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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2023; 25(3):25-37



Artigo Original

Desfechos e determinantes biopsicossociais de hospitalizações psiquiátricas durante a gestação: descrição de um protocolo de estudo caso-controle

Outcomes and biopsychosocial determinants of psychiatric hospitalization during pregnancy: description of a study protocol

Resultados y determinantes biopsicosociales de la hospitalización psiquiátrica durante el embarazo: descripción de un protocolo de estudio

Lucas Primo de Carvalho Alvesa,b; Barbara Ferreira Althoffb,c; Vanessa Gorniak de Oliveirab,c; Rafael Lopes Ataídes de Oliveirac; Silvia Schuch Goib; Lisieux Elaine de Borba Tellesd; Lisia VonaDiemend; Maria Eduarda Melatia; Juliana Nichterwitz Scherera

Resumo

INTRODUÇÃO: O enfoque na saúde mental durante o período perinatal tem crescido, dada a prevalência de transtornos mentais durante a gestação. Contudo, a carência de estudos com dados primários sobre a hospitalização psiquiátrica de grávidas é evidente. Este estudo visa avaliar as variáveis associadas à necessidade de internação psiquiátrica durante a gestação, bem como os desfechos materno-fetais correlacionados. MÉTODOS: Adotaremos um desenho de caso-controle, com três grupos distintos: (1) grávidas internadas por transtorno mental; (2) não grávidas internadas por transtorno mental; (3) puérperas sem hospitalização psiquiátrica durante a gravidez. A faixa etária incluirá pacientes de 18 a 50 anos, sem critérios de exclusão. Utilizaremos a Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5 para coletar dados sociodemográficos e diagnósticos psiquiátricos. Aspectos como sintomas de depressão, mania e psicose, violência contra gestantes, apoio social, entre outros, serão abordados. Desfechos perinatais, como tipo de parto, escore APGAR e hospitalização do bebê, também serão registrados. Pretendemos recrutar 100 pacientes para cada grupo. Todos os procedimentos seguem a declaração de Helsinki e foram aprovados pelo Comitê de Ética. DISCUSSÃO: Ao nosso conhecimento, esse estudo será o primeiro a avaliar hospitalizações psiquiátricas durante a gestação com dados coletados para essa hipótese e com uso de grupos-controle. Acreditamos que os resultados do presente estudo significativamente impactarão a identificação de desfechos e determinantes biopsicossociais para hospitalização psiquiátrica durante a gestação.

Descritores: Cuidado perinatal; Saúde mental; Transtornos mentais; Pacientes internados; Hospitais psiquiátricos; Reabilitação psiquiátrica; Gestação; Determinantes sociais de saúde

Abstract

INTRODUCTION: The focus on mental health during the perinatal period has grown in recent years, given the prevalence of mental disorders during pregnancy. However, there is a lack of studies with primary data on psychiatric hospitalization of pregnant women. This study aims to assess the variables associated with the need for psychiatric hospitalization during pregnancy, as well as the correlated maternal-fetal outcomes. METHODS: We will employ a case-control design, comprising three distinct groups: (1) pregnant women hospitalized for mental disorders; (2) non-pregnant individuals hospitalized for mental disorders; (3) postpartum women without psychiatric hospitalization during pregnancy. The age range will include patients from 18 to 50 years, with no exclusion criteria. We will use the Structured Clinical Interview for DSM-5 Disorders to collect sociodemographic and psychiatric diagnostic data. Aspects such as symptoms of depression, mania, and psychosis, violence against pregnant women, social support, among others, will be addressed. Perinatal outcomes, including type of delivery, APGAR score, and baby hospitalization, will also be recorded. We aim to recruit 100 patients for each group, adhering to ethical principles. DISCUSSION: This pioneering study seeks to fill gaps by evaluating psychiatric hospitalizations during pregnancy, incorporating control groups, and collecting specific data for this research. We anticipate that the results will have a significant impact on identifying outcomes and biopsychosocial determinants associated with psychiatric hospitalization during pregnancy.

Keywords: Perinatal care; Mental health; Mental disorders; Psychiatric rehabilitation; Pregnancy; Social determinants of health

 

 

Introdução

A saúde mental perinatal tem se tornado foco de grande interesse nos últimos anos1. Embora a gestação seja culturalmente entendida como um momento de felicidade, é também, um momento de importantes mudanças físicas e emocionais na mulher, sendo associada a maior risco de desenvolvimento de transtornos mentais2,3. Transtornos mentais estão entre as condições gestacionais mais frequentes e pode contribuir com a mortalidade materna-fetal1.

A saúde mental materna está associada a vários fatores de risco e transtornos psiquiátricos estão associados com piores desfechos tanto para a mãe quanto para a criança4-7. Entre os fatores de risco, além dos próprios transtornos mentais8, determinantes sociais como problemas financeiros, descontinuação de tratamentos psiquiátricos, baixo suporte social e uso/abuso de substâncias9-14 parecem desempenhar um papel importante. Os desfechos desfavoráveis associados a transtornos psiquiátricos incluem: maior risco de prematuridade, baixo peso fetal, maior mortalidade perinatal e infantil e maior risco de problemas emocionais e comportamentais infantis15-20 .

Apesar do impacto dos transtornos mentais e da necessidade de identificar seus fatores de risco, muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas. Em 2011, Atkison disse que "a mulher grávida é talvez a última órfã terapêutica. Devido as preocupações éticas, médico-legais e com a segurança do feto a respeito das mulheres gestantes, poucos ensaios farmacocinéticos, farmacodinâmicos ou clínicos são conduzidos durante a gestação"21 . No entanto, mais de 20 anos depois, a comunidade científica continua com dificuldades semelhantes em relação à saúde mental gestacional. Em 2020, o World Psychiatry Journal publicou artigos discutindo o progresso e os desafios da saúde mental perinatal1. De acordo com esta edição, "há pouca pesquisa sobre a variedade de transtornos mentais perinatais, sobre como melhorar o acesso ao tratamento para as mulheres com dificuldades psicológicas, e sobre a eficácia dos diferentes modelos de prestação de serviços" 1.

Uma importante lacuna a respeito da saúde mental perinatal refere-se a mulheres que necessitam de internação psiquiátrica durante a gestação. Um estudo estadunidense mostrou que menos de 1% das mulheres gestantes necessitaram de internação psiquiátrica22. Entretanto, estes pacientes são de interesse da saúde pública, uma vez que eles geralmente têm uma doença mental mais grave e estão em risco agudo para si próprios ou para outras pessoas, incluindo o feto. Alguns estudos relataram que a internação psiquiátrica melhorou os sintomas psiquiátricos e que, comparado a paciente com história psiquiátrica sem internação hospitalar, tiveram períodos gestacionais mais longos e bebês mais pesados22-24. Entretanto, os dados disponíveis nesta área de estudos são limitados e restritos a séries de casos ou estudos retrospectivos com coleta de dados secundários. Diante desse cenário, este estudo visa descrever um protocolo de pesquisa que visa a avaliação de variáveis biopsicossociais que possam ser fatores de risco para internação psiquiátrica durante a gestação.


Métodos e materiais

Objetivos

Em uma perspectiva biopsicossocial, nosso objetivo principal é avaliar quais variáveis estão associadas à necessidade de hospitalização psiquiátrica durante a gravidez e quais desfechos materno-fetais estão associados a isso. Nossas hipóteses específicas são que uma assistência materna inadequada, interrupção do tratamento psiquiátrico durante a gravidez, violência doméstica, eventos traumáticos, histórico familiar de transtornos mentais e piora das condições médicas são fatores de risco para a admissão psiquiátrica. Por outro lado, hipotetizamos que o apoio social, cuidados pré-natais e acesso a serviços de saúde são fatores protetores contra admissões psiquiátricas. Além disso, acreditamos que mulheres grávidas que necessitam de hospitalização psiquiátrica têm uma incidência maior de parto prematuro, complicações neonatais, uma proporção maior de parto cesariano e episiotomia, um escore APGAR mais baixo e uma maior incidência de indicação de perda temporária da guarda do bebê.

Desenho

Este será um estudo caso-controle, com um grupo de casos e dois grupos de controle. O grupo de casos será composto por mulheres grávidas que foram internadas em unidades psiquiátricas devido a qualquer transtorno mental. O primeiro grupo-controle (não-grávidas) será composto por mulheres não-grávidas que foram internadas em unidades psiquiátricas devido a qualquer transtorno mental. O segundo grupo-controle será composto por puéperas que não necessitaram de hospitalização psiquiátrica durante a gravidez (puérperas sem admissão psiquiátrica). Os pacientes de ambos os grupos-controle serão pareados com os pacientes do grupo de casos de acordo com seu bairro de residência, para encontrar grupos de controle que sejam representativos da população de origem do grupo de casos. O desenho do estudo está representado na Figura 1.




A estratégia desse desenho possui dois objetivos principais: primeiro, a escolha de um desenho de caso-controle é baseada na premissa de que a hospitalização psiquiátrica é uma condição relativamente rara (<1% das gestações), tornando este desenho eficiente para estudar essa condição. Segundo, suponhamos que tivéssemos apenas um grupo de controle (por exemplo, o grupo sem admissão psiquiátrica): nesse caso, poderíamos encontrar apenas fatores de proteção e risco gerais para a admissão psiquiátrica, que não seriam específicos para a hospitalização durante a gravidez. Ao compararmos o grupo-caso a dois grupos-controle, podemos identificar variáveis que são específicas para a gravidez ou que têm uma magnitude de efeito diferente em comparação com a população não grávida.

Participantes

O recrutamento será feito com pacientes do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV) de junho de 2022 a dezembro de 2024, sendo, portanto, um estudo já em andamento. Incluiremos pacientes adultas entre 18 e 50 anos de idade. No grupo de casos, incluiremos todas as mulheres grávidas que foram hospitalizadas na psiquiatria devido à exacerbação de qualquer transtorno mental, colocando o paciente ou qualquer pessoa (incluindo o feto) em risco. No primeiro grupo-controle (não-grávidas), incluiremos mulheres que não estão grávidas, mas necessitaram de hospitalização psiquiátrica devido a qualquer transtorno mental. No segundo grupo-controle (puérperas sem admissão psiquiátrica), incluiremos mulheres no puerpério que não tiveram hospitalização psiquiátrica durante a gravidez. Neste grupo, a presença de qualquer diagnóstico psiquiátrico atual ou passado não excluirá a paciente do grupo de controle, a menos que o transtorno seja grave o suficiente para exigir hospitalização. Pacientes com comprometimento cognitivo grave que possam afetar a capacidade de compreender quaisquer informações para a coleta de dados ou participar ativamente da pesquisa serão excluídas da pesquisa.

Desfechos e instrumentos utilizados

Dados sociodemográficos

Serão coletados dados sociodemográficos relacionados à saúde, incluindo sexo, idade, raça, estado civil, escolaridade, renda média mensal, frequência de exercícios físicos, tratamento psiquiátrico ou psicológico atual, histórico obstétrico e histórico de interrupção do tratamento psiquiátrico durante a gravidez.

Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5 - Versão clínica (SCID-5-CV)

Utilizaremos o instrumento SCID-5-CV como entrevista estruturada aplicada pelo clínico para o diagnóstico de transtornos psiquiátricos como transtorno depressivo maior, transtorno bipolar, esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, transtorno por uso de substâncias e transtorno de estresse pós-traumático25. Essa avaliação será realizada por um psiquiatra ou residentes de psiquiatria treinados na aplicação do instrumento.

Escala de Hamilton de 6 items para sintomas depressivos (HAM-D6)

Vamos utilizar a Escala de Sintomas de Depressão Maior, que varia de 0 a 22. Este é um instrumento aplicado pelo clínico e é uma subescala da Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton com 17 itens, porém com melhores propriedades psicométricas26,27.

Escala de avaliação de Mania de Bech-Rafaelsen. Bech-Rafaelsen (BRMaS)

A BRMaS é uma avaliação realizada pelo clínico de sintomas maníacos e que varia de 0-2428,29.

Escala de sintomas positivos e negativos de 6 itens (PANSS-6)

Utilizaremos a PANSS-6, aplicada pelo clínico, que avalia tanto sintomas positivos quanto negativos da

esquizofrenia e varia de 6-4230.

Abuse Assessment Screen (AAS)

Essa é uma escala de avaliação de episódios de violência contra mulheres grávidas31,32. Ela é composta por cinco questões que identificam a frequência e a gravidade dos eventos; os locais corporais de lesão; e o perfil do agressor.

Escala de impressão clínica global.

Essa escala avaliação a impressão do clínico sobre a gravidade do transtorno e varia de 1 (normal ou sem sinais e sintomas de doença) a 7 (gravemente enfermo)33.

Teste de triagem de envolvimento com álcool, cigarro e outras substâncias (ASSIST)

Essa é uma escala autoaplicada de oito items que avalia uso de substâncias psicoativas, incluindo tabaco, bebida alcóolica, cannabis, cocaína, estimulantes, inalantes, sedativos, alucinógenos, opioides e "outras drogas"34,35.

Inventório de sintomas adversos avaliados pelo paciente e ação clínica em resposta (PRISE-CAR)

Essa escala autoaplicada avalia os sintomas adversos de medicações psiquiátricas 36.

Questionário Sobre Traumas na Infância - Versão curta (QUESI)

Esse instrumento autoaplicado é uma avaliação retrospective de tramas na infância e é composto por 28 itens37, 38.

Escala Lubben de apoio social (LSNS-6)

Essa escala autoaplicada de 6 itens avalia isolamento social dos indivíduos por meio da sua percepção de suporte social de família e amigos39,40.

Escala de avaliação de barreiras de acesso a cuidados (BACE)

Esse instrumento de 30 itens avalia possíveis barreiras de acesso a cuidados em saúde mental41,42.

Medida London de gravidez não-planejada. (LMUP)

Essa é uma escala autoaplicada de grau de planejamento da gravidez43,44.

Desfechos perinatais

Vamos coletar dados relacionados ao trimestre da primeira ecografia, tipo de parto (normal ou cesariana), necessidade de episiotomia, idade gestacional no parto, ruptura prematura de membranas, escore APGAR, peso ao nascer e circunferência cefálica e altura do recém-nascido, perda temporária da guarda do bebê, hospitalização do bebê por mais de 7 dias por motivos clínicos.

Cálculo de tamanho amostral

Para a realização de análises estatísticas, estimamos tamanho amostral de 246 pacientes para identificar associações maiores do que um tamanho de efeito de 0,2 (f de Cohen pequeno a moderado) com teste de análise de variância (ANOVA) com três grupos, poder estatístico de 80% e chance de erro tipo I de 5%. Assim, planejamos recrutar 300 pacientes, igualmente distribuídos entre 100 em cada grupo.

Análises estatísticas

Os dados serão coletados pela plataforma Google Forms, exportados para um banco de dados no Microsoft Excel (com extensão .xlsl) avaliados com o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) v. 25 e R (quando análises específicas forem necessárias). Utilizaremos os testes t de Student, ANOVA e regressões lineares múltiplas para avaliar variáveis contínuas. Para avaliar variáveis categóricas, incluindo o desfecho principal (hospitalização psiquiátrica), empregaremos testes qui-quadrado e regressões logísticas para estimativas de tamanhos de efeito (razão de chances). Consideraremos uma taxa de erro do tipo I de 5% como significativa para a análise principal e 20% para inclusão de variáveis nos modelos de regressão.

Coleta dos dados

Todas as mulheres elegíveis serão convidadas por um membro da equipe de pesquisa, que explicará os objetivos do estudo, as convidará a participar e solicitará a assinatura do termo de consentimento informado. O consentimento será obtido da paciente quando possível; se os sintomas psiquiátricos temporariamente impedirem a paciente de consentir, o representante legal será solicitado a assinar o termo de consentimento. Se, durante o estudo, uma paciente recuperar seu julgamento crítico e não concordar com o consentimento do representante legal, ela será excluída do estudo.

Para ambos os grupos de casos e não-grávidas, as pacientes serão avaliadas pela equipe de pesquisa 48 horas após a admissão psiquiátrica, e seus dados serão coletados após a assinatura do termo de consentimento. Essas pacientes terão seus dados coletados dentro de 48 horas antes da data esperada de alta pela equipe assistencial. Para o grupo de puérperas sem hospitalização psiquiátrica, as pacientes serão avaliadas pelas equipes de pesquisa durante o período de recuperação pós-parto. Os dados sobre os resultados perinatais também serão coletados nos registros hospitalares se a paciente der à luz durante a hospitalização psiquiátrica. Alternativamente, coletaremos esses dados por telefone 30 dias após o parto se a paciente tiver alta durante a gravidez. Esses procedimentos estão resumidos na Figura 2. A coleta da SCID-5-CV será feita por meio de uma ficha impressa para auxílio da coleta, a qual será posteriormente transposta a um formulário da Google Forms para a confecção do banco de dados. Os demais instrumentos serão coletados por meio de um tablet, sendo que (1) aqueles que são preenchidos pelo clínico serão coletados pela equipe de pesquisa em entrevista com as pacientes, e (2) os instrumentos autoaplicáveis serão preenchidos pelas próprias pacientes, com auxílio da equipe de pesquisa quando necessário. Conforme apresentado na Figura 2, os instrumentos autoaplicáveis serão utilizados para coleta, nas pacientes internadas, apenas próximos da alta hospitalar, momento em que se espera que pacientes com prejuízo para consentimento e informar sobre seu estado de saúde já tenha sido recuperado.




Aprovação ética e consentimento para partipação

O presente projeto segue a Declaração de Helsinque e foi aprovado pelo Comitê de Ética do HMIPV e UNISINOS (nº 5.205.194) e é reconhecido pelo CONEP - Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Todos os pacientes assinarão um termo de consentimento informado. O consentimento será obtido da paciente quando possível; se os sintomas psiquiátricos temporariamente impedirem a paciente de consentir, o representante legal será solicitado a assinar o termo de consentimento. Caso ao longo da coleta o paciente recupere o seu juízo crítico e não concorde com o consentimento dado pelo responsável, sua decisão será respeitada.

Durante a coleta de dados, os pesquisadores terão acesso a informações que podem identificar a paciente; no entanto, ao preencher o formulário de pesquisa, será atribuído um número de identificação para cada participante, de modo que apenas os principais autores possam identificar cada participante. O conjunto de dados final não terá informações de identificação além do número de identificação.

Diferentes instrumentos serão utilizados em cada grupo e em momentos diferentes, conforme apresentado na Tabela 1.




Localização

A coleta de dados será realizada no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, no sul do Brasil. Porto Alegre possui uma população de 1,5 milhão de habitantes e é a décima cidade mais populosa do Brasil. O HMIPV é um hospital público com uma longa tradição no cuidado materno-infantil. O hospital possui uma unidade psiquiátrica feminina, onde as pacientes são submetidas a um tratamento multidisciplinar com um psiquiatra, residentes em psiquiatria, enfermeiros, assistentes sociais, educadores físicos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.


Discussão

Ao melhor do nosso conhecimento, este estudo será o primeiro a avaliar a hospitalização psiquiátrica durante a gravidez com dados especificamente coletados para essa hipótese e com uso de grupos-controle. Acreditamos que os resultados deste estudo terão um impacto significativo na identificação de desfechos e determinantes biopsicossociais para a hospitalização psiquiátrica durante a gravidez.

Limitações deste estudo podem incluir o fato de que alguns pacientes podem não se sentir confortáveis em responder a algumas perguntas. Participantes serão orientadas sobre a opção de não querer responder e de não participar da pesquisa sem prejuízo para o seu tratamento. Outras limitações são inerentes a estudos caso-controle, como o viés de seleção nos grupos-controle e o viésesmemória. Buscamos minimizar o viés de seleção ao parear pacientes dos grupos-controle com o grupo-caso de acordo com o bairro de residência. Como os pacientes internados na unidade psiquiátrica do HMIPV são da mesma área geográfica daqueles que dão à luz neste hospital, acreditamos que podemos encontrar pacientes da mesma população de origem. Para minimizar o viés de recordação, coletamos dados sobre determinantes sociais próximo à data de alta, quando supostamente os pacientes estão em melhores condições em relação aos sintomas psiquiátricos.


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a Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo/RS - Brasil
b Hospital Materno Infantil Presidente Vargas - Porto Alegre/RS - Brasil
c Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre - Porto Alegre/RS - Brasil
d Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS - Brasil

Autor correspondente

Lucas Primo de Carvalho Alves
lucaspcalves@unisinos.br

Submetido em: 12/11/2023
Aceito em: 10/05/2024


Agradecimentos: Sem agradecimentos.

Declarações: Disponibilidade de dados e materiais Os dados usados neste estudo estão disponíveis pelo autor correspondente mediante solicitação.

Conflitos de interesse: Os autores declaram não terem conflitos de interesse.

Financiamento: Esse estudo é financiado pela FAPERGS (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul), nº22/2551-0000532-2

Contribuições: Lucas Primo de Carvalho Alves - Análise estatística, Aquisição de financiamento, Conceitualização, Gerenciamento de Recursos, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Validação, Visualização; Barbara Ferreira Althoff - Coleta de Dados, Investigação, Validação; Vanessa Gorniak de Oliveira - Coleta de Dados, Gerenciamento de Recursos, Redação - Revisão e Edição; Rafael Lopes Ataídes de Oliveira - Coleta de Dados, Gerenciamento do Projeto, Redação - Revisão e Edição, Validação, Visualização; Silvia Schuch Goi - Conceitualização, Investigação, Validação; Lisieux Elaine de Borba Telles - Conceitualização, Validação, Visualização; Lisia Von-Diemen - Conceitualização, Supervisão, Validação, Visualização; Maria Eduarda Melati - Coleta de Dados, Investigação, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição; Juliana Nichterwitz Scherer - Análise estatística, Aquisição de financiamento, Conceitualização, Gerenciamento de Recursos, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Validação, Visualização.

 

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