Rev. bras. psicoter. 2021; 23(2):183-200
Dantas AS, Pereira R, Zafalon JF, D'affonseca SM. Psicoeducação sobre violência e mindfulness para mulheres com histórico de violência: um estudo de caso. Rev. bras. psicoter. 2021;23(2):183-200
Relato de Caso
Psicoeducação sobre violência e mindfulness para mulheres com histórico de violência: um estudo de caso
Psychoeducation on violence and mindfulness for women with a history of violence: a case study
Psicoeducación sobre violencia y minduldad para mujeres con historia de violencia: un estudio de caso
Amanda Soares Dantas; Rafaela Pereira; Júlia Floriano Zafalon; Sabrina Mazo D'Affonseca
Resumo
Abstract
Resumen
Ao longo dos últimos anos tem se observado uma crescente discussão e preocupação a respeito da violência vivenciada por um número considerável de mulheres ao longo do ciclo vital. A violência perpetrada contra as mulheres, em especial a violência por parceiros íntimos (VPI) e a violência sexual, consiste em um problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos das mulheres, comum ao redor do mundo1.
No Brasil, a situação não é diferente. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelam que 16 milhões de mulheres brasileiras com idade superior a 16 anos sofreram algum tipo de violência ao longo do ano de 2018 (período em que foram coletados os dados), ou que quase 3 a cada 10 brasileiras sofreram violência. Em 76,4% dos casos, os agressores eram conhecidos das vítimas (namorado/cônjuge/companheiro, ex-namorados/companheiros ou vizinhos) e em 42% dos casos a agressão ocorreu dentro da casa da vítima². Embora a VPI seja um fenômeno complexo e multifacetado, baseado na interação entre aspectos pessoais, situacionais e fatores socioculturais³, o mesmo pode ser prevenido1.
A violência pode afetar negativamente a saúde física, mental, sexual e reprodutiva das mulheres, sendo comum o aparecimento de sintomas de depressão e ansiedade, sentimentos de solidão, além de consequente isolamento social e marginalização, o que pode levar essas mulheres a terem dificuldade de acesso a fontes de apoio, assistência médica e legal4. Logo, a intervenção com as mulheres em situação de VPI deve, por um lado, minimizar o impacto do abuso sofrido na saúde física, social e emocional da mulher, e, por outro, fortalecê-la para que consiga interromper o ciclo de violência vivenciado em seu relacionamento5.
Em uma revisão sistemática desenvolvida por Petersen e colaboradores6, as autoras destacaram a importância da psicoeducação como ferramenta de ensino, com base em literatura especializada, sobre o funcionamento do ciclo da violência, os direitos das mulheres e a busca de ajuda nas redes de proteção de cada país/localidade. Na perspectiva de intervenções baseadas em evidência para mulheres que passaram por VPI, algumas pesquisas recentes têm avaliado e defendido intervenções baseadas em mindfulness para essa população.
O termo mindfulness tem origens diversas. Um de seus precursores no desenvolvimento de práticas em saúde foi Jon Kabat-Zinn7, o qual define mindfulness como um estado de consciência (ou awareness) que emerge quando se presta atenção de maneira intencional no momento presente, adotando ativamente uma postura sem julgamentos aos eventos que ocorrem momento após momento. Esses conjuntos de habilidades (direcionar a atenção de maneira intencional) são encontrados em todas as pessoas em diferentes graus, mas o autor argumenta que a meditação é uma forma de treinar e ampliar esse tipo de consciência7.
No Brasil, mindfulness é comumente traduzido como "atenção plena", "consciência plena" ou "estar atento"8. De modo geral, o mindfulness consiste em um processo que é desmembrado em diferentes etapas: a) identificação do objeto ao qual irá se destinar a atenção ou "ancoragem"; b) a distração mental ou divagação mental, momento em que pensamentos e emoções surgem e são captados pela atenção; c) percepção da distração do objeto que era o foco da atenção e, por último, d) retornar intencionalmente a atenção ao objeto que era o foco inicial, ou a "ancoragem", sem julgamentos8.
Estudos que desenvolveram intervenções baseadas em mindfulness em mulheres com histórico de VPI ainda são incipientes, entretanto, pesquisas que tiveram delineamentos experimentais ou quasi-experimentais colocam em evidência a potencialidade terapêutica de um treino meditativo de mindfulness em mulheres que sofreram VPI9. Os objetivos dos estudos comumente são analisar os efeitos das intervenções em sintomas psicopatológicos, como ansiedade, depressão e Transtorno de Estresse Pós-traumático e, quanto a isso, vale ressaltar que os resultados frequentemente destacam os efeitos de pré-teste e pós-teste apontando diminuição clínica dos escores medidos. Em uma revisão sistemática da literatura sobre intervenções baseadas em mindfulness em mulheres que sofreram violência, realizada por Esper e Gherardi-Donato10, as autoras analisaram 10 estudos empíricos, todos com intervenção em formato grupal. Desses, nove demonstraram efetividade em pelo menos uma das variáveis analisadas nas mulheres que participaram da intervenção. Segundo os dados desta revisão, todos os estudos utilizaram instrumentos para medir as variáveis, sendo elas: fatores sexuais relacionados à dificuldade sexual, satisfação sexual (genital e subjetiva), exposição a agressões sexuais, sintomas de depressão, sintomas de ansiedade, sintomas de estresse pós-traumático (incluindo evitação), níveis de atenção, estresse, percepção e avaliação imunológica.
Algumas lacunas importantes podem ser destacadas nas duas revisões sistemáticas citadas. Tanto em Petersen e colaboradores6, quanto em Esper e Gherardi-Donato10, as autoras apontam a falta de detalhamento metodológico no processo do estudo, como a descrição mais aprimorada das sessões e explicações a respeito da forma da implementação das técnicas utilizadas. Esses detalhes podem ser importantes para a replicação de estudos, mas também para auxiliar profissionais da psicologia, principalmente na clínica, a atender demandas de mulheres com histórico de violência pelo parceiro íntimo.
A partir do que foi exposto anteriormente, este estudo de caso teve como objetivo analisar a viabilidade de uma intervenção baseada em dois elementos: psicoeducação sobre VPI e em meditação mindfulness, verificando aspectos pertinentes ao processo terapêutico, como o engajamento da participante nas sessões de forma ativa e realização dos exercícios dentro e fora das sessões.
MÉTODO
Participante
Participou da pesquisa uma mulher adulta de 43 anos de idade, mãe de três filhos, sendo dois com mais de 20 anos (do antigo casamento) e um de 7 anos (do atual casamento).
Aspectos éticos
Todos os procedimentos éticos para realização de pesquisa com seres humanos foram realizados (CAAEE nº 03877618.8.0000.5504), com consentimento da participante pela assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Procedimento
Inicialmente a participante foi entrevistada com o objetivo de investigar aspectos da sua história de vida, história de violência e de sintomas de ansiedade e depressão, a partir das escalas Beck: Inventário Beck de Depressão - BDII11; e Inventário Beck de ansiedade - BAI12.
A fim de coletar dados sobre níveis de atenção à experiência no momento em que elas ocorrem e a postura não julgadora em relação a elas, foi solicitado que a participante preenchesse a Escala Filadélfia de Mindfulness - EFM13, validada para o Brasil por Silveira, Castro e Gomes14 e composta por 20 questões com escores variando de 0 a 4 pontos, os quais se subdividem em (1) Awareness - monitoramento da experiência interna e externa do indivíduo no momento em que elas ocorrem; e (2) Aceitação - atitude de não julgamento, abertura e compaixão relacionada à experiência momentânea.
Após esse primeiro encontro, deu-se início ao primeiro bloco de intervenção - psicoeducação sobre VPI, composto por quatro sessões semanais, com duração de uma hora cada. Cada sessão tinha um objetivo específico a ser trabalhado com a participante e era conduzida pela primeira e segunda autoras. Os temas das sessões foram relativos a: (a) direitos humanos; (b) direitos interpessoais; (c) direitos da mulher na relação amorosa; e (d) Lei Maria da Penha (Lei 11340)16. Após o acolhimento da participante, era apresentada a agenda da sessão e os materiais informativos relacionados ao tema da sessão.
Após as quatro sessões de psicoeducação, a participante respondeu novamente o BAI, o BDI e a EFMI antes de dar início ao módulo mindfulness. O módulo mindfulness foi baseado no modelo proposto por Mark Williams e Danny Penman (16) no livro "Atenção plena - Mindfulness: Como encontrar a paz em um mundo frenético", com duração de oito semanas, sendo que cada semana possui uma meditação específica e planejada, a saber: (1) atenção plena do corpo e da respiração; (2) meditação atenta para os sinais emitidos pelo corpo do indivíduo; (3) meditação da respiração e do corpo; (4) observar as novas experiências do cotidiano, estar atento aos sons e pensamentos que surgem em meio ao silêncio proposto pela meditação, perceber os pensamentos e sons surgindo, porém sem julgá-los ou tentar esquecê-los; (5) meditação diária com foco nas dificuldades; (6) buscar durante a meditação os sentimentos com relação aos seus familiares e amigos; (7) dar autonomia para o participante escolher duas das meditações já realizadas anteriormente; e (8) demonstrar aos participantes que a atenção plena pode ser uma meta para toda a vida.
As sessões do módulo mindfulness ocorreram semanalmente, com cerca de uma hora de duração, conduzidas pela primeira e segunda autoras. Assim como nas sessões de psicoeducação, as sessões de mindfulness iniciavam-se com o acolhimento da participante e, em seguida, era apresentada a agenda da sessão. Nos minutos finais, eram realizadas as meditações e passada a tarefa de casa. A participante era convidada a meditar todos os dias em sua residência e escrever a sua experiência em uma plataforma de mensagens instantâneas todas as vezes que realizasse o exercício, a qual era compartilhada com as pesquisadoras.
Análise dos dados
Os dados obtidos pelos instrumentos foram analisados de acordo com os procedimentos disponíveis nos manuais dos mesmos. Já os dados relativos ao processo de intervenção foram analisados qualitativamente utilizando-se o software Atlas.ti Cloud. Após a transcrição das sessões realizadas, os arquivos foram anexados ao software e disponibilizados a duas auxiliares de pesquisa (estudantes do curso de graduação em psicologia, com experiência em intervenção com mulheres vítimas de violência) para categorização. Inicialmente, as auxiliares e a pesquisadora realizavam uma leitura flutuante da transcrição. Posteriormente, selecionaram unidades de análise (códigos) significativas. Estes códigos, posteriormente, foram agrupados em temas semelhantes e organizados em três categorias: 1) Experiências pessoais relacionadas à violência; 2) Percepções sobre meditar e 3) Devolutivas sobre a intervenção.
RESULTADOS
Histórico de violência
Camila relatou que sofreu agressões físicas (tapas, socos), sexuais (estupro dentro do casamento), psicológicas (era humilhada e xingada pelo parceiro) e patrimoniais (como ter o seu dinheiro confiscado integralmente, sendo liberado conforme a vontade do ex-marido). Após um episódio de violência física severa, em que foi agredida pelo ex-companheiro depois que havia esquecido de comprar um item pessoal do mesmo, Camila fugiu de casa para garantir sua integridade física e, pela primeira vez, prestou queixa na Delegacia de Defesa da Mulher da cidade em que residia. A experiência na Delegacia, de acordo com a participante, foi negativa, visto que a policial a desencorajou a abrir o processo contra o ex-parceiro, não tendo ações jurídicas e legais, visto que no período da denúncia ainda não existia a Lei Maria da Penha15.
Tal episódio, que corresponde ao episódio de violência mais severo sofrido por Camila, resultou no rompimento da relação com o ex-marido. Na separação, ela ficou com a guarda dos dois filhos da união. Anos depois, Camila se relacionou com um novo parceiro e casou-se com ele. Dessa união teve um filho, estando junto com este parceiro há quase 15 anos, no momento da pesquisa. Ao longo das sessões que ocorreram após a entrevista inicial, os relatos sobre o atual relacionamento indicaram a presença de diferentes tipos de abuso, sendo o psicológico o mais predominante (incluindo o uso de chantagens, humilhações e restrição de liberdade) e um episódio de agressão física.
Sintomas de ansiedade e depressão
A Figura 1 apresenta os escores de ansiedade e depressão obtidos pela participante em diferentes momentos da intervenção: 1) antes da intervenção; 2) após o módulo I - Psicoeducação; 3) Na quarta sessão do módulo II - mindfulness; e 4) após a conclusão do módulo II. Verifica-se que os sintomas de ansiedade apresentaram índices mais elevados no período anterior à intervenção, tendo uma queda durante a metade do módulo de mindfulness, passando de ansiedade grave para ansiedade mínima, e se mantendo após a conclusão deste módulo. Os escores de depressão seguem um padrão semelhante. Os sintomas de depressão estavam mais elevados no início da intervenção, comparado ao momento pós-intervenção, tendo uma ligeira queda durante a metade do módulo de mindfulness e se mantendo após a conclusão deste módulo.
"Eu tive um casamento onde eu fui fiel por sete anos. Só que eu apanhei porque a pessoa achava que eu traía, porque a pessoa... eu não podia atrasar 5 minutos, porque eu não comprava o shampoo dele. Então eu apanhava por tudo, por tudo. Então eu já me perguntei isso. E eu não traí!" (Camila, Sessão 2).
"Eu apanhei dele [atual marido], quando ele descobriu [de um caso extraconjugal de Camila], ele me bateu. Aí ele me torturava, de falar que eu não tinha, que eu não tinha caráter, que eu era a pior pessoa do mundo. Que eu não tinha sentimento por ninguém, nem pelos meus filhos, ah tudo essas coisas que você chega a acreditar que é verdade" (Camila, Sessão 2).
"[...] mas por exemplo, para coisas bobas, roupas... eu tinha que perguntar para dez pessoas o que achava daquela roupa, se tinha ficado boa" (Camila, Sessão 11).
"(...) a médica pediu o 'elétro', ressonância, tudo, da cabeça. Não tinha dado nada, ela falou pra mim assim - eu lembro que ela tava de férias - foi um outro médico que atendeu, ele falou: 'Olha, isso foi um estresse muito intenso que você teve'. E eu tava mesmo, aquele dia, eu não sei, eu tava numa agitação, muito, muito intensa. Então, ele falou: 'Procura sair uma vez por semana com as amigas, jogar conversa fora', ele falou, porque não adianta nada a gente ficar nessa loucura Mas é difícil né?" (Camila, Sessão 4).
"[...] fiquei em uma relação por medo, por pressão psicológica e por não ter ninguém pra ajudar, entendeu? Eu não tinha nem se eu fosse fazer uma denúncia, entendeu? Eu era... eu fui humilhada. As pessoas queriam ajudar, mas não tinham como porque 'entre marido e mulher ninguém mete a colher', né?" (Camila, Sessão 1).
"Eu não fui levada a sério, porque era uma situação em que eu poderia ter morrido. Entendeu? Eu não fui levada a sério. Eles [profissionais da delegacia], na minha opinião, consideraram como uma briga de marido e mulher" (Camila, Sessão 1).
"O sol, o ar, o vento, o barulho. O corpo, né? Meu corpo. O que acontece dentro de mim, meu coração batendo, muitas vezes, o estômago com aquela acidez, sensação de formigamento. Então assim, eu gostei muito de todo esse processo da meditação, me trouxe um conhecimento muito grande, assim, de mim. De mim pra mim mesmo" (Camila, Sessão 12).
"É, e isso fez eu me respeitar, o meu limite. Porque a hora que ele falou: 'mas respeitando', aí eu falei: 'epa, então deixa eu voltar um pouquinho'. Entendeu? Então eu acho que é diferente de você eu acho que alongamento com meditação é muito melhor, porque você se concentra em realmente pensar em você, no seu limite, e não no que ali vai fazer sem noção, querendo acompanhar outras pessoas como você falou. Se respeitando" (Camila, Sessão 8).
"Bom, nas primeiras vezes que eu vim aqui, eu acho que mexeu muito comigo, coisa que tava morta, assim, né? Talvez eu achava que tava morta. Mas assim, não me afetava mais, né? Mas eu acho que além de tudo que me aconteceu, então eu fiquei bem abalada, assim, emocionalmente, mas que foi muito bom pra mim, porque eu pude reviver algo, mas dessa vez de uma forma diferente. Eu acho que mais forte, falar sem medo" (Camila, Sessão 12).
"Eu acho que essa terapia tá mexendo muito com o meu eu, porque eu não tava assim chorona. Entendeu? Eu não tava assim mais me expondo. Eu não me exponho a minha vida mais. Isso foi uma coisa que eu enterrei. Eu falei, não vou expor minha vida porque ninguém me ajuda" (Camila, Sessão 4).
"Com a meditação... incrível, assim, como a gente aprende a se conhecer, aprende agora, eu fazendo caminhada, então eu corro, mas eu presto muito atenção na minha respiração. Pra mim tá sendo muito importante esse processo de respiração. E, porque me acalma. Parece que a respiração te dá uma leveza. Você saber respirar, né? Não sei se eu sei plenamente, mas eu tô tentando. E, em muitos momentos pra mim ela foi importante. Pra me acalmar nos momentos de ansiedade. Pra me permitir que eu tenho direito de muitas coisas. Então assim, me trouxe muito conhecimento. Eu não sabia sobre meditação, sobre isso. O que eu podia trazer de benefício pra mim mesma. Então isso pra mim foi uma novidade, e uma novidade muito boa, que eu quero dar continuidade porque, pra mim, que sofro de ansiedade, é algo que talvez eu sempre precisei e nunca pratiquei, né? Porque é uma coisa que é muito... sozinha você acaba entendendo melhor né? Seu corpo, você, seus sentimentos, né? Porque você tá ali, tão ansiosa naquele momento" (Camila, Sessão 12).
"Eu consegui... porque pra mim é torturante trabalhar com essa questão de ter uma coisa pra fazer todas semana, né? E eu consegui, então porque eu acho que todo o processo em si, eu tenho que agradecer né? Por essa oportunidade, de tá aprendendo a meditar, um pouco que seja, a poder me aceitar do jeito que eu sou, e até porque não é fácil, eu ainda tenho que trabalhar muito em mim essa questão de aceitação da minha ansiedade. Então eu acho que eu sofro ainda com isso. Mas eu acho que eu evoluí com tudo isso, então isso pra mim é o mais importante. Mesmo que seja, pouco ou muito, o pouco pra mim foi muito. Então eu só tenho que agradecer, de coração. Só me fez bem" (Camila, Sessão 12).
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