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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2020; 22(2):55-67



Artigo Original

Narcisismo e Redes Sociais*

Narcissism and Social Media

Narcisismo y Midia Sociales

Betina Lejderman; Jussara Dal Zot

Resumo

A sociedade contemporânea vive um momento de transição relacionado ao avanço das tecnologias da informação e comunicação. A Internet faz parte da rotina diária demais de 4 bilhões de usuários em todo o mundo. A Rede Social, resultante dessa revolução tecnológica, é uma novidade em termos da forma de comunicação e de expressão. Visibilidade e reconhecimento são obtidos instantaneamente através de "curtidas" e comentários positivos de outros usuários das redes sociais. As mídias digitais estão influenciando a expressão do narcisismo? Quando o narcisismo saudável se torna patológico? Esse trabalho fez uma breve revisão da literatura sobre o conceito histórico de narcisismo e sobre a expressão do narcisismo nas redes sociais. A partir das novas tecnologias digitais, as redes sociais adquiriram proeminência no cotidiano contemporâneo, influenciando de modo significativo a cultura atual. Acreditamos que as Redes Sociais têm a propriedade de revelar um narcisismo resultante entre as características individuais e o meio cultural. Da mesma forma que existe um continuum entre o narcisismo saudável e o patológico, a manifestação das características narcisistas, através das Redes Sociais, também pode exibir uma variação do normal ao excessivo.

Descritores: Narcisismo; Redes sociais; Narcisista

Abstract

The contemporary society is experiencing a moment of transition related to the advancement of information and communication technologies. The Internet is part of the daily routine of more than 4 billion users worldwide. The Social Media, resulting from this technological revolution, is a novelty in terms of the form of communication and expression. Visibility and recognition are obtained instantly through "likes" and positive comments from other users of social media. Are digital media influencing the expression of narcissism? When does healthy narcissism become pathological? This study has made a brief review of the literature on the historical concept of narcissism and on the expression of narcissism in social media. From the new digital technologies, social media have gained prominence in contemporary daily life, significantly influencing the current culture. We believe that Social Media have the property of revealing a resulting narcissism between individual characteristics and the cultural environment. In the same way that there is a continuum between healthy and pathological narcissism, the manifestation of narcissistic characteristics, through Social Media, can also show a variation from normal to excessive.

Keywords: Narcissism; Social media; Narcissistic

Resumen

La sociedad contemporánea está experimentando un momento de transición relacionado con el avance de las tecnologías de la información y la comunicación. Internet es parte de la rutina diaria de más de 4 mil millones de usuarios en todo el mundo. Las redes sociales, resultantes de esta revolución tecnológica, son una novedad en cuanto a la forma de comunicación y expresión. La visibilidad y el reconocimiento se obtienen instantáneamente a través de "me gusta" y comentarios positivos de otros usuarios de las redes sociales. ¿Los medios digitales influyen en la expresión del narcisismo? ¿Cuándo se vuelve patológico el narcisismo saludable? Este estudio ha realizado una breve revisión de la literatura sobre el concepto histórico del narcisismo y sobre la expresión del narcisismo en las redes sociales. A partir de las nuevas tecnologías digitales, las redes sociales han ganado protagonismo en la vida cotidiana contemporánea, influyendo significativamente en la cultura actual. Creemos que las redes sociales tienen la propiedad de revelar un narcisismo resultante entre las características individuales y el entorno cultural. De la misma manera que existe un continuo entre el narcisismo sano y el patológico, la manifestación de características narcisistas, a través de las redes sociales, también puede mostrar una variación de normal a excesiva.

Descriptores: Narcisismo; Midia sociales; Narcisista

 

 

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea - no contexto da globalização e da crescente revolução tecnológica - se caracteriza pelo progressivo individualismo e fluidez das relações interpessoais. Neste cenário, a cultura da novidade com ênfase no aqui e agora e a busca por gratificação imediata adquire uma inédita visibilidade. A atualidade, também denominada de pós modernidade, revela o predomínio de características narcisistas, em que se sobressaem a diluição das diferenças culturais, de gênero e de gerações, um incentivo ao consumismo e ao culto ao corpo1. Há também o predomínio do uso da imagem e da ação ao invés da reflexão para lidar com ansiedades e incertezas da vida real.

No livro A Cultura do Narcisismo2, Lasch explica que a cultura narcísica se caracteriza por uma paixão pelo momento presente e por preocupações de âmbito puramente pessoais. O caráter narcisista da contemporaneidade enfraquece a noção de coletividade ao enfatizar um ideal que concerne apenas ao individual. Segundo o autor, na cultura narcísica, as pessoas percebem sua posição social como um reflexo de suas próprias capacidades, e a política se degenera em uma luta não para a mudança social, mas para a autorrealização2.

Vivemos conectados à internet. A Internet faz parte da rotina diária de mais de 4 bilhões de usuários em todo o mundo3. A informação é instantânea. Nos comunicamos por troca de mensagens, de e-mails e através de posts nas redes sociais. Esse fenômeno moderno faz parte da vida de bilhões de usuários em todo o mundo4. A geração dos chamados millenials (nascidos após o início da década de 1980 e até ao final da década de 1990), junto com as pessoas que vivem suas vidas nas redes sociais, com um dispositivo eletrônico "colado" em suas mãos, criaram uma nova versão da cultura narcísica5. Visibilidade e reconhecimento são obtidos através de "curtidas" e comentários positivos de outros usuários das redes sociais. Muitas vezes postar o que se está fazendo parece ser mais significativo do que realmente viver este momento autenticamente6. As mídias digitais estão influenciando a expressão do narcisismo? Segundo Gabbard, o narcisismo também pode ser visto como as dificuldades relacionadas à maneira como vemos a nós mesmos e ao outro; e como nos relacionamos6. Será que estamos mudando nossa maneira de nos relacionar? As relações interpessoais menos narcisistas e mais saudáveis podem ser reconhecidas por qualidades como empatia e preocupação com os sentimentos dos outro, interesse genuíno pelas ideias do outro, aptidão para tolerar a ambivalência em relações de longo prazo sem desistir e capacidade para reconhecer as próprias contribuições para os conflitos interpessoais5.

Uma certa medida de interesse pessoal e amor próprio é normal e essencial para a nossa saúde psicológica5. Quando o narcisismo saudável se torna patológico? É possível essa demarcação? Dado o ambiente cultural atual, é muitas vezes difícil determinar quais traços indicam um transtorno de personalidade narcisista e quais são traços culturais adaptativos5. Muitas vezes é difícil distinguir com exatidão entre uma autoestima relativamente saudável e uma autoestima inflada artificialmente. Esta é uma dificuldade rotineira da prática psiquiátrica contemporânea. Esse trabalho pretende fazer uma breve revisão da literatura sobre o conceito histórico de narcisismo e sobre a expressãodo narcisismo nas redes sociais. A partir das novas tecnologias digitais, as redes sociais adquiriram destaque no cotidiano contemporâneo, influenciando a cultura atual.


NARCISISMO

A palavra narcisismo é derivada do mito grego de Narciso. Segundo a versão do poeta romano Ovídio7, quando Narciso nasceu, seus pais - o deus do rio Céfiso e a ninfa Liríope - consultaram o sábio Tirésias sobre o futuro da criança. Este lhes respondeu que o menino viveria longos anos, desde que não conhecesse a própria imagem. Conforme foi crescendo, Narciso se tornou um jovem extremamente bonito e despertava o interesse e a paixão tanto de mulheres quanto de homens. No entanto, rejeitava a todos, permanecendo insensível ao amor em uma atitude de arrogância. Eco era uma das ninfas rejeitadas, mas o amava incondicionalmente. Ela e outras ninfas igualmente desprezadas pediram ajuda aos deuses para que dessem uma lição em Narciso. Nêmesis, a deusa punidora da Justiça, o amaldiçoou de modo que ele também amasse e não obtivesse o objeto de seu amor. Para isso ela aproveitou uma límpida e cristalina fonte que havia na região. Então, ao se inclinar sobre esta fonte para beber água, Narciso acabou vendo o seu reflexo e ficou fascinado com sua visão. Encantado pela própria imagem e beleza e, sem conseguir alcança-la, Narciso se deitou no leito do rio e lá definhou até morrer. Após a sua morte, Nêmesis fez com que nascesse neste local, uma flor amarela com pétalas brancas, a qual denominou de Narciso.

De uma forma simplificada podemos dizer que Narciso olha para um lago e se apaixona pelo próprio reflexo, mas ele acha que vê outra pessoa e não ele mesmo. Segundo Gabbard6, Narciso está impressionado com sua experiência de encontrar um parceiro perfeito com quem um amor ideal possa existir. Ele experimenta uma harmonia ideal na qual duas pessoas perfeitamente adequadas e perfeitamente idênticas estão unidas. Na análise de Dombek8, a história de Narciso é na verdade um conto sobre a capacidade imperfeita de conhecer a si mesmo. Na sua perspectiva, a narrativa é muitas vezes incorretamente vista como retrato do mal ou da patologia, mas é fundamentalmente um caso de identidades equivocadas, ou seja, as ilusões que passamos no caminho do amor. Os narcisistas não conseguem ver que estão olhando para seus próprios rostos quando pensam que estão olhando para outra pessoa. O mito, então, pode ser considerado mais como uma dificuldade de reconhecimento de si, do que excesso de amor próprio.

Ao longo do tempo a palavra narcisismo adquiriu uma fama negativa. O termo narcisista quase sempre é utilizado pejorativamente. No entanto, existe uma etapa evolutiva narcisista normal em todo ser humano. O narcisismo pode se prolongar ao longo de toda a vida com características normais e sadias, representando um bom nível de autoestima, uma expressão de a pessoa gostar de si mesma, uma vaidade e um orgulho próprio pelo reconhecimento de seus valores e progressos reais. Por outro lado, as manifestações narcisistas podem ficar tão exacerbadas que adquiram uma característica de patologia, com transtornos no pensamento e na conduta9.

O transtorno de personalidade narcisista (TPN) é uma forma patológica do narcisismo reconhecido no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais10. É caracterizado por um padrão difuso de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco ou mais dos seguintes: 1) sensação grandiosa da própria importância; 2) fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal; 3) acreditar ser especial e único; 4) demandar admiração excessiva; 5) apresentar sentimento de possuir direitos; 6) exploração nas relações interpessoais; 7) falta de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros; 8) invejar os outros ou acreditar ser invejado; 9) comportamentos e atitudes arrogantes e insolentes.

A vulnerabilidade na autoestima torna os indivíduos com transtorno da personalidade narcisista muito sensíveis a "feridas" resultantes de crítica ou derrota. Embora possam não evidenciar isso de forma direta, a crítica pode assustá-los, deixando neles sentimentos de humilhação, degradação, vácuo e vazio. Podem reagir com desdém, fúria ou contra-ataque desafiador. Tais vivências geralmente levam a retraimento social ou a uma aparência de humildade que pode mascarar e proteger a grandiosidade. Relações interpessoais costumam ser afetadas devido a problemas resultantes da crença no merecimento de privilégios, da necessidade de admiração e da relativa desconsideração das sensibilidades dos outros. Embora ambição e confiança desmedidos possam levar a grandes conquistas, o desempenho pode ser comprometido pela intolerância a críticas ou derrotas10.

Segundo Roudinesco11, o termo narcisismo foi empregado pela primeira vez, em 1887, pelo psicólogo francês Alfred Binet com o artigo O fetichismo no amor para descrever uma forma de fetichismo que consiste em tomar a própria pessoa como objeto sexual. O conceito histórico de narcisismo,relacionado com o mito de Narciso, de acordo com Laplanche e Pontalis12 foi inicialmente explorado em termos médicos-psicológicos e psicopatológicos pelo médico inglês Havelock Ellis, em 1898, no artigo intitulado Autoerotismo: um estudo sobre a manifestação espontânea do impulso sexual para designar o que seria o comportamento perverso relacionado a esse mito. Entretanto, foi através do trabalho do psiquiatra e criminologista alemão, Paul Näcke12, com o trabalho Narzissmus in einer Studie über sexuelle Perversionen, em 1899, que a definição do narcisismo como uma entidade psicopatológica encontrou repercussão clínica .

Freud descreveu o narcisismo como um aspecto normal do desenvolvimento do indivíduo13. Em Uma Introdução ao Narcisismo, de 1914, ele considera o narcisismo como um conceito e uma teoria: admite a existência simultânea de uma libido do Eu e de uma libido do objeto, assim o Eu passou a ser também objeto de investimento libidinal13. Essa concepção modifica a forma de se compreender o conflito psíquico. No narcisismo primário o investimento da libido se faz para o ego e só posteriormente para os objetos. O bebê tem toda sua libido voltada para si, constituindo um campo de ilusão narcísica, onde passa a ser sustentado, através do olhar da mãe, por uma imagem integrada e de perfeição de si mesmo. Freud ressalta a constituição humana a partir de um outro que lhe dirige o olhar. Quando ocorre alguma frustração ou dificuldade nas relações, a libido é retirada dos objetos e retorna ao ego, configurando o narcisismo secundário1. Segundo Freud13, o narcisismo secundário é um estrutura permanente do indivíduo, que visa um equilíbrio entre investimento narcísico e objetal, através da busca pelos ideais, o ideal de ego mantém os interesses do indivíduo voltados para o mundo externo. A dinâmica entre o investimento narcísico e do mundo externo (entre a libido do Eu e a libido do objeto) torna-se fundamental para a sanidade vital (Eros). A circulação dos investimentos promovida por Eros pode ser obstada pelo Eu, mas também pelo objeto, isto é, pelo mundo externo e as condições que oferece para o acolhimento dos investimentos do Eu e para a preservação do Eu14.

Para André Green15, o conceito de narcisismo depois de Freud recebeu contribuições de vários autores. Na Europa a obra de Melanie Klein se centrou na teoria das pulsões de morte de Freud. A escola francesa se dedicou ao narcisismo através dos trabalhos teóricos de Grunberger, Lacan e André Green. Nos Estados Unidos os autores com um trabalho expressivo sobre esse tema foram Hartmann, Kohut e Kernberg. Também nos Estados Unidos, Glenn Gabbard, tem estudado o tema do narcisismo no contexto da sociedade atual6.

Na teoria Kleiniana o interesse narcisista é uma atitude agressiva em relação ao objeto; existe uma intenção de agredir, por inveja ou por ciúme, que é expressa pelo narcisismo. Melanie Klein16, em Inveja e Gratidão, considera a inveja umas das emoções mais primitivas e fundamentais. Hanna Segal17 explica que um sujeito inveja um objeto por alguma posse ou qualidade deste, visando ser tão bom quanto esse objeto; mas quando isso é sentido como impossível, visa danificar a bondade do objeto, para remover a fonte de sentimentos invejosos.

Rosenfeld18, um psicanalista da escola inglesa, elaborou a visão Kleiniana sobre narcisismo. Acredita que a função mais importante de uma relação narcisista é manter a experiência ilusória de que não há separação entre o sujeito e o objeto. A percepção da separação é evitada, pois implica sentimentos de dependência e valorização do objeto, levando a sensações de frustração e inveja. Indivíduos narcisistas negam sua dependência e se comportam como se fossem autossuficientes de forma onipotente. Quando o objeto é frustrante, eles ficam desapontados e sofrem de uma grande ansiedade por não serem capazes de manter o controle sobre o objeto.

Segundo a literatura atual o TPN ocorre dentro de um continuum5. Em um dos extremos está a descrição de Kernberg19-21: indivíduo invejoso e ganancioso que exige atenção e aplauso de outras pessoas. No outro extremo estão os indivíduos caracterizados por Kohut22: mais vulnerável a desprezos e à auto fragmentação. Kernberg21 vê a organização defensiva do TPN como semelhante a do transtorno de personalidade borderline. O TPN tem um self narcísico integrado, mas patologicamente grandioso. Essa estrutura é uma fusão do self ideal, do objeto ideal e do self real. Pacientes com TPN se identificam com sua autoimagem idealizada de forma a negarem sua dependência em relação a outras pessoas. Essa característica se manifesta como uma pseudo autossuficiência por meio da qual se nega qualquer necessidade de cuidado enquanto, ao mesmo tempo, tenta impressionar os outros e obter aprovação. Além disso negam as características inaceitáveis da própria autoimagem ao projetá-las sobre outras pessoas. Kohut22 acredita que indivíduos narcisicamente perturbados estão aprisionados, sob o ponto de vista do desenvolvimento, a um estágio no qual eles necessitam de respostas específicas das pessoas em seu ambiente de forma a manterem um self coeso. Quando essas respostas não aparecem, esses indivíduos estão propensos a fragmentações do self. Compreendeu esse estado das relações como o resultado de falhas empáticas dos pais; os pais não responderam com validação e admiração às demonstrações exibicionistas da criança apropriada às fases de desenvolvimento; os pais não ofereceram experiências gemelares e não forneceram à criança modelos dignos de idealizações.

De acordo com Green15, no que concerne ao narcisismo, o objeto - fantasiado ou real - entra em uma relação conflitiva com o Eu. A sexualização do Eu tem como efeito transformar o desejo pelo objeto em desejo pelo Eu. Este autor, que apresenta um interesse renovado no tema do narcisismo, destaca as importantes contribuições para a literatura psicanalítica do trabalho teórico de Kohut e Kernberg em relação aos casos-limite e às estruturas narcísicas. Reconhece, assim como Kohut, que muitas vezes é frequente a constatação de como a participação dos objetos da realidade desempenham um papel importante na psicopatologia. Refere que "a estrutura psíquica do sujeito testemunha relações singulares ente objeto real e objeto da fantasia" (p. 20). Para Green15, seria necessário expandir o conceito de narcisismo e inclui-lo na nova teoria das pulsões de Freud. Em seu artigo Pulsão de morte, narcisismo negativo, função desobjetalizante23, faz uma ligação entre o conceito de pulsão de morte de Freud e o que ele designa como narcisismo de morte ou narcisismo negativo.

De um ponto de vista descritivo Gabbard24 denominou os dois extremos opostos do continuum em narcisistas distraídos e narcisistas hipervigilantes. O tipo distraído5 parece não ter consciência de seu impacto sobre os outros. É arrogante, agressivo, absorvido em si mesmo e precisa ser o centro das atenções. Fala como se estivesse se dirigindo a uma grande audiência, fala "para" os outros e não "com" os outros. Sua conversa é repleta de referências às próprias realizações. É insensível às necessidades alheias e muitas vezes não permite que os outros contribuam para a conversa. É aparentemente imune no que se refere a ter seus sentimentos magoados por outros. O tipo hipervigilante5 é extremamente sensível às reações de outras pessoas, sendo facilmente magoado. Sua atenção é mais direcionada aos outros do que para si. Ouve cuidadosamente outras pessoas pela evidência de desprezos e críticas. É tímido e inibido a ponto de ser apagado. Evita ser o centro das atenções porque acredita que será rejeitado e humilhado. Mas no centro do seu mundo interior está um profundo senso de vergonha relacionado ao desejo secreto de se exibir de uma maneira grandiosa.

A teoria psicanalítica consagrou a expressão de Freud - "narcisismo das pequenas diferenças" - para explicar esta percepção da diferença e da alteridade como uma ameaça à integridade narcísica do Eu25. Para a psicanálise, é deste "narcisismo das pequenas diferenças" que deriva a hostilidade inerente aos vínculos humanos, em oposição aos sentimentos de solidariedade e amor ao próximo. Neste sentido, o narcisismo se opõe ao reconhecimento do outro enquanto alteridade, e a diferença é colocada enquanto uma ameaça ao Eu; assim, o outro é visto não como um sujeito a ser reconhecido por suas diferenças, mas como ameaça à satisfação ilimitada do Eu25.


CONTEXTO CULTURAL ATUAL

Em A civilização do espetáculo26, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, explica que vivemos na cultura da frivolidade: a forma importa mais que o conteúdo, e a aparência, mais que a essência. "Vivemos presos à novidade, não importa qual, contanto seja nova" (p. 45). Em um contexto no qual a cultura se aproxima cada vez mais do entretenimento e se afasta da reflexão, qualquer empreendimento que exija algum esforço intelectual maior tende a ser rejeitado pelo consumidor em busca de prazeres fáceis e instantâneos. A cultura atual propaga conformismo através de complacência e autossatisfação26.

O sociólogo polonês Zymunt Bauman27, usa o termo "modernidade líquida", para tratar da fluidez das relações no mundo contemporâneo. Segundo ele, o homem contemporâneo está em permanente construção de sua identidade e as relações socias são temporárias e frágeis; não exigem nem o reconhecimento nem a responsabilidade com o outro. Acredita que não sabemos mais manter laços a longo prazo, uma vez que damos prioridade aos relacionamentos em "rede", os quais são feitos e desfeitos com a mesma facilidade e, frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual27. O contato no mundo virtual pode ser desfeito no primeiro sinal de descontentamento, o que demonstra a intolerância à frustração narcisista como uma das características da sociedade líquida.

As novas tecnologias, principalmente os smartphones, facilitam e estimulam o compartilhamento de nossas experiências cotidianas através de fotos, áudios e vídeos nas redes sociais. A exibição das atividades diárias e da imagem pessoal nas redes sociais podem exprimir um comportamento narcísico de exibicionismo, busca por atenção, autopromoção e preocupação com aparência física28. Esta dinâmica que tem por consequência captar o olhar do outro, preenche a nossa necessidade narcísica; nossa existência parece exigir o olhar do outro para ser confirmada29. A busca por reconhecimento não necessariamente é um problema, no entanto a necessidade excessiva de reconhecimento pode se tornar patológica. Fox e Rooney30 constataram que narcisistas postam um maior número de selfies, assim como editam com mais frequência as fotos postadas nas redes sociais. Portanto, é provável que os narcisistas compartilhem mais fotografias de si mesmos nas redes socias e editem suas selfies para maximizar sua atratividade e assim reafirmar a ilusão de serem capazes de despertar o desejo físico e transmitir sua superioridade percebida em relação aos outros31.

Christopher Lash, em 1979, antecipou que uma cultura de narcisismo se desenvolveria em resposta à nossa devoção servil à mídia eletrônica, que prosperou com imagens superficiais ao mesmo tempo em que ignorou a substância e a profundidade2. Segundo Twenge e Campbell32, a autoestima e o narcisismo invadiram o discurso social da sociedade. Explicam os crescentes níveis de investimento em si através do impacto de viver a vida nas mídias sociais, do onipresente smartphone e na mudança dos estilos parentais. A internet estimula as pessoas a se promoverem e a transmitirem suas vidas através das redes sociais. Qualquer pessoa com um dispositivo móvel pode ter sua autoestima aumentada pelo número de "curtidas" nas mídias sociais que oferecem gratificação instantânea ao longo do dia. Ao mesmo tempo, os pais estão construindo uma autoestima elevada em seus filhos, acreditando e reafirmando o quanto eles são especiais. Segundo Brummenlman33, o narcisismo é decorrente da valorização parental excessiva em vez de pela falta de carinho dos pais; ou seja, as crianças desenvolvem narcisismo, em parte, pela internalização da forma inflada que seus pais as veem. Acredita que pais narcisistas projetam sua autopercepção inflada em seus filhos, que podem imitar ou herdar seus graus de narcisismo. Os jovens adultos de hoje desejam riqueza e fama sem fazer o esforço necessário para conquistar. Muitos dos narcisistas da geração dos millenials, não são indivíduos com TPN, mas indivíduos com um alto nível de narcisismo: geralmente carecem de relacionamentos afetuosos, atenciosos e amorosos e, em muitos casos, se sentem superiores aos outros32. Geralmente são considerados egoístas e tendem a viver a vida on-line, para que outros possam observar seus pensamentos e sentimentos, suas vidas amorosas e suas realizações.


REDES SOCIAIS

As Redes Sociais são definidas por Ellison e Boyd4 como serviços baseados na web que permitem aos indivíduos construir um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema de acesso limitado, estabelecer uma lista de usuários com quem estabelecem uma conexão e interagir com sua lista de contatos e as respectivas conexões de seus contatos nos sistema; a natureza dessas amplas conexões pode variar de site para site. O que torna as Redes Sociais únicas não é o fato de permitir que indivíduos conheçam estranhos, mas sim possibilitar que os usuários se façam visíveis para sua rede social; o que pode criar conexões entre indivíduos que não aconteceriam de outra forma. Mas esse não é o único objetivo, pois geralmente as conexões em Redes Sociais são entre pessoas que já tem laços offline34. Os usuários não estão necessariamente buscando conhecer novas pessoas, mas sim se comunicar com sua rede social mais ampla já existente; seja compartilhando informações globais ou compartilhando acontecimentos de sua própria vida.

As Redes Sociais fazem parte tanto das atividades de lazer como profissionais,entretenimento e comunicação das mais diferentes faixas etárias e classes sociais em todo o mundo. Embora não seja o foco deste trabalho, é importante destacar que mesmo que a maioria das pessoas faça um uso não problemático, um pequeno número de usuários pode fazer um uso excessivo e/ou compulsivo das mídias sociais35. Este uso abusivo pode ser definido por estar excessivamente preocupado com as mídias socias, ter uma motivação incontrolável para fazer uso das mídias sociais e gastar tanto tempo nas mídias sociais que isso cause prejuízos em áreas importantes da vida36. O uso das redes é influenciado por diversos traços de personalidade. O traço de personalidade narcisista é marcado pelo conceito grandioso e inflado de si mesmo, com um forte foco em sie forte exibicionismo37. Pessoas com graus mais altos de narcisismo tendem a usar mais as redes socias e consideram o uso mais gratificante do que os não narcisistas38. Estudos demonstram correlação entre narcisismo e uso excessivo e/ou compulsivo das mídias socias35,39.

"Gratidão." "Eu sou movido a desafios". "Muito amor envolvido." São alguns exemplos de legendas que vemos em fotos postadas nas redes sociais. Um agradecimento pode ser silencioso e discreto. Mas as pessoas querem se exibir: olha só, acontecem tantas coisas boas comigo. Será que as pessoas gostam de problemas inéditos e complicados? Improvável, mas nas redes é melhor dizer que gostam de enfrentar novos desafios. Assim como gostam de demonstrar como são pessoas afetuosas. Será uma necessidade de admiração? Uma forma de elevar sua autoestima através de "curtidas"?

As Redes Sociais como Facebook e Instagram, são plataformas de interação social relativamente fáceis para indivíduos com traços narcisistas satisfazerem sua necessidade de admiração. Através de "curtidas" as pessoas em geral se sentem aceitas, assim, através de postagens frequentes de fotos e status nas redes, os narcisistas podem ter sua necessidade de aprovação satisfeita40. O grande número de usuários do Facebook cria um ambiente que permite aos narcisistas criarem relacionamentos para ganho pessoal sem estabelecer intimidade40. Pessoas com traços narcisistas tendem a postar mais informações sobre sua vida privada e suas realizações nas Redes Sociais41. Comentários positivos de outros usuários e "curtidas" podem ser reforços positivos para indivíduos narcisistas continuarem postando42. Essa suposta validação e admiração de outros, através das Redes Sociais, permite aos indivíduos narcisistas manterem uma visão grandiosa de si43.

Nas Redes Sociais, somos bombardeados minuto a minuto, por realizações, sucesso e felicidade dos outros. É inevitável surgir uma comparação e um sentimento de inveja pelo desejo de algo do qual nos vemos privados; inveja pelo sucesso alheio; inveja dos olhares de atenção e de reconhecimento, podendo despertar sentimento de tristeza e desvalorização em um jogo que fere nosso narcisismo. Há sempre um outro que atrai a atenção e admiração dos demais, gerando a impossibilidade de um preenchimento narcísico que se mantenha. É necessário então, renovar as publicações para fazer parte do jogo e retomar os olhares voltados para si29.

O mecanismo da inveja implica em obter para si a gratificação de ser visto e, ao mesmo tempo, privar os demais dessa gratificação, pois só há lugar para um44. A pessoa invejosa procura despertar inveja nos outros com o intuito de proteger-se do seu sentimento de inveja e, para tanto, seguirá exibindo sua imagem de sucesso, o que demonstra uma relação entre inveja e narcisismo45. Assim, a comparação e a inveja inerentes das Redes Sociais faz reavivar um comportamento tipicamente narcísico: se desejamos atrair os olhares de reconhecimento que estão dirigidos para os outros, precisamos postar algo para que os olhares se voltem para nós.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os conceitos teóricos que embasam a psicanálise e o meio cultural vigente, são importantes na compreensão do funcionamento psíquico e do comportamento humano. O narcisismo como um conceito, foi introduzido por Freud em 1914 e desde então tem sido objeto de estudo de diversos autores que se dedicam às áreas médicas, psicológicas e sociais. Esse conceito, inspirado na mitologia grega e em constante evolução, nos ajuda a compreender tanto os fenômenos psicológicos do comportamento humano na sua expressão individual e social, como os aspectos da psicopatologia narcisista.

A sociedade contemporânea vive um momento de transição relacionado ao avanço das tecnologias da informação e comunicação. A Rede Social, resultante desta revolução tecnológica, é uma nova forma de expressão e possibilita revelar o narcisismo resultante entre características individuais e o meio cultural. Observa-se que as Redes Sociais possuem a capacidade de atrair narcisistas, funcionando como uma espécie de "palco" com uma "plateia" garantida, e não necessariamente "criar" narcisistas. O aumento de indivíduos narcisistas nas Redes Sociais, pode levar a um aumento do comportamento narcisista entre os usuários, e este pode passar a ser visto como aceitável em uma sociedade contemporânea já impregnada deste comportamento.

Recentemente a rede Instagram não deixou mais visível o número de "curtidas" de uma postagem para os outros usuários. Podemos entender essa atitude como uma reação da própria rede para tornar o seu uso mais saudável e menos um ambiente de fomento à vaidade e ao narcisismo. Da mesma forma que existe um continuum entre o narcisismo saudável e o patológico, essa manifestação do narcisismo, através das Redes Sociais, também pode exibir uma variação do normal ao excessivo. Assim, é importante estarmos alertas para o uso excessivo, mas é inegável a contribuição das Redes Sociais tanto como atividade de lazer como uma ferramenta profissional.

Este estudo apresenta entre uma de suas das limitações não ser uma revisão sistemática, de modo que nem todos artigos relevantes foram examinados. Não foi abordado o uso das mídias digitais em crianças e adolescentes, faixas etárias que fazem um uso progressivamente maior das Redes Sociais. Este estudo pode ter seguimento analisando o uso das Redes Socias em crianças e adolescentes, relacionando as características próprias destas fases do desenvolvimento com narcisismo e Redes Sociais.


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Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Centro de Estudos Luís Guedes - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Correspondência

Betina Lejderman
e-mail: betinalejderman@gmail.com / E-mail alternativo: betinalejderman@gmail.com

Submetido em: 05/03/2019
Aceito em: 09/07/2020

Contribuições: Betina Lejderman - Redação - Preparação do original; Jussara Dal Zot - Supervisão.

Instituição: Centro de Estudos Luís Guedes - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

* Este artigo foi trabalho de conclusão do primeiro ano do curso de formação em psicoterapia de orientação analítica do CELG.

 

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