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Rev. bras. psicoter. 2015; 17(3):1-2
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Editorial
A importância do investimento em pesquisa em psicoterapia e dos estudos originais de revisao
The importance of investment in research in Psychotherapy and the reviews of original studies
Neusa Sica da Rocha; Pricilla Braga Laskoski; Alcina Barros; Carolina Padoan; Rafael Wellausen
A questao do custo econômico e social dos transtornos mentais, bem como de opçoes terapêuticas custo-efetivas, que incluem as intervençoes psicológicas, tem sido objeto de estudo e preocupaçao de estudiosos da área econômica1. No Reino Unido, por exemplo, o governo tomou a decisao de ampliar o acesso às terapias psicológicas (UK Improving Access to Psychological Therapies [IAPT]). Segundo esses estudiosos, além do custo direto com a doença, como os transtornos mentais incapacitam para o trabalho, quando as terapias psicológicas sao amplamente oferecidas, as pessoas ficam menos incapacitadas e têm menos outros problemas médicos. O investimento, portanto, em intervençoes psicológicas tem um saldo duplamente positivo. Há uma diminuiçao dos gastos com os benefícios de assistência social e com os gastos com outras doenças físicas.
Paradoxalmente, a pesquisa em psicoterapia recebe pouco investimento por parte das agências internacionais de fomento e o mesmo cenário parece repetir-se no Brasil. O tema foi alvo de um editorial da revista Nature (revista internacional de maior impacto científico na área multidisciplinar) que qualificou o cenário de investimento internacional em estudos para avaliar as psicoterapias como sendo escandalosamente pequeno em relaçao aos investimentos em outras áreas, tais como ensaios focados em terapêuticas medicamentosas2. O impacto da falta de investimento em estudos sobre psicoterapia se reflete na escassez desses estudos e na baixa qualidade de alguns.
Uma alternativa para esse dilema sao as revisoes sistemáticas, pois sao consideradas um delineamento de pesquisa original, que nao dependem de um financiamento muito alto, pois, além de recursos humanos, nao demandam recrutamento nem acompanhamento de sujeitos. O objeto de estudo das revisoes sistemáticas sao os estudos já existentes. O ponto forte desse tipo de trabalho é sumarizar o conhecimento a respeito de uma determinada questao de pesquisa, descrevendo o estado da arte de uma área específica do conhecimento, facilitando a troca de informaçoes entre os pesquisadores.
Um bom exemplo recente é a revisao sistemática publicada no Jama Psychiatry3, uma das mais importantes revistas internacionais de psiquiatria. O artigo traz uma revisao de metanálises sobre a eficácia de farmacoterapia e psicoterapia para os principais transtornos psiquiátricos em adultos. O estudo indicou que, embora medicamentos e psicoterapias sejam eficazes, ainda existe a necessidade de buscar o sinergismo entre essas modalidades terapêuticas. Com o uso da metodologia de revisao sistemática, foi possível sumarizar os achados de 852 estudos. Nesse trabalho, 137.126 casos puderam ser avaliados, algo que seria inviável para um único estudo de psicoterapia.
Frente a esse cenário de baixo investimento, a Revista Brasileira de Psicoterapia incentiva que os seus autores façam uso desse delineamento de pesquisa como uma alternativa de produzir achados originais dentro do campo da pesquisa empírica em psicoterapia.
1. Layard R, Clark DM. The power of psychological therapy. London: Penguin; 2014.
2. Therapy deficit. Nature. 2012;489(7417):473-474.
3. Huhn M, Tardy M, Spineli LM, Kissling W, Förstl H, Pitschel-Walz G, Leucht C, Samara M, Dold M, Davis JM, Leucht S. Efficacy of pharmacotherapy and psychotherapy for adult psychiatric disorders: a systematic overview of meta-analyses. JAMA Psychiatry. 2014;71(6):706-715. doi:10.1001/jamapsychiatry.2014.112
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