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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2017; 19(3):1-15



Artigo Original

Caminhos e suportes para o terapeuta expor emoçoes em sessao

Paths and safeguards in using the therapist's emotions in session

Olívia Rodrigues da Cunhaa; Luc Vandenbergheb

Resumo

A relaçao pessoal entre terapeuta e cliente se tornou ferramenta do tratamento psicoterápico. A expressao mútua de emoçoes é vista na literatura contemporânea como maneira para construir um relacionamento produtivo com o cliente. O objetivo desse estudo é explorar como o terapeuta decide usar suas emoçoes e como prossegue usando as mesmas em sessao. Foi desenvolvido um estudo, com 14 terapeutas, por meio de entrevistas semiestruturadas para sondar como os terapeutas trabalham com suas emoçoes na prática clínica. O método foi pautado na Grounded Theory Analysis. Os resultados mostram que terapeutas decidem sobre a relevância das suas emoçoes se baseando no seu modelo teórico, conceituaçao do caso do cliente e na sua sensibilidade pessoal. Afloram, no clínico, modos para trabalhar com suas emoçoes considerando os riscos, suas dificuldades pessoais, tendo cautela, agindo com coragem e acolhendo o cliente com humildade e amor.

Descritores: Processos Psicoterapêuticos; Emoçoes Manifestas; Psicologia Clínica.

Abstract

The personal relationship between therapist and client has become a treatment tool in psychotherapy. The mutual expression of emotions is seen, in the contemporary literature, as a way to build a productive relationship with a client. The aim of this study is to explore how the therapist decides to explore his or her emotions and how he or she goes about using them in session. A study was probed, through semi-structured interviews with 14 therapists, how they work with their emotions in clinical practice. The method was based on Grounded Theory Analysis. The results show that the therapist decides on the clinical relevance of his or her emotions based on the theoretical model he or she uses, the client's case conceptualization, and the therapist's personal sensitivity. The clinician develops ways to work with his or her emotions, considering the risks, his or her personal difficulties, with caution, bolstering, courage, and accepting the client humbly and with love.

Keywords: Psychotherapeutic processes; Emotional disclosure; Clinical psychology

 

 

A relaçao terapêutica oferece dicas sobre as maneiras de funcionar do cliente que, compreendidas pelo terapeuta, podem ser trabalhadas em sessao1,2,3. As variáveis que possuem relaçao com os problemas do cliente nao ocorrem apenas fora da sessao, encontram-se também na relaçao terapêutica. Linehan4 entende por relaçao terapêutica o processo transacional no qual o terapeuta e o cliente exercem e recebem influências recíprocas que podem ser carregadas de sentido para ambos, além de promover mudanças mútuas.

A literatura clínica sugere que aquilo que o terapeuta sente em relaçao a um cliente é importante em sua atuaçao terapêutica. Isto nao significa que o terapeuta nao sinta emoçoes semelhantes às das outras pessoas da vida do cliente, mas que a relaçao terapeuta-cliente tem que oferecer algo original, que potencialize o processo de mudança do cliente e que deve ser usado para somar relevância ao processo psicoterápico. Essa mesma literatura pede que o profissional se pergunte a todo tempo, o que seus sentimentos revelam sobre os problemas do cliente1,2,5.

As emoçoes dos terapeutas assumem significados diferentes dependendo do modelo teórico. Nas terapias comportamentais de matriz brasileira, que incluem a terapia analítica comportamental6 e a terapia por contingências de reforçamento7, observa-se que sentimentos podem sinalizar contingências relevantes para o tratamento. Enquanto na análise aplicada do comportamento, o foco nas técnicas operacionais nao deixa explícito um papel relevante para as emoçoes do terapeuta no trabalho clínico.

Nas terapias comportamentais de matriz anglo-americana, o modelo clássico (que inclui a exposiçao graduada, a terapia implosiva e inundaçao) compreende que a relaçao com o terapeuta pode ser importante para o desenvolvimento da terapia, porém dá maior ênfase ao aspecto técnico do tratamento. A segunda onda, conhecida como terapia cognitiva comportamental, entende que a relaçao colaborativa entre terapeuta e cliente sustenta o processo e importou o conceito de contratransferência do modelo psicanalítico, traduzindo-o em termos das distorçoes cognitivas do terapeuta. Na terceira onda da terapia comportamental de matriz anglo-americana (que inclui a terapia comportamental dialética, terapia de aceitaçao e compromisso e terapia analítica funcional) o impacto do cliente sobre os sentimentos do terapeuta é material essencial na conduçao do tratamento1,5,8.

Emoçoes difíceis (raiva, falta de envolvimento...) do terapeuta podem trazer dicas sobre o funcionamento do cliente e através do que o cliente evoca em sessao, o terapeuta passa a ter pistas para formular o caso e desenvolver intervençoes específicas8. As experiências interiores do terapeuta, analisadas no contexto da sua história de aprendizagem e das contingências presentes em sessao, possibilitam questionamentos sobre a relaçao entre o que o terapeuta sente e os problemas do cliente9. Além disso, os sentimentos do terapeuta ajudam a detectar comportamentos problema e comportamentos-alvo do próprio profissional, providenciando dicas a respeito do caminho a seguir na conduçao do tratamento e na escolha das melhores estratégias terapêuticas10.

No entanto, expor-se emocionalmente a um cliente, mesmo contando com respaldo teórico, nao é uma tarefa fácil. Poucas pesquisas investigaram essa prática. Foi verificado, entretanto, que terapeutas procuram compartilhar algo sobre si durante a sessao apenas quando possuem clareza da finalidade, pois a exposiçao em excesso acarreta perda de foco e pode levar a violaçoes de limites11.

Quanto mais o terapeuta sabe sobre seus sentimentos e é cuidadoso na análise de sua origem e seus efeitos no relacionamento com o cliente, mais será capaz de identificar o que a emoçao sentida significa no contexto da interaçao e a relaçao que possui com os objetivos do tratamento12.

Na literatura clínica contemporânea é enfatizada a importância dos sentimentos do terapeuta como ferramenta clínica12. Contudo, essa literatura oferece instruçoes baseadas no modelo teórico e nao na vivência dos profissionais no campo. Falta a essa literatura um diálogo aberto com a perspectiva dos terapeutas a respeito do uso dos seus sentimentos na relaçao terapêutica e das dificuldades envolvidas na exposiçao emocional.

A literatura enfatiza que o terapeuta nao deve ver a situaçao do ponto de vista da emoçao, e sim detectar o que o sentimento representa no momento e como ele está relacionado com o fluxo de interaçoes na sessao8. Portanto, o terapeuta, para expor suas emoçoes em sessao, precisa de suportes confiáveis e de desvendar caminhos para que a exposiçao nao perca o foco dos objetivos do tratamento. Pretende-se nessa pesquisa descrever quais suportes os terapeutas usam na prática clínica e quais caminhos seguem para fazer da exposiçao emocional uma boa estratégia clínica.


MÉTODO

Participantes

Participaram da pesquisa 14 psicólogos, 8 do sexo feminino e 6 do sexo masculino. Eles tinham em média 7,6 anos de experiência clínica, variando entre dois a 20 anos de experiência. Foram organizados em três grupos: A) terapeutas novos : aqueles com dois a cinco anos de experiência clínica), B) terapeutas com médio tempo de experiência: com 6 a 9 anos de clínica e C) terapeutas com grande experiência: 10 anos de clínica ou mais. A pesquisa contou com 6 terapeutas do grupo A (novos), 4 do grupo B (médio) e 4 do grupo C (mais tempo de experiência).

Quanto as abordagens dos participantes, 5 eram comportamental, 2 psicanalítica, 2 cognitiva, 2 gestalt e 3 de outras abordagens. A diversidade de enfoque teórico, de tempo de experiência clínica (entre dois e vinte anos) e um número próximo entre terapeutas participantes dos dois gêneros (seis homens e oito mulheres) foram propositais, com intuito de verificar se algum desses fatores eram variáveis determinantes para optar por caminhos e suportes na exposiçao emocional.




Os participantes foram encontrados através da divulgaçao de informaçoes sucintas sobre a pesquisa em redes sociais, em páginas previamente selecionados por terem grande acesso de psicólogos (como o grupo no Facebook com o título "Psicólogos Goiânia"), também foi feito o convite a psicólogos já conhecidos pela pesquisadora que possuíssem familiaridade com o foco da pesquisa (utilizaçao das suas emoçoes em seus atendimentos clínicos).

Os terapeutas que participaram da pesquisa foram escolhidos de acordo com os critérios previamente definidos, sendo eles: a) ser psicólogo com credenciamento ativo junto a algum CRP b) relatar usar suas próprias emoçoes em seus atendimentos clínicos c) ter no mínimo dois anos de experiência clínica d) possuir interesse em ser participante da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

Assim, pretendeu-se incluir somente profissionais com perfil clínico e que atribuíssem ao uso das emoçoes em seus atendimentos alguma relevância clínica. Nao houve nenhuma desistência ou exclusao de participante ao longo da pesquisa.


Materiais

A entrevista consistiu em seis perguntas norteadoras elaboradas pela própria pesquisadora, sendo elas: 1) O que costuma te indicar que sua observaçao ou alguma experiência pessoal sua, pode ser útil ao cliente? 2) Qual seu objetivo quando revela uma emoçao sua, ao seu cliente? 3) Há algum tipo de cliente que você opte por nao utilizá-las, que considere arriscado ou pouco vantajoso? 4) Qual costuma ser a reaçao do cliente após ter conhecimento das suas emoçoes? 5) Qual o impacto que você percebe sobre você depois de expor uma emoçao ao cliente? 6) Quais os benefícios que você percebe no atendimento a esse cliente, após dividir suas emoçoes?

A partir das perguntas realizadas e, conforme as respostas eram dadas, a entrevistadora poderia levantar novas perguntas para esclarecer e aprofundar algum ponto. Toda a coleta de dados seguiu o método indutivo da Grounded Theory Analysis, na sua forma modificada proposta por Charmaz13.

Ao escolher a Grounded Theory Analysis como método de pesquisa e análise de dados, valeu-se durante toda a pesquisa do agnosticismo teórico, uma postura que consiste na recusa da pesquisadora de ajustar sua interpretaçao precocemente a uma posiçao teórica já articulada e a estudos realizados na área. O agnosticismo teórico nao consiste em negar que convicçoes e teorias da pesquisadora, influenciam seu trabalho de muitas formas, porém assume uma atitude diferente a respeito do conhecimento e convicçoes teóricas.

Na Grounded Theory Analysis o conhecimento e as convicçoes da pesquisadora sao vistas como conceitos sensibilizadores (derivados das experiências da pesquisadora e da sua formaçao). Charmaz13 acrescenta que, mesmo nao sendo possível conduzir a pesquisa com uma mente vazia, nada impede que a pesquisadora tenha uma mente aberta durante o processo. Ainda que o estudo tenha origem em hipóteses para a construçao do conhecimento e que os pesquisadores possuam interesses iniciais de pesquisa, sao necessárias comparaçoes constantes destes interesses com os dados emergentes e sao os dados que direcionam a análise14.

Desta forma, quando se utiliza a Grounded Theory Analysis, a pesquisadora nao busca aplicar teorias, mas aprender com a comunidade que vive e trabalha com as situaçoes que aguçam sua curiosidade.


Procedimento

Após aprovaçao do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (CAAE:53401616.0.0000.0037), foram programados encontros entre a pesquisadora e cada participante.

As entrevistas tiveram duraçao média de 45 minutos e 57 segundos (a menor de 27 minutos e 42 segundos, e a maior de 01 hora 08 minutos e 18 segundos). Elas foram realizadas no consultório dos terapeutas ou via Skype, respeitando as condiçoes necessárias de privacidade e isolamento acústico. As entrevistas foram gravadas e transcritas de modo que apenas os autores tiveram acesso.


Análise dos Dados

As entrevistas foram transcritas literalmente e passaram entao, por uma codificaçao aberta. A princípio era feita uma leitura analítica da entrevista e um delineamento de unidades de sentido, denominada codificaçao aberta ou codificaçao analítica. Isto é, foram criados códigos que sintetizassem e explicassem as partes relevantes do texto das entrevistas.

Esta codificaçao aberta formou uma ferramenta descritiva para analisar os dados que se repetiam quando o sentido de outras partes do texto fossem semelhantes ao mesmo código, sendo que poderiam ser alterados e melhorados ao longo das análises.

Em seguida, os dados passaram por uma codificaçao focalizada. A codificaçao focalizada permite a pesquisadora separar, classificar e sintetizar grandes quantidades de dados13. Foi feito um processo de comparaçao contínua entre os dados da própria entrevista e das outras entrevistas. E dessas comparaçoes surgiram as categorias, sendo que os dados formam a base da teoria e a análise desses dados origina os conceitos que construímos.

Assim, a partir dos códigos, categorias foram construídas. Categorias explicam ideias, eventos ou processos encontrados. Elas abarcam temas comuns a vários códigos, o que permite refinar os dados de uma forma mais genérica, reunindo mais dados quando o processo estivesse evidente. Dessa forma, muitas categorias foram criadas.

Toda a coleta e análise de dados foram norteadas por conceitos sensibilizadores, que foram pontos de partida para a realizaçao da pesquisa e foram desenvolvidos ao longo dela, pela própria pesquisadora. Os conceitos que sensibilizaram questionamento sobre o assunto da pesquisa estavam relacionados com: a literatura sobre emoçoes revisada na introduçao; a pessoa do terapeuta; a relaçao terapêutica e a experiência clínica com exposiçao de emoçoes da própria pesquisadora durante o estágio clínico e a percepçao à medida que os atendimentos aconteciam de como a exposiçao da emoçao da pesquisadora como estagiária traziam força para a relaçao terapêutica.

Relacionando as categorias, construiu-se uma teoria substancial que descrevesse quais sao os caminhos e os suportes que os terapeutas utilizam quando optam por expressarem suas emoçoes no contexto clínico, de acordo com a perspectiva dos próprios entrevistados. Os resultados serao apresentados partindo das categorias que emergiram dos dados obtidos nas entrevistas. Cada categoria emergiu de conceitos desenvolvidos durante a análise, que sao representadas como subcategorias, descritas através de códigos. Na explanaçao dos resultados, sao apresentados fragmentos literais retirados das entrevistas, para ilustrar o que os códigos expressam.


RESULTADOS

Observa-se que terapeutas que decidiram revelar algum conteúdo pessoal ao cliente seguiram pela relevância terapêutica (tabela 2). O conteúdo pessoal exposto na sessao exige ponderaçao sobre os impasses e a ousadia. Já que, nem sempre os resultados da vulnerabilizaçao do terapeuta irao corresponder às suas expectativas.




RELEVANCIA TERAPEUTICA

Os terapeutas usaram suas emoçoes de acordo com sua percepçao da relevância terapêutica que teria a exposiçao de sua emoçao para aquele cliente. Eles seguiram três suportes (modelo teórico, conceituaçao de caso e sensibilidade pessoal). Todos os 14 participantes contribuíram com a categoria "Relevância Terapêutica". A subcategoria com participaçao mais expressiva foi a "sensibilidade pessoal" com 10 participantes.

Vale enfatizar que a insistência de estar em concordância com o modelo teórico, basear-se na conceituaçao de caso e na sua sensibilidade pessoal nao sao subcategorias excludentes, mas podem ser complementares.

Modelo teórico: Quase a metade dos terapeutas relatou expor emoçoes seguindo parâmetros e técnicas estipuladas pela teoria que adotam em seus atendimentos clínicos. Neste eixo (modelo teórico), encontramos mais contribuiçoes de homens que de mulheres, igual contribuiçao entre novatos e terapeutas experientes e nenhuma participaçao de terapeutas do intervalo seis a nove anos de experiência.

Incluiu mais que a metade dos terapeutas de abordagem comportamental, um de abordagem psicanalítica e um gestalt terapeuta. A T2, por exemplo, embasa sua expressao emocional seguindo os moldes da Terapia Analítica Funcional (FAP): "A FAP foca muito e que eu acabo fazendo bastante é usar minha emoçao pra identificar momentos chaves da sessao.".

Conceituaçao do caso: A exposiçao do terapeuta foi relacionada com a sua compreensao da formulaçao do caso do cliente por cerca da metade dos participantes. Aqui, as mulheres foram bem mais representativas que os homens e todas as abordagens teóricas e níveis de experiência estavam presentes.

Participante T1 disse: "é ajudar na conceituaçao de caso, qual o impacto que normalmente esse cliente causa nas pessoas", o mesmo ocorreu com a T5, o que ela sentiu em relaçao a um cliente se aproximou do que o cliente relatava ser a sensaçao de outras pessoas do seu convívio e isso deu a terapeuta, um entendimento melhor do caso "Uma pessoa me dizia que é muito solitária, ninguém liga pra ela, e aí durante as sessoes você fui percebendo que a pessoa é mala, é chata, dá preguiça de atender e isso acaba funcionando como um dado, se eu me sinto assim, provavelmente as pessoas que estao ao redor, também se sente e justifica entao, ela ser meio solitária e isso também é um dado".

Sensibilidade pessoal: Os terapeutas utilizam das emoçoes em concordância com a própria sensibilidade e estilo pessoal em conduzir a terapia "Baseio muito nas minhas emoçoes, aí eu falo de mim mesmo. Prefiro ser humana, autêntica, espontânea." - T5.

Na construçao deste conceito, houve igual participaçao entre os gêneros, e nao houve diferença expressiva quanto ao tempo de experiência. Participaram todos os terapeutas das abordagens: comportamental, psicanalítica e Gestalt e nenhum das outras abordagens.

Os terapeutas relataram que as exposiçoes ocorriam à medida do que sentiam seguros na relaçao estabelecida com o cliente, "Vai da experiência mesmo, você vai tendo o "feeling" para captar o melhor momento para a pessoa, quando ela está realmente pronta para receber isso que você quer passar, vai muito da experiência também com aquela pessoa" - T11.

O enlaçamento entre os suportes nos quais o terapeuta se embasou foi notório. O modelo teórico, a conceituaçao de caso e a sensibilidade pessoal foram por vezes, levados em consideraçao pelo mesmo terapeuta, antes que a exposiçao emocional fosse feita. "Essa emoçao, quando eu sinto que vale a pena falar dela para um cliente, seguindo uma abordagem mais fenomenológica e humanista até. A gente sente isso, aquele caso que você precisa demonstrar essa emoçao, pra ele sentir também, porque se nao fica distante, no processo terapêutico. E aí, você nao tem a questao dialógica e ela é essencial, essa relaçao eutu com seu cliente" -T11.


IMPASSES DA EXPOSIÇAO

Os terapeutas avaliam os riscos, e as dificuldades pessoais que enfrentariam ao se vulnerabilizar e procuram ter cautela em suas exposiçoes. Todos os participantes contribuíram com a categoria "Impasses da exposiçao". Sendo que a subcategoria com participaçao mais expressiva foi a "cautela" com contribuiçao de 13 terapeutas.

Considerando os riscos: Os clínicos analisaram quais eram os possíveis danos que a exposiçao poderia acarretar. "Expressar uma emoçao sem objetivo é um risco"T11. Chama atençao que somente os cinco terapeutas comportamentais e os dois Gestalt terapeutas contribuíram para esse tópico, incluindo todos os terapeutas com mais tempo de experiência. Sendo assim, é possível que terapeutas experientes tendam a analisar mais profundamente os riscos da exposiçao emocional.

Os possíveis perigos de uma exposiçao emocional do terapeuta relatados pelos participantes foram: o cliente nao compreender a funçao da exposiçao da emoçao do terapeuta, atribuir um sentido equivocado a ela, confundir o tipo de relaçao que é mantida no setting terapêutico ou o cliente se apaixonar pelo terapeuta, por exemplo. Também corre o risco de o cliente interpretar a exposiçao do terapeuta como uma invençao, uma narrativa falsa criada para que o cliente se abra (T3). Outro risco em que o terapeuta se sujeita ao se expor emocionalmente é o de o cliente, nao ter com o profissional o mesmo compromisso ético, e alguma informaçao pessoal do terapeuta, nao ser mantida em sigilo entre a dupla (T13).

Dificuldades pessoais: Os terapeutas identificaram problemas inerentes a eles que dificultavam a exposiçao emocional, questoes que precisavam antes ser trabalhadas em outro ambiente "eu me via muitas vezes no começo espantando inconscientemente alguns clientes e depois eu fui entender que eu nao estava pronta pra passar aquela jornada, eu simplesmente nao tinha preparo, ia ter que trabalhar primeiro em mim aquilo" T12.

Três dos quatro terapeutas com maior experiência clínica analisaram suas próprias dificuldades quando em contato com um cliente e nenhum dos 6 terapeutas de menor experiência clínica, falaram a respeito.

O profissional identificar e se propor a trabalhar as próprias dificuldades exigiu franqueza dos mesmos em admitir situaçoes em que nao possuíam recursos suficientes. "Entender que a gente nao tem o completo domínio de tudo que acontece em sessao, isso desperta medo também. Pode acontecer do próprio terapeuta nao estar preparado para dar conta daquilo, né? Seja por se identificar, por nao estar em um bom dia.. Entao, penso que isso também tem que ser levado em consideraçao, porque somos humanos também, temos uma série de questoes íntimas mal resolvidas que precisamos lidar e aquele nao é o melhor espaço." T8.

Os clínicos tomaram precauçoes antes de se vulnerabilizarem aos clientes. "Está muito ligado à relaçao que estamos construindo ali e o tempo que eu levo para ter segurança no meu paciente e ele em mim." T13. As ponderaçoes que fizeram antes de trazerem um conteúdo íntimo à tona. "Compensa falar pra pessoa? Ela vai ouvir? Ela vai se magoar? Entao, isso tudo é muito cuidado que a gente tem e no final das contas, quando você nao sabe o que vai falar, como vai falar, é melhor nao falar. E normalmente quando eu ponho a minha emoçao, nao é falar de qualquer jeito, preciso ir com calma, ir com jeito." T12.

Houve situaçoes em que os terapeutas perceberam a relaçao terapêutica ainda frágil, nao suficientemente consolidada para que abarcasse o conteúdo pessoal do terapeuta: "Quando o vínculo ainda tem aquela figura de autoridade por parte do terapeuta ou partir de uma vinculaçao apenas afetiva e nao de uma vinculaçao colaborativa de trabalho. Eu acho que a minha expressao emocional pode prejudicar alguma coisa e aí, eu prefiro tomar um pouco mais de cuidado." T9.

Ainda que os participantes tenham considerado os riscos da exposiçao emocional, eles apontaram formas de torná-la segura e coerente como: a análise pessoal feita pelo próprio terapeuta, supervisoes junto a um segundo profissional "A supervisao que eu vinha fazendo, a supervisao é muito válida pra encontrar os momentos certos e as medidas certas dessa exposiçao." T2 e manter se atualizado nos estudos que contemplam sua área de atuaçao, "Penso que é a tríplice né? A terapia, supervisao e conhecimento. Acho que tem que estar muito bem paramentado para dar conta disso." T8. Outro cuidado viável relatado foi o de confirmar a interpretaçao feita pelo terapeuta junto ao cliente ao invés de tomar a interpretaçao do profissional como verdade absoluta, "Ficar esperto também, porque às vezes a gente erra, compensa confirmar com o cliente se aquilo que eu estou sentindo, estou pensando, está de acordo com o que ele está trazendo, porque às vezes nao está." T11.


ABERTURA A EXPOSIÇAO

Quando os terapeutas consideraram que se vulnerabilizar ao cliente poderia ser produtivo se muniam de coragem, humildade e amor. Onze participantes contribuíram com a categoria "Abertura à exposiçao", incluindo todos os terapeutas com maior experiência clínica e todos os terapeutas comportamentais.

Coragem: Terapeutas expressaram a necessidade de certa dose de audácia para se mostrarem vulneráveis aos clientes. Arriscavam-se em algumas circunstâncias, a favor do cliente, da relaçao e do progresso clínico. "Tudo bem que eu me coloquei de uma forma arriscada, mas se eu nao agir dessa forma, eu nao to usando da minha percepçao enquanto terapeuta para ajudar quem me procura." T11.

A ousadia do terapeuta torna a terapia real e genuína, é uma simples forma de honestidade, como ilustra a fala do terapeuta 3: "Quando eu já fui frustrado muitas vezes, o cliente te corta, muda de assunto, invalida a relaçao terapêutica, critica muito, quando a frequência disso é alta... Aí nao tem jeito, eu tenho que correr o risco para nao cair em algo antiético, que é empurrar uma terapia que nao vem dando certo. Falo o que eu estou percebendo, o que estou sentindo e pago pra ver o que vai resultar dessa fala minha".

Humildade e amor: Os profissionais reconheceram e se desculparam por possíveis falhas de interpretaçao. "Pedir desculpas e pedir ajuda, se você me ajuda eu vou poder trabalhar melhor e te ajudar melhor. Fiz algo errado, tento explicar o que aconteceu dentro de mim que me levou para aquele caminho, reconheço e me mostro bem intencionado pelo menos e isso costuma ser o suficiente para seguir em frente." T4.

A exposiçao requisitou abertura do terapeuta também para aceitar o cliente como ele é e com tudo aquilo que traz à sessao "O outro nao precisa atender a minha expectativa, eu preciso estar bem aberta para aceitar a pessoa, no que ela consegue ser naquele momento. " T12.

Segundo os terapeutas, é imprescindível uma postura calorosa, verdadeira e cuidadosa com o outro. O terapeuta precisa agir com amor, estar realmente disposto, envolvido e interessado pelo cliente "uma cliente uma vez, tudo estava indo muito bem e em um dado momento, em um evento ela se frustrou e eu me vi na relaçao com ela, muito frustrada com o que tinha acontecido. Entao, nós compartilhamos aquela frustraçao. Isso deixa claro pra nós duas, que estamos juntas nisso" T12.

Humildade e amor tornaram possível amparar a pessoa em seu sofrimento e vibrar junto em meio a seus progressos. "Você cria um vínculo e aí entra um fator muito importante que é o acolhimento, você e seu cliente sao parceiros de verdade, estao juntos. A sociedade em si, blinda as pessoas de sentirem, cobram uma neutralidade, imparcialidade em todos os tipos de relaçoes e quando a pessoa entra em um processo psicoterapêutico, ela está buscando o que? Acolhimento." T6.

Essas prerrogativas estabelecidas nos atendimentos, trazem liberdade ao cliente, em ser o que é, mais consistência para a relaçao e maior flexibilidade ao terapeuta. "Me sinto e sinto meu trabalho mais leve, porque eu nao preciso fazer pose entende? Estou ali, sendo eu e é isso. E estou aceitando o outro e sendo aceita por ele" T5.


DISCUSSAO

Os terapeutas sao cada vez mais cobrados a fazerem pleno uso de suas emoçoes e a discutir seus valores e dificuldades nas situaçoes em que isso possa trazer profundidade ao processo terapêutico1-3,15. A presente pesquisa mostrou que os terapeutas possuem mais facilidade em identificar os impasses da exposiçao emocional (considerando os riscos, as dificuldades pessoais e tendo cautela) do que em se abrir à exposiçao emocional (através de coragem e com atitudes de humildade e amor), o que pode ser uma das justificativas de o uso das emoçoes do terapeuta no contexto clínico ainda ser pouco difundida. Por outro lado, o estudo também mostrou que nao sao muitos os terapeutas que avaliam as suas próprias dificuldades no atendimento clínico, ainda que existam vantagens importantes em conhecer e explorar as dificuldades do profissional, tanto quanto há em explorar suas habilidades8. Os terapeutas ao nao se aprofundarem tanto na relevância das suas fragilidades e na exploraçao delas na relaçao terapêutica, podem perder oportunidades terapêuticas importantes.

A literatura aponta vários benefícios da expressao das emoçoes do terapeuta. Dentre elas: situaçoes em que as repercussoes da discussao do impacto que o cliente tem sobre o terapeuta pode esclarecer variáveis relacionadas com os problemas clínicos do cliente e que podem servir gatilho para a mudança em como o cliente se relaciona com o terapeuta, por exemplo. A expressao emocional do terapeuta pode ser benéfica quando representa o abandono do cliente à resistência e abertura para o trabalho em conjunto9. Há a possibilidade de fortalecer16 ou de concertar quebras da aliança terapêutica através da exposiçao17, providenciar feedbacks sobre o impacto interpessoal que o cliente produz9,16, normalizar o comportamento do cliente ou oferecer um modelo de comportamento efetivo16.

A literatura aponta também as seguintes qualidades interpessoais como sendo relevantes ao resultado positivo da psicoterapia: habilidades interpessoais18, capacidade de afirmaçao, genuinidade e empatia com diferentes tipos de clientes19, capacidade de resistir à agressao, desvalorizaçao e rejeiçao por parte dos clientes20-22. Esses fatores parecem mais relevantes que experiência prática ou treinamento23,24.

Muitos terapeutas integram as suas características pessoais a suas habilidades profissionais25. Quanto à experiência prática, o estudo mostrou que terapeutas mais experientes, tendem a considerar mais os impasses da exposiçao e que ainda isso, torna as atitudes de abertura a exposiçao mais frequentes e mais contextualizadas à demanda do cliente. A confiança na relevância terapêutica e sua própria sensibilidade podem se somar aos critérios avançados pelo modelo teórico a respeito da exposiçao pessoal do terapeuta.

A relevância clínica das emoçoes e das informaçoes pessoais do terapeuta é primordial26-28. Assim como no presente estudo "se nao tem sentido pro outro, eu nao tenho razao pra falar, desde o começo eu tenho esse cuidado, ter a certeza do que tá me motivando a falar aquilo" - T10, a exposiçao da emoçao ou de algo pessoal, atende a uma estratégia, a intençao da exposiçao irá definir o uso no relacionamento terapêutico. Logo, as emoçoes foram usadas a serviço do cliente e nao a serviço de interesse próprio do terapeuta. Ser autêntico e se permitir ser quem realmente é junto ao cliente nao acarreta liberdade total ao terapeuta para divulgaçoes pessoais, devem ser exposiçoes estratégicas. Essas exposiçoes emocionais estratégicas podem normalizar as experiências dos clientes, servir de modelo de comportamento de intimidade, demonstrar autenticidade e equalizar o poder na relaçao terapêutica29.

A coragem reconhecida para a exposiçao pode significar: ser autêntico, expor conteúdo pessoal a serviço do crescimento do cliente, perseverar, suportar o medo da dificuldade. A coragem complementa os passos necessários para criar uma relaçao terapêutica íntima e evocativa, o que requer que os terapeutas estiquem seus próprios limites de intimidade e vao além de suas zonas de conforto "eu coloquei de uma forma arriscada, mas se eu nao agir dessa forma, eu nao to usando da minha percepçao enquanto terapeuta para ajudá-la." - T11.


CONCLUSAO

De acordo com o modelo proposto pelo estudo, os terapeutas, sobretudo os mais experientes, ponderam antes de se expor sobre o quao a troca de intimidade será proveitosa ao processo psicoterápico. Como suportes para a exposiçao emocional, terapeutas contam com a relevância terapêutica da interaçao emocional. Os profissionais se perguntam se a exposiçao está em consonância com o modelo teórico de intervençao adotado, se faz sentido ou contribui para a conceituaçao do caso e/ou se a sensibilidade do terapeuta e sua experiência clínica apoiam essa exposiçao.

Os riscos que a exposiçao acarretará na relaçao, como uma má interpretaçao, exige que o terapeuta tenha muito claro as possibilidades de ganhos do uso de suas emoçoes. O profissional calcula os riscos que se dispoe a correr com o cliente, avalia suas próprias dificuldades e o quanto se sente hábil para lidar com determinado assunto. Ainda, durante essa troca, humildade e amor permanecem ingredientes necessários a uma relaçao intensa e genuína2.

De maneira geral a participaçao de cada gênero se equiparou nos suportes e caminhos para a exposiçao. Assim como, também nao houve uma prevalência de uma abordagem sobre outra. No entanto, terapeutas com maior experiência clínica, tendem a considerar mais os riscos da exposiçao e ainda assim, enfatizaram coragem e ousadia em suas exposiçoes, dando a entender que considerar os riscos da exposiçao nao desmotiva o terapeuta a se expor e sim, torna a exposiçao mais sensata.

As limitaçoes do estudo incluem: um pequeno grupo de participantes, nao permitindo generalizaçoes, apenas amostra da realidade vivida pelos participantes. Além do foco das entrevistas na dimensao clínica, deixando outros espaços em que caberia a emoçao do terapeuta para estudos futuros, onde poderá também explorar de forma mais aprofundada o efeito sobre a dimensao pessoal do terapeuta, uma vez que o foco da pesquisa foi voltado ao profissional. Além disso, entrevistas abertas nao permitiram quantificar as emoçoes referidas, podendo só almejar compreender o sentido delas na atuaçao clínica de cada profissional.

Estudos informando como o terapeuta se expoe a seu cliente e em que situaçoes a exposiçao emocional é válida sao escassos. Vale-se mais da coragem em fazê-lo, do que em suportes teóricos e modos empiricamente sustentados. Todavia pode-se pensar na necessidade de desenvolver uma discussao ampla sobre as práticas que envolvem as emoçoes do terapeuta como recurso terapêutico. As contribuiçoes presentes nesse estudo situam-se nesse ponto.

A veiculaçao deste estudo através de sua publicaçao tem como expectativa ampliar o acesso à sabedoria prática dos terapeutas a respeito das emoçoes, das possibilidades terapêuticas de sua exposiçao. Além disso, espera-se que estudos semelhantes passem a ser realizados, com o intuito de buscar dados se a técnica de expressar as emoçoes está de fato sendo produtiva para resultados positivos na terapia. Este estudo e os pesquisadores responsáveis esperam ter estimulado mais e novos pesquisadores em estudos de processo e resultados em psicoterapias.


REFERENCIAS

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a Mestre em psicologia - (Aluna de Doutorado) - Goiânia - GO - Brasil
b Doutor em Psicologia pela Université de l'Etat à Liège /Bélgica - (Professor da Pós-Graduaçao em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de Goiás)

Correspondência
Olívia Rodrigues da Cunha
Rua 9-a, nº164, 1108
74110-110 Goiânia, Goiás, Brasil

Submetido em: 09/04/2017
Aceito em: 02/10/2017

Instituiçao: Pontifícia Universidade Católica de Goiás

 

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