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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2023; 25(2):85-101



Artigo Original

Estágio profissional no contexto do enlutamento no serviço-escola de uma universidade pública

Professional internship in the context of bereavement in a psychological training-clinic of a public university

Prácticas profesionales en el contexto del duelo en la escuela-servicio de una universidad pública

Érika Arantes Oliveira Cardoso; Pamela Perina Braz Sola; Jorge Henrique Corrêa Santos; Juliana Tomé Garcia; Ana Clara Buson Carvalho; Lucas Santos Lotério; Manoel Antônio Santos

Resumo

O processo de luto, apesar de natural e esperado, em alguns casos pode demandar intervenção psicológica. O objetivo deste estudo foi caracterizar a clientela que buscou atendimento psicológico com queixas relacionadas ao processo de enlutamento junto ao estágio de Psicoterapia Psicanalítica Individual e em Grupo na Clínica do Luto, oferecido pelo serviço-escola de uma universidade pública, no primeiro semestre de 2023. Trata-se de uma pesquisa documental e exploratória. Foram analisados dados extraídos dos prontuários de pacientes e dos registros das supervisões dos casos. As variáveis quantitativas foram tabuladas, inseridas em um banco de dados e analisadas em termos de frequência, média e desvio-padrão, visando à caracterização do grupo amostral. Os dados qualitativos foram organizados de acordo com os pressupostos da análise de conteúdo e discutidos à luz da teoria sobre o processo de enlutamento. Os resultados mostram que 53 pessoas procuraram ajuda profissional, a maioria mulheres, com busca espontânea. O tempo decorrido desde a perda de um ente querido variou de cinco dias a 12 anos, sendo na metade dos casos há menos de seis meses. A maioria (64%) aderiu ao tratamento proposto, sendo a maior parte encaminhada para intervenções grupais. Foi possível identificar no motivo da procura os mediadores para as tarefas do luto: quem era a pessoa que morreu, qual a natureza do vínculo, como a pessoa morreu, antecedentes de múltiplas perdas e presença de estressores concorrentes. Os resultados fornecem subsídios para a compreensão das particularidades do serviço e contribuem para o planejamento de intervenções psicológicas na clínica do luto.

Descritores: Luto; Formação profissional; Estágio clinico; Serviço-escola; Psicoterapia psicanalítica

Abstract

The bereavement process, although natural and expected, may, in some cases, require psychological intervention. The objective of this study was to characterize the clientele who sought psychological care with complaints related to the bereavement process at the internship of Individual and Group Psychoanalytic Psychotherapy in the Mourning Clinic offered by the service-school of a public university in the first semester of 2023. This is a documental and exploratory research. Data extracted from patient charts and case supervision records were analyzed. Quantitative variables were tabulated, entered into a database, and analyzed in terms of frequency, mean, and standard deviation, aiming to characterize the sample group. The qualitative data were organized according to the principles of content analysis and discussed in light of the theory about the bereavement process. The results show that 53 people sought professional help, the majority being women, with a spontaneous search. The time since the loss of a loved one varied from five days to 12 years, with half of the cases occurring within the last six months. The majority (64%) adhered to the proposed treatment, and most were referred to group interventions. It was possible to identify in the reason for seeking treatment the mediators for mourning tasks: who was the person who died, what was the nature of the bond, how the person died, a history of multiple losses, and the presence of competing stressors. The results provide insights into understanding the particularities of the service and contribute to the planning of psychological interventions in the bereavement clinic.

Keywords: Bereavement; Professional training; Clinical internship; Service-school; Psychoanalytic psychotherapy

Resumen

El proceso de duelo, aunque natural y esperado, en algunos casos puede requerir intervención psicológica. El objetivo de este estudio fue caracterizar a la clientela que buscó atención psicológica con quejas relacionadas al proceso de duelo en la pasantía de Psicoterapia Psicoanalítica Individual y Grupal de la Clínica del Duelo, ofrecida por el servicio docente de una universidad pública, en el primer semestre de 2023. Se trata de una investigación documental y exploratoria. Se analizaron los datos extraídos de los registros de pacientes y de los registros de supervisión de casos. Las variables cuantitativas fueron tabuladas, ingresadas en una base de datos y analizadas en términos de frecuencia, media y desviación estándar, con el objetivo de caracterizar el grupo muestra. Los datos cualitativos fueron organizados según los supuestos del análisis de contenido y discutidos a la luz de la teoría sobre el proceso de duelo. Los resultados muestran que 53 personas buscaron ayuda profesional, en su mayoría mujeres, con una búsqueda espontánea. El tiempo transcurrido desde la pérdida de un ser querido osciló entre cinco días y 12 años, siendo la mitad de los casos hace menos de seis meses. La mayoría (64%) adhirió al tratamiento propuesto, siendo la mayoría remitida a intervenciones grupales. Fue posible identificar mediadores para las tareas de duelo en el motivo de la búsqueda: quién fue la persona que murió, cuál fue la naturaleza del vínculo, cómo murió, historia de pérdidas múltiples y presencia de estresores competitivos. Los resultados brindan apoyo para la comprensión de las particularidades del servicio y contribuyen a la planificación de intervenciones psicológicas en la clínica de duelo.

Descriptores: Duelo; Formación profesional; Pasantía clínica; Servicio-escola; Psicoterapia psicoanalítica

 

 

Nas últimas décadas, o Ministério da Educação1 (2011) e o Conselho Federal de Psicologia2 (2018) têm realizado um trabalho intenso para o estabelecimento de normas que regulem o funcionamento dos cursos de graduação em Psicologia. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)1, que normatizam os cursos no cenário brasileiro, é obrigatória a manutenção de um Serviço-Escola de Psicologia voltado para prestação de serviços à sociedade e que possibilite aos estudantes a realização de estágio profissional supervisionado em Psicologia. O objetivo dos estágios é promover o desenvolvimento de habilidades e competências, contribuindo para a integração do aprendizado de aspectos éticos e experiências tanto pessoais quanto profissionais.

O Serviço-Escola é um espaço de articulação dos Estágios Básicos e Específicos, que compõem a formação em Psicologia. Como tal, cumpre uma dupla função: a criação de possibilidades de atuação e a oferta de condições adequadas para que os estudantes possam exercer atividades supervisionadas de estágio junto à comunidade. Desse modo, o Serviço-Escola impacta tanto a formação com vistas à futura atuação profissional, como também a extensão universitária, mediante a oferta de serviços psicológicos à comunidade³.

O estágio profissional pode ser definido, segundo a Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008 4, como um ato educativo, desenvolvido no ambiente de trabalho, com o objetivo de preparar os alunos para a prática profissional5. No contexto especifico da Psicologia, a Resolução CNE/CES nº 5,1 de 5 de março de 2011, instituiu as DCNs para os cursos de graduação e definiu a obrigatoriedade da oferta de atividades de formação programadas, diretamente supervisionadas e que assegurem o contato dos alunos com situações nas quais podem ser adquiridos conhecimentos, habilidades e atitudes, que serão essenciais para o bom desempenho da prática profissional6-8.

O oferecimento de prática supervisionada inserida em contextos de sofrimento emocional, intra ou extramuros da Universidade, é um dos objetivos centrais do "ocultado". O laboratório oferece estágios para alunos da graduação em diferentes cenários da saúde, incluindo a atenção voltada a indivíduos e familiares enlutados, por meio das ações "ocultado"9, lembrando que, ao longo de seu itinerário formativo, o estudante realiza práticas de Estágio Básico e outras de Estágio Específico10.

O processo de luto, compreendido como um conjunto de reações naturais e esperadas diante do rompimento de um vínculo significativo, abrange emoções, cognições, sensações físicas e mudanças comportamentais11-13. É importante ressaltar que, ainda que seja um fenômeno universal, cada indivíduo vive e compreende o luto de acordo com seu estágio de desenvolvimento emocional e cognitivo, não existindo, portanto, um padrão único de enlutamento14,15, o que exige do psicoterapeuta um olhar individualizado para cada pessoa enlutada16.

Atualmente, existe uma sistematização teórica que permite compreender fatores que podem atuar como dificultadores na vivência do processo de enlutamento, tais como: história de vida pregressa do enlutado, fatores de risco relacionados à morte do ente querido, tais como idade (óbito de criança/jovem), tipo de morte (repentina, violenta, suicídio), relação de parentesco (cônjuge, pais), não localização do corpo, impossibilidade de realizar rituais de despedida significativos, luto não reconhecido/validado pela sociedade. Em contraposição, os fatores facilitadores do processo de luto incluem uma rede de apoio social ativa, disponibilidade de suporte psicológico, qualidade do vínculo com a equipe de saúde, atribuição de significados conferidos à morte, possibilidade de realização de rituais de despedida significativos, bem como o tipo de morte17,18.

Mais do que uma experiência dolorosa, a vivência do luto envolve ampla e profunda transformação subjetiva, figurando "entre as emoções mais poderosas que o ser humano pode viver" no decorrer de sua existência19. Durante o processo do luto, alguns pontos merecem cuidados a fim de possibilitar a elaboração das perdas e mudanças: aceitação da realidade da perda, reconhecimento e legitimação do sofrimento decorrente da perda, adaptação ao contexto de vida que segue sem a pessoa perdida, reorganização emocional a fim de dar continuidade à vida20. A experiência de cuidado às pessoas enlutadas evidencia que, apesar de configurar um processo natural, é necessário atentar para as necessidades psicossociais das pessoas enlutadas, com vistas a prevenir respostas não adaptativas e desorganizações de ordem psíquica, cognitiva e social21.

Frente a esses desafios, o estágio profissional no contexto de enlutamento deve introduzir os princípios do acolhimento e da escuta da pessoa enlutada, balizados pelas regras que organizam o atendimento clínico e que dão sustentação às questões que mobilizam e inquietam os estagiários. Segundo Worden13, o objetivo do apoio emocional ao enlutado é ajudá-lo na adaptação à nova realidade, marcada pela perda de um ser amado. O autor argumenta que, para a elaboração do luto, é necessario que algumas tarefas sejam realizadas pelo enlutado e, para a consecução de cada uma, o terapeuta pode auxiliar de forma específica.

As principais tarefas do luto incluem: (1) construção da aceitação da perda: há necessidade de reforçar o contato com essa nova realidade, marcada pela irreversibilidade da perda; (2) vivência da dor emocional da perda: explorar a possibilidade de auxiliar o paciente a expressar suas emoções e lidar com os diferentes sofrimentos decorrentes dessas experiências; (3) ajustar-se ao mundo sem a presença da pessoa falecida: facilitar o processo de superação dos inumeros dificultadores do reajustamento pós-perda; (4) conseguir se conectar de outra forma com quem se foi, seguir em frente: auxiliar o indivíduo a encontrar uma nova maneira de manter o vínculo com quem se foi, para que possa ressignificar o laço afetivo e reinvestir na vida, de modo que consiga continuar a viver sem desistir de seu futuro. Ainda que tenha proposto um modelo teórico de intervenção no luto, baseado na execução de tais tarefas estratégicas, Worden13 considera que o luto é um processo fluido, dinâmico e pessoal, que pode ser influenciado por inúmeros fatores mediadores das referidas tarefas.

Nesse cenário, a oferta de um estágio profissional vinculado a um serviço de apoio emocional para pessoas enlutadas em um serviço-escola de Psicologia atende aos anseios de que as práticas promovidas nesse cenário sejam repensadas, principalmente devido à necessidade de consideramos as novas demandas e configurações sociais22. Com a inserção no campo, o estágio possibilita, por um lado, fornecer amparo a pessoas que se encontram em situações de extrema fragilidade e sofrimento, visando tornar o luto um processo menos solitário, de modo a favorecer a adaptação à perda23-25. Por outro lado, contribui para a formação de futuros profissionais, por meio da familiarização com um modelo de atuação em um área sensível, que exige cuidados éticos, domínio técnico e desenvolvimento da capacidade empática. Nesse sentido, uma pesquisa que investigou o papel dos estágios sob a perspectiva dos estagiários confirmou a percepção do papel decisivo das práticas supervisionadas para a formação do profissional de Psicologia10.

Assim, para atender às demandas de formação no campo da assistência ao enlutado, foi estruturado no ano de 2023 o estágio supervisionado intitulado "Psicoterapia Psicanalítica Individual e em Grupo na Clínica do Luto", com o intuito de oferecer aos alunos do curso de Psicologia o contato com processo completo de intervenção, que abarca a triagem para atendimento psicológico, atenção individual e intervenção grupal. Ao mesmo tempo, a comunidade se beneficia do serviço com a possibilidade de usufruir de apoio psicológico qualificado durante o processo de elaboração de perdas significativas.

Conhecer as características dos indivíduos enlutados que buscam atendimento no serviço-escola pode fornecer pistas para organizar a oferta de cuidado e potencializar os recursos formativos e terapêuticos envolvidos nessa experiência. Considerando o exposto, este estudo teve como objetivo caracterizar a clientela que buscou atendimento psicológico com queixas relacionadas ao processo de enlutamento, junto ao estágio de Psicoterapia Psicanalítica Individual e em Grupo na Clínica do Luto oferecido pelo serviço-escola de uma universidade pública, no primeiro semestre de 2023.

Método

Trata-se de pesquisa documental, descritiva e exploratória. Nesse tipo de estudo, para a formação do corpus de pesquisa são utilizados conteúdos de documentos que ainda não foram analisados e/ou sistematizados e que estão relacionados com o interesse dos pesquisadores, objetivando a produção de conhecimento novo a partir desse material26.

Foram analisados dados extraídos dos prontuários de pacientes atendidos na clínica psicológica vinculada a um serviço-escola, mais especificamente da ficha de inscrição (dados sociodemográficas e motivo da procura) e do histórico de atendimento do usuário (formulário composto por dados tais como: data da primeira entrevista, conduta sugerida pela equipe, número de sessões realizadas, número de faltas, desfecho do atendimento). Também foram utilizados os registros realizados durante a supervisão semanal, contendo reflexões sobre as condutas e desfechos de cada caso.

As variáveis quantitativas foram tabuladas, inseridas em um banco de dados e analisadas em termos de frequência, média aritmética e desvio-padrão, visando à caracterização do grupo amostral. Os dados qualitativos foram organizados de acordo com os pressupostos da análise de conteúdo, com categorias apriorísticas ou pré-definidas27, e discutidos à luz do arcabouço teórico sobre o processo de enlutamento13.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição a qual os pesquisadores estão vinculados (processo número "ocultado", CAAE "ocultado"). Foram seguidas as diretrizes éticas preconizadas pela Resolução nº 466 de 2012 sobre pesquisa com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde e Resolução nº 16 de 2000 do Conselho Federal de Psicologia. A equipe de pesquisa se cercou de todos os cuidados éticos envolvidos na pesquisa clínica e, uma vez obtida a concordância, cada participante firmou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e recebeu uma via assinada do documento.

Resultados e discussão

No primeiro semestre de 2023 se inscreveram para atendimento psicológico 53 pacientes, com idades variando de 8 a 63 anos (X = 37,5, DP = 17,8), a maioria composta por mulheres, autodeclaradas brancas, procedentes do município no qual está localizado o serviço-escola de Psicologia (Tabela 1).





Se considerada somente a população adulta (n = 43), observa-se maior proporção de mulheres que procuraram atendimento psicológico: 39 (90,7%) mulheres e quatro (9,3%) homens. A maior procura de mulheres também foi observada em outros estudos que analisaram o perfil da clientela de serviços-escola de Psicologia, porém em menores proporções do que a encontrada, com índices de 71%28, 66,529, 61,6%30, e 60,0%31. Segundo Belintani et al.28, a maior prevalência de mulheres nos serviços psicológicos pode ser explicada pelo fato de que homens parecem ser mais resistentes à busca de ajuda para lidar com questões emocionais.

Em relação às características clínicas da amostra, observa-se que a maior parte da procura foi justificada pelo sofrimento advindo da perda de um dos pais, seguida pela morte do cônjuge e da busca motivada por múltiplas perdas (situações em que ocorreram várias mortes significativas). O tempo da perda variou de cinco dias a mais de 12 anos, sendo que na metade dos casos havia acontecido há menos de seis meses. Outros dados que chamaram a atenção foram: procura espontânea (ou seja, não motivada por encaminhamento profissional) e a proporção semelhante na preferência da clientela por receber atendimento presencial ou online (Tabela 2).





Retomando a noção das tarefas relacionadas ao processo de enlutamento, propostas por Worden13, que vão desde a aceitação da perda até a aquisição de uma nova forma de se conectar com a pessoa que morreu, alcançando um novo modo de estar no mundo, é importante reconhecer que cada enlutado tem seu ritmo próprio para a constatação de que necessita de ajuda profissional para realizar essa travessia, na qual terá de lidar com os desafios inerentes ao processo de elaboração do luto. Entre os participantes do estudo este tempo variou de cinco dias a 12 anos. A proposta do apoio emocional é acompanhar essas pessoas até o momento em que se tornam capazes de acreditar que aquele que morreu pode ainda ter um espaço em suas vidas (ou seja, uma continuidade na vida de quem sobreviveu) e que a vida necessita seguir seu rumo.

Dos 33 pacientes que aderiram à intervenção proposta, 18 (54,6%) continuavam em atendimento individual em junho de 2023, 10 (30,3%) estavam em atendimento em grupo e cinco haviam recebido alta (15,1%). Foram utilizados os seguintes critérios para alta: ausência ou redução significativa do sofrimento agudo que motivou a busca pelo atendimento; reconhecimento e fortalecimento dos próprios recursos para lidar com as adversidades da vida decorrentes ou agravadas pela perda do ente querido.

A adesão à proposta de atendimento foi maior na modalidade grupal (63,6% dos pacientes não desistentes), em consonância com a literatura12,15,24,25, que preconiza que o setting grupal, no contexto do enlutamento, parece ser uma estratégia facilitadora por potencializar os fatores terapêuticos, tais como universalidade, instilação de esperança e aprendizado por intermédio do outro. De fato, a intervenção em grupo tem se configurado como uma alternativa viável e efetiva de apoio à pessoa enlutada, na medida em que contribui para o fortalecimento da resiliência e a redução do estresse agudo, mitigando a experiência de sofrimento.

Dezenove pacientes desistiram do atendimento (35,8%), índice superior aos 23% encontrados no estudo de Campos, Marques e Barcelar31, realizado durante o primeiro semestre do ano letivo em um levantamento acerca das características da clientela atendida pelos serviços da clínica-escola de uma instituição pública de ensino superior. Cabe a ressalva de que eram atendimentos oferecidos para o público em geral, não direcionados para uma demanda específica relacionada à problemática do luto.

Outro dado relevante é que 57,9% dos pacientes que desistiram do atendimento o fizeram antes de terem contato com qualquer tipo de intervenção, ou seja, são pessoas que fizeram a inscrição, mostrando interesse no atendimento, porém, quando chamados para a entrevista de triagem, declinaram ou não compareceram, o que leva a excluir a influência de fatores associados à relação terapeuta-paciente. Os motivos mais frequentemente alegados para justificar o não interesse no atendimento foram: falta de tempo e dificuldade em inserir essa atividade na rotina diária, compatibilizando-a com os demais afazeres.

Quando comparados com os não desistentes, dois fatores chamam a atenção: grau de parentesco com a pessoa perdida (perda de um dos pais em 63% dos que desistiram em comparação com 25,8% que haviam perdido outros entes queridos) e tempo decorrente da perda (média de 537 dias nos enlutados que não aderiram e 392 dias entre aqueles que aceitaram os atendimentos). É possível conjecturar, à luz da literatura, que o tempo menor entre a perda e o aceite do atendimento pode estar relacionado ao fato de que o sofrimento desses pacientes poderia estar mais agudizado no momento da procura13.

Os motivos que justificaram a procura do atendimento psicológico, descritos na ficha de inscrição, foram verificados no momento da entrevista de triagem, a qual foi gravada e transcrita na íntegra. Os dados foram transpostos para uma planilha e, em seguida, analisados e organizados à luz dos mediadores das tarefas para elaboração do luto13. Quem atende pacientes enlutados precisa conhecer o papel dos mediadores das tarefas exigidas no processo do luto, dentre os quais se destacam: quem era a pessoa que morreu, qual a natureza do vínculo, como a pessoa morreu, antecedentes históricos, fatores de personalidade, variáveis sociais e estressores concorrentes13. Na análise dos relatos obtidos foram identificados cinco mediadores, que serão apresentados na sequência. Os nomes próprios utilizados na sequência das falas são fictícios.

(1) Quem era a pessoa que morreu: constatando os vazios que ficaram

De acordo com Worden13, para compreender como o enlutado reage a uma perda é necessário ter acesso a algumas informações sobre as circunstâncias da perda e quem era a pessoa que morreu. O grau de parentesco é considerado um dado importante nesse contexto. Muitas pacientes perderam um dos pais e, para alguns a pessoa falecida tinha um significado afetivo superlativo devido à centralidade que ocupava na vida do sobrevivente, funcionando como um alicerce de vida:

Perdi minha mãe faz dois anos e meio, de forma abrupta, e isso parou a minha vida. Não consigo trabalhar mais, mal saio de casa, tenho problemas de insônia. Não consigo aceitar a perda e lidar com ela. (Fernanda, 44 anos, casada, autônoma)


Aparece também nos relatos a perda de pessoas adultas que exerciam a maternagem, como no caso das avós:

Ela [a adolescente] morava com a avó materna, que faleceu há 10 meses, e após o falecimento da avó ela chora diariamente, está com comportamento de se auto machucar, dificuldade em se adaptar à nova residência e aos avós. (Juliana, tia se referindo ao comportamento de uma sobrinha de 12 anos)


(2) Natureza do vínculo: identificando o que foi perdido

As tarefas do luto também são mediadas pela natureza do vínculo estabelecido com a pessoa falecida, o que Worden13 caracteriza como um tipo diferenciado de apego. A magnitude das reações emocionais suscitadas pelo luto é determinada pela intensidade do vínculo afetivo. Quando prevalecem características tais como forte apego e dependência emocional, a passagem do tempo pode não ser suficiente para abrandar a dor da perda:

Eu e minha mãe passamos muitas coisas juntas e sempre fomos muito grudadas e próximas. Moramos juntas toda a minha vida e, com o falecimento dela, entrei numa depressão profunda. Durante muito tempo não quis me cuidar ou fazer qualquer tratamento, mas acredito que isso realmente seja necessário, visto que até hoje não superei a partida dela e me vejo num poço escuro. (Ana Clara, 56 anos, solteira, desempregada, perdeu a mãe há 12 anos)


Para compreender a natureza do vínculo, Worden13 sustenta que é imprescindível responder à questão: "Quão necessária foi a pessoa falecida para a manutenção do senso de bem-estar do sobrevivente?". No caso de perda de um dos cônjuges, é provável que a pessoa preenchia necessidades em diferentes níveis e papeis, como companheiro, provedor, pai ou mãe de seus filhos:

Fiquei viúva há pouco tempo, depois de 26 anos de casada. Desde então perdi a vontade de viver. Preciso de ajuda, pois tenho um filho que depende muito de mim e eu não vou dar conta de fazer tudo sozinha (Cintia, 44 anos, viúva, cozinheira)


(3) Como a pessoa morreu: reconhecendo o impacto do tipo de morte

O modo como a pessoa morreu e as circunstâncias que antecederam o óbito têm impacto na forma do enlutado lidar com as tarefas do luto13. O óbito pode ser classificado nas categorias: natural, acidental, suicídio e homicídio. O suicídio é reconhecidamente um fator que aumenta o sofrimento do sobrevivente, que necessita lidar com sentimentos ambíguos como pesar e raiva, culpa e alívio:

Meu tio se matou e eu percebi que eu precisava de ajuda porque eu não ia conseguir levar só eu com a minha cabeça... É muita coisa que se passa na nossa cabeça, muitos sentimentos misturados. (Virginia, 21 anos, solteira, desempregada)


Deve-se considerar, na avaliação do tipo e das circunstâncias da morte, as características da pessoa falecida, como idade e condições de saúde. Uma morte natural, que em geral é mais facilmente aceita, quando incide em crianças pode dificultar a gestão das tarefas do luto:

Minha netinha de 13 anos morreu, morreu de uma doença... ela morreu, ela morreu não faz um mês, só tinha 13 anos. (Gabriel, casado, aposentado, 68 anos)


O mesmo acontece em casos de perdas gestacionais, podendo nesse caso ser acrescido ainda do sentimento de autoculpabilização:

Tive quatro perdas gestacionais nos últimos sete anos... Demorei para perceber que era algo errado comigo... muito difícil lidar com tudo isso. (Vitória, 29 anos, solteira, esteticista)


(4) Vivências de múltiplas perdas: contabilizando tudo o que foi perdido

Essa categoria descreve o tipo de perda caracterizada pela morte simultânea de várias pessoas significativas em um único evento ou em um curto período de tempo, acarretando sobrecarga emocional no enlutado, o que dificulta o manejo da segunda tarefa do luto, que é vivenciar a dor da perda13.

Estou fazendo a inscrição da minha irmã mais nova, pois estou muito preocupada com a saúde mental dela, depois de perder os pais aos oito anos de idade em um acidente de carro e logo depois perder a avó. É uma situação muito difícil e crítica. Há muito tempo procuro atendimento psicológico, mas nós não temos condições de arcar com os custos e quando fiquei sabendo dessa oportunidade... (Taís, 18 anos, irmã se referindo a uma adolescente de 12 anos, com múltiplas perdas)


Com a pandemia de COVID-19, houve um sensível incremento na procura por atendimento motivado pela morte de vários familiares em curto período de tempo, como no caso de Maria Rita, que além de perdas múltiplas, vivenciou grave ameaça à própria vida:

Os dois últimos anos foram difíceis. Perdi minha mãe e meu marido com COVID. Quase morri também, fiquei internada na UTI por muitos dias e hoje tenho sequelas pulmonares da doença. Sinto falta da minha mãe, ela era tudo para mim. Com meu marido eu tinha altos e baixos, mas minha mãe era tudo para mim e hoje estou assim, não vivendo, mas lutando para sobreviver. (Maria Rita, 34 anos, viúva, afastada do trabalho)


(5) Presença de estressores concorrentes: vivenciando lutos que se somam

Para compreender as particularidades do processo de enlutamento se faz necessário identificar fatores adicionais que podem se sobrepor à experiência de perda, bem como os desafios enfrentados em consequência da morte do ente querido13. O relato de uma paciente condensa várias perdas secundárias e ilustra a dificuldade em traçar um novo roteiro de vida após sofrer uma perda significativa:

Eu estava cuidando há cinco anos da minha mãe, vivia para ela, só eu e ela. Pedi demissão do emprego, não saia de casa, meu mundo era reduzido a ela. Eu já não vinha bem com medo de quando essa hora chegasse. Embora ela não tivesse doenças graves, acabou falecendo numa situação muito dolorosa. Hoje estou sem rumo, sem trabalho, sem amigos, com muitos receios, inclusive de adoecer, e preciso cuidar de minha saúde de forma ampla, tanto física e muito também no lado emocional. (Pamela, 60 anos, desempregada, ensino superior completo, perdeu a mãe há seis meses)


É esperado que ocorram mudanças, mas além disso alguns enlutados vivenciam muitas perdas secundárias, em especial no âmbito do suporte financeiro e social:

Minha filha perdeu o pai em 2019 por câncer e muitas mudanças ocorreram desde então, de casa, de escola... Depois veio a pandemia e ela parece que criou um medo social e, agora em outubro do ano passado, minha mãe faleceu. Elas eram muito próximas, e ela chorou muito e questionou o porquê isso aconteceu com ela. Agora, por questões financeiras, estou trabalhando os dois períodos e ela fica sozinha à tarde. (Érika, 38 anos, mãe se referindo à filha de 14 anos)


Nesse caso específico, é necessário levar em consideração a presença de vários mediadores que se interseccionam no processo do luto da adolescente: múltiplas perdas que se somam em breve intervalo de tempo, perdas secundárias (mudança de casa, de escola, alteração do poder aquisitivo da família) e diminuição do tempo de convivência com a figura materna. É imprescindível conhecer esses mediadores porque são balizadores a partir dos quais o profissional de saúde pode traçar estratégias de intervenção psicológica, porém também é fundamental compreender que o comportamento frente ao luto é multiderminado e que difere de indivíduo para indivíduo. Assim, a implementação de um estágio profissional na área do apoio psicológico aos enlutados representa um avanço na formação acadêmica, considerando o papel estratégico do serviço-escola na consolidação do projeto pedagógico do curso de psicologia3,32.

Considerações finais

O estudo alcançou o objetivo de caracterizar a clientela que buscou atendimento psicológico com demandas relacionadas ao processo de luto, junto ao estágio de Psicoterapia Psicanalitica Individual e em Grupo na Clínica do Luto, com foco na compreensão do perfil de quem busca ajuda e qual o pedido explicitado no momento da inscrição para o atendimento psicológico.

A perda de alguém significativo deflagra o processo de enlutamento, que apesar de ser um evento natural, pode vir acompanhado de extremo sofrimento emocional do enlutado, requerendo intervenção psicológica. Nesse cenário, a possibilidade de oferecer apoio emocional para pessoas enlutadas no contexto de um serviço-escola de psicologia de uma universidade pública representa um campo fecundo de possibilidades de oferecer amparo diante de ituações que envolvem o processo de adaptação à perda, ao mesmo tempo em que se disponibilza um modelo de atuação para graduandos em processo de formação profissional. O estágio profissional oferece um espaço protegido para que os acadêmicos-estagiários que estão iniciando a prática clínica possam aprender habilidades e competências, a partir do entrelaçamento de saberes e fazeres no cenário do luto.

Os resultados obtidos permitem constatar que os indivíduos enlutados procuraram ajuda profissional em diferentes momentos após a perda, que as mulheres apresentam maior facilidade para solicitar apoio psicólogico, que a procura é majoritariamente espontanea e que a maioria das pessoas interessadas adere ao encaminhametno e às indicações de intervenção sugeridas. Destaca-se a possibilidade de conhecer mediadores importantes para a elaboração do luto por meio da análise mais cuidadosa do motivo da procura pelo atendimento, de modo que se possam extrair indicadores para subsidiar o planejamento de intervenções psicológicas.

Verificou-se também a dificuldade da população em ter acesso a intervenções oferecidas nos equipamentos de saúde voltadas para as tarefas relacionados ao enlutamento. Essa barreira contribui para dilatar o tempo decorrido entre a perda e a busca por ajuda, podendo influenciar a aderência à proposta de tratamento, uma vez que se constatou que pessoas com perdas mais recentes aparentemente aderiram mais à intervenção. Essa hipótese reforça a importância do oferta de estágio profissional com essa finalidade, não apenas para o fortalecimento da formação profissional do graduando, como também para evidenciar o papel da Universidade junto à sociedade.

Uma limitação do estudo foi o fato de a divulgação da abertura de inscrições ter ocorrido principalmente por meio de mídias sociais e voltada para a população da cidade na qual a Universidade está instalada, o que pode ter contribuído para delimitar algumas caracteristicas da amostra, como procedência e nível de escolaridade, restringindo, portanto, o universo e as interpretações possíveis para os achados.

Para a produção de novos estudos sugere-se abarcar mais de um serviço-escola e de diferentes regiões, bem como destinar uma atenção especial para a baixa frequência de busca de ajuda profissional por parte dos homens adultos. Também se recomenda um olhar direcionado para pessoas que, inicialmente, procuram atendimento psicológico na clínica-escola e declinam algum tempo depois da inscrição, uma vez que, neste estudo, o contato com os participantes se deu imediatamente à procura, isto é, no mesmo mês. Conhecer os fatores que facilitatam ou dificultam que os enlutados recebam ajuda especializada é relevante para o planejamento de intervenções apropriadas. Também são necessários estudos focados na articulação extramuros com a rede de serviços de saúde pública, e intramuros com os demais serviços da Universidade.

Referências

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FFCLRP-USP, Departamento de Psicologia - Ribeirão Preto/SP - Brasil

Autor correspondente:
Érika Arantes Oliveira Cardoso
E-mail: erikaao@ffclrp.usp.br
E-mail alternativo, de preferência institucional: erikaao@ffclrp.usp.br

Submetido em: 05/06/2023
Aceito em: 28/11/2023

Conflito de Interesses: Os autores não declaram conflito de interesses.

Apoio Financeiro: O presente estudo contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).

Contribuições: Érika Arantes Oliveira Cardoso - Coleta de Dados, Conceitualização, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Pamela Perina Braz Sola - Coleta de Dados, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Jorge Henrique Corrêa Santos - Coleta de Dados, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Juliana Tomé Garcia - Conceitualização, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Ana Clara Buson Carvalho - Coleta de Dados, Investigação, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Lucas Santos Lotério - Gerenciamento do Projeto, Investigação, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Manoel Antônio Santos - Conceitualização, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão.

 

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