Rev. bras. psicoter. 2022; 24(2):19-42
Zatti C, Both LM, Bastos AG, Oliveira SES, Favaretto TC, Guimarães LSP. Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2) em pacientes com comportamento suicida prévio. Rev. bras. psicoter. 2022;24(2):19-42
Artigo Original
Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2) em pacientes com comportamento suicida prévio
Operationalized Psychodynamic Diagnosis (OPD-2) in patients with previous suicidal behavior
Diagnóstico Psicodinámico Operacionalizado (OPD-2) en pacientes con conducta suicida previa
Cleonice Zatti, Luciane Maria Both, Andre Goettems Bastos, Sérgio Eduardo Silva de Oliveira, Taís Cristina Favaretto, Luciano Santos Pinto Guimarães, Lucia Helena Machado Freitas
Resumo
Abstract
Resumen
INTRODUÇÃO
As ações de atendimento e a pesquisa com pacientes em risco de suicídio necessitam de contribuições qualificadas. Do mesmo modo, os procedimentos diagnósticos e psicoterapêuticos implementados com essa população necessitam de um olhar atento ao risco, principalmente após o indivíduo ter realizado uma tentativa de suicídio (TS).
Um estudo no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre/RS comparou o risco de suicídio e o nível de sintomas depressivos em pacientes com e sem TS. Assim sendo, os resultados indicaram que 97,8% do grupo controle não apresentou risco de suicídio, já na análise do grupo de caso, os pesquisadores descobriram que 94,4% dos pacientes apresentavam um aumento elevado do risco de uma nova TS e a presença de Transtorno Depressivo Grave1.
Sob esse enfoque, foi realizado, também, um estudo prospectivo na Espanha, que acompanhou 371 participantes adultos que haviam tentado suicídio2. Os participantes da pesquisa espanhola foram acompanhados desde a inclusão até a próxima TS, a morte por outras causas, a perda do paciente ou após no máximo dois anos desde a TS. Dessa amostra, 70 participantes (19%) tentaram novamente uma ação suicida, sendo que 60% das novas tentativas ocorreram nos primeiros 6 meses. Assim, os fatores que se mostraram fortemente associados às novas tentativas foram traços de transtornos de personalidade e a baixa adesão aos tratamentos indicados2.
Nessa perspectiva, pesquisadores apontam que, nos últimos 20 anos, mais que dobrou o número de pacientes que ingressam nos serviços de emergência por tentativas de suicídio3,4. Esses estudos mostram que cerca de 3% dos pacientes de pronto atendimento médico apresentam ideação suicida e que até 25% desses irão fazer uma tentativa de suicídio no próximo ano. Além disso, a maioria dos casos que apresenta ideação suicida nos Hospitais de Pronto Socorro têm histórico psiquiátrico e teve perdas de pessoas significativas na infância5.
No Brasil, as pesquisas de seguimento no campo da saúde mental, seja pós-hospitalar, seja ambulatorial, sofrem um grande problema em relação ao número de desistências ou de abandono no seguimento2,6. Em relação a esse problema, Irigoyen et al. (2019) e Bulloch et al. (2010) argumentam que pacientes gravemente doentes estão mais propensos a desistir de comparecer às consultas devido à consciência insuficiente da gravidade da doença. Outra característica comum do problema é a alta taxa de abandono característica da população psiquiátrica devido a não adesão ao tratamento e à falta de cooperação2,6. Já Jiménez pontua que um conjunto flexível de intervenções adaptadas às características de cada paciente e/ou seu transtorno promovem maior probabilidade de adesão e mudanças no processo psicoterápico7.
A partir dessas considerações, observa-se a importância de uma avaliação abrangente e profunda de pacientes em sofrimento psíquico grave visando à compreensão do seu funcionamento psicológico, a fim de instrumentalizar profissionais da saúde mental para melhor acolher, entender e direcionar o foco de tratamento, ponto inicial para o trabalho terapêutico. Diante disso, o instrumento Diagnóstico Operacionalizado Psicodinâmico (Operationalisierte Psychodynamische Diagnostik- OPD) busca integrar aspectos da sintomatologia descritiva, comum dos manuais diagnósticos, à dimensão psicodinâmica. Assim, através de uma entrevista semiestruturada, busca-se a integração de cinco eixos: Eixo I "Vivências da Doença e Pré-requisitos para o Tratamento", Eixo II "Relações Interpessoais", Eixo III "Conflito Psíquico", Eixo IV, "Estrutura Psíquica" e Eixo V "Diagnóstico", conforme o DSM ou a CID8.
O OPD, em sua segunda versão, demonstrou que pode ser utilizado em diversos contextos clínicos e perturbações psíquicas, como com pacientes que sofreram violência doméstica, para Transtorno de Estresse Pós-Traumático9 e Estresse Agudo10 e pacientes psicóticos11lack of clarity and consensus among clinicians in the constructs operationalization and analysis of reliable results. A rigorous and reliable psychodynamic diagnosis that allows a homogenization of evaluation criteria, increases communication within the scientific community and approaches research to practice. The OPD2's - Operationalized Psychodynamic Diagnosis - objective is to operationalize psychoanalytic constructs, through semi-structured interviews, to formulate a psychodynamic multi-axial diagnosis based on 5 axes: experience of the illness and prerequisites for the treatment (Axis I. No entanto, apesar de ser uma ferramenta clínica essencial em relação à compreensão multidimensional dos sujeitos12, uma revisão sistemática de literatura, a qual buscou por estudos empíricos que utilizaram o OPD-2 publicados entre os anos de 2012 até 2017, mostrou que o número de produções sobre o assunto ainda não é significativo.
Em razão disso e observando que não há estudos sobre aplicabilidade do OPD-2 em pacientes com TS, esta presente pesquisa tem como objetivo analisar dois casos de seguimento, utilizando do sistema de Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado8. Espera-se, então, que os dados possam contribuir com o entendimento acerca do funcionamento psicodinâmico de pacientes que fizeram TS, além de ampliar os conhecimentos sobre essa população.
MÉTODO
O presente estudo refere-se à segunda fase de uma pesquisa com delineamento de caso-controle5, e, a seguir, são descritas as suas fases.
A fase 1 consiste em uma pesquisa de caso-controle, realizada com 84 pacientes adultos (28 casos e 56 controles) internados ou que estiveram em atendimento na sala de emergência, no período de agosto de 2015 a março de 2016, no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre/RS (HPS). O objetivo geral da pesquisa, iniciada em 2015, teve como objetivo principal identificar a ocorrência de traumas infantis, de apoio social e de expressão de raiva em adultos sobreviventes de suicídio atendidos no HPS. Dos 28 casos de tentativa de suicídio, apenas 5 pacientes, no momento da aplicação da pesquisa de caso-controle, recusaram a possibilidade de contato futuro. Logo, para a fase 2, existiam 23 potenciais participantes.
A pesquisadora principal realizou contato com os 23 pacientes da pesquisa de caso-controle, e os contatos registrados de 14 deles constavam como "números de telefone inexistentes". Então, buscaram-se informações atualizadas com o HPS, porém não se obteve sucesso com a lista atualizada enviada pelo hospital. Sendo assim, o total de pacientes contatados foram 9, sendo que, em 7 casos, houve recusa de participação do follow up, resultando em 2 casos reavaliados com sucesso na fase 2.
A fase 2 utilizou métodos mistos concomitantes (análise quali-quantitativa), e a coleta de dados ocorreu entre maio e dezembro de 2019. Em relação às entrevistas de avaliação pelo OPD-2, elas foram realizadas presencialmente por duas psicólogas com experiência na temática, acompanhadas de uma psiquiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS que tem treinamento específico para a utilização do protocolo OPD-2. É importante ressaltar que nenhum dos pacientes apresentava risco de suicídio no momento da entrevista.
Caracterização da amostra
Participante 1: homem, 46 anos de idade. Tentou suicídio em fevereiro de 2016 por enforcamento. Tinha histórico de alcoolismo paterno, com situações significativas de negligências na infância. Havia realizado uma consulta com um profissional de saúde 7 dias antes da TS. Durante a entrevista com a pesquisadora na fase 1, relatou estar com pensamentos claros sobre uma nova tentativa, porém com outros métodos: tiro na cabeça ou facada. Em 2019, durante a entrevista da fase 2, relatou estar alegre por ter sobrevivido ao ato, sem tentativas posteriores.
Participante 2: homem, 25 anos de idade. Tentou suicídio em março de 2016 por queda de altura (de 5 metros). Sofreu fratura medular e hematomas na cabeça e nas pernas. Tinha histórico de situações de abusos sexuais na infância. Havia realizado uma consulta com um profissional de saúde mental 15 dias antes da TS. Em 2019, durante a entrevista da fase 2, relatou estabilidade emocional e física após realizar alguns procedimentos cirúrgicos em decorrência da ação, sem tentativas posteriores.
Aspectos éticos
O estudo fica regido pelo Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) com o seguinte registro: 44823315.1.0000.5327, via plataforma Brasil, aprovada uma emenda em 2018 pelo CEP-HCPA por meio do parecer de número 2.731.908, relatado em 23 de junho de 2018.
Os pacientes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e a publicação dos dados. Durante a aplicação, preservou-se o bem-estar dos participantes, de modo que eles ficassem livres para deixar de responder a qualquer questão ou desistir em qualquer momento da aplicação dos instrumentos. Além disso, houve a preservação da identidade das pessoas envolvidas, bem como a confidencialidade e o sigilo de informações pessoais. Por fim, os participantes consentiram a participação na pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Instrumentos
Questionário sociodemográfico: foi elaborado um questionário para a obtenção de informações gerais dos participantes, composto de questões abertas e fechadas sobre aspectos de gênero, idade, grau de instrução, renda, tipo de ocupação e estado civil.
Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2; Task Force OPD-2, 2008)13: o OPD-2 permite uma avaliação quantitativa e qualitativa do funcionamento psicodinâmico de pacientes e surge como uma alternativa aos sistemas de classificação de transtornos mentais mais populares, a saber, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Esses manuais têm sido amplamente utilizados, e suas sistematizações possibilitam a comunicação entre profissionais do mundo todo, porém ambos estão muito longe do ponto de vista psicanalítico8. Trata-se de um sistema diagnóstico multiaxial composto por cinco eixos: Eixo I - experiência da doença e pré-requisitos para o tratamento; Eixo II - relações interpessoais; Eixo III - conflitos; Eixo IV - estrutura; e Eixo V - psicossomática e transtornos mentais de acordo com a CID-10. Para esta pesquisa, foi usada a versão brasileira disponível do manual OPD-2, traduzido e revisado por André Goettems Bastos e equipe & Rui Aragão Oliveira e equipe8.
Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço (STAXI-2; Spielberger et al, 1983)14: o instrumento tem 57 itens, os quais proporcionam 12 medidas, a saber: Estado de Raiva (ER); Sentimento de Raiva (E-SR); Vontade de Expressar Raiva Verbalmente (E-RV); Vontade de Expressar Raiva Fisicamente (E-RF); Traço de Raiva (TrR); Temperamento de Raiva (Tr-TR); Reação de Raiva (Tr-RR); Expressão de Raiva para Fora (ExRF); Expressão de Raiva para Dentro (ExRD); Controle de Raiva para Fora (CRF); Controle de Raiva para Dentro (CRD); e Índice de Expressão de Raiva (IER). Além disso, o instrumento apresenta adequadas propriedades psicométricas15.
Biópsia Psicológica (BP; Zatti & Freitas, 2019)16: o questionário Biópsia Psicológica foi desenvolvido por Zatti e Freitas (2019) e visa a identificar histórias traumáticas, ideação suicida e tentativas de suicídio prévias, além de conhecimento de letalidade do método e autoagressão16.
Defensive Style Questionnaire (DSQ-40; Bond et al, 1983)17: avalia os mecanismos de defesa de um indivíduo através de 40 itens. Logo, as defesas são divididas em 3 fatores: maduro, neurótico e imaturo. Foi utilizada a versão adaptada para o Brasil de Blaya (2004)18.
Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI; Sheehan et al, 1998)19: entrevista diagnóstica padronizada brevemente (com duração de 15 a 30 minutos). Foi utilizada apenas a parte "C" do instrumento, que avalia o risco de suicídio, e aplicada a versão brasileira de Amorim (2000)20.
Beck Depression Inventory (BDI; Beck et al., 1961)21: é um dos instrumentos mais utilizados para medir a severidade de episódios depressivos. Esse instrumento consiste em questões de autorrelato com 21 itens de múltipla escolha. Foi utilizada a versão brasileira de Gorestein (1998)22.
Medical Outcomes Study (MOS; Sherbourne & Stewart, 1991)23: trata-se de uma escala de apoio social que avalia as seguintes dimensões: material (disponibilidade de serviços práticos e materiais), afetivo (demonstração física de afeto), emocional (receber demonstrações afetivas e empáticas e estimar a habilidade da rede social em satisfazer as necessidades emocionais do indivíduo), informação (informações, diretrizes e aconselhamentos para enfrentar dificuldades) e interação social positiva (ter alguém para fazer atividades agradáveis). São 21 questões respondidas em uma escala Likert de cinco pontos (ou seja, descrever os pontos extremos da escala). Foi utilizada a versão brasileira de Griep (2005)24.
Inventário de Personalidade para o DSM-5 - Forma Breve (PID-5-BF): instrumento que avalia os traços patológicos da personalidade do modelo alternativo dos transtornos da personalidade do DSM-525. O PID-5-BF é composto por 25 itens, respondidos em escala Likert de quatro pontos (em que 0 = nunca e 3 = sempre), sendo cinco itens para cada um dos cinco traços patológicos da personalidade: Afetividade Negativa, Distanciamento, Antagonismo, Desinibição e Psicoticismo. Foi utilizada a versão brasileira de Zatti e colaboradores (2020)26.
ANÁLISE DE DADOS
Dados das narrativas das entrevistas
As entrevistas foram realizadas por profissionais experientes em psicoterapia psicodinâmica e gravadas em formato de áudio, com o consentimento dos participantes. As gravações foram transcritas e posteriormente analisadas de acordo com o método do OPD-28.
Dados dos escores dos instrumentos
A análise de dados quantitativos foi realizada por meio da categorização dos dados de acordo com: (a) o relato do paciente sobre suas experiências de vida e seus relacionamentos interpessoais; (b) as capacidades estruturais exibidas pelo paciente durante a entrevista; (c) as próprias observações e reflexões do paciente sobre si mesmo, suas características e seu modo de agir; (d) os conflitos; e (e) a estrutura. Já a operacionalização do OPD ocorreu conforme os quatro primeiros eixos do sistema, com a elaboração do entendimento sobre o funcionamento do paciente.
Dois juízes independentes, treinados no sistema multiaxial do OPD-2 e habilitados para sua aplicação, pontuaram o instrumento de forma independente. Assim, as entrevistas foram codificadas na planilha OPD. Utilizou-se o coeficiente Kappa para avaliar a confiabilidade de cada eixo, e a concordância entre os juízes foi substancial em cada um desses eixos. Assim sendo, houve 63% de acordo no Eixo I, 63% no Eixo III e 75% no Eixo IV.
As pontuações obtidas no MOS, PID-5, STAXI e BDI foram realizadas com base no manual de instruções desses instrumentos.
RESULTADOS
Primeiramente, é importante informar que sete dos nove pacientes contatados para a segunda fase da pesquisa apresentaram uma importante repulsão em seguir colaborando com as entrevistas. Os dois pacientes que aceitaram participar da segunda fase serão chamados de Zeus e Hades. Ambos são nomes fictícios retirados da mitologia grega, o primeiro foi atribuído pela força que o imperava com trovões, onde o limite é o céu, e o segundo pela tristeza que o imperava no domínio das profundezas. Zeus, ao receber a ligação da pesquisadora, disse: "Participar de uma pesquisa?! Claro que aceito, ainda mais se estarei contribuindo para ajudar outras pessoas que passaram pelo mesmo problema que eu. Só que trabalho em dois empregos, então só tenho um dia de folga, que é dia XX. Pode ser?!" Hades, ao receber a ligação, relatou: "Me sinto melhor do que em 2016. Passei por cirurgias, mas tô bem. Lembro que conversei com alguém no HPS sobre 'o que eu tinha feito' pra estar internado. A pesquisa demora muito? Podemos fazer em uma manhã?" Assim, ambos demonstraram interesse, e as entrevistas foram agendadas.
Descrição dos casos por meio da Biópsia Psicológica
Zeus se apresentou na entrevista como um homem alegre e bastante enérgico. Naquele momento, ele estava com 46 anos de idade, era casado há sete anos e tinha uma filha de seis anos de idade. A única vez que tentou suicídio foi em 2016, e então ele seguiu os tratamentos indicados pelo HPS. Além disso, Zeus fazia planos para o futuro da filha, referindo como saída saudável o investimento na educação para o crescimento dela. Em relação ao passado, ele relatou períodos de negligências sofridos na infância, com situações de agressões físicas sofridas em decorrência das brigas com o pai alcoólatra. Zeus frisou, durante a entrevista, sua força para sair das situações mais difíceis já enfrentadas, e como a sua visão de mundo mudou após a TS. Nessa perspectiva, ele relatou: "hoje dou mais valor para a vida e tenho minha filha para cuidar!". Comentou, ainda, que, se tivesse morrido, "tudo acabaria, afinal, morrer é morrer. Não acontece mais nada! Não teria como entrar em contato com quem fica, porque tudo acaba!".
Já Hades se apresentou na entrevista de forma rígida e fria, com aspecto visual entristecido e olhar cabisbaixo. A TS em 2016 por queda de altura foi a sua única tentativa. Depois da internação, Hades passou por procedimentos cirúrgicos por causa de lesões causadas pela queda. Além disso, após a avaliação psiquiátrica de emergência na situação de crise, ele seguiu as orientações da equipe hospitalar e fez tratamento em saúde mental na unidade de referência. A história de vida de Hades é marcada por muitas situações conflituosas com a mãe, à medida que o pai se demonstrou ausente. Na infância, sofreu abuso sexual por garotos mais velhos que eram seus vizinhos. Ele contou que os vários traumas sofridos deixaram marcas nele: "sobre a situação do abuso, eu me culpava por ela! ". Naquela situação, não contou o que aconteceu para a mãe e relatou que naquele período iniciou a prática religiosa como uma forma de "se desculpar com Deus": "achava que eu seria punido. Eu precisava de punição. Quando fiz a TS, estava com estes pensamentos na minha cabeça. Às vezes fico me sentindo sozinho e sem esperança." Sobre projetos futuros, Hades disse que já tinha iniciado duas vezes uma graduação, mas que não conseguiu terminá-la. Para o ano seguinte a esta entrevista, disse que faria a inscrição em um curso e que queria ir até o final. Ele contou, ainda, que o comportamento suicida apresentado anteriormente causou tristeza nos familiares. Disse que sua visão de mundo sofreu mudanças após a proximidade com a morte: "sempre me senti sozinho e tentei suicídio porque estava no desespero, me sentindo culpado! Se eu morresse, aconteceria um julgamento de Deus. Quando uma pessoa morre, os pensamentos não terminam."
Descrição dos casos por meio do Diagnóstico Psicodinâmico Operacionalizado (OPD-2)
A análise psicodinâmica dos participantes, realizada por meio do OPD-2, está resumida na Tabela 1.
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