Rev. bras. psicoter. 2020; 22(2):39-54
Araujoª AT, Côrrea AS, Grebotª IBF, Souzaª WC. Tratamento do TAG nas terapias cognitivas de terceira geração. Rev. bras. psicoter. 2020;22(2):39-54
Artigo de Revisao
Tratamento do TAG nas terapias cognitivas de terceira geração
GAD treatment third generation cognitive therapies
El tratamiento del TAG em terapias cognitivas de tercera generación
Anna Thallita de Araujoª; Andriza Saraiva Côrreab; Ivan Bouchardet da Fonseca Grebotª; Wânia Cristina de Souzaª
Resumo
Abstract
Resumen
INTRODUÇÃO
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é caracterizado por ansiedade crônica, flutuante. Além disso, é acompanhado de sintomas psicofisiológicos, principalmente por preocupações frequentes, excessivas e difíceis de controlar. A característica principal do TAG é o processamento autorreferencial negativo, ou seja, preocupações e ruminações1. De acordo com o DSM-V10, os critérios diagnósticos incluem ansiedade e preocupações excessivas, acompanhados por uma dificuldade do indivíduo em controlá-las, por um período de pelo menos seis meses, acompanhados de sintomas como inquietação, fadiga, irritação, dificuldade de concentração e prejuízos no sono3, 5.
As preocupações são excessivas - e multifocais em aspectos da vida cotidiana, como saúde, profissão, família, finanças, assim como sobre o futuro. Os temas das preocupações são semelhantes aos da população geral. No entanto, são experienciados de maneira catastrófica por indivíduos com TAG, o que resulta em ambiguidades e incertezas2,3,4,5,62. Acredita-se que as preocupações ocorrem de forma pictórica ou em pensamentos expressos verbalmente. Preocupações são um estilo de pensamento direcionado para o futuro e análogo à ruminação, no qual está envolvido conteúdo negativo. Indivíduos com TAG apresentam confiança nesse conteúdo semântico e abstrato, que ocasionam sintomas fisiológicos6,7,8,9.
O TAG é o transtorno de ansiedade mais prevalente em adultos mais velhos11. A idade de início é variável, podendo ter início tanto na infância, quanto na idade adulta ou em idosos. Ele também está associado à diminuição da qualidade de vida e ocorre duas vezes mais em mulheres, com prevalência de 6% dos 13 aos 18 anos e cerca de 20% na população adulta12,13. Ao longo da vida, sua prevalência é de 5%, acompanhado de outros transtornos mentais4,14.
Os tratamentos por meio de psicoterapia geralmente são mais recomendados, por produzirem resultados semelhantes ao tratamento medicamentoso, e com isso, apresentam menores taxas de recaída16. Por mais que a TCC tenha eficácia no TAG, as taxas de resposta são inferiores às de outros transtornos de ansiedade, conforme apresentado por Waters e Craske (2005)17, onde a taxa de melhora clínica para o TAG variou entre 38% e 63%, comparado auma taxa entre 82% e 85% no transtorno de pânico. Com isso, destaca-se a necessidade de novas pesquisas sobre mecanismos de mudança que melhorem os resultados dos tratamentos a longo prazo18,61.
Um enfoque que tem ganhado a atenção dos clínicos são as terapias cognitivas de terceira geração. Consideradas técnicas interativas, essas linhas de tratamento surgiram a partir de 1990, e incluem diversos modelos de intervenção, como mindfulness19, terapia de aceitação e compromisso20, terapia focada na compaixão64, terapia comportamental dialética21, entre outras. As terapias de terceira geração visam estratégias experienciais e contextuais22, combinadas com a terapia cognitiva e aumentam a eficácia dos tratamentos. Esse modelo integrativo e baseado em evidências atua nas respostas disfuncionais decorrentes dos transtornos23,24. Com isso, estratégias que combinam técnicas de terceira geração com a TCC tradicional aumentam a eficácia dos tratamentos.
Neste sentido, esta revisão teve como objetivo realizar uma revisão rápida da literatura sobre as terapias cognitivas de terceira geração no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. Especificamente, buscou-se avaliar, por meio da análise de conteúdo, as principais características dos estudos, público-alvo e os principais achados para o tratamento do TAG, e suas limitações.
MÉTODO
Foi desenvolvida uma rápida revisão sistematizada da literatura, que abrangeu o período de 2014 a 2020. Foram examinados artigos indexados nas bases de dados PubMed e PsycINFO, no idioma inglês. Os descritores utilizados - combinados com "treatment"e"generalized anxiety disorder" - foram: "cognitive behavioral therapy", "dialectical behavior therapy", "acceptance and commitment therapy", "metacognitive therapy", "mindfulness", "emotional regulation", "schema therapy", "compassion focused-therapy"e"cognitivethird generation". Optou-se pela combinação de termos para uma busca mais focada no tema. Para a busca na base de dados PubMed, foi utilizado o Medical Subject Headings (MeSH). Os termos foram cruzados com o operador booleano "AND".
Foram incluídos apenas estudos empíricos, ensaios clínicos abertos e controlados, meta-análises e estudos de casos que apresentassem as evidências do tratamento das terapias de terceira geração no TAG. Foram excluídas publicações que não correspondiam aos anos delimitados, pesquisas com o objetivo apenas de validação de escalas, tratamento combinado com fármacos ou outras intervenções de tratamento.
Foram encontradas 93 publicações relacionadas ao tratamento do TAG pelas terapias de terceira geração, que foram subsequentemente analisadas em função de sua pertinência com o objetivo proposto. Com base na leitura dos resumos, foram excluídos 56 estudos. Dessa forma, 37 artigos foram incluídos na presente revisão e analisados qualitativamente. A Figura 1 apresenta o fluxograma PRISMA usado na seleção das publicações.
artigo anterior | voltar ao topo | próximo artigo |
Rua Ramiro Barcelos, 2350 - Sala 2218 - Porto Alegre / RS | Telefones (51) 3330.5655 | (51) 3359.8416 | (51) 3388.8165-fone/fax