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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2020; 22(2):83-89



Relato de Caso

Intervenção cognitivo-comportamental em uma paciente com Parkinson - psicoeducação do sono na clínica universitária de Psicologia de Aracaju, SE: um relato de caso

Cognitive-behavioral intervention in a patient with Parkinson's - sleep psychoeducation at the university clinic of Psychology in Aracaju, SE: a case report

Intervención cognitivo-conductual en un paciente con Parkinson: psicoeducación del sueño en la clínica universitaria de psicología de Aracaju, SE: reporte de un caso

Mara Dantas Pereiraª; Claudia Mara de Oliveira Bezerrab

Resumo

O presente estudo tem como objetivo discutir sobre o processo de psicoeducação do sono através de uma intervenção psicoterápica orientada pela Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) para o tratamento de uma paciente com Doença de Parkinson (DP). Atualmente, estudos relativos aos distúrbios do sono em pacientes com DP, indicam que estes transtornos são prevalecentes nesses pacientes, com base em evidências epidemiológicas que discutem a interferência da insônia sobre a vulnerabilidade no Parkinson. Justifica-se que por intermédio da conceituação cognitiva é possível realizar ações com o intuito de suceder uma reestruturação cognitiva. Conclui-se que a paciente demonstrou melhorias significativas em relação à sua disposição, humor e motivação para execução de suas atividades cotidianas, além da sua percepção sobre suas emoções, pensamentos e comportamentos disfuncionais. Utilizando-se de estratégias de enfrentamento, proporcionando uma melhoria significativa na qualidade do seu sono.

Descritores: Parkinson; Terapia Cognitivo-Comportamental; Psicoeducação do Sono; Qualidade de Vida

Abstract

The present study aims to discuss the sleep psychoeducation process through a psychotherapeutic intervention guided by Cognitive Behavioral Therapy (CBT) for the treatment of a patient with Parkinson's Disease (PD). Currently, studies related to sleep disorders in PD patients, indicate that these disorders are prevalent in these patients, based on epidemiological evidence that discuss the interference of insomnia on vulnerability in Parkinson's. It is justified that through cognitive conceptualization it is possible to carry out actions in order to succeed in a cognitive restructuring. It is concluded that the patient showed significant improvements in relation to her disposition, mood and motivation to perform her daily activities, in addition to her perception of her emotions, thoughts and dysfunctional behaviors. Using coping strategies, providing a significant improvement in the quality of your sleep.

Keywords: Parkinson; Cognitive Behavioral Therapy; Psychoeducation of Sleep; Quality of Life

Resumen

Este estudio tiene como objetivo discutir el proceso de psicoeducación del sueño a través de una intervención psicoterapéutica guiada por la Terapia Cognitiva-Conductual (TCC) para el tratamiento de un paciente con enfermedad de Parkinson (EP). Actualmente, los estudios relacionados con los trastornos del sueño en pacientes con EP, indican que estos trastornos son frecuentes en estos pacientes, en base a evidencia epidemiológica que discute la interferencia del insomnio en la vulnerabilidad en el Parkinson. Se justifica que a través de la conceptualización cognitiva es posible llevar a cabo acciones para tener éxito en una reestructuración cognitiva. Se concluye que la paciente mostró mejoras significativas en relación con su disposición, estado de ánimo y motivación para realizar sus actividades diarias, además de su percepción de sus emociones, pensamientos y comportamientos disfuncionales. Usando estrategias de afrontamiento, proporcionando una mejora significativa en la calidad de su sueño.

Descriptores: Parkinson; Terapia Cognitivo-Conductual; Psicoeducación del Sueño; Calidad de Vida

 

 

INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é caracterizada por integrar tratamentos que tentam modificar o comportamento manifestado pelo indivíduo, alterando os pensamentos, interpretações, suposições e estratégias de resposta. Onde compartilha de três fundamentais pilares: (1) a atividade cognitiva afeta o comportamento, (2) a atividade cognitiva pode ser monitorada e modificada e (3) a mudança no comportamento desejado pode ser afetado pela mudança cognitiva1.

Nesse sentido, Gilbert e Leahy2 salientam que a relação terapêutica sempre foi considerada importante na TCC com a sequente associação: escuta cuidadosa, consideração positiva e empatia. No qual, o foco da terapia está relacionada ao desenvolvimento de habilidades colaborativas, para facilitar que o terapeuta guie o cliente elaborando a formulação cognitiva, convidando o cliente a explorar ideias e pensamentos alternativos2.

Neste contexto, Dattilio e Freeman3 destacam que a TCC é um modelo de terapia psicoeducacional, onde o cliente alcança habilidades para lidar de forma mais eficaz com seus próprios pensamentos e comportamentos disfuncionais, o terapeuta ajuda o cliente a adquirir várias estratégias de enfrentamento para as exigências presentes e futuras da vida. Deste modo, o modelo da TCC é marcado pela junção do social e interpessoal, em que são observadas as relações do sujeito com seus familiares, amigos e colegas de trabalho. No qual, todos esses elementos são pontos fundamentais para a terapia, em contrapartida, se o indivíduo estiver isolado pode haver inúmeros espaços em sua rede de recursos que devem ser preenchidos3.

Em decorrência do envelhecimento populacional, nota-se que a partir do estudo de Malhotra4 identifica-se que cerca de mais de 1% da população idosa com faixa etária de 60 anos apresente desordens neurodegenerativas cerebrais, comumente presentes com volubilidade postural e quedas, podendo destacar adoença de Parkinson4.

A Doença de Parkinson (DP) é um distúrbio caracterizado pela perda das células e acúmulos anormais de proteína em células do cérebro. Originando-se manifestações dos subsequentes sintomas de tremor, rigidez muscular, desiquilíbrio, insônia e déficits cognitivos graduais4.

Conforme Shafazand e Colaboradores5, os sintomas psicológicos desta patologia, estão cada vez mais sendo reconhecidos como relevantes aos geradores de morbidade e incapacidade em paciente com DP. Durante um estudo realizado com idosos diagnosticados precocemente com Parkinson, dispondo de uma amostra composta por 1.072 pacientes, obteve-se o seguinte dado, que 50% dos pacientes apresentam sintomas como: distúrbios do sono, depressão, ansiedade e fadiga. Em vista disso, a relação entre a insônia e a DP surge correlacionada ao transtorno de comportamento do sono Rapid Eye Movement (REM) "movimento rápido dos olhos", sendo capaz de preexistir a partir dos sintomas, tais como, dificuldade motora, sonolência diurna excessiva e apneia do sono. Como resultado, prejudica a qualidade do sono e provoca lesões cognitivas5.

Para Marinus e Colaboradores6 é fundamental ressaltar que pacientes com DP são mais propensos ao desenvolvimento de demência mesmo quando diagnosticados de maneira precoce. Denotam leves déficits cognitivos, cerca de 50% dos pacientes com o avançar da doença, leva a progressão para a demência, consequentemente provocando a degradação cognitiva6. Cabe ainda citar, que na contemporaneidade alguns estudos relacionados aos Distúrbios do Sono (DS) com portadores da DP, indicam que os DS são preponderantes nesses pacientes, com base em evidências epidemiológicas que discutem a interferênciada insônia sobre a vulnerabilidade no Parkinson7.

Nessa perspectiva, Chahine e Colaboradores8 salientam que há uma predominância dos DS entre pacientes com DP. No qual, é realizado o diagnóstico através do exame do sono "Polissonografia" com uma porcentagem de 46% de casos. Diante dos achados, percebe-se que no estágio inicial há uma prevalência menor de 30%, podendo ser destacado eventos comportamentais do sono REM, ou seja, comportamentos motores voluntários encontrados na fase inicial do diagnóstico da DP8.

Nesse caso, o risco de problemas do sono na DP são grandes devido aos DS, que estão sendo reconhecidos clinicamente pela sua relevância neste grupo de pacientes, os problemas podem ocorrer no sistema pré-motor durante a fase inicial, e nos pacientes sem diagnóstico precoce, ou seja, em estágios avançados da doença. Os DS estão correlacionados a outros sintomas não motorizados, produzindo déficits cognitivos, comumente associados à debilidade em relação à memória, afetando consideravelmente a qualidade de vida do portador da DP9.

Nessa circunstância, é imprescindível altear os problemas de sono como insônia, síndrome das pernas inquietas, movimentos periódicos dos membros, distúrbio comportamental do sono REM, apneia obstrutiva do sono e sonolência diurna excessiva. Trazendo recorrência em pacientes com distúrbios do movimento com realce na DP, onde manifestam atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva, degeneração corticobasal e sonolência, das quais são umas das principais características da demência do corpo de Lewy, sendo necessário iniciar-se o tratamento com fármacos agonistas da dopamina, como por exemplo, a levodopa10.

Diante destas informações, Iranzo11 ressalta que regularmente os portadores da DP exibem transtornos de comportamento durante o sono REM, manifestando as seguintes reações motoras, emocionais e vocais: chutar, gritar, chorar, rir, além de sonhos desagradáveis. O diagnóstico para este tipo de transtorno é feito através do exame do sono, onde são avaliadas as estruturas do tronco cerebral que regulam a atonia muscular durante o sono REM11.

Na contemporaneidade, existem como formas de tratamento de DS, em geral a psicoeducação, por meio da combinação da farmacoterapia e a psicoterapia. Especificamente, em pacientes com DP os DS são acompanhados mediante de intervenções voltadas a higiene do sono aliado a terapêutica farmacológica com o uso do medicamentos12.

A narrativa central que percorre este estudo, é o relato de uma intervenção realizada em uma Clínica escola de Psicologia com base nos preceitos da TCC, conhecendo o processo de psicoeducação do sono em um trabalho colaborativo com a paciente Lua portadora da DP, além de ressair o suporte obtido em todo o processo de tratamento, por meio da supervisão clínica na abordagem utilizada.

Em face do exposto, o presente estudo tem como objetivo discutir sobre o processo de psicoeducação do sono através de uma intervenção psicoterápica orientada pela TCC para o tratamento de uma paciente com DP. Deste modo, salientamos que a partir da conceituação cognitiva é possível realizar ações com o intuito de suceder uma reestruturação cognitiva para obter mudança diante das alterações no sono.


MÉTODO

Participante e localização da realização do estudo

Trata-se de um estudo de caso realizado no período de março a maio de 2019, totalizado 16 sessões efetuadas com a paciente "Lua" (Nome fictício), sendo que seus atendimentos foram realizados durante o Estágio Supervisionado Clínico em um Clínica-escola de Psicologia, do Departamento de Psicologia da Universidade Tiradentes (UNIT). Desta maneira, foi obtido da paciente o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), devidamente assinado, consentido o desejo para participação desta pesquisa.

Instrumentos

Foram utilizadas técnicas orientadas pela TCC para condução clínica do caso, destacando-se a higiene do sono (consiste em alterar comportamentos e adequa-se ao ambiente, a fim de propiciar melhoramento no sono, sem necessidade de terapia medicamentosa. As ações que compõem a higiene do sono passam pela alimentação leve antes de deitar, a organização do ambiente e a rotina determinada para dormir)13 e o treino de relaxamento profundo (a atividade consiste em enrilhar e relaxar grupos musculares específicos em prossecução, começando pelos membros inferiores, sequentes pelos superiores em seguida pelo o tronco e a cabeça. Assim, tem êxito, pois essa contração e afrouxamento da musculatura contribuem para amenizar a tensão, reduzir a pressão arterial e redirecionar o foco dos pensamentos inquietantes)14.

Inventário de Ansiedade de Greenberger e Padesky20: utilizado com o objetivo de compreender os sintomas ansiogênicos da paciente. O inventário de ansiedade é composto por uma escala tipo Likert com 24 itens, cada tem pontuação de: 0 (nem um pouco), (às vezes), 2 (frequentemente), 3 (a maior parte do tempo) resultando em um escore que pode variar de 0 a 72.

Inventário de Depressão de Greenberger e Padesky20: utilizado com a intenção de investigar os indícios de sintomas depressivos da paciente. O inventário de depressão é composto por uma escala tipo Likert com 19 itens, cada item possui pontuação de: 0 (nem um pouco), (às vezes), 2 (frequentemente), 3 (a maior parte do tempo) podendo variar de 0 a 57 em seu escore.

Entretanto, não há padrão de pontuação definidos pelos autores dos instrumentos, mas no contexto clínico é utilizado com a finalidade de proporcionar ao terapeuta o acompanhamento e a evolução dos sinais de ansiedade e depressão, pois versa sobre as mudanças cognitivas, comportamentais, emocionais e físicas, manifestadas pela paciente no decorrer das sessões20.

Procedimentos

Lua era uma mulher de 59 anos e de boa aparência que articulava bem as palavras, mostrando-se inteligente e comunicativa. Era profissional do setor administrativo de uma biblioteca, área em que concluiu seu ensino técnico. Procurou atendimento médico, pois manifestava os subsequentes sintomas de palpitação e tremores. No qual, por intermédio de uma avaliação médica foi sabido que sua pressão se encontra com níveis pressóricos normais. Desta maneira, foi admitido por ela que esses sintomas eram pertencentes a níveis elevados de ansiedade.

Durante nosso diálogo, Lua afirmou que buscou ajuda e foi acolhida em plantão em uma Clínica-escola por um estagiário no dia 26 de outubro de 2018. No atendimento ela informou que foi diagnosticada há 6 anos atrás com DP e apresentando os sintomas físicos citados acima; associados ao recorrente medo de ficar sozinha em determinados ambientes e situações. Logo, podemos atestar na seguinte fala "tenho medo de passar mal em lugares públicos e não ter uma assistência médica correta, pelo fato que não tenho no momento um plano de saúde".

Em relação à doença, a paciente enfatiza que procurou ajuda médica no passado, ao perceber sua dificuldade de realizar atividades motoras no ato de escrever. No qual, até o momento segue o tratamento de modo correto como recomendado pelo seu médico atual. Nesse sentido, seu caso é acompanhado por uma equipe multiprofissional constituída por: um neurologista, encarregado por realizar a avaliação neurológica e a administração de sua medicação; um fisioterapeuta com a atribuição de auxiliar a paciente em sua terapia física com o objetivo de restabelecer seu senso de equilíbrio; e uma assistência psicológica através do serviço de uma estagiária em formação em Psicologia tendo todas suas atividades supervisionadas por uma docente capacitada na área.

Em sequência, sobre sua medicação, Lua ressalta que toma 3x ao dia o medicamento Prolopa® (Levadopa) relativo ao grupo dos antiparkinsónicos, utilizado como terapêutica de primeira escolha para retardar os sintomas DP. Além do uso do Rivotril® (Clonazepam) um ansiolítico da classe dos benzodiazepínicos, prescrito pelo seu neurologista, para auxiliar em seu tratamento, caso haja manifestações de crise de pânico, e por fim, o uso do medicamento Cittá® (Citalopram) da classe dos antidepressivos, recomendado como recurso terapêutico para controlar os sintomas da depressão, com a finalidade de elevar os níveis de serotonina. Ademais, enfatizamos que por meio do plano terapêutico estabelecido em conjunto com Lua, para a elaboração das ações, estratégias e metas que conduzirão o seu processo psicoterápico, realçando que se visa um trabalho colaborativo (paciente e terapeuta).


ANÁLISE DOS DADOS

Caso Clínico

Lua enfatiza que neste momento, sente-se "calma" em relação à aceitação da DP, relatando que sente o desejo de fazer terapia para a auxiliar na identificação de sua problemática, em um trabalho colaborativo (terapeuta e paciente), com o objetivo do estabelecimento de uma melhoria na qualidade de vida.

No primeiro momento, a paciente traz as queixas de insônia ("não consigo dormir!") e ansiedade (por manifestações de sintomas fisiológicos que dificultam seu cotidiano), no tocante de seu relacionamento familiar, Lua relata que sua relação com a irmã é boa podendo contar com ela para qualquer situação, ao falar sobre sua mãe, cita que ela está em um estado debilitado e que já fez a função de cuidadora, que agora está com sua irmã este cargo. Ao se descrever em termos de personalidade, expõe ser calma e paciente sempre buscando ajudar os outros e não fazer julgamentos.

Ao pontuar sobre seu trabalho, a paciente logo relembra de seu emprego em uma companhia de energia elétrica, um ambiente dominado por colegas do sexo masculino, onde ela era constantemente julgada como "frágil", como ela patenteia nas seguintes falas: "vai quebrar a unha, tem que retocar o batom, etc". Sendo impreterível, ressaltar o evento onde houve a designação de cumprimento de uma atividade, mas houve o questionamento do chefe a questionou se ela teria a capacidade de realizar a incumbência, a paciente exclama que reagiu diante dessa situação com bons argumentos, em seguida ao evento nunca mais foi intitulada como"frágil", passando a ser considerada por suas competências.

No Quadro 1 abaixo a paciente descreve sobre os sintomas manifestantes da DP, a partir de dois eventos.




Conceitualização Cognitiva do Caso Lua

A conceituação de caso é um processo pelo qual o terapeuta e o cliente, trabalham em colaboração primeiramente para descrição, e posteriormente para a explicação das questões que um cliente apresenta na terapia. Sua função primordial é orientar a terapia para aliviar o sofrimento psíquico do paciente, e desenvolver a superação do cliente sobre as problemáticas expostas13.

Nos Quadros 2 e 3, a seguir, estão as descrições da conceituação cognitiva realizada em um trabalho
colaborativo juntamente com Lua.







DISCUSSÃO DE CASO

Uma das prevalentes queixas exibidas por Lua foi a "ansiedade", que apresenta um grande impacto em sua vida cotidiana podendo dificultar a evolução do tratamento que envolve a psicoeducação do sono, a TCC fornece subsídios para direcionar o terapeuta a gerenciar os sintomas característicos da ansiedade específicos em portadores da DP15.

Nessa conjuntura, a ansiedade é preponderante em cerca de 40% dos pacientes com DP, geralmente está associada ao surgimento do declínio motor, sendo prevalente em pacientes do sexo feminino, é imprescindível destacar a manifestação de ataques de pânico durante a terapêutica farmacológica com o medicamento L-DOPA16. Lua faz o uso do Prolopa® (Levadopa) com a administração de 4x ao dia, onde foi primordial para tratar as crises de pânico e o medo de ficar sozinha em ambientes em geral. No qual, a paciente comenta que "Sem eles eu não teria vida", Lua sente-se positiva com relação à medicação que ela mesmo regula, dando a ela uma posição de controle.

Nas demais sessões, foi trabalhado como primeira meta a queixa de "insônia", por intermédio da psicoeducação do sono através da técnica higiene do sono (Quadro 4), organizada por 13 tópicos ilustrativos, com passo a passo de como é possível fazer pequenas alterações na rotina da paciente para ter uma melhoria significativa no sono. Logo, Lua descreve sua nova rotinadiária: "Durmo às 22:00h e acordo às 06:00h; tenho em média 6 horas diárias de sono; prático atividade física no mínimo 3x na semana, realizando uma caminhada pelo bairro onde moro; faço no sábado uma aula de Pilates; e agora estou com uma alimentação mais saudável".




Cabe lembrar a partir de Carvalho e Colaboradores13 que o sono é um estado transitório e reversível que permeia entre o estado de vigilância e executa importante função na reabilitação de déficit energético e reabilitação física e mental. Sendo que o sono é identificado como integrante do estilo de vida saudável, o agravo à sua qualidade favorece para o adoecimento. Ainda de acordo com os autores, dentre as estratégias para possibilitar a melhoria do sono, destacam a prática da higiene do sono que apresenta uma alta efetividade em proporcionar uma melhoria na qualidade do sono13.

Salud e Colaboradores14 percebem que a higiene do sono é composta por medidas que buscam atingir um sono de qualidade que proporcione um descanso adequado. Assim, estas medidas envolvem algumas recomendações que os indivíduos com problemas de insônia e distúrbios do sono, devem seguir para ajudá-los a diminuir o problema e promover a qualidade do sono. Os mesmos autores constatam, que é necessário adotar bons hábitos de vida ou modificar aqueles que influenciam no sono, como o uso de medicamentos ou fármacos que podem prejudicar o sono, como ilustrado no Quadro 4 abaixo14.

Cabe destacar que foi realizada uma psicoeducação que trabalha com controle dos sintomas gerados pela DP, com a observação e investigação dos pensamentos, emoções e comportamentos relatados por Lua. Assim, ser possível haver a conceituação e restruturação cognitiva dos pensamentos disfuncionais e comportamentos correlacionados as atitudes, regras e crenças em relação à DP17.

Destaca-se ainda, que a partir do recurso biblioterapia e da leitura conjunta em sessão de uma das edições da "Revista Sono" (2017)18, com a finalidade de auxiliar a paciente na sua percepção e compreensão sobre os efeitos da DP sobre seu sono. Posteriormente a paciente salienta na seguinte fala: "Faço bastante leitura de livros e também consulto a internet a respeito da DP". Ademais, foi passado como tarefa de casa a leitura de algumas outras edições da Revista Sono.

Nesta esteira, a partir da Figura 1, expomos que durante a quarta sessão foi aplicado o Inventário de Ansiedade de Greenberger e Padesky20. Dessa maneira, se obtêm incialmente no primeiro registro o valor de 27 pontos, tencionando um indicativo de ansiedade relatados pela paciente. Adiante foi apontado um significativo decrescimento progressivo com a seguinte subsequência dos escores (n=21, 18, 14, 11, 12, 13, 13). Ademais, a paciente apresentou uma estabilidade como apontado pelos escores (n=10, 12, 10, 10). Assim, demostra uma redução considerável dos níveis de ansiedade.



Figura 1 - Distribuição da pontuação de Lua mediante a aplicação do Inventário de Ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa.



Cabe destacar que durante a quarta sessão também foi aplicado o Inventário de Depressão de Greenberger e Padesky20 (Figura 2). Desta Forma, se alcança inicialmente durante o primeiro registro o valor de 15 pontos, demostrando um indicativo de níveis moderados de depressão. Em seguida, foi notado uma expressiva redução gradua com a seguinte sequência de escores (n=10, 10, 13, 11, 8, 6,6). Ademais, a paciente apresentou uma estabilidade demostrada a partir dosescores (n=5, 5, 6, 5, 4). Assim, demostra uma diminuição relevante dos níveis de ansiedade.



Figura 2 - Distribuição da pontuação de Lua mediante a aplicação do Inventário de Depressão

Fonte:Dados da Pesquisa.



Nessa perspectiva,o treino de relaxamento profundo é composto por técnicas de dessensibilização sistemática e biofeedback. Visto que mostraram ser principalmente eficientes na diminuição do estado fisiológico de ativação de pacientes com insônia. Além de se revelarem em particular, eficazes na melhoria do início do sono. Deste modo, estas técnicas podem ser realizadas durante o dia, à noite antes de dormir e até no meio da noite, se o paciente acordar e não conseguir voltar a dormir. Ademais, cabe enfatizar o uso de técnicas de atenção plena através da meditação utilizando para o tratamento da insônia14.

Ainda neste contexto, Lua apresenta um decrescimento dos sintomas associados a insônia, a paciente relata que não sente mais o medo de ficar sozinha, apresentando habilidade social percebendo e respondendo adequadamente ao seu meio social e potencializando relações saudáveis e produtivas. Lua explana que fazia

o uso de uma alimentação desregulada antes de dormir, sem se dar conta. No entanto, tempos depois, ao ler uma edição da revista "Sono" durante a tarefa de casa, entendeu que esta ação pode gerar a insônia. Assim, como também percebeu que é importante estabelecer um horário adequado para praticar atividade física, priorizando sempre que possível o turno da manhã ao invés da tarde.

Outro ponto significativo em sua fala, é sobre algumas situações noturnas, citando o evento que aconteceu quando acordou no meio da noite, trazendo o comportamento na paciente de ao invés de ficar agitada optou por fazer um dos exercícios que fazem parte das estratégias de enfrentamento trabalhadas ao longo das sessões (Quadro 5 e 6). No qual, não se levantou como de costume, optando agora por continuar deitada, assim como, realizar alongamentos deitada, como ressaltado na seguinte fala: "O sono veio tranquilamente, antes quando ficava agitada pensava em várias coisas e acabava virando a noite toda acordada, rolando na cama de um lado para o outro, agora fico calma respiro fundo, faço alguns alongamentos e depois volto a dormir novamente".







No Quadro 6 abaixo a paciente descreve sobre o processo de restruturação cognitiva em um processo colaborativo com a paciente.

Os resultados evidenciaram, a existência da percepção da paciente sobre o processo terapêutico, nas seguintes falas: "A terapia vem me ajudado muito!"; "Me olho completamente diferente agora, fico me vigiando, não fico mais no sentido da doença".

Diante dos achados, percebe-se que houve a redução dos sintomas devido ao encorajamento da paciente. Lua é uma boa ilustração de como o indivíduo pode se adaptar ao tratamento individualmente, facilitando que a terapeuta elimine completamente as práticas que a cliente não considera úteis e gaste mais tempo em práticas que estão produzindo um resultado positivo.

O caso também elucida a primordialidade de um terapeuta permanecer flexível ao trabalhar com seus clientes com doenças crônicas, principalmente a DP. Lua foi incentivada a utilizar técnicas de higiene do sono e treino de relaxamento profundo para conquistar sua meta relacionada a redução da insônia e aumentar sua qualidade de sono.

Pela análise realizada, percebemos que em concordância com Veazey e Colaboradores22 a DP é progressiva e degenerativa e que, atualmente, não há cura conhecida, o processamento cognitivo do que isso significa para a pessoa que sabe que tem DP seria um complemento oportuno para a terapêutica através da TCC. Esse tratamento implica em permitir que a paciente contemple o que significa para ela e para o mundo dela ter DP.

Com isso, por intermédio da psicoeducação do sono proporcionou a Lua o desenvolvimento de novos pensamentos, ideias, flexibilização e reflexões sobre as pessoas e o mundo, onde a paciente se comporta mediante às situações através dos recursos de atividades e ações colaborativas, conjuntamente com a percepção e discernimento, com o intuito de obtenção de novos valores, surgindo assim, a reestruturação cognitiva. Tal análise é acompanhada por outros autores. Salud e Colaboradores14 por exemplo, comunga desta análise ao citar que as intervenções psicológicas orientadas pela TCC são eficazes e recomendadas para a terapêutica de pacientes com insônia. Visto que, destacam que a psicoeducação do sono produz melhorias clinicamente significativas em pacientes com insônia e distúrbios do sono.

De fato, cabe também citar o estudo de Deses21 que reforça a importância da TCC em um programa estruturado para o tratamento da insônia. Visto que ajuda na identificação e substituição dos pensamentos disfuncionais, bem como dos comportamentos que ocasionam ou agravam problemas de sono em decorrência de hábitos e estilo de vida não saudável. Além disso, conforme destacam que é fundamental para o indivíduo com DS, o entendimento de si e como se percebe e forma esse "eu" é essencial para o enfrentamento dos obstáculos físicos e psíquicos diários.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre tudo que foi exposto neste artigo, destaca-se que os resultados evidenciaram o discernimento da paciente com DP sobre sua saúde e bem-estar geral é vigorosamente influído pelos seus sintomas psíquicos do que os da sua condição física. Assim, tornando sua saúde mental sua essencial preocupação.

Desse modo, as intervenções executadas ao longo das 16 sessões produziram resultados positivos em Lua. Uma vez que, se torna interessante observar os ganhos terapêutico da paciente, que mostram uma melhora significativa nos sintomas ansiogênicos e depressivos através do monitoramento obtido com os Inventários de Ansiedade e Depressão de Greenberger e Padesky20.

Percebemos, ainda, que inicialmente com o aparecimento dos sentimentos negativos de tristeza, vergonha, desânimo e baixa autoestima. Sendo que, foram restruturados a partir de técnicas fundamentadas na TCC com a identificação dos pensamentos automáticos e reestruturação cognitiva, surgindo sentimentos positivos de otimismo, determinação e autoestima. Cabe também acrescentar, que a paciente possui suporte familiar e apoio dos amigos.

Nesse aspecto, o seu otimismo e determinação foram favorecedores para associação positiva de eventos negativos da vida em sua história de vida. Já os eventos negativos da vida vivenciados por Lua colaboraram para sua visão de que a vida é preciosa e deve ser vivida ao máximo. Corroborando com essa afirmação, Bramley e Colaboradores23 intitularam está visão de "espírito de luta" e propuseram que pode ser uma consequência direta em pacientes com DP. Assim, tem como intuito a manutenção de uma vida o mais normal possível.

Nesse sentido, Lua sabe que não pode vencer a batalha com seu corpo em relação à DP e um modo de lidar com isso é evitar pensamentos sobre o futuro que causam prováveis resultados negativos. Sendo que a paciente se mostra engajada em seguir as orientações recebidas. Lua começou a organizar sua atividade física, alimentação equilibrada no decorrer do dia. Deste modo, conquistou uma melhora considerável no sono, sem interrupções abruptas, decorrente do controle do sono.

Em continuidade, durante o tratamento foi discutido com a paciente a importância de identificar os comportamentos, de maneira que fosse possível reconhecer o que estava modificando e dificultando o sono de modo que possibilitasse o manejo e a reestruturação destas ações.

Dentro desse quadro, destacamos que a paciente apresentou uma melhora significativa em relação a sua disposição, humor e motivação para execução de suas atividades cotidianas, além da sua percepção sobre suas emoções, pensamentos e comportamentos disfuncionais.

Diante deste cenário, apontam-se como limitações desta pesquisa, a interrupção da continuidade do tratamento da paciente já que devido à conclusão do estágio pela estagiária e responsável pelo atendimento, teve que encaminhar seu caso. Assim, teve uma suspensão repentina do plano terapêutico que contempla este estudo. Como também a ausência de estudos na literatura científica nacional e internacional, envolvendo intervenção psicológica no tratamento de pacientes com DP na TCC. Visto que, atualmente as pesquisas em sua predominância estão voltadas somente a terapia medicamentosa como única terapêutica eficiente, sendo que esta aliada a psicoterapia produz melhorias significativas no tratamento da insônia e distúrbios de sono em pacientes com DP. Assim, elenca-se a necessidade de novos estudos voltados a área da Psicologia que abordem está temática.

Nessa visão, discutir o presente estudo de caso convida aos leitores a também se sensibilizarem com o caso clínico apresentado. Acreditamos que a comunidade científica, através do diálogo pode construir e fortalecer novos caminhos para psicoterapia orientada pela TCC em casos de DP.

Ao finalizar a escrita, evidenciamos que, a contribuição principal deste estudo é possibilitar e instrumentar novas práticas terapêuticas para pacientes com DP. Assim, como contribuir com os avanços do conhecimento que diz respeito à sobreposição das manifestações de insônia, distúrbios do sono e DP.


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ª Universidade Tiradentes, Graduada em Psicologia pela UNIT. Pesquisadora do Laboratório de Biociências da Motricidade Humana (LABIMH/UNIT), Pesquisadora da ECJ-UNIRIO, ligada ao Grupo de Pesquisa Direito Humanos e Transformação Social (GPDTS/UNIRIO), Grupo de Pesquisa Educação, Tecnologias e Contemporaneidade (GPETEC/UNIT) e Colaborada associada ao Grupo de Pesquisa Educação, Cultura e Subjetividade (GPECS/UFS)
b Universidade Tiradentes, Psicóloga do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial - NAPPS da UNIT. Preceptora da Clínica Escola de Psicologia da UNIT; Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pela IMEA e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe - UFS

Correspondência

Mara Dantas Pereira
e-mail: maradantaspereira@gmail.com / maradantaspereira@outlook.com

Submetido em: 20/02/2020
Aceito em: 10/06/2020

Contribuições: Mara Dantas Pereira - Conceitualização, Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do
original, Redação - Revisão e Edição, Visualização;
Claudia Mara de Oliveira Bezerra - Redação - Revisão e Edição, Supervisão, Visualização.

Instituição: Universidade Tiradentes - UNIT

 

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