o treinamento em mindfulness seja completo, é primordial ter compreensão das intenções, empreender o treino atencional e, ainda, adotar um conjunto de atitudes (não julgamento, aceitação, paciência, gentileza e compaixão dentre outras)23,24,25. A integração de todos esses elementos ajuda a evitar a reatividade às experiências desagradáveis, o apego aquelas que são mais aprazíveis, além de desenvolver um manejo mais positivo em relação às próprias dificuldades e sofrimentos13,14,15,23,24.

Dadas as características do treinamento em mindfulness e os desafios da experiência universitária, vários estudos foram realizados em contextos acadêmicos com os objetivos de investigar os efeitos das IBM na saúde mental dos estudantes1,3,5,7,12,16,17,22,27. Os resultados apontaram melhora significativa nos sintomas de estresse4,6,7,16, de ansiedade4,7,16, de depressão4,6,7,12,16,22,17,29, com redução nos níveis de perfeccionismo12, de ruminação12,32,36, insônia29 e sintomas físicos 17,29. Os estudos identificaram ainda aumento no nível de satisfação geral com a vida32, autocompaixão 12,16, autoeficácia12,16, qualidade de vida30, desempenho acadêmico6 e mindfulnesss6,7,17,27,33,35,36, especialmente nas facetas de descrever e não julgar a experiência17,27. Entretanto, o tamanho de efeito da mudança varia entre os trabalhos e há, também, aqueles que não observaram alterações no pós-teste18,19.

Apesar da literatura internacional elencar um conjunto de trabalhos de IBM com foco na melhoria da saúde mental de estudantes universitários, pouco se conhece sobre a viabilidade desses programas no contexto das instituições de ensino superior brasileiras18,30. O termo estudo de viabilidade abrange qualquer tipo de estudo que auxilie os investigadores a se prepararem para pesquisas em grande escala20,21. Devido às limitações de recursos, nem todas as intervenções podem ser testadas em termos de eficácia e efetividade. Por isso, estudos de viabilidade são úteis para distinguir as propostas de trabalho que possuem condições de seguir para estudos mais amplos, daquelas que necessitam de modificações para continuar e as que se mostram impraticáveis20,21,25,30.

Neste contexto, considerando as lacunas sobre a exequibilidade das IBM em ambientes acadêmicos nacionais e a complexidade deste tipo de intervenção, o objetivo deste trabalho é avaliar se o Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness é viável como intervenção em saúde mental para estudantes universitários. Para isso, serão investigadas a viabilidade da metodologia do trabalho, a praticabilidade do Programa em seu formato original e as percepções dos participantes que vivenciaram o processo de intervenção. Espera-se que o programa se mostre praticável em instituições de ensino superior brasileiras e que possa, futuramente, ser aplicado em maior escala a fim de investigar a sua efetividade sobre desfechos de saúde mental dos estudantes.


Método

O presente trabalho constitui um estudo de análise de viabilidade cujo objetivo é avaliar se a realização de uma pesquisa em larga escala é viável. Esse tipo de estudo, geralmente realizado com um número reduzido de participantes, tem a vantagem de detectar possíveis problemas e sinalizar a necessidade de adequações metodológicas. Tais ações aumentam a probabilidade de sucesso dos trabalhos mais amplos. Os estudos de viabilidade podem avaliar uma série de itens a depender do trabalho que será realizado20,21,22. Neste estudo, a análise da viabilidade foi concentrada em três aspectos distintos: análise da viabilidade dos aspectos metodológicos, da praticabilidade do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness em instituições de ensino superior e a percepção dos participantes em relação ao programa realizado dentro dessas instituições.

Descrição do local do estudo e dos participantes

O estudo foi realizado em dois centros universitários particulares, que oferecem cursos de graduação e de pós-graduação lato sensu em diferentes áreas do conhecimento. Participaram deste trabalho 22 alunos matriculados nos períodos finais (9º e 10º períodos) dos cursos de Psicologia de ambas as instituições. Foram admitidos os acadêmicos que preencheram os seguintes critérios de elegibilidade: estar regularmente matriculado/a e frequentes às aulas; ter idade entre 18 e 28 anos; responder aos instrumentos de medida integralmente; não utilizar ansiolíticos, benzodiazepínicos ou outra medicação psiquiátrica; não estar em tratamento psiquiátrico ou psicológico e não ter experiência prévia e/ou praticar qualquer tipo de treino de atenção e/ou meditação.

Intervenção

O Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness foi desenvolvido pelo Centro de Promoção de Mindfulness (CPM), exclusivamente, para a população brasileira a partir de programas com validação científica como o Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR)23 e o Mindfulness Based Cognitive Therapy (MBCT)24. O Programa tem duração de oito semanas com encontros semanais de duas horas de duração e número médio de 15 participantes por grupo. Em cada encontro, são desenvolvidas práticas de regulação atencional e emocional, dinâmicas, conteúdos psicoeducacionais e momentos de partilha de experiências. O programa conta com uma apostila própria com conteúdos relativos a cada uma das oito sessões, instruções para as práticas meditativas formais e informais e diários para que o participante possa monitorar o seu desenvolvimento. Além disso, são fornecidos os áudios das práticas para treinamento em casa. Todas as sessões do programa são estruturadas e padronizadas, a fim de facilitar a aprendizagem do participante. O Quadro 1 apresenta o resumo dos conteúdos e práticas de cada uma das sessões do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness.




Instrumentos de Medida

1) Questionário sociodemográfico, acadêmico e de elegibilidade: Este questionário foi desenvolvido para o presente trabalho e possui questões que investigaram as características sociodemográficas e acadêmicas dos ISSN 2318-0404 REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 25(3), 39-54, 2023 43 participantes e, também, as informações relativas à elegibilidade dos estudantes para a participação no estudo.

2) Diário de Práticas de Mindfulness: Este questionário foi criado para monitorar a presença nos encontros do programa e a realização das práticas demindfulness em casa.

3) Questionário de avaliação da viabilidade da intervenção: Este questionário foi adaptado para o presente estudo a partir de estudos de viabilidade existentes22,25 e avalia aspectos metodológicos, de praticabilidade da intervenção e a percepção dos participantes distribuídos em 20 qualificadores de viabilidade. O questionário possui duas partes, sendo que a primeira, respondida pela pesquisadora, possui questões que avaliaram os aspectos metodológicos e de praticabilidade do programa dentro das instituições de ensino superior. A segunda parte, direcionada aos participantes, investigou questões relativas à percepção destes em relação ao programa. As opções de resposta do questionário foram categóricas, sendo: 1. muito satisfatório, 2. satisfatório, 3. regular e 4. insatisfatório.

Aspectos éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e registrado na Plataforma Brasil sob o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) de número 04338418.2.0000.511. Os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, a publicação dos dados, a confidencialidade e o sigilo de informações pessoais, e a possibilidade de desistência em qualquer momento conforme orientações contidas na Declaração de Helsinki. Os participantes consentiram a participação na pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e somente após isso as atividades de coleta de dados foram iniciadas. Todo o trabalho foi conduzido pela pesquisadora, que é instrutora certificada para a condução de IBM com a observância dos princípios contidos no The Mindfulness-Based Interventions: teaching assessment criteria (MBI: TAC)26.

Procedimentos

Os participantes foram recrutados e avaliados coletivamente em sala de aula, em horário previamente agendado e com autorização dos professores responsáveis pelas disciplinas. Nessa ocasião, foi realizada a palestra introdutória de apresentação da pesquisa e apresentado o TCLE, que foi lido juntamente com os alunos, explicado de forma detalhada e assinado. Em seguida, foi aplicado o questionário sociodemográfico, acadêmico e de elegibilidade.

Os estudantes elegíveis foram contatados e convidados a dar continuidade ao estudo. As atividades de pesquisa com os grupos ocorreram por meio de encontros semanais nos centros universitários em salas de aula reservadas para esse fim. O questionário de avaliação da viabilidade da intervenção foi respondido pela pesquisadora e pelos participantes dos grupos de forma individual uma semana após o término dos trabalhos.

Análise de dados

As variáveis quantitativas presentes no questionário sociodemográfico e acadêmico foram tabuladas, inseridas em um banco de dados e analisadas em termos de frequência, média aritmética, porcentagens e desvio-padrão, visando à caracterização do grupo amostral. As variáveis referentes aos aspectos metodológicos foram analisadas de forma subjetiva a partir das seguintes categorias: muito satisfatório, satisfatório, regular e insatisfatório de modo a representar em que medida a metodologia atendeu as necessidades do presente estudo. As variáveis relativas à praticabilidade do programa foram analisadas tendo como base as orientações contidas no protocolo do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness de modo a representar, por meio das categorias de muito satisfatório, satisfatório, regular e insatisfatório, em que medida a intervenção conseguiu manter fidelidade a proposta original do programa. As variáveis referentes às percepções dos participantes foram analisadas em conjunto por meio de porcentagens simples de maneira a representar a percepção (muito satisfatório, satisfatório, regular e insatisfatório) do grupo de alunos acerca de diversos aspectos da intervenção.


Resultados

Foram recrutados 29 estudantes. Dentre estes, 25 foram considerados elegíveis para a participação no estudo, quatro não puderam iniciar os trabalhos devidos aos critérios de exclusão preestabelecidos (treinamento prévio em mindfulness, psicoterapia e uso de benzodiazepínicos no momento da intervenção) e houve uma desistência devido à incompatibilidade de horários entre as atividades do grupo e estágio acadêmico. Houve duas perdas durante a intervenção e 22 alunos concluíram o programa.

Os dados referentes às características sociodemográficas dos estudantes apontaram que a maior parte da amostra foi composta por mulheres (90,9%) e a idade média dos participantes foi de 22,5 (DP=3,06) anos variando de 19 a 25 anos. Em relação ao estado civil, a maioria (77,2%) era solteira, possuía vínculo empregatício formal (90,9%) e utilizava algum tipo de bolsa de estudos ou financiamento estudantil para custear a sua formação acadêmica (68,1%). Dentre os universitários que trabalhavam, 68% atuavam em áreas não afins em relação à formação acadêmica em andamento. Todos os participantes eram alunos dos cursos de Psicologia matriculados nos períodos finais dos cursos de graduação. Os dados referentes aos participantes estão disponíveis na Tabela 1.




Os resultados da análise de viabilidade no que se refere às questões metodológicas apontaram que os critérios de elegibilidade (proporção de participantes elegíveis e critérios de elegibilidade) e de triagem (análise do número de participantes avaliados) obtiveram parecer "satisfatório", visto que as necessidades do estudo foram contempladas. Entretanto, relativo ao critério recrutamento (análise do número de participantes recrutados e avaliação das estratégias de recrutamento), a classificação foi "regular". O recrutamento realizado em sala de aula expôs um pequeno número de indivíduos à possibilidade de participação no estudo além de ter se mostrado pouco prático.

No que se refere à adesão ao tratamento avaliada pela permanência no programa e frequência às sessões, a intervenção obteve classificação "muito satisfatória", visto que houve perda de dois participantes durante o processo (9%) e a média de sessões perdidas por participante foi de 1,06 (DP=0,5). Em relação às atividades meditativas realizadas em casa, a classificação foi "regular", já que a média de exercícios praticados durante a semana foi de 3,05 (1,04) com duração média de 14 minutos. A duração das sessões do programa foi considerada como "satisfatória", pois foi possível encaixá-la na dinâmica universitária sem necessidade de reduções de número de encontros e tempo das sessões. A mesma avaliação se aplica à duração das atividades realizadas ao longo da intervenção. No que se refere à possibilidade de trabalhar os sintomas depressivos, ansiosos e de estresse na mesma intervenção, quanto aos usos de vivências, dinâmicas e atividades práticas e em relação ao material de apoio para prática doméstica, a avaliação foi "satisfatória".

No que se refere à avaliação da viabilidade da intervenção na perspectiva dos participantes, o Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness recebeu classificação "muito satisfatória" e "satisfatória" em todos os itens avaliados com exceção do "local de realização do grupo". A assimilação do conteúdo transmitido; as habilidades da instrutora para o trabalho com grupos; a utilização de dinâmicas, vivências e role plays; o horário das sessões; a duração do programa (oito semanas); e a duração de cada sessão (duas horas) foram considerados como satisfatórios. A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de viabilidade.




Discussão

Os resultados do presente estudo apontaram que o Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness é uma intervenção viável como recurso em saúde mental para estudantes universitários. Entretanto, para a realização de um trabalho de maior escala, será necessário aperfeiçoar alguns itens da metodologia de pesquisa (recrutamento) e repensar as características e a qualidade do local onde serão desenvolvidos os trabalhos de intervenção.

No que se refere ao método, os estudos interventivos requerem bastante cuidado e atenção, uma vez que envolvem um número maior de pessoas e possuem diversas fases. No presente estudo, a estratégia de recrutamento em sala de aula não se mostrou prática, visto que o trabalho foi apresentado a um pequeno número de indivíduos além de demandar a autorização dos professores e tomar o tempo de aula dos alunos. Nesse sentido, planejar uma estratégia de recrutamento que consiga atingir um maior número de pessoas e que seja mais prática tornou-se objeto de modificação na condução do estudo de maior escala.

A adesão ao programa em termos do número de participantes que concluíram a intervenção e da frequência às sessões do Programa foi satisfatória, levando a manter o Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness com estudantes universitários assim como é previsto no seu protocolo original. No presente estudo, 90% dos participantes completaram a intervenção e compareceram a 75% das sessões. Outras pesquisas nacionais apontaram que as intervenções pautadas na aprendizagem de práticas meditativas são possíveis em ambientes acadêmicos1,18,30. Um estudo de levantamento acerca do interesse dos discentes na aprendizagem de práticas de meditação apontou que 27% dos alunos com queixas de sintomas psiquiátricos menores e 73% dos alunos sem sintomas se interessavam pela atividade28. Além disso, um estudo de viabilidade com estudantes universitários de uma instituição de ensino federal também constatou que esse tipo de intervenção é viável para essa população30. Por outro lado, um estudo com estudantes do primeiro ano da faculdade de Medicina constatou a inviabilidade desse tipo de trabalho, mas ressaltou uma série de cuidados ao se trabalhar com essa população, como ter cautela em relação a grupos grandes (cerca de 40 indivíduos) e a obrigatoriedade da participação nas atividades18. No presente estudo, a desistência dos participantes durante o programa e as ausências das sessões foram muito baixas, o que permite inferir sobre a importância e o interesse por este tipo de intervenção para os estudantes envolvidos.

Apesar da adesão satisfatória, a realização das práticas meditativas domésticas foi classificada como regular. Em qualquer intervenção baseada em mindfulness, o treinamento constante é essencial para desenvolver as novas habilidades e competências. Nas IBM, o ideal é que as práticas meditativas sejam realizadas diariamente conforme orientam os protocolos dos programas23,24. O número médio de práticas semanais foi de 3,05 (DP=1,04) e revelou que os participantes realizavam os exercícios meditativos cerca de três vezes por semana com duração média de 14 minutos. Esse resultado está em concordância com outros estudos internacionais, que apontaram a dificuldade dos estudantes em inserir uma nova atividade em sua rotina de estudos4,6,7,12,16,17. Outros estudos apontam que os estudantes possuem dificuldades em estabelecer prioridades, especialmente aquelas relacionadas à saúde física e mental19,27,29,32. Isso significa que é nos momentos de maior pressão emocional, como a fase das provas de fim de semestre, que os estudantes mais precisam se envolver com as práticas meditativas33,34,36. Entretanto, esse é o momento em que há maior tendência em abster-se delas para dedicar o tempo aos estudos37.

De acordo com outros estudos realizados, os estudantes têm maior tendência a se engajar na participação dos encontros grupais, mas têm dificuldades em manter os exercícios em casa4,7,19,27. Isso pode ser um indicativo de que estar em grupo tem um valor significativo para os alunos. Em mindfulness, o participante é convidado a aprender de forma vivencial e investigativa, tendo como foco a experiência direta do momento presente sem julgamentos23,24. Essa forma de se relacionar com o próprio processamento cognitivo, emocional e sensorial contribui para conhecer os padrões de reação em relação às emoções e cognições e a forma habitual de lidar com questões rotineiras e desafiadoras35,36,38. Além disso, há oportunidade de vivenciar práticas meditativas e participar de dinâmicas que favorecem a internalização de conteúdos complexos, os momentos de partilha e a aprendizagem de forma lúdica. Todos esses recursos fogem à experiência acadêmica rotineira da maioria das instituições de ensino superior.

Estudos internacionais, que avaliaram a eficácia dos programas de mindfulness para estudantes universitários, encontraram resultados encorajadores4,6,7,12,16,17,19,27. Entretanto, alguns deles tiveram que adequar os programas à realidade das instituições de ensino empreendendo redução no número de sessões (cinco a seis sessões) e redução da carga horária dos encontros de duas horas para 75 a 90 minutos19,27,32,33,35. No presente trabalho, não foram detectados empecilhos relativos a tais elementos. A duração do programa e o tempo das sessões e das atividades da intervenção foram considerados satisfatórios, pois o programa foi empreendido tal qual orienta o protocolo original com boa adesão dos participantes. Além disso, os trabalhos foram realizados em um horário de intervalo de atividades, ou seja, entre a saída do trabalho e o início das aulas no período noturno, o que pode ter facilitado a participação dos alunos. Os estudantes que também são trabalhadores têm oportunidades reduzidas de se envolverem em atividades extraclasse em função das suas responsabilidades laborais. Logo, criar condições para que eles possam aproveitar benefícios é imprescindível para a ocorrência da intervenção.

Os dados epidemiológicos da população universitária apontam que os sintomas de depressão, ansiedade e estresse são os quadros mais comuns nesse conjunto de pessoas2,3,5,8,9. Logo, uma intervenção que contemple todas essas demandas seria bastante adequada. Considerando o conteúdo do programa, os seus objetivos e os recursos de aprendizagens previstos, como as vivências, dinâmicas e atividades práticas, foi observada a possibilidade de se trabalharem sintomas depressivos, ansiosos e de estresse num mesmo programa de tratamento. Nesse sentido, estudos para a investigação da eficácia do referido programa trariam evidências precisas acerca dessa observação.

A avaliação da viabilidade da intervenção na perspectiva dos participantes mostrou que todos os itens (assimilação do conteúdo, práticas e atividades educativas, utilização de dinâmicas e vivências, habilidades do instrutor, duração das intervenções e sessões) alcançaram classificação satisfatória e/ou muito satisfatória, permitindo inferir considerações sobre a aceitabilidade, importância e implementabilidade da intervenção. O único item classificado como regular na percepção dos participantes foi o local de realização do programa, que foi conduzido em salas de aula reservadas para tal. Ambos os centros universitários não dispunham de outro tipo de ambiente físico para a realização dos trabalhos. Além das salas de aula evocarem experiências relativas às preleções acadêmicas, os alunos já passavam cerca de quatro horas diárias nesse mesmo ambiente. Logo, repensar sobre a diversidade de espaços para uma diversidade de aprendizagens pode ser uma oportunidade para rever as bases da formação profissional nas universidades.

Apesar de o presente estudo não ter necessitado operar redução de duração da intervenção e do tempo das sessões para adaptá-los à realidade universitária, a literatura internacional elenca alguns estudos, os quais tiveram que empreender tais modificações27,32,34,33,35. Nesse cenário, considerando a realização de estudos futuros, julga-se plausível cogitar se a realização de tais intervenções na modalidade a distância por videoconferência seria uma opção adequada. As IBM realizadas nesse gênero já foram testadas em instituições estrangeiras37,38,39,40 e, também, apresentaram resultados encorajadores assim com as intervenções presenciais. É importante elucidar que as versões presenciais e a distância possuem os seus prós e contras característicos. Todavia, a versão síncrona mediada pela tecnologia pode ser um recurso a mais para as situações em que é necessária maior flexibilidade e/ou quando a modalidade presencial não for possível.

Alguns trabalhos exploraram se IBM síncronas no formato a distância por videoconferência seriam capazes de prover mudanças nos níveis de atenção plena e reduzir os sintomas percebidos de estresse, ansiedade e depressão em estudantes universitários38,39,40. Os resultados dos estudos apontaram alterações em todos os níveis medidos em comparação aos grupos controle, quando havia. Os pesquisadores pontuaram que os resultados são úteis para esclarecer a utilidade dessa modalidade de intervenção, mas que estudos de replicação são primordiais para engrossar a eficácia dos tratamentos nesse gênero.

Os resultados do presente estudo permitiram constatar a viabilidade do Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness como recurso em saúde mental para estudantes universitários. Porém, é importante atentar para o fato de que este tipo de intervenção também possui como objetivo magno desenvolver a autonomia, o autoconhecimento e o pensamento crítico na medida em que incentiva os participantes a olharem a realidade assim como ela se apresenta e, a partir disso, buscar novas formas de ser e de viver. Nesse sentido, as práticas contemplativas no contexto universitário podem ser entendidas como recursos tanto de promoção da saúde como de uma educação crítica e transformadora. Este apontamento se faz necessário visto o próprio funcionamento do ensino superior, há muito adoecido pela sua lógica produtivista e conteudista, podendo facilmente converter as IBM em instrumentos de alienação retirando das mesmas todo o potencial reflexivo, crítico e transformador. É importante dar a devida atenção a este aspecto para tais intervenções não se tornem simplesmente mais uma atividade a ser cumprida para a obtenção dos créditos acadêmicos necessários à formação universitária.


Considerações finais

As experiências vivenciadas neste estudo permitiram amadurecer a metodologia de pesquisa e aperfeiçoar o trabalho que será realizado em maior escala. Além disso, a jornada nas atividades investigativas contribuiu para refletir sobre alguns aspectos das intervenções, das especificidades dos participantes e do contexto social e educacional envolvido. Todos os dados produzidos foram empregados para aprimorar as outras fases do trabalho e, também, atestaram a importância e o valor da condução dos estudos de análise de viabilidade. O Programa de Qualidade de Vida Baseado em Mindfulness se mostrou viável para ambientes universitários, podendo se converter em um significativo recurso capaz de atender às necessidades de saúde mental dos estudantes. Além disso, o presente estudo possibilitou considerar a possibilidade de realização das IBM mediadas pela tecnologia. Estudos futuros com foco nos efeitos das intervenções síncronas, a distância e por videoconferência serão úteis, pois poderão ampliar o acesso das ações em saúde mental para populações altamente conectadas ao mundo digital.

Este estudo apresenta limitações a serem consideradas. A amostra composta exclusivamente por estudantes de graduação em Psicologia pode tornar os resultados deste estudo tendenciosos devido ao possível interesse prévio dos discentes no tema da pesquisa. A percepção dos participantes avaliada apenas de forma quantitativa limita a compreensão do fenômeno. Estudos futuros podem tentar incluir acadêmicos de outras áreas do conhecimento e incluir uma avaliação de percepção qualitativa e investigar os efeitos percebidos em função da participação no programa. Apesar das limitações relatadas, o presente estudo foi útil para avaliar a aspectos metodológicos, praticabilidade do programa em instituições de ensino superior e a percepção dos participantes em relação a este tipo de intervenção em contexto acadêmico.


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a Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento - Belo Horizonte/MG - Brasil
b Universidade Federal de São Paulo - São Paulo/SP - Brasil

Autor correspondente

Kênia Izabel David Silva de Resende
keniaizabel@gmail.com/ E-mail alternativo: keniaresendepsi@gmail.com

Submetido em: 13/03/2023
Aceito em: 09/06/2024

Contribuições: Kênia Izabel David Silva de Resende - Análise estatística, Coleta de Dados, Conceitualização, Gerenciamento de Recursos, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Validação, Visualização; Maycoln Lêoni Martins Teodoro - Análise estatística, Conceitualização, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Validação; Víviam Vargas Barros - Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão.

 

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