ISSN 1516-8530 Versão Impressa
ISSN 2318-0404 Versão Online

Revista Brasileira de Psicoteratia

Submissão Online Revisar Artigo

Rev. bras. psicoter. 2020; 22(1):1-14



Artigo Original

Atendimento psicológico e supervisão em terapia analítico-comportamental em um serviço-escola

Psychological care and supervision in analyticbehavior therapy in a school service

Cuidado psicológico y supervisión en terapia de comportamiento analítico en un servicio escolar

Suzana Peron; Caroline da Cruz Pavan Cândido; Carmem Beatriz Neufeld

Resumo

Este artigo tem como objetivo descrever o estágio de atendimento individual na abordagem analíticocomportamental, oferecido pelo Laboratório de Pesquisa de Intervenção Cognitivo-Comportamental - LaPICC-USP (CPA - Instituição da FFCLRP-USP). Serão descritos os procedimentos de atendimento e supervisão assim como dados clínicos referentes aos atendimentos realizados entre 2009 e 2016. Trata-se de uma pesquisa descritiva com metodologia documental. As variáveis consideradas foram sexo, idade, escolaridade, ocupação, estado civil, indicação de atendimento, demanda e encaminhamento. Os resultados quantitativos foram analisados a partir de estatística descritiva, sendo atendidos 24 pacientes, havendo prevalência na busca espontânea por atendimento (54,17%), por clientela na faixa dos 20-29 anos (66,67%), com ensino superior completo (54,17%), economicamente ativa (83,33%), solteira (54,17%) e do sexo feminino (75,00%). Os procedimentos específicos relativos à supervisão também foram descritos com detalhes.

Descritores: Serviços-Escola de Psicologia; Caracterização de Clientela; Terapia Analítico-Comportamental

Abstract

This article aims to describe the stage of individual care in the analytical-behavioral approach offered by the Research Laboratory of Cognitive-Behavioral Intervention - LaPICC-USP (CPA - Institution of FFCLRP-USP). The procedures of care and supervision will be described as well as clinical data referring to the visits performed between 2009 and 2016. It is a descriptive research with documentary methodology. The variables considered were sex, age, schooling, occupation, marital status, indication of care, demand and referral. The quantitative results were analyzed from descriptive statistics, with 24 patients being attended, with prevalence in the spontaneous search for care (54.17%), by clientele in the 20-29 age group (66.67%), with complete higher education (54.17%), economically active (83.33%), single (54.17%) and female (75.00%). Specific oversight procedures have also been described in detail.

Keywords: Psychological clinical school; Client profile; Behavioral-analytic Therapy

Resumen

Este artículo tiene como objetivo describir la etapa de atención individual en el abordaje analítico-conductual, ofrecido por el Laboratorio de Investigación de Intervención Cognitiva-Conductual - LaPICC-USP (CPA - Institución de FFCLRP-USP). Se describen los procedimientos de atención y supervisión así como datos clínicos referentes a las atenciones realizadas entre 2009 y 2016. Se trata de una investigación descriptiva con metodología documental. Las variables consideradas fueron sexo, edad, escolaridad, ocupación, estado civil, indicación de atención, demanda y encaminamiento. Los resultados cuantitativos fueron analizados a partir de estadística descriptiva, atendiendo a 24 pacientes, habiendo prevalencia en la búsqueda espontánea por atención (54,17%), por clientela en la franja de los 20-29 años (66,67%), con enseñanza superior completa (54,17%), económicamente activa (83,33%), soltera (54,17%) y del sexo femenino (75,00%). Los procedimientos específicos relativos a la supervisión también se describen con detalle.

Descriptores: Servicios-Escuela de psicología; Caracterización de Clientela; Terapia Analítica-Conductual

 

 

INTRODUÇÃO

Em 1962, foi promulgada a Lei nº 4.119, que dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia e regulamentação da profissão de Psicólogo. Segundo o Artigo 16, as faculdades que mantivessem cursos de Psicologia deveriam organizar serviços clínicos e de aplicação à educação e aos trabalhos, orientados e dirigidos pelo Conselho dos Professores do curso, sendo estes abertos ao público, de forma gratuita ou remunerada1. Desta forma, surgiram os serviços de clínicas-escola de psicologia, atualmente denominados serviços-escola2, locais onde os alunos de graduação têm a oportunidade de estagiar e aplicar os conhecimentos aprendidos na teoria, sendo também locais de prestação de serviços, gratuitos ou semigratuitos, de atendimento psicológico à comunidade3.

O Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPA), da Instituição FFCLRP-USP foi criado em 1971, em atendimento à lei acima citada. O serviço proporciona atendimento a crianças, adolescentes, adultos e instituições, dentro de critérios estabelecidos como apropriados ao ensino e pesquisa. Ainda, desempenha atividades de estágio, pesquisas em diversos campos da Psicologia Aplicada e atendimento a comunidade além de atividades como diagnóstico, psicoterapia, ensino, assessoria psicológica, aconselhamento, seleção de pessoal, pesquisa e treinamento de pessoal. Os estágios oferecidos fornecem oportunidades para que o aluno experimente várias das possíveis abordagens presentes no campo da Psicologia.

A escolha de estágio é feita a partir das preferências os alunos de quarto e quinto ano de graduação em Psicologia. Os alunos se inscrevem para os estágios nos quais eles têm interesse e passam por um processo seletivo que é específico para cada estágio. Após a seleção, estes participam de treinamentos específicos, nos quais conceitos teóricos e práticos são aprofundados e treinados antes que os atendimentos aos pacientes tenham início.

O procedimento para o atendimento dentro do Serviço-escola do CPA tem início com a busca do atendimento pelo interessado. O serviço de atendimento psicológico do CPA é amplamente conhecido pela população e indicado pelos serviços de saúde pública da cidade, ele funcionava na época do levantamento de dados como um serviço de portas abertas. O indivíduo interessado no atendimento psicológico procurava o serviço em horário pré-estabelecidos e passava por uma entrevista de triagem, realizada por estagiários de psicologia, sendo então encaminhado para a lista de espera para o atendimento

A medida em que os estagiários começam suas atividades, estes recorrem ao supervisor responsável pela triagem e entram em contato com pacientes para verificar o interesse pelo atendimento. Caso haja a confirmação, o estagiário agenda um primeiro atendimento, recolhe as informações disponíveis em seu prontuário (como o motivo da queixa, idade, histórico de atendimentos anteriores, uso de medicamento, etc.) e passa por supervisão para o planejamento do início do atendimento.

Neste sentido, um dos laboratórios que oferece estágios de atendimento clínico dentro do CPA é o Laboratório de Pesquisa de Intervenção Cognitivo-Comportamental - LaPICC-USP. Fundado em 2009, pela Profa. Dra. Carmem Beatriz Neufeld, o principal objetivo do laboratório consiste na busca pela integração entre a pesquisa, a formação de terapeutas e supervisores e a oferta de um serviço de qualidade para a população (Autor, 2014). Os estagiários são alunos dos últimos dois anos do curso de graduação em Psicologia, uma vez que o programa curricular determina o período de estágio nessa fase do curso. Dentre as abordagens teóricas já oferecidas pelo laboratório estão as terapias cognitivo-comportamentais - presentes até o momento - e a terapia analíticocomportamental (TAC) - que teve sua oferta encerrada em 2016.

A TAC é uma proposta brasileira de terapia4,5,6 que se fundamenta do ponto de vista filosófico, teórico, conceitual e metodológico na ciência do comportamento4,7,8. Para esta ciência o termo comportamento é definido como a interação entre organismo e ambiente, sendo que uma mudança de comportamento só seria possível com a modificação desta relação4,9. O termo TAC foi adotado para identificar a fundamentação na análise do comportamento e diferenciá-la das demais terapias comportamentais4,6,7,9.

Sua ferramenta básica de diagnóstico, análise e intervenção é a análise de contingências4,5,11. Seu modo de intervenção não está baseado em um modelo padronizado, que tem passos e/ou técnicas pré-definidos, mas sim, em um processo baseado nos princípios básicos da Análise do Comportamento e nos achados experimentais da área. O processo terapêutico analítico-comportamental é conduzido sempre considerando as particularidades de cada indivíduo11 buscando compreender o indivíduo e não exclusivamente a queixa que o trouxe à terapia. A relação terapêutica tem papel de destaque, sendo utilizada para promover a modificação do comportamento do cliente dentro da própria sessão4,6, e portanto, é imprescindível para o sucesso da terapia11.

Na literatura científica é possível encontrar um contingente de estudos que indicam a necessidade de produção de conhecimento sobre os atendimentos realizados em Serviços-Escola de Psicologia, sendo um deles a avaliação dos serviços de atendimento psicológico4. Neste sentido, as pesquisas realizadas com estes objetivos evidenciam que há a necessidade de conhecer a população atendida, avaliar as intervenções oferecidas, propor novas estratégias e produzir informações sobre as condições de saúde mental da população clínica13,14,15. Ainda, estes estudos devem verificar não apenas se o atendimento corresponde às expectativas dos pacientes, mas também se a supervisão fornecida aos estagiários em formação atende às suas necessidades de formação profissional4,16.

Neste sentido, os estágios supervisionados devem ser organizados com o objetivo de garantir um mínimo de experiência e competência para a prática profissional17 (Campos 2001), uma vez que esta atividade prática de formação possui como objetivo o desenvolvimento de competências e habilidades para o exercício profissional18 (Barleta, Fonseca & Delabrida, 2012). Objetivo este que torna essa tarefa um desafio, pois oferecer um estágio supervisionado de qualidade está diretamente relacionado com uma boa formação para os estagiários19 (Campos, 1998). Entretanto, a literatura nacional apresenta poucos estudos que descrevem e discutem métodos de supervisão20 (Yamamoto, Costa, 2010).

Ademais, esta preocupação vem crescendo nos últimos anos, independente da abordagem teórica utilizada no processo clínico, uma vez que o treinamento de terapeutas iniciantes é considerado a principal estratégia para a consolidação da atuação profissional19 (Campos, 1998), e além da interlocução entre teoria e prática, a supervisão tem como função adequar o fazer profissional com a demanda específica18 (Barleta, Fonseca & Delabrida, 2012).

Deste modo, evidencia-se a importância da caracterização da população atendida por serviços de psicologia e da supervisão oferecida aos estagiários para que o atendimento oferecido possa atender às demandas apresentadas por estes pacientes, a partir do desenvolvimento de intervenções voltadas especificamente para os focos de necessidade10.


OBJETIVO

Este estudo teve como objetivo descrever as atividades relacionadas ao estágio de atendimento individual na abordagem analíticocomportamental, oferecido pelo LaPICC-USP, no período entre 2009 a 2016. Para isso, serão descritas as características dos atendimentos, das supervisões e serão apresentados e discutidos dados de caracterização dos atendimentos realizados pelos estagiários.


MÉTODO

Documentos/fontes

Os dados coletados foram obtidos a partir dos prontuários dos pacientes - constituídos pela entrevista de triagem e pelo histórico de atendimento, além dos registros de supervisão e de atendimentos, realizados pelo supervisor e pelos estagiários, respectivamente.

Foram consultados 24 prontuários de pacientes adultos que procuraram atendimento no Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPA) da Instituição FFCLRP-USP, e foram atendidos no estágio de TAC.

Os registros de supervisão são anotações assistemáticas realizadas pelo supervisor, durante as supervisões, contendo as orientações fornecidas aos estagiários sobre as condutas a serem tomadas, além das informações mais relevantes sobre o caso. Os registros de atendimento são os relatos das sessões realizadas pelos alunos, e as análises semanais do caso. Todos estes documentos consultados foram produzidos entre agosto de 2009 e julho de 2016, período em que o estágio foi oferecido pelo laboratório.

Procedimentos de coleta e análise de dados

Trata-se de uma pesquisa descritiva, com metodologia documental, cujos dados foram descritos em termos de frequência.

Este projeto passou pela aprovação do Conselho do Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada e do Comitê de Ética em Pesquisa da FFCLRP-USP (CAAE nº550638167.7.0000.5407), uma vez que é constituída, em parte, por dados contidos nos prontuários dos pacientes atendidos no estágio. Os procedimentos relativos à ética na pesquisa foram tomados em conformidade com a legislação nacional, Resolução Nº. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre Pesquisa com Seres Humanas.

Após aprovação do projeto, deu-se início à coleta de dados nos prontuários dos pacientes, onde foram obtidos os dados de caracterização dos pacientes atendidos. Em seguida, estes dados foram tabulados e inseridos em um banco de dados contendo as informações recolhidas, e analisados por meio de frequência, com o objetivo de realizar o levantamento das características e das demandas apresentadas pelos usuários do serviço, que foram encaminhados e atendidos neste estágio especificamente. Em um segundo momento foram consultados os registros dos atendimentos e das supervisões clínicas realizadas no estágio e arquivadas no LaPICC-USP, a fim de levantar características e estrutura das atividades do estágio. A partir da leitura, foi compilada a estrutura utilizada na supervisão, assim como os principais tópicos presentes nas atividades.


RESULTADOS

Descrição dos atendimentos e das supervisões clínicas

As atividades relacionadas ao estágio envolviam o planejamento das sessões, o atendimento de um paciente adulto (sendo aberta a possibilidade de atendimento de mais pacientes de acordo com a disponibilidade e interesse do estagiário, além da concordância do supervisor), o registro da sessão, a participação na supervisão, leituras indicadas e planejadas pelo supervisor e relatório de estágio ao final de cada semestre, além da participação no treinamento promovido antes do início do estágio propriamente dito.

Ao longo dos 7 anos de oferta do estágio, o número de estagiários variou de 2 a 8 por ano. As supervisões ocorriam em grupo, contando com a participação de todos os estagiários inscritos no ano e da supervisora do estágio. Eventualmente um terapeuta ou docente convidado participava da supervisão, colaborando na discussão dos casos e com alguma discussão teórica. As supervisões ocorriam com frequência semanal e sua duração variava em função do número de estagiários, pois cada um tinha entre 30 e 45 minutos para apresentar e discutir seus atendimentos e dúvidas. A única exceção em relação à organização da supervisão ocorreu no ano em que o estágio contou com 8 estagiários. Neste ano, o grupo foi dividido em dois subgrupos com 4 integrantes cada, para que os encontros não se tornassem tão cansativos e, consequentemente, pouco produtivos.

As atividades do estágio se iniciavam com a participação do estagiário no treinamento teórico-prático, que era composto por aulas sobre desde os fundamentos teórico-filosóficos da abordagem (Behaviorismo Radical e Análise do Comportamento), até as características da terapia analítico-comportamental, estratégias e técnicas de intervenção4,7,8,21, e atividades práticas de discussão e análise de casos clínicos. Em geral, os estagiários do ano anterior apresentavam seus casos e os resultados que obtiveram com suas intervenções.

Após o treinamento o estagiário recebia o caso que iria atender e agendava o primeiro encontro. Antes do encontro, acontecia a primeira supervisão, em que era planejado o procedimento que seria utilizado na sessão inicial.

Durante as supervisões, os estagiários relatavam brevemente os atendimentos realizados naquela semana e suas dúvidas, e o supervisor fazia as orientações e discussões pertinentes, indicando leituras complementares. Além da discussão dos casos, a cada semana, um dos estagiários conduzia uma apresentação de um artigo científico ou capítulo de livro cujo tema estava relacionado ao caso clínico que estava atendendo. Apesar da apresentação ficar sob responsabilidade de um estagiário, todos participavam com suas percepções, dúvidas e reflexões. Também era incentivado que os estagiários se envolvessem nas discussões sobre o caso do colega, uma vez que este exercício permite o maior contato com demandas e necessidades diferentes, enriquecendo seu repertório clínico.

Além das questões teóricas e técnicas, um aspecto destacado nas discussões em supervisão, era a relação terapêutica e os sentimentos do terapeuta durante os atendimentos e supervisões.

Caracterização da clientela

Dentre os 24 pacientes atendidos, 75,00% (18) eram do sexo feminino e 25,00%(6), do sexo masculino. A média de idade desta amostra foi de 35 anos (DP =12 anos), sendo que 66,67% (16) encontravam-se na faixa dos 20-39 anos.

Quanto ao estado civil dos pacientes, no geral, 54,17% (13) dos atendidos declararam-se como solteiros no momento do atendimento, 25,00% (6) relatava ser divorciado, e 20,83% (5) casado. Um total de 45,83% (11) dos pacientes relatou não possuir filhos, e em 16,67% (4) dos prontuários esta informação não estava disponível.

Com relação à escolaridade, 54,17% (13) dos pacientes declararam possuir o Ensino Superior Completo. Contudo, quando se separa os pacientes por sexo, nota-se que dentre os homens, há a presença de uma taxa de 16,67% para as escolaridades de Ensino Fundamental Completo (1) e Ensino Médio Completo (1), enquanto que para as mulheres, o segundo nível de escolaridade mais frequente é o Ensino Médio Completo, com taxa de 27,78% (5). Quanto à ocupação, fica evidente que, de maneira geral, 83,33% (20) procurou o atendimento se encontrava em situação de emprego formal. As demais condições ocupacionais (estudantes, desempregados, aposentados e do lar) apresentaram frequências iguais a 4,17% (1) cada.

Em relação à maneira como foi feita a busca pelo atendimento psicológico, pode-se perceber que 54,17% (13) dos indivíduos procuraram o atendimento de forma espontânea, 16,67% (4) buscaram por indicação de psicólogos, 12,50% (3) por indicação de psiquiatra ou neurologista, 8,33% (2) buscaram por indicação de conhecidos, e, em 8,33% (2) essa informação não constava no prontuário do paciente. Dentre as demandas apresentadas pelos pacientes para atendimento, ficou evidente que 34,15% (14) das queixas eram relacionadas às dificuldades de relacionamentos e 17,07% (7) se relacionavam à ansiedade (tabela 01).




Em relação ao relato de vontade de morrer, observou-se que 37,50% (9) das pessoas atendidas, em algum momento, já apresentaram pensamentos referentes à vontade de morrer. Dentre estas, 16,67% (4) realizaram pelo menos uma tentativa de suicídio ao longo da vida, enquanto 16,67% (4) declararam ter pensamentos sobre o assunto, mas que nunca haviam realizado uma tentativa. Ainda, 29,17% (7) dos pacientes declararam nunca ter tido pensamentos envolvendo essa temática.

Quanto ao desfecho dos atendimentos, 29,71% (7) dos pacientes tiveram alta no final dos acompanhamentos. Com relação ao abandono e desistência da avaliação, 37,50% (9) dos indivíduos desistiram do atendimento antes de seu encerramento pelo estagiário, 16,67% (4 ) foram desligados devido ao número excessivo de faltas durante o período de avaliação, 12,50% (3) receberam indicação para continuar em atendimento psicológico e 4,17% (1) foi encaminhado para o atendimento em outra abordagem psicológica por pedido do paciente..


DISCUSSÃO

O modelo de supervisão adotado no estágio foi resultado da combinação da experiência da supervisora do estágio e da coordenadora do Laboratório, além dos dados levantados na literatura da área sobre supervisão de terapeutas em formação22,23,18. Estas pesquisas apontam que a supervisão tem função de fortalecer e aprofundar o conhecimento teórico e técnico do supervisionando, auxiliar na observância dos princípios éticos, desenvolver e aprimorar o repertório clínico do terapeuta, o que inclui ensino de habilidades interpessoais e discussão dos sentimentos do terapeuta, que refletem diretamente na relação terapêutica18,24,25,26 uma vez que a relação terapêutica é fator determinante para a formação do terapeuta analítico-comportamental11.

Com relação ao sexo, a literatura referente aos serviços-escola aponta para a predominância feminina na busca por atendimento, com taxa aproximada entre 50-80%14,15,29,30,31. A partir dos dados obtidos por meio desta pesquisa, encontrou-se 75,00% de mulheres dentre os pacientes atendidos no estágio, corroborando os dados apresentados na literatura.

Quanto à idade dos pacientes, os dados obtidos apontam para a predominância da busca por atendimento para a faixa dos 20-39 anos. Vários estudos apontam para uma maior procura por atendimento por indivíduos nesta faixa etária14,15,29.

Os dados encontrados em outros estudos apresentam uma divergência referente ao nível de escolaridade destes indivíduos, alguns apontando para a predominância de Ensino Superior Incompleto, com 14,00%15 e outros, ainda, para Ensino Médio Completo. Enquanto que, no presente estudo, foram obtidas taxas de 54,17% para Ensino Superior Completo e 25,00% para Ensino Médio Completo.

Para a predominância de escolaridade de Ensino Superior Incompleto apontada em pesquisa realizadacom o objetivo de caracterização14, foi apontado como hipótese pelo autores o fato de que, por tratar-se de um serviço universitário, a população mais escolarizada considerasse a qualidade desse serviço e, por isso, o procurasse com maior frequência. Pode-se considerar esta hipótese como válida também para este artigo, considerando o serviço do CPA da FFCLRP-USP, a partir de uma série de fatores. A primeira seria que o serviço se encontra dentro de um campus Universitário, o que pode atrair uma população mais escolarizada, mas também, é importante levar em conta que a instituição é considerada como referência e fornece um serviço gratuito de qualidade. Ainda, na época, o serviço atendia os alunos (de graduação e pós-graduação) do campus como um todo, o que também justifica um alto número de pessoas com ensino médio e superior completo entre os pacientes atendidos. Outro fator a ser considerado, é a proximidade com o Hospital das Clínicas (HC), onde vários profissionais dessa instituição possuem ensino superior, mas que, contudo, não teriam condições de pagar por psicoterapia particular, que por sua vez, acabavam por procurar o serviço. E por fim, o estágio foi criado como uma parceria com o serviço de atendimento aos funcionários do HC para dar conta da alta demanda de atendimentos que não era possível ser atendida pela única psicóloga contratada para esta função, na época do estabelecimento da parceria. Em estudo realizado no Núcleo de Psicologia Aplicada da Universidade Federal do Espírito Santo14, foi levantada a possibilidade de que o nível de escolaridade encontrado foi alto pelo fato de os próprios estudantes da Universidade procurarem o serviço, por conta de proximidade e facilidade de acesso, o que também é uma hipótese do presente estudo, como mencionado acima.

Outro estudo31 que realizou a caracterização da clientela atendida por este mesmo Centro de Psicologia Aplicada, levando em consideração os atendimentos em todos os estágios clínicos disponíveis, entre os anos de 1987 e 1989, encontrou, já naquele momento, um perfil de população diferente do de outros serviçosescola da época. Em outros estudos32, evidenciou-se maior procura de pacientes com nível Fundamental de escolaridade (49,10%), seguido pelo nível Médio (18,50%).

No que se refere à ocupação, também houve divergências nos dados encontrados na literatura. Em alguns estudos, encontrou uma maioria de pacientes em condição economicamente ativa14, e também outros que encontraram uma maior frequência de estudantes (35,10%)30. Os dados da presente pesquisa, corroboram os de Louzada, com maior frequência de pessoas economicamente ativas (83,33% dos pacientes).

Com relação ao estado civil, foi possível verificar a predominância de indivíduos solteiros (54,17%). A literatura aponta também para a predominância deste estado civil dentre a população que procura atendimento, como evidenciado por estudos que obtiveram 63,20%30 e 64,00%31 da população declarando-se solteira.

Quanto à busca por atendimento, houve predominância da busca espontânea pelos pacientes atendidos (54,17%). Este fato também foi apontado por outras pesquisas da área 64,00%30,31,33, os quais corroboram que a busca por atendimento foi feita predominantemente desta forma.

Em relação à demanda por atendimento apresentada pelos pacientes no início do atendimento, percebeuse uma maior procura devido a dificuldades de relacionamento, com taxa de 34,15%. Em seguida, apareceram queixas envolvendo ansiedade com taxas de 17,07%. Outros estudos apresentaram conclusões semelhantes, como em um no qual as queixas se relacionavam mais às dificuldades no relacionamento em geral e com a família (42,60%)30, enquanto outras pesquisas também apontam para uma grande procura por atendimento devido a distúrbios emocionais ou afetivos33, e outra, ainda, evidenciou que distúrbios do comportamento afetivo envolviam 41,00% das queixas31.

No que se refere ao relato de vontade de morrer, as informações se mostram negligenciadas na literatura de caracterização de clientela de atendimento em serviços-escola, sendo que nenhum dos estudos citados ou encontrados apresentavam ou descreviam este dado, apesar deste ser um importante indicador do estado de humor, que pode estar relacionado à depressão ou até a uma tentativa futura de suicídio.

Em relação ao índice de alta, o presente estudo (29,71%) encontrou taxas mais altas que as apresentadas na literatura analisada. Os trabalhos que consideraram como variável o encaminhamento dos pacientes atendidos, apontam uma taxa de alta em torno de 15%, e uma taxa de desistência variando entre 32,5 % a 38,21%15,34, e ainda, outro trabalho mostrou uma taxa de alta de apenas 4,6% dos pacientes33. Em outro estudo, 11,88% dos pacientes foram encaminhados para outras instituições34. Com relação ao abandono e desistência nos atendimentos, apresentou-se que 37,50% dos indivíduos desistiram do atendimento antes de seu encerramento pelo estagiário, e 16,67% foram desligados devido ao número excessivo de faltas durante o período de avaliação. Portanto, pode-se considerar que a efetividade dos atendimentos realizados no laboratório, encontra-se dentro do apresentado na literatura, considerando atendimento clínicos em serviçosescola.

Contudo, há um fator importante a ser destacado na medida em que há grande quantidade de informações inexistentes nos prontuários dos pacientes. Esta questão é apontada por vários dos estudos citados neste artigo, os quais relatam que nas instituições consideradas, a falta de informações nos prontuários é frequente, e este fato torna-se evidente quando pesquisas deste tipo são realizadas.


CONCLUSÃO

Considerando os dados de caracterização levantados por esta pesquisa, pode-se afirmar que o perfil da clientela atendida aponta para prevalência na busca espontânea por atendimento, por indivíduos na faixa dos 20 aos 39 anos, com ensino superior completo, economicamente ativa, solteira e do sexo feminino. Os resultados obtidos corroboram em grande parte os achados da literatura citada, quanto a sexo, idade e procura pelo atendimento.

A caracterização da população atendida nos serviços-escola se mostra importante na medida em que os dados obtidos por meio de pesquisas com este objetivo podem auxiliar no preparo dos estagiários que iniciam a prática profissional, e auxiliar no planejamento de atendimentos que possam suprir a demanda desta população. Desta forma, acredita-se que a supervisão dos estagiários que realizam os atendimentos nos serviços-escola é uma das bases do funcionamento destes serviços e da formação profissional do futuro psicólogo13.

Neste sentido, se faz importante o investimento na formação dos estagiários, com treinamentos envolvendo aspectos teóricos e práticos referentes às intervenções que estes poderão aplicar de acordo com a demanda trazida por esta população, assim como o emprego contínuo de supervisões, para auxiliar o aluno com o planejamento e aplicação da intervenção escolhida, sendo este um espaço para tirar dúvidas, discutir os casos e enriquecer o repertório clínico do futuro profissional. Diante disso, as supervisões eram organizadas de forma a tentar atender todas as demandas e dúvidas dos estagiários, objetivando que os clientes recebessem o melhor atendimento possível e que a formação dos alunos fosse de qualidade, atendendo assim ao tripé da universidade pública que prima pelo investimento no ensino, na pesquisa e na extensão.

Apesar da importância do tema, não era parte dos objetivos deste trabalho apresentar e propor detalhadamente um modelo de supervisão clínica, ou descrever o processo de supervisão desenvolvido no contexto deste estágio, mas apenas apresentar brevemente o formato da supervisão realizada. Por isso, a qualidade e efetividade da supervisão do ponto de vista dos estagiários não foi avaliada. É necessário que outras pesquisas e publicações abordem o tema de forma direta, detalhada e específica.

Por fim, considerando mais especificamente os atendimentos realizados por estagiários em serviçosescola, os artigos citados não descreviam especificamente a abordagem teórica utilizada nos atendimentos realizados pelos estagiários, e também não discutiam os procedimentos utilizados no decorrer do estágio, tanto no que se refere aos atendimentos como à supervisão. Desta forma, o presente artigo contribui para o conhecimento específico sobre o atendimento clínico em terapia analítico-comportamental dentro de um serviços-escola e sobre os procedimentos de treinamento de estagiários utilizados por este laboratório, dentro desta instituição de ensino.


REFERÊNCIAS

1. Brasil (27 de agosto de 1962). Lei nº 4.119, que dispõe sobre a formação em Psicologia e regulamenta a profissão de Psicólogo. Capítulo IV (Artigo 16, p. 3). Acessado em 17 de julho de 2015, disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/lei_1962_4119.pdf

2. Melo-Silva LL, Santos MA, Simon CP. In: Formação em Psicologia: Serviços escolas em debate. São Paulo: Vetor, 2005.

3. Güntert AEVA, Camargo C, Fabriani CB, Silva S M, Conti J, Dias CC, Zanetti F, Silva TC. As variáveis determinantes na aderência à psicoterapia: uma investigação em clínica-escola. Psico USF. 2000; 5 (2):13-23.

4. Zamignani DR, Silva Neto ACP, Meyer SB. Uma aplicação dos princípios da Análise do Comportamento para a clínica: a Terapia Analítico-Comportamental. Boletim Paradigma. 2008; 3: 09-16.

5. Leonardi, JL. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário internacional das terapias comportamentais: um panorama histórico. Revista Perspectivas em Análise do Comportamento, 2015; 6(2): 199-131.

6. Pavan-Cândido, CC. Terapias de base comportamental e terapias de base cognitiva: Aproximações e divergências a partir de uma análise histórica [Tese]. Ribeirão Preto: Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2019

7. Neno, S. Tratamento padronizado: Condicionantes históricos, status contemporâneo e (in) compatibilidade com a terapia analítico-comportamental[Tese]. Belém: Universidade Federal do Pará, 2005.

8. Meyer SB, Del Prette G, Zamignani DR, Banaco RA., NenoS, Tourinho EZ. Análise do comportamento e Terapia Analítico-comportamental. In: Tourinho EZ, Luna SV (Orgs.), Análise do comportamento: Investigações históricas, conceituais e aplicadas. São Paulo: Editora Roca, 2010. p. 153-174.

9. Zamignani DR, Vermes JS, Meyer SB, Banaco RA. Terapia analítico-comportamental. In: Rodrigues Jr, OM (Org.). Práticas das Psicologias Comportamentais no Brasil. 1ª ed. ALAMOC; 2016. p. 51-69.

10. Costa N. Terapia Analítico-Comportamental: Histórico, Processo e Características Definidoras, In Costa N, ed. Terapia Analítico-Comportamental: dos Fundamentos Filosóficos à Relação com o Modelo Cognitivista. Santo Andre: ESETec Editores Associados; 2002. p. 9-16

11. Vandenberghe, L. Terceira onda e terapia analítico-comportamental: Um casamento acertado ou companheiros de cama estranhos? Boletim Contexto, ABPMC. 2011; 34: 33-41.

12. Costa N. O surgimento de diferentes denominações para a Terapia Comportamental no Brasil Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn. 2011; 13(2): 46-57.

13. Oliveira M S, Pereira RF, Peixoto ACA, Rocha MM, Oliveira-Monteiro N R, Macedo MMK, Silvares EFM. Supervisão em serviços-escola de psicologia no Brasil: Perspectivas dos supervisores e estagiários. Psico. 2014;45(2): 1-9.

14. Louzada RCR. Caracterização da clientela atendida no Núcleo de Psicologia Aplicada da Universidade Federal do Espírito Santo. Estudos de Psicologia. 2003; 8(3): 451-457.

15. Romaro RA, Capitão CG. Caracterização da clientela da clínica-escola de Psicologia da Universidade de São Francisco. Psicologia: Teoria e Prática. 2003; 5(1): 111-121.

16. Cunha TRS, Benetti SPC. Caracterização da Clientela Infantil numa Clínica-Escola de Psicologia. Boletim de Psicologia. 2009; 59 (130): 117-127.

17. Campos, L F L. Supervisão em terapia cognitivo-comportamental. In: Rangé, B. (Org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: Livro Pleno, 2001. v. I, p. 357-364.

18. Barletta JB, Fonseca ALB, Delabrida ZNC. A importância da supervisão de estágio clínico para o desenvolvimento de competências em terapia cognitivo-comportamental. Psicologia: Teoria e prática; 2012: 14(3); 153-167.

19. Campos, L F L. Formação, supervisão e treinamento em psicologia clínica. São Paulo: EPU, 1998.

20. Yamamoto, O H, Costa, A L F (Org.). Escritos sobre a profissão de psicólogos no Brasil. Natal: EDUFRN, 2010.

21. Abreu, C N, Guilhardi, H J (Orgs.). Terapia Comportamental e Cognitivo-Comportamental: práticas clínicas. São Paulo: Rocca; 2004

22. Follette VM, Batten SV. The role of emotion in psychotherapy supervision: a contextual behavior analysis. Cognitive and Behavioral Practice, 2000: 7; 306-312.

23. Moreira SB. Descrição de algumas variáveis em um procedimento de supervisão de terapia analítica do comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica; 2003: 16(1); 157-170.

24. Banaco RA. O impacto do atendimento sobre a pessoa do terapeuta. Temas psicol. [Internet]. 1993Ago [citado2019 Dez 20]; 1(2): 71-79. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-389X1993000200010&lng=pt.

25. Banaco RA. O impacto do atendimento sobre a pessoa do terapeuta 2: experiências de vida. In: H.J. Guilhardi; M.B.B.P. Madi; P.P. Queiróz; e M.C.Scoz. (Org.). Sobre Comportamento e Cognição: expondo a variabilidade. 1ed. Santo André: ESETEC, 2001, v. 8, p. 210-217.

26. Meyer SB, Villas-Bôas A, Franceschini ACT, Oshiro CKB, Kameyama M, Rossi PR, Mangabeira V. Terapia analítico-comportamental: Relatos de casos e análises. São Paulo: Paradigma Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento, 2015.

27. Gorayeb R, Colares MFA, Bessa LCL. Descrição da população atendida e das técnicas psicoterápicas utilizadas num serviço público de Psicologia. Resumos de Comunicação Cientifica da XXII Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia. 1992: 279.

28. Oliveira MS, Lucena-Santos P, Bortolon C. (2013). Clientela adulta de serviço psicológico: características clínicas e sociodemográficas. Psicologia: teoria e prática. 2013; 15(2): 192-202.

29. Perfeito HCCS, Melo SA. Evolução dos Processos de Triagem Psicológica em uma Clínica-Escola. Estudos de Psicologia. 2004; 21(1): 33-42.

30. Urtiga ME, Almeida G, Vianna MED, Santos MV, Botelho S. Fatores preditivos de abandono em psicoterapias. Um estudo na Clínica Sérgio Abuchaim. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 1997; 46(5): 279-283.

31. Santos M A, Moura L, Pasian SR, Ribeiro PLL . Caracterização da clientela de adolescentes e adultos de uma clínica-escola de Psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1993; 9(1): 123-144.

32. Terzis A, Carvalho RMLL. Identificação da população atendida na clínica-escola do Instituto de Psicologia da PUCCamp. Arquivos Brasileiros de Psicologia.1988; 40(4): 87-97.

33. Ancona-Lopez M. Características da clientela de clínicas-escola de Psicologia em São Paulo. Arquivos Brasileiros de Psicologia. 1983; 35(1): 78-92.

34. Campezatto PM, Nunes MLT. Atendimento em Clínicas-escola de Psicologia da região metropolitana de Porto Alegre. Estudos de Psicologia. 2007; 24(3): 363-374.










Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Psicologia - RIbeirão Preto - São Paulo - Brasil

Correspondência

Suzana Peron
e-mail: peron.suzana@gmail.com / e-mail alternativo: peron.suzana@gmail.com

Submetido em: 05/08/2019
Aceito em: 16/01/2020

Contribuições: Suzana Peron - Coleta de Dados, Investigação, Redação - Preparação do original; Caroline da Cruz Pavan Cândido - Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Carmem Beatriz Neufeld - Aquisição de financiamento, Conceitualização, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Supervisão.

Instituição: Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto

Fonte de financiamento: Bolsa de Iniciação Científica FAPESP - No proc. 2015/20601-4

 

artigo anterior voltar ao topo próximo artigo
     
artigo anterior voltar ao topo próximo artigo