Rev. bras. psicoter. 2022; 24(3):13-26
Freire KES, Hessel BRCCBA, Dazzani MV, Marsico G. Desigualdade social, adultez emergente e saúde mental: uma análise a partir de um caso clínico atendido em um projeto de acolhimento psicológico. Rev. bras. psicoter. 2022;24(3):13-26
Artigo Original
Desigualdade social, adultez emergente e saúde mental: uma análise a partir de um caso clínico atendido em um projeto de acolhimento psicológico
Social inequality, emergent adulthood and mental health: an analysis of a case treated in a project of psychology support
Desigualdad social, adultidad emergente y salud mental: un análisis a partir de un caso ayudado en un proyecto de acogida psicológica
Klessyo do Espirito Santo Freirea; Beatriz Ribeiro Cortez Cardozo Barata de Almeida Hessela; Maria Virgínia Dazzania; Giuseppina Marsicoa,b
Resumo
Abstract
Resumen
INTRODUÇÃO
A relação entre a saúde mental e a desigualdade social tem sido apontada como prejudicial para os indivíduos. Segundo estudo realizado por Marín-Leon et al.1, sugere-se uma maior prevalência de transtornos mentais comuns associados às condições socioeconômicas desfavoráveis, dentre as quais destaca-se a ansiedade e a depressão, gerando prejuízos na qualidade de vida e limitações nas atividades do cotidiano.
Uma das consequências da desigualdade social é o suporte social incipiente, expressado sobretudo na ausência e ineficiência de políticas públicas para lidar com questões sociais que geram sofrimento psíquico, como crenças preconceituosas e atitudes discriminatórias relacionadas a determinados segmentos da população, e contextos de dificuldades socioeconômicas. Nessa perspectiva, estudos indicam que o apoio social é um fator de proteção para a saúde mental, diminuindo a incidência dos sintomas de diversos transtornos mentais e do estresse cotidiano1,2. O apoio social pode ser compreendido como o suporte disponibilizado para as necessidades dos indivíduos em diversas dimensões, sejam materiais e socioeconômicas, assim como físicas e psicológicas. Para além das políticas públicas, esse apoio social pode ser constituído por quaisquer pessoas que forneçam o suporte necessário e em quem o sujeito confie, como familiares, vizinhos, amigos, colegas de trabalho, dentre outros2 .
As conclusões às quais chegaram tais estudos1,2 apontam que os efeitos da desigualdade social se manifestam na rede de relações interpessoais na qual o indivíduo está imerso. Com isso, reforça-se a necessidade de entender de maneira microgenética como ocorre a relação entre desigualdade social e saúde mental. Esse aspecto entra em consonância com a discussão acerca da necessidade de considerar o indivíduo a partir de uma perspectiva idiográfica em saúde mental e nas ciências clínicas psicológicas, buscando analisar como os fenômenos sociais se expressam singularmente em cada indivíduo3 .
Além disso, para exemplificar como os marcadores sociais influenciam a saúde mental da população jovem referida do presente estudo, alguns estudos clínicos apontam que, em comparação aos homens, as mulheres têm uma maior prevalência de alguns transtornos mentais, tais como ansiedade, depressão e consumo prescrito de psicotrópicos4. Um período em especial no desenvolvimento humano, e que tem sido objeto de estudo das ciências clínicas e desenvolvimentais, é a adultez emergente, que compreende o período de 18 a 30 anos de idade. Este é um período do ciclo vital suscetível à ocorrência de comprometimentos na saúde mental, assim como a uma maior incidência de tentativas de suicídio, visto ser um período de extensão simbólica da adolescência, de descobertas, mas também de dificuldades em várias dimensões da vida5,6. Isso ocorre em virtude de aspectos relacionados ao modo de vida contemporâneo, uma vez que na sociedade capitalista o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, gerando nos jovens adultos a necessidade de um aperfeiçoamento profissional e/ou acadêmico contínuo e, consequentemente, prolongando a relação de dependência financeira com os pais e/ou responsáveis. De acordo com Paulino et al.5, na contemporaneidade, os jovens adultos são obrigados a compartilhar a mesma residência com os seus familiares por falta de independência financeira durante os anos iniciais da sua adultez5,6.
Nessa perspectiva, devido à desigualdade social e à escassez de oportunidades no mercado de trabalho, muitas vezes, o jovem adulto não possui condições de sustento socioeconômico e de moradia própria, gerando, assim, uma relação de dependência econômica com os familiares. Esse processo pode ocasionar prejuízos no autoconceito, na autoeficácia e no desenvolvimento das habilidades sociais dos jovens, além de maior ocorrência de ansiedade e depressão5,6.
Considerando tais aspectos, este estudo teve por objetivo compreender de que maneira a desigualdade social promove repercussões na saúde mental de uma jovem adulta atendida em um projeto de acolhimento psicológico vinculado a um grupo de extensão de uma universidade pública federal no estado da Bahia. Para responder a esse objetivo, apresentaremos a análise da entrevista de uma paciente do sexo feminino, em idade pertencente ao período desenvolvimental da adultez emergente, e que foi atendida no referido projeto. Para a análise dos dados, foi utilizado como referencial teórico a Psicologia Cultural Semiótica, que parte da premissa de que a linguagem é uma ferramenta semiótica intrapsíquica utilizada pelo indivíduo para interagir na sociedade e regular suas experiências no mundo7.
Nesse sentido, essa abordagem resgata o papel da cultura como reguladora de processos psicológicos superiores, através de uma relação bidirecional entre a pessoa e o mundo. Parte da concepção de que as pessoas utilizam-se de signos para construir sentidos e significados os quais regulam suas ações nos diversos contextos de sua vida. Deste modo, tal abordagem procura investigar os fenômenos psicológicos em nível microgenético, buscando a emergência e a interrupção de estados psíquicos do ser humano a partir de uma perspectiva qualitativa e idiográfica7,8.
Neste estudo, pretendeu-se oferecer uma perspectiva microgenética e desenvolvimental que dialoga com a psicologia clínica, destacando como aspectos sociais podem contribuir como fatores protetivos ou catalisadores de prejuízos à saúde mental de indivíduos no período da adultez emergente. Este trabalho busca oferecer uma perspectiva qualitativa sobre o fenômeno da desigualdade social na sua relação com a saúde mental de jovens adultos, em contraponto às análises quantitativas sobre a temática6, visando oferecer uma compreensão singular desse fenômeno que perpassa diversas dimensões e esferas sociais, tais como a saúde mental, a vida universitária, o mercado de trabalho, dentre outras.
MÉTODO
Foi realizado um estudo com desenho qualitativo de cunho idiográfico, buscando compreender os sentidos e significados que uma pessoa atribui a determinados problemas e fenômenos ocorridos em sua vida9,10. A perspectiva idiográfica utilizada nesse estudo teve como principal característica a fundamentação em casos individuais, buscando a generalização dos resultados através do diálogo com outras pesquisas realizadas sobre o tema. Nesse tipo de estudo, as particularidades são fundamentais para a construção de um conhecimento geral7.
Assim, a investigação partiu de um projeto de pesquisa que visou compreender o sofrimento psíquico de estudantes universitários atendidos em um projeto de extensão vinculado a um grupo de pesquisa de uma universidade pública federal da Bahia, o qual oferecia acolhimento psicológico realizado na modalidade remota (online). Esse projeto de extensão surgiu durante o período da pandemia da Covid-19 e teve como proposta um modelo de atendimento cujas características se aproximam do acolhimento psicológico, do plantão psicológico e da psicoterapia breve11,12. Através dele o paciente é acolhido em, aproximadamente, dez encontros (1 encontro por semana, com duração média de 50 minutos cada), visando auxiliá-lo a lidar com situações de crise e/ou urgência psíquica que estejam trazendo algum grau de sofrimento psíquico. Os atendimentos são voltados aos estudantes com idade igual ou superior a 18 anos, vinculados a universidades públicas da Bahia, além do público em geral. Os acolhimentos são realizados por profissionais de psicologia recém formados e estudantes de psicologia, devidamente supervisionados por uma equipe de psicólogos com experiência nessa modalidade clínica1.
A coleta de dados fundamentou-se em uma entrevista semiestruturada realizada com uma das pessoas acolhidas no projeto de extensão, alguns meses após ter sido concluído seu processo de acolhimento psicológico.
Caracterização da participante
Júlia (nome fictício) é mulher, tinha 24 anos durante o período no qual ocorreu o acolhimento, era estudante universitária, identificou-se como uma pessoa parda, do gênero feminino e de orientação homossexual. Foi acolhida durante 10 sessões no primeiro semestre do ano de 2021. A entrevista semiestruturada foi realizada no final de 2021, após a finalização do período do seu acolhimento psicológico.
Aspectos éticos
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Bahia, com o número do parecer 4.577.293 e CAAE 41877120.8.0000.5686. Respeitou-se todos os aspectos éticos expressos nas resoluções nº 510 de 7 de abril de 2016, e nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde13,14. A participante foi informada sobre o objetivo da pesquisa e a possibilidade de publicação dos dados. Durante a entrevista, foram preservados todos os procedimentos éticos necessários, visando o seu bem-estar.
Instrumentos e procedimentos de coleta de dados
A pesquisa utilizou como recurso metodológico o estudo de caso e como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada10,15. A entrevista semiestruturada teve como roteiro as seguintes perguntas: 1) O que te levou a procurar atendimento psicológico?; 2) Quais questões te motivaram a procurar atendimento psicológico?, 2.1) Quando essas questões surgiram?, 2.2) Você poderia detalhar como isso ocorreu?; 3) Em que momentos percebe que essas questões aparecem na sua vida?; 4) Como você chegou até o projeto de acolhimento?; 5) Você poderia destacar os principais pontos relacionados a sua vida (pessoal, acadêmica, profissional, emocional...) tratados durante o seu acolhimento?; 6) Como você avalia o acolhimento?, 6.1) O acolhimento que você recebeu trouxe algum benefício para a sua vida? Se sim, quais?, 6.2) Poderia descrever como o acolhimento te ajudou a lidar com suas questões pessoais?; 7) Em que medida as questões que motivaram a sua procura pelo projeto de acolhimento têm relação com a universidade e com a sua trajetória universitária?, 7.1) E com o seu curso, professores, colegas e funcionários da universidade?; 8) Você está sendo acompanhada por algum profissional da saúde mental neste momento? Se sim, qual?; 9) Como você se sente atualmente?, 9.1) Que expectativas você têm em relação ao seu futuro?.
A participante foi selecionada através dos prontuários dos pacientes atendidos no referido projeto de acolhimento. Para tanto, foram utilizados os seguintes critérios: 1) Ter finalizado o processo de acolhimento vinculado ao referido projeto; 2) Ser estudante universitária da universidade pública federal à qual o projeto estava vinculado; 3) Não ter apresentado qualquer transtorno mental severo, como esquizofrenia, por exemplo. A entrevista ocorreu através da plataforma Google Meet, devido às condições sanitárias e ao distanciamento social impostos pela pandemia da Covid-19, foi gravada e posteriormente transcrita e compartilhada com a participante, para que pudesse reler, acrescentar informações que julgasse relevantes e/ou excluir aquelas que não quisesse compartilhar.
ANÁLISE DOS DADOS
Como recurso para a análise dos dados, utilizou-se a proposta de análise das dinâmicas semióticas de Valsiner7. Tal análise centrou-se nos signos, nos sentidos e significados atribuídos ao fenômeno do sofrimento psíquico da estudante que fora acolhida pelo referido projeto de extensão. Deste modo, foram identificados na transcrição: 1) As interpretações que a participante atribuiu ao seu estado de sofrimento psíquico; 2) Os eventos que serviram como catalisadores do estado de sofrimento psíquico e 3) Os signos que participaram como catalisadores do sofrimento psíquico.
A análise dos dados ocorreu através de uma abordagem qualitativa e centrou-se nos seguintes passos: 1) Imersão inicial e profunda nos dados; 2) Categorização dos dados a partir do próprio conteúdo da entrevista; 3) Descrição dos conceitos e eventos presentes na categorização de dados; 4) Interpretação do material a partir das categorias levantadas10. A partir da interpretação dos dados foi feito o método de avaliação por pares, no qual dois diferentes pesquisadores realizaram a análise, minimizando possíveis vieses de interpretação9,10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O caso em questão diz respeito a uma estudante universitária nomeada Júlia (nome fictício), que morava na região sudeste do Brasil e mudou-se para o nordeste do país com o objetivo de estudar em uma universidade pública da Bahia. A entrevista foi realizada quando Júlia havia finalizado a sua graduação e retornado para a sua cidade natal. Durante a graduação, recebeu bolsas de auxílio estudantil para permanecer na universidade. Ela relatou ter procurado o projeto de acolhimento psicológico devido ao fim do curso e às crises de ansiedade que estavam emergindo, decorrentes desse processo.
O primeiro ponto de análise foi a interpretação que a participante fez das situações em que ocorre o seu sofrimento psíquico. Para realizar esse primeiro ponto, a análise foi fundamentada na concepção de Abramov e Júnior16, que consideram o sofrimento psíquico em sua dimensão qualitativa e que surge através da realidade perceptual da pessoa. Nesse sentido, em consonância com a psicologia cultural semiótica7, o fenômeno psicopatológico é investigado a partir de eventos ou signos catalisadores de estados psíquicos que trazem um prejuízo clínico e significativo para o indivíduo. A noção de catálise foi tomada de empréstimo da ciência natural da química e aplicada à ciência psicológica, e visa compreender quais signos ou eventos no contexto social do indivíduo inibem ou promovem determinado estado psicológico17. Já os signos, segundo Valsiner7, se referem a recursos semióticos que o indivíduo utiliza para regular suas ações no mundo através de uma relação bidirecional entre pessoa e ambiente.
A partir da análise realizada do relato de Júlia, foram identificadas as seguintes categorias que se relacionavam com o seu sofrimento psíquico: 1) Preocupação com questões financeiras e com o mercado de trabalho; 2) Falta de auxílio estudantil e dificuldades de permanência na universidade; 3) Dificuldades nas relações interpessoais; 4) Dificuldades relativas à identidade pessoal.
A primeira categoria intitulada "Preocupação com questões financeiras e com o mercado de trabalho" diz respeito a trechos nos quais Júlia apresentou uma série de questionamentos relacionados a não conseguir se colocar no mercado de trabalho, trabalhar em um emprego que não fosse prazeroso, medo de ter um emprego precarizado, falta de concursos públicos na sua área de atuação e falta de recursos para acessar bens de consumo. Já a segunda categoria, "Falta de auxílio estudantil e dificuldades de permanência na universidade", diz respeito a relatos de dificuldades de moradia, dificuldades financeiras para permanecer na universidade, auxílio estudantil insuficiente e término das bolsas de auxílio que recebia. A terceira categoria, "Dificuldades nas relações interpessoais", trata de questões apresentadas por Júlia relativas a relacionamentos conflituosos com familiares, amizades e namorada. Por fim, a quarta categoria, "Dificuldades relativas à identidade pessoal", expressa relatos nos quais Júlia trouxe mudanças em sua autoimagem e autoconceito, dificuldades de gerenciar conflitos intrapsíquicos e de resolução de problemas, dificuldades em lidar com a autonomia e discrepância entre comportamentos aprendidos na família e na vida universitária atual.
Na análise relativa aos eventos catalisadores de estados psicológicos relativos ao sofrimento psíquico, destacou-se os seguintes eventos vivenciados por Júlia: a expulsão de casa por um familiar; dificuldades em encontrar uma nova moradia; relacionamento conflituoso com a namorada; problemas de relacionamento com colegas enquanto morava em uma república estudantil; relacionamento conflituoso com uma professora; término da bolsa de auxílio estudantil; retorno a morar na casa dos pais. Já os signos que participaram como catalisadores do sofrimento psíquico foram: "ansiedade", "vontade de fazer nada" e "isolamento".
A partir dos dados levantados, é possível inferir que a desiguladade social pode afetar a saúde mental do indivíduo de forma marcante, corroborando os dados encontrados na literatura1,2. De acordo com Valsiner7, os indivíduos regulam suas ações no mundo através de signos em uma relação bidirecional com os diversos contextos culturais no qual estão inseridos. Estes contextos fornecem sugestões, colocando em diálogo a cultura pessoal e a cultura coletiva da pessoa. No plano microgenético, a falta de suporte emocional e socioeconômico pode influenciar a regulação semiótica das ações pessoais no ambiente, expressos nos sentidos e significados que a pessoa constrói sobre si e sobre a sua relação com o mundo7. No caso analisado, foram identificados diversos fatores individuais e coletivos que atuaram na percepção que Júlia tinha sobre si mesma e sobre a sua vida. A instabilidade em relação ao futuro, gerada principalmente pela ausência de políticas sociais de auxílio, relacionou-se com diversos estados de comprometimento da saúde mental da participante. Esse aspecto pode ser identificado no trecho a seguir:
"Eu estava dependendo muito dos outros para concluir a minha graduação, foi um processo muito difícil a minha graduação. A bolsa me dava auxílio em dinheiro, mas tinham outras coisas que eu também precisava, por exemplo moradia (...). Mas ainda assim eu tinha que viver com 200 e poucos reais e depois tinha que tentar procurar estágio ou procurar ainda outra coisa, e tudo isso com o medo de perder a bolsa, enfim. Eu vivia de ajuda de amigos e de parentes." (Júlia)
"Eu teria que voltar a trabalhar ou com isso (sua área de formação) ou escritório ou em loja ou enfim, arranjar qualquer emprego. Porque como a gente é baixa renda não pode se dar ao luxo de ficar sem trabalho. E eu teria que trabalhar em empregos que eu não gosto..." (Júlia)
"Não sei identificar muito se estou deprimida ou se eu estou com ansiedade. (...) eu não faço nada. Tipo, absolutamente nada! (...) Simplesmente não faço absolutamente nada, fico deitada pensando nas coisas, tipo sentindo medo de a bolsa (de auxílio universitário) suspender, de ficar sem emprego, o que eu vou fazer da minha vida, pensando e criando possibilidades futuras que não acontecerão... E eu não sinto vontade de fazer nada, só dormir ou ficar deitada o tempo todo olhando para o nada." (Júlia)
"Convivi na faculdade com pessoas muito diferentes de mim que gostavam muito de sair e tudo mais e dançar, e aí tipo eu nunca vi problema nisso. Cada um faz o que quer, só que o problema é que as pessoas viam problema em mim. Então todas as relações que eu construí na universidade foram pessoas tentando mudar a mim e eu nunca à elas, sempre elas a mim. (...) Isso foi minando minha confiança e foi ficando cada vez mais... tipo, eu achava que toda vez que fosse encontrar, ter alguma dificuldade, eu não ia conseguir pôr limite nas relações, eu não ia falar pras pessoas que eu estava insatisfeita e sempre que eu fosse tentar falar, elas iam fazer que nem minha ex-namorada, tipo distorcer tudo e fazer eu passar por louca e fazer aquela tortura psicológica." (Júlia)
"Fico pensando... aí não sinto vontade de fazer nada, de nada, absolutamente nada! E atividades que tenho que fazer, eu sei que tenho que fazer, mas não consigo fazer... parece uma força invisível que me prende, que eu não consigo simplesmente fazer. (...) eu tive também umas crises de choro na época do final do curso por conta de emprego e eu me sentia muito sozinha, assim que eu percebia que tinha alguma coisa muito errada acontecendo. E o isolamento também. Eu me isolo muito das pessoas, eu não respondia ninguém (nas redes sociais)." (Júlia)
"E voltei (para a cidade natal) não sendo mais a mesma. Enfim, várias questões... estava muito ansiosa com isso e estava paralisada (...) Era um problema pra mim... a questão da autoimagem (...), a forma como eu me enxergava e como os outros me viam era uma questão pra mim, tipo me gerava sofrimento." (Júlia)
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