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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2016; 18(1):107-120



Artigos de Revisao

Ecos do silêncio

Echoes of silence

Fábio Bisol Brum

Resumo

A complexidade do silêncio para a teoria psicanalítica e as dúvidas sobre como diferenciar suas múltiplas formas de manifestaçao em psicoterapia me motivaram a escrever este trabalho. Além do já conhecido papel do silêncio como manifestaçao de resistência no tratamento psicoterápico, o estudo do silêncio como via comunicativa possibilita a compreensao de aspectos primitivos ou precariamente representados na mente dos pacientes. Esse tema vem gerando debates de grande relevância na atualidade da clínica psicoterápica. Iniciando pelos meus questionamentos, procurei compreender as diferentes formas do silêncio e a importância dessa diversidade para a técnica. Construo uma linha de pensamento na qual a ausência de palavras também revela a organizaçao das estruturas psíquicas. Chego à conclusao de que o silêncio é uma comunicaçao fundamental, assim como a fala, que possibilita uma abertura ao mundo interno do paciente e expressa, pelos ecos que flutuam pela relaçao transferência-contratransferência, aquilo que nao foi possível pensar e/ou dizer.

Descritores: Psicoterapia; Psicanálise; Comunicaçao; Comunicaçao nao verbal.

Abstract

My motivation to write this paper was to understand the complexity of silence in psychoanalysis. Besides the already known role of silence as a manifestation of resistance in psychotherapy, the study of silence as a communicative way expands the understanding of primitive aspects or poorly represented states in patient's mind. This topic has been generating highly relevant debates in current psychotherapy. I am willing to discuss the multiple forms of silence and the relevance of this diversity to the technique. Therefore, I constructed a line of thinking in which the absence of words may reveal the organization of psychic structures. Furthermore, by having this line of thinking as a reference, my conclusion is that silence is a fundamental means of communication, as well as speech, which enables an open door to the inner world of the patient and his communication capability through the echoes that float through transference-countertransference, through what was not possible to be thought and/or said.

Keywords: Psychotherapy; Psychoanalysis; Communication; Nonverbal Communication.

 

 

INTRODUÇAO

"O silêncio do fundo dos mares deve ser o mesmo do ventre materno"1

O que é o silêncio para a psicanálise? Quais sao suas qualidades e funçoes? E sua importância no desenvolvimento psíquico? Como é vivenciado em psicoterapia?

O objetivo deste trabalho é tecer algumas ideias relacionadas a tais questoes, visando compreender a diversidade do silêncio na clínica e os significados deste para a teoria psicanalítica. A técnica psicoterápica de orientaçao analítica atual estimula o terapeuta a captar diversas formas de expressao do psiquismo, tanto verbais quanto nao verbais. Nesse sentido, o estudo do silêncio como uma das vias de comunicaçao é fundamental para ampliar a capacidade de compreender aspectos intrapsíquicos do paciente ou intersubjetivos na sessao.

Ademais, formas de comunicaçao primitivas nao verbais possibilitam uma aproximaçao com os pacientes de difícil acesso e de zonas psíquicas que carecem de representaçoes. Alcançar esse objetivo auxiliaria a pensar na técnica indicada para lidar com os silêncios nas sessoes, principalmente com pacientes que apresentam precariedade de representaçoes.

O caminho que pretendo percorrer inicia com uma breve contextualizaçao histórica do silêncio na psicanálise, partindo de Freud e de alguns de seus contemporâneos. Em seguida discuto algumas questoes referentes à contribuiçao estruturante do silêncio para o psiquismo, apoiado, principalmente, nas ideias de Winnicott. Na terceira parte do trabalho discuto sobre os ecos do silêncio que aparecem na sessao para comunicar uma parte silenciosa do self. Por fim, ilustro, com vinhetas clínicas, formas de trabalhar com o silêncio de maneira a permitir um espaço que favoreça a construçao simbólica.


A CURA PELA FALA E A FALA PELO SILENCIO

Inicio pelas seguintes ideias: o silêncio existe como ausência ou interrupçao na fala. É um estado, uma condiçao: estar em silêncio. Ocupa um lugar e um tempo. Pode representar uma sensaçao de calma, paz e tranquilidade, mas também pode ocultar algo nao dito, algum segredo, sigilo. Portanto, comunica. Se admitirmos sua qualidade de representar e comunicar, é possível ser significante. Na psicoterapia pode aparecer de duas formas: como resistência, mecanismo de defesa e expressao de desinvestimento pulsional, ou como elaboraçao, espaço necessário para pensar e significar vivências. Possui uma característica invariável: é comunicativo.

A psicanálise, desde sua origem, destaca o poder da fala na cura dos pacientes. Pela hipnose e pelo método catártico, Freud2 percebeu na fala a conexao da linguagem com o inconsciente, sendo a comunicaçao verbal fundamental para a aproximaçao aos conteúdos reprimidos. Ao falar, dizemos mais do que pensamos dizer, pois revelamos, pelo material manifesto, o conteúdo latente inconsciente. A regra básica da psicanálise é falar livremente sem restriçoes morais e éticas, favorecendo associaçoes livres. Dentro desse contexto, o silêncio pode ser considerado como resistência ao processo analítico.

Para Nasio3, as primeiras contribuiçoes sobre a ausência da fala dos pacientes foram escritas por Karl Abraham e Ferenczi, comparando-a à satisfaçao pulsional erótico-anal. Lembra que, para Ferenczi, o silêncio do paciente corresponde ao prazer anal de retençao, sendo as palavras o tesouro a ser guardado. O prazer em calar-se ocorre pela retençao da descarga de palavras, tal qual a satisfaçao pela retençao da descarga dos excrementos. Durante o período de 1919 a 1935, autores como Abraham, Reich e Fenichel associaram o silêncio ao conceito técnico de defesa contra o erotismo. Porém, coube a Reik o mérito de reverter a ideia de um silêncio defensivo, agregando um significado de abertura ao mundo interno: "Nao seria justo, no entanto, atribuir os resultados da psicanálise unicamente ao poder das palavras. Seria mais exato dizer que a psicanálise prova o poder das palavras e o poder do silêncio" (p. 19)4.

Robert Fliess5 destaca a relaçao do desenvolvimento da pulsao com o aparelho de linguagem, afirmando que "funcionaria entao conforme o modelo de atividade erógena de uma zona particular" (p. 63). Para o autor, existem três tipos de linguagem regressiva erótico-parcial, as quais cada uma "parece ter suas realizaçoes condicionadas pelas características funcionais da atividade excretora cujo papel se vê obrigado a desempenhar" (p. 63), cabendo à análise conduzir a abandonar esses distúrbios para recuperar a normalidade do discurso.

Aos três tipos de linguagem regressiva, chamados por Fliess5 de erótico-uretral, erótico-anal e eróticooral, existem silêncios-base correspondentes à produçao excretora retida. O paciente, quando para de falar, pode estar retendo a palavra conforme retém a excreçao correspondente a um dos três tipos de linguagem regressiva. Desse modo, a ausência de comunicaçao verbal representa o temor, deslocado para a palavra, de incontinência. Dos três tipos, o silêncio erótico-uretral seria a forma mais normal, perceptível como uma pontuaçao numa conversa corrente. A funçao deste é controlar o afeto regressivo como se impedisse a satisfaçao pulsional erótica uretral. O erótico-anal aparece como inibiçao da fala, no discurso, de forma incongruente e perturbadora. A pessoa paralisa e apresenta dificuldades para retomar a fala, demonstrando um estado de tensao e conflito. A interrupçao do discurso parece involuntária com objetivo de controlar o afeto regressivo, funcionando o aparelho da linguagem semelhante ao modelo anal. Sendo as palavras semelhantes aos excrementos, o silêncio assume a funçao de constipaçao verbal. No modelo erótico-oral, o silêncio nao interrompe e nao suspende o discurso, mas substitui uma verbalizaçao. A pessoa nao demonstra sofrimento ou conflito, ficando calada por um longo período, retomando o discurso geralmente de forma espontânea. É a forma mais regressiva, pois a ausência da palavra lembra a criança antes de desenvolver a linguagem. Nesses casos ocorre uma identificaçao primária com o terapeuta, que é incorporado pelo paciente, deixando de existir como objeto do mundo externo. Sua influência fica suspensa e a transferência fica caracterizada pela sua forma arcaica.

Considero importante destacar o silêncio no modelo erótico-oral. A ausência de palavras substituindo uma verbalizaçao é a forma de comunicaçao mais primitiva e predominante no início do desenvolvimento. Mesmo sem palavras, ocorre uma comunicaçao por gestos, olhares, projeçoes e introjeçoes, identificaçao projetiva e introjetiva entre mae/bebê, terapeuta/paciente.

É de grande utilidade à compreensao dessas diferenças observar e descrever, conforme sugere Fliess: a forma como começa o silêncio; o grau e o tipo de oposiçao à palavra e à comunicaçao do pensamento pelo silêncio; o comportamento durante o período que permanece quieto; o cessar, a reaçao do paciente quando estimulado a retomar a verbalizaçao. Estar atento a tais características torna possível diferenciar as qualidades do silêncio5.

No caso de uma paciente, que chamarei de B, os momentos em silêncio me geravam a sensaçao de haver algo trancado, obstruído, nao podendo ser liberado. Sentia-me preso nas minhas intervençoes, um tanto quanto inúteis, e percebia, pelos seus gestos, uma contraçao e tensao muscular semelhante ao esforço das crianças para segurar as fezes. Por algum tempo pensei sobre essa percepçao e pude lhe falar como a percebia tensa e obstruída com os nossos silêncios. Em seguida, ela comenta sobre sua dificuldade de defecar ao falar: "faz tempo que nao consigo ir aos pés". Interpreto dizendo: "assim como nao consegue ir aos pés, também sente a mesma dificuldade para falar sobre assuntos que imaginas que iriam me agredir". Responde dizendo ter medo de me dizer algo que possa me deixar brabo com ela.

Nessa ilustraçao, o silêncio assume diferentes funçoes simultaneamente. O nao falar protege um ego frágil temendo ser retaliado caso descarregue, via palavra, a pulsao agressiva contida. Ao comunicar uma dificuldade, também possibilita ao terapeuta observar, sentir o estado emocional e compreender o conteúdo latente reprimido.

Em 1963, Masud Khan6 escreveu sobre a experiência de tratar um adolescente silencioso. A funçao primária do silêncio era comunicar, pela transferência, um relacionamento perturbado com a mae na primeira infância. O autor enfatiza a importância da compreensao, pela contratransferência, da afetividade e das relaçoes objetais arcaicas expressas por meio da postura silenciosa. Ao compreender a apatia e a inércia como um pedido de ajuda, percebe a falta da comunicaçao verbal como uma linguagem capaz de expressar conflitos intrapsíquicos.

Pela contratransferência, Khan sentia uma sensaçao penosa ao lidar com a ausência das palavras. Insistindo na evoluçao do processo analítico para se ajustar às necessidades do paciente, vivenciava os silêncios junto a ele, observando suas expressoes corporais e a "atmosfera do seu estado de espírito" (p. 209). A continência e perseverança possibilitaram perceber uma diferença entre mudez e silêncio, afirmando ser o primeiro um estado mais destrutivo e agressivo, enquanto o segundo, benigno ou neutro. Tal diferença tornouse fundamental à técnica adotada nesse caso. Apesar de sentir-se tentado a sacudir o paciente, acordando-o para a vida, optou por trabalhar, dentro de si, a vontade de agir sobre ele com interpretaçoes verbais, sabendo que, interferindo desse modo, o paciente ficaria ainda mais calado, potencializando a resistência ao tratamento. Kahn sentia-se preso no silêncio e com base neste sentimento pode compreender o silêncio como "um todo concatenado e ativo" (p. 211) que expressava a relaçao do paciente com sua mae na infância, à qual estava preso. A assiduidade e pontualidade do paciente demonstravam seu empenho para enfrentar as dificuldades ambientais e chegar às sessoes, tornando possível ao terapeuta perceber os aspectos libidinosos que o fizeram pensar nos significados latentes do silêncio para além da resistência6.

Entendo que a ausência de palavras também comunicava mudanças no estado do paciente, e a diferenciaçao da fenomenologia do silêncio só era possível distinguindo o papel analítico transferencial na relaçao terapêutica, reencenando dentro do setting as experiências infantis via regressao.

A experiência adquirida por Khan6 nesse caso resultou numa importante contribuiçao à técnica para lidar com pacientes silenciosos. Destaca ser fundamental: prestar atençao consciente, concentrada e alerta; escutar com a mente e o corpo, utilizando catexias agressivas neutralizadas, como cansaço, desinteresse e tédio, na atençao ao que acontece na sessao; fazer algumas inferências sobre as mudanças de estado de espírito e, no final, comentar, como um breve resumo, o que ocorreu na sessao, indicando a observaçao e atençao do terapeuta ao paciente, assim como ocorre na relaçao entre mae e bebê; manter empatia com o estado mental e os sentimentos, sem ser esmagado por eles. Desse modo, o terapeuta apresenta-se como um modelo capaz de falar e perceber sentimentos, emprestando sua capacidade de ego ao paciente, que, por sua vez, nao vivencia o silêncio do terapeuta como resistência ou puniçao à sua mudez.

O silêncio pode manifestar uma forma de proteger o self e o objeto contra a agressao, paralisando as funçoes do ego. Uma recomendaçao importante é o terapeuta ter o cuidado de nao interpretar motivado pela irritaçao ou pelo cansaço, provocando culpa ou sentimento de reprovaçao, acentuando a necessidade do paciente de proteger-se dos sentimentos agressivos6.


O SILENCIO ESTRUTURANTE DO PSIQUISMO

A compreensao sobre a diversidade do silêncio pela psicanálise possibilitou uma evoluçao da teoria e da técnica, ampliando a forma de pensar sobre o mesmo no desenvolvimento psíquico. Considero o trabalho de Winnicott7 A capacidade para estar só de grande relevância nesse sentido. Para o autor, o paciente pode demonstrar tal capacidade quando fica em silêncio durante um período ou até mesmo ao longo de uma sessao. É uma conquista, um sinal de amadurecimento psíquico.

A capacidade de estar só é diferente de estar sozinho, pois ocorre na presença de outra pessoa. É necessário ter uma boa relaçao com o objeto primário, que, ao ser introjetado como objeto bom, proporciona segurança à criança de que sua mae existe independente de sua presença ou ausência. Naturalmente essa capacidade é desenvolvida a partir de maior integraçao e diferenciaçao entre self e objeto7.

A criança a brincar sozinha (na presença do objeto) vivencia um momento consigo mesma, podendo tornar-se nao integrada, devanear e permanecer por algum tempo num estado de nao orientaçao em relaçao aos estímulos externos. Tal vivência propicia uma experiência do id, na qual o surgimento de um impulso ou sensaçao poderá ser sentido como real e verdadeiro7.

Winnicott7 afirma que a capacidade de estar só "é um fenômeno altamente sofisticado [...] intimamente relacionado com a maturidade emocional" (p. 37). Sua base consiste na experiência de estar só na presença de alguém, como um ego consistente de apoio, auxiliando aqueles que possuem uma organizaçao psíquica mais fragilizada. As experiências do id e suas conexoes com o ego fortificam e amadurecem as capacidades egoicas. Gradualmente o ambiente auxiliar do ego pode ser introjetado e construído dentro da personalidade do indivíduo, favorecendo o desenvolvimento de sua capacidade de estar realmente só.

O mesmo efeito do brincar só da criança acontece com os pacientes numa sessao de psicoterapia. O silêncio pode representar o momento no qual o paciente entra em contato consigo mesmo, brincando com seus objetos internos e experimentando seu id entre devaneios e sonhos acordado. A presença do terapeuta, semelhante à da mae na relaçao com a criança, pode ser pensada como um objeto disponível para fazer parte dessa experiência. Ao acompanhar o silêncio dos pacientes, o terapeuta faz mais do que assegurar um ambiente adequado e propício. Ele vivencia sentimentos, sensaçoes e devaneios, podendo significá-los com o paciente ao comentar sobre as experiências no aqui e agora.

O silêncio é assim a "respiraçao" (o fôlego) da significaçao; um lugar de recuo necessário para que se possa significar, para que o sentido se faça sentido. Reduto do possível, do múltiplo, o silêncio abre espaço para o que nao é "um" (da unidade, sentido fixo), para o que permite o movimento do sujeito8.


ECOS DO SILENCIO

Diferenciar a qualidade do silêncio numa sessao definitivamente nao é uma tarefa simples (se é que existe tarefa simples em psicoterapia). Exige atençao por parte do terapeuta aos fenômenos do campo analítico, para observar e compreender as múltiplas formas de comunicaçao do paciente, como, por exemplo, a nao verbal. Olhares (ou falta de um), gestos, movimentos ou paralisias podem auxiliar nessa complexa tarefa, assim como prestar atençao nos sentimentos, sensaçoes e pensamentos que circulam dentro do terapeuta nos momentos de silêncio.

Entretanto, mesmo estando atento às múltiplas formas de comunicaçao, o que teremos serao ecos do silêncio. Por mais que o silêncio possa ser uma porta de entrada para o mundo interno do paciente ou momentos de resistência, elaboraçao e significaçao, o conteúdo do material comunicado será de resíduos, e nunca partes inteiras, das experiências emocionais.

Na mitologia grega, Eco era uma ninfa das montanhas (Oréades) portadora de belíssima voz e que adorava falar. Zeus utilizava o dom de Eco para distrair Hera enquanto satisfazia-se na companhia das ninfas. Ao descobrir que era enganada, Hera amaldiçoa Eco a repetir somente a última palavra dos outros, ficando impossibilitada de começar uma conversa. Vagando certo dia pelos bosques, encontra Narciso, um homem belo que despertava paixao em homens e mulheres. Eco logo se apaixona pela beleza dele e passa a segui-lo pelos bosques. Sentindo-se perseguido, Narciso intimida, com palavras, seu perseguidor a sair do esconderijo. Eco, repetindo somente as últimas palavras e nao podendo falar sobre seus sentimentos, aparece e tenta se expressar por gestos. Mas o belo rapaz desdenha sua admiradora, aumentado seu sofrimento9.

Assim como a ninfa, o inconsciente nao pode nos dizer exatamente o que ocorre, mas expressa, por meio de representantes, o conteúdo latente que dele se origina. Tanto pela fala quanto pelo silêncio, podemos perceber os ecos do que nao pode ser comunicado diretamente, seja pelo conteúdo reprimido, seja pela ausência de representaçoes. Apesar da fala ser mais elaborada e facilitar a comunicaçao, o silêncio, por ser anterior e um meio de comunicaçao menos evoluído, possibilita uma aproximaçao maior com o primitivo e as relaçoes objetais arcaicas.

O paradoxal do silêncio é sua capacidade de comunicar aquilo que se torna difícil de colocar em palavras. Mas como compreender essa forma de comunicaçao? Nao me refiro a decifrar uma linguagem de sinais e gestos corporais. Escrevo sobre uma forma de comunicaçao primitiva, porém sofisticada, que exige do terapeuta disponibilidade para tolerar a ausência de palavras. De acordo com Bion10, o trabalho do negativo abrange a capacidade do terapeuta de tolerar o nao saber, o nao dito, o nao representado. Para Zimerman11, a capacidade negativa é indispensável para o analista suportar as dúvidas e incertezas de uma situaçao analítica, auxiliando a conter dentro de si os sentimentos angustiantes despertados pela contratransferência.

Concordo com Winnicott12 quando afirma que inicialmente o lactente, apoiado pelo ambiente facilitador e pela sua onipotência, mantém uma relaçao subjetiva com os objetos, criando e recriando-os dentro de si. O ambiente facilitador possibilita ao objeto criado ser encontrado, tornando a experiência satisfatória.

Na fase inicial do desenvolvimento, por meio da comunicaçao silenciosa e a partir dos objetos subjetivos, é formado um núcleo da personalidade que nao se comunica de forma explícita com os objetos percebidos objetivamente. Ao longo da maturaçao do intelecto, a relaçao com os objetos passa de subjetiva a objetiva, interferindo diretamente na comunicaçao. Ocorre uma mudança na qual o indivíduo utiliza e aprecia os modos de comunicar-se. Porém, esconde uma parte do self, mantendo um núcleo pessoal autêntico isolado. Ocorre uma divisao do self na qual uma parte comunica-se silenciosamente com os objetos subjetivos, enquanto outra, de forma explícita ou confusa, com os objetos percebidos objetivamente. É uma divisao natural nas pessoas, análoga à necessidade dos artistas de comunicarem por meio de suas obras, coexistindo com a necessidade de nunca serem decifrados. O núcleo isolado da personalidade estaria relacionado "ao conceito de realidade psíquica de Freud e do inconsciente que nunca pode se tornar consciente" (p. 168) e que se revela como experiências pessoais. A área de comunicaçao silenciosa do indivíduo com fenômenos subjetivos é uma base importante para o desenvolvimento do ego e do sentimento de ser real12.

Sugiro que normalmente há um núcleo da personalidade que corresponde ao eu verdadeiro da personalidade split; sugiro que este núcleo nunca se comunica com o mundo dos objetos percebidos, e que a pessoa percebe que nao deve nunca se comunicar com, ou ser influenciada pela realidade externa. [...] Embora as pessoas normais se comuniquem e apreciem se comunicar, o outro fato é igualmente verdadeiro, que cada indivíduo é isolado, permanentemente sem se comunicar, permanentemente desconhecido, na realidade nunca encontrado... No centro de cada pessoa há um elemento nao comunicável (p. 170)12.

As experiências precoces traumáticas e perturbadoras, resultantes de falhas da mae-ambiente, levam à organizaçao de defesas primitivas para proteger a parte do núcleo do eu isolada da ameaça de ser encontrada e alterada, resultando em seu ocultamento. De forma semelhante, os pacientes em psicoterapia psicanalítica podem reagir quando se sentem penetrados profundamente em aspectos de suas personalidades. O silêncio pode surgir como um mecanismo de proteçao dessa parte. Cabe ao terapeuta se permitir, assim como a mae com o lactente, ser, por um tempo, objeto subjetivo, silencioso e manipulado pela onipotência do paciente, conectando-se com a parte do self protegida e isolada. Desse modo, auxilia no desenvolvimento do ego, nao ameaçando o núcleo de sua personalidade. Nessas situaçoes, esperar é mais prudente do que interpretar. A proteçao da parte isolada em relaçao às ameaças do ambiente, aliada à percepçao objetiva do objeto, favorece a restauraçao das múltiplas formas de comunicaçao entre paciente e terapeuta, sendo a linguagem uma delas12.

Para Winnicott12, existe um período transitório entre a relaçao subjetiva e objetiva com os objetos, no qual fenômenos e objetos transicionais se tornam fundamentais para a formaçao da capacidade simbólica. Da mesma forma, tal transiçao ocorre ao longo das sessoes de psicoterapia, e transitar junto com os pacientes, nos momentos de silêncio, permite ao terapeuta simbolizar aquilo que nao pode ser ainda simbolizado e comunicado objetivamente pelo paciente.

Estamos diante de três formas de comunicaçao: uma para sempre silenciosa; outra explícita, indireta e agradável; e a terceira intermediária, na qual se desenvolve o simbolismo12. Penso ocorrer, na terceira e intermediária forma, uma comunicaçao entre aquilo que deve permanecer isolado, oculto silenciosamente, e o que se deseja falar e expressar para o outro. É nessa área intermediária que o paciente, em silêncio e estando só, pode comunicar ao terapeuta o que nao pode ser dito por palavras ou gestos. Quando alcançar outra forma de comunicaçao, como a linguagem verbal, o conteúdo presente nessa área sofrerá distorçoes.

Contudo, Winnicott12 aponta para dois opostos da comunicaçao: a nao comunicaçao simples e a nao comunicaçao ativa. A primeira é a comunicaçao pelo silêncio, enquanto que no outro oposto a negaçao do silêncio preenchendo os espaços com falas e narrativas sem sentido, vazias de significado. Mas como podemos reconhecer um silêncio como comunicaçao e a fala como nao comunicaçao?

A contratransferência pode ser uma via. Por ser um conceito amplo, considero neste trabalho o aspecto comunicativo entre inconscientes, via identificaçoes projetivas e introjetivas. Nas vinhetas que seguem, busco ilustrar como o exame da contratransferência auxilia na compreensao de uma paciente que chamarei de A.

Em psicoterapia com frequência de duas sessoes semanais, A permanece prolongados períodos sem falar. Ao perceber sua dificuldade para responder a minhas perguntas, decido acompanhá-la em seu silêncio. Em determinada sessao, ficamos cinquenta minutos em silêncio, restringindo-nos apenas às saudaçoes e a um breve comentário meu sinalizando sua dificuldade para falar.

Na sessao que segue, a paciente estava em tratamento há um ano. Observo seus olhos quase fechados ou fixos em lugares variados do consultório. Em alguns momentos, estabelece contatos visuais comigo, comunicando, penso, sua insegurança e alívio por perceber minha presença. Ficamos em silêncio por vinte minutos desde sua entrada. Procuro observar meus sentimentos e pensamentos ao longo da sessao, sem deixar de prestar atençao nos seus gestos. Em alguns momentos, A fica paralisada, como se estivesse vagando em seus pensamentos. Começo a me sentir um tanto quanto indignado: "Será que novamente terei de ir ao encontro dela? Ou fico em silêncio aguardando que comece a falar? Que tipo de silêncio é esse? Os nossos silêncios sao diferentes um do outro, sendo às vezes uma resistência e às vezes acolhedor. Pô! Ela está pensando sozinha e deve saber que estou aqui aguardando para pensar com ela. Mas por que é tao difícil começar a falar? Talvez esteja com vergonha de me dizer algo. Talvez possa estar sentindo meu silêncio como uma retaliaçao, como se eu estivesse brabo. Estou sentindo ela triste. Seu olhar é de quem pede ajuda. Estou aqui como uma mae olhando para seu o bebê! Talvez precise que eu suporte essa angústia. Talvez precise da minha energia, já que a sua parece esgotada. Tenho a impressao de que possui uma reserva de libido muito limitada para investir em si e nos outros."

Partindo dos meus pensamentos sobre o que sentia e observava na sessao, falo para A, de forma calma, num tom baixo e pausadamente: "Pode ser impressao minha, mas estou te sentindo um tanto quanto desanimada, triste, sem energia para falar."

A paciente respondeu concretamente o que sentia. Falou sobre uma forte dor de cabeça, para a qual buscava alívio utilizando um pano quente para cobrir os olhos. Comentou sobre a vontade de arrancá-los para se aliviar. Levando em conta que essa dor é considerada por seu neurologista como tendo forte componente psicossomático, pensei: Por que arrancaria os olhos? Deve ter algum significado, ou ausência de, que os torne a regiao onde se concentra a dor. Pergunto: "O que será que teus olhos enxergam que possa causar tanta dor e vontade de arrancá-los?"

A paciente responde com silêncio. Minha mente se agita e fico com vontade de fazer mais perguntas, como se fosse um detetive. Penso em exercitar minha capacidade de tolerar o nao saber, afinal, muitas vezes a paciente nao responde minhas colocaçoes ou perguntas e, quando responde, geralmente é dizendo um "nao sei" vazio que bem representa seu mundo interno. Mais calmo, aguardo algo surgir. Em seguida, ela comenta sobre a saúde debilitada de seu pai. O material que surge possibilitou lhe questionar sobre a vontade de arrancar os olhos correspondendo à vontade de nao enxergar a passagem do tempo e o medo de perder seus pais, associado à insegurança para cuidar de si mesma. Sua resposta é um silêncio prolongado, aparentemente utilizado para pensar e elaborar a interpretaçao. Ela interrompe para lembrar que em alguns dias completaríamos um ano de tratamento. Conversamos sobre seus sentimentos relacionados ao tempo de tratamento e, após essa breve conversa, digo: "Entao podemos pensar que existe o lado bom e o lado ruim do tempo. O tempo que envelhece e pode afastar as pessoas e o tempo que aproxima. Como aqui, ao longo deste ano nos conhecemos, criamos um vínculo e estamos fazendo aniversário." Após breve período em silêncio, a paciente lembra as aves domésticas que sua mae havia assistido nascer em seu quintal, tendo ela acompanhado o período de chocagem dos ovos. Sua associaçao me faz lembrar a minha sensaçao de estar assistindo ao nascimento de seu psiquismo. No final da sessao, digo: "E será que aqui ao longo deste ano nós também nao estávamos chocando um ovo? Antes, tinha a impressao de que era mais difícil saber o que pensavas e sentias. Ao longo deste ano, conquistastes um espaço para pensar sobre teus sentimentos, sobre o que acontece ao teu redor, como se fosse um segundo nascimento." Ela responde concordando e ao longo dos minutos finais mantém seus olhos em contato com os meus, em silêncio, até nos despedirmos.

Em seguida apresento outra sessao com a mesma paciente, quando estamos prestes a completar dois anos de psicoterapia. Paciente entra no consultório e ficamos em silêncio. Há algum tempo os silêncios nao se manifestavam de forma tao marcante nas sessoes, mas se intensificaram quando começamos a trabalhar sentimentos agressivos presentes na transferência.

Ao longo do silêncio, percebo meus pensamentos vagando entre assuntos do meu interesse. Surge a dúvida: "Será que estamos os dois pensando sozinhos, cada um com seus interesses? Percebo ser difícil me aproximar do conteúdo de seus pensamentos, como se estivessem cercados por uma muralha defensiva intransponível. Falta-me vontade para perguntar o que está pensando. Quando lhe faço essa pergunta, sua resposta geralmente é um 'nao sei' ou 'nada' carente de representaçoes e defensivo. Sinto-me agredindo sua intimidade, tentando invadir sua fortaleza do pensar tao bem protegida. Estou cansado, já nao sei o que fazer. Venho tentando, de diversas formas, uma aproximaçao, mas acabo me sentindo um violentador, um cúmplice, um fracassado. Fico com raiva de mim por me sentir assim. Fico com raiva dela por me atrair para perto e depois me afastar com os 'nao sei' e silêncios monótonos. O que fazer? Encaminhar? Desistir? Talvez alguém possa ajudá-la mais do que eu, mas ela vem mostrando alguma evoluçao. Temos um bom vínculo. O que fazer?"

Lembro de algumas orientaçoes de Khan6 para lidar com os silêncios na sessao: prestar atençao no paciente e transformar catexias agressivas do terapeuta em investimento libidinal ao paciente. Sigo atento às expressoes da comunicaçao pré-verbal e, depois de trinta minutos de silêncio, lhe digo que parece sozinha com seus pensamentos e que de tempo em tempo me olha para ver se sigo aqui acompanhando-a.

Após um breve silêncio, a paciente responde sobre o som que faz de mastigar dormindo. Fico perplexo e em dúvida. Ao lhe perguntar o que pensava sobre esse som, comenta que come ar dormindo. Em seguida, lembro de uma sessao anterior, na qual conversávamos sobre um médico que havia lhe dito que estava comendo ar, mas ela nao entendia o que significava. Naquela ocasiao conversamos sobre sentir-se ansiosa e comer rápido, mastigando pouco e junto ao alimento engolindo ar, gerando uma sensaçao de estar cheia, com gases e desconforto estomacal. Mas e hoje? Comer ar dormindo? Ela parece dormindo aqui no meio de tanto silêncio. Eu fico com sono, com vontade de dormir e tenho que me esforçar para ficar acordado. Ar, vazio, silêncio, o que alimenta ela aqui na sessao? Será que minhas palavras sao como ar, alimento vazio? Seguimos em silêncio, e, ao questionar sobre o que estava pensando, me responde: "nada".

Percebo na sessao a manifestaçao de dois tipos de silêncio ocorrendo simultaneamente: um pela carência de representaçoes e outro protetor de algo que nao quer (e ao mesmo tempo quer) falar. Comento sobre o silêncio sinalizar que algo poderia estar incomodando ela, mas que talvez nao estivesse conseguindo me dizer. Responde: "Está tudo destruído. O que foi destruído nao volta atrás."

Como em sessoes anteriores, a paciente nao diz o que foi perdido, destruído e nao volta mais. Entendo seu silêncio, em parte, como desinvestimento, buscando ao mesmo tempo proteger e atacar desvalorizando ("nao é nada") aquilo que em imaginaçao fora destruído. Digo-lhe que percebo seu silêncio como forma de manter o conteúdo destruído e afastado do nosso encontro.

Os silêncios se mesclam. Formam um conjunto de desinvestimento e de defesa contra o pensamento e a reparaçao, agravado pela precariedade de representaçoes. Um silêncio audível pela contratransferência. Depois de um breve período sem falar, me diz: "O que foi destruído nao volta, a nao ser voltando no passado, como o Super-Homem." Nesse momento, a fala da paciente possibilitou compreender o silêncio como dificuldade de investir em mim enquanto um objeto diferente do objeto onipotente predominante em suas fantasias.

A paciente pode, nas sessoes seguintes, falar o que antes nao conseguia. Seguiu um período no qual começou a falar mais, abrindo novas possibilidades de diálogos. Porém, ao longo dos anos seguintes, os períodos silenciosos retornavam, oscilando com períodos de maior comunicaçao verbal.

Com os exemplos clínicos, procurei ilustrar uma maneira de trabalhar, em psicoterapia, com casos em que o silêncio é uma forma de comunicaçao frequente. O exame, pela contratransferência, dos aspectos agressivos e libidinosos presentes na relaçao do par terapêutico, aliado à escuta atenta da comunicaçao verbal e pré-verbal, possibilitou tanto aproximaçoes do que nao pode ser pensado nem dito quanto transformar esse material de difícil acesso em pensamentos e palavras.

"No desenvolvimento do lactente, viver se origina e se estabelece a partir de nao viver e existir se torna um acontecimento que substitui o nao viver, assim como a comunicaçao se origina do silêncio" (p. 173)12.


CONSIDERAÇOES FINAIS

Este trabalho nao teve como objetivo central aprofundar a discussao dos casos clínicos em seus aspectos diagnósticos ou de evoluçao no tratamento, mas apenas trazê-los como ilustraçoes de manifestaçoes do silêncio na clínica e das formas de abordá-lo. Também nao foram vistos em profundidade os mecanismos envolvidos na forma resistencial do silêncio. Aqui enfatizei as ideias de Winnicott, porém o mesmo tema pode ser discutido a partir de outras bases teóricas, como Bion e Green, por exemplo.

Estudar e escrever sobre esse tema me possibilitou compreender o valor comunicativo do silêncio por expressar, na ausência de palavras, uma abertura ao mundo interno e à relaçao entre paciente e terapeuta. Destaco que o silêncio pode revelar, ao longo das sessoes, a organizaçao do ego, assim como aspectos da severidade do superego e a movimentaçao das pulsoes originadas do id.

O silêncio é anterior ao pensamento e ao desenvolvimento da fala. É a forma mais primitiva de comunicaçao e, portanto, possibilita maior aproximaçao aos objetos arcaicos. Pode revelar a capacidade de estar só, de devanear entre os pensamentos e entrar em contato com o mundo interno. Possibilita vivenciar experiências de id e entrar em contato com as partes mais profundas e misteriosas da mente, aproximando-se do self verdadeiro, núcleo da personalidade. A presença do terapeuta, como alguém que acompanha, é fundamental por emprestar sua disponibilidade para pensar e organizar tais experiências, estimulando o desenvolvimento da capacidade simbólica do paciente.

Em contrapartida, também comunica resistência, manifestaçao do desinvestimento no pensar. O mesmo pode ocorrer pela fala, quando utilizada para nao abrir espaços para o pensamento. No mito, a conversa de Eco distraía Hera das verdadeiras intençoes de Zeus. Revelado pelo vazio, pela sensaçao de impotência, desesperança e sentimentos hostis, é possível perceber a presença negativa do silêncio pela contratransferência e pela observaçao das reaçoes do paciente ao longo da sessao.

Concluo, portanto, que a presença do silêncio na sessao pode tanto contribuir no desenvolvimento do processo secundário e na formaçao do pensamento quanto estar a serviço da resistência, como manifestaçao dos impulsos de desinvestimento. Por ser uma comunicaçao primária e anterior à fala, é possível sentir sua presença como ecos que sinalizam o que ocorre com o paciente e com a dupla terapêutica. Assim como a ninfa, o eco do silêncio, ao ser percebido, nao revela a totalidade do conteúdo latente, mas possibilita uma abertura ao mundo interno.

Por ter enfatizado o silêncio do paciente, considero ser importante ampliar este estudo no sentido de incluir discussoes sobre o silêncio do terapeuta ou como um fenômeno do campo analítico. Este pode ser um ponto de partida para trabalhos futuros.


REFERENCIAS

1. Jardim R. Inventário das cinzas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1980. p. 11.

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3. Nasio J-D. O silêncio na psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar; 2010. p. 10-11.

4. Reik T. No Início é só o silêncio. In: Nasio J-D, editor. O silêncio na psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar; 2010. p. 17-24.

5. Fliess R. Silêncio e verbalizaçao: um suplemento à teoria da "regra psicanalítica". In: Nasio J-D, editor. O silêncio na psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar; 2010. p. 59-80.

6. Khan M. Silêncio como comunicaçao. In: Psicanálise: teoria, técnica e casos clínicos. Rio de Janeiro: Francisco Alves; 1977. p. 205-219.

7. Winnicott DW. A capacidade para estar só. In: O ambiente e os processos de maturaçao: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes Médicas; 1983. p. 31-37.

8. Orlandi EP. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Editora da Unicamp; 2007. p. 13.

9. Bulfinch T. O livro de ouro da mitologia: história de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro; 2011.

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11. Zimerman DE. Bion: da teoria à prática - uma leitura didática. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 79.

12. Winnicott DW. Comunicaçao e falta de comunicaçao levando ao estudo de certos opostos. In: O ambiente e os processos de maturaçao: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artes médicas; 1983. p. 163-174.










Especialista em Psicoterapia de Orientaçao Analítica de Adultos pelo CELG/UFRGS e em Psicoterapia Psicanalítica de Crianças e Adolescentes pelo IEPP. Membro Aspirante da SPPA. Porto Alegre, RS, Brasil

Instituiçao: Centro de Estudos Luís Guedes.

Correspondência
Fábio Bisol Brum
Rua Felipe Neri, 366, sala 405, bairro Auxiliadora
90440-150 Porto Alegre, RS, Brasil
fabiobisol@gmail.com

Submetido em: 01/09/2015
Aceito em: 20/10/2015

 

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