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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2014; 16(2):62-79



Artigo Especial

A representaçao da mulher e do homem na arte ocidental

The representation of women and men in Western Art

Clara Pechansky

Resumo

Este trabalho faz referência às temáticas apresentadas na arte ocidental, explicando sua pouca ou nenhuma variaçao ao longo dos séculos. Aborda o tema da mulher como objeto, as causas e consequências desse tipo de representaçao, e faz comentários sobre a censura às obras de arte.

Descritores: História da arte; Ocidente; Feminino.

Abstract

This work refers to the themes presented in Western Art, explaining its little or no change over the centuries. It addresses the issue of women as objects, the causes and consequences of that type of representation, and comments on the censorship of works of art.

Keywords: History of Art; Western hemisphere; Feminine.

 

 

Poucas variantes temáticas sao encontradas nas imagens da História da Arte Ocidental. Durante séculos, os únicos assuntos ilustrados pelos artistas foram a Bíblia, com seu novo e antigo testamento, e a mitologia grega. A explicaçao é simples: encomendadas e portanto patrocinadas pela nobreza e pelo clero, só eram permitidas e aceitas imagens que fosse do agrado dos donos do poder. Muito tempo transcorreu até que os artistas passassem a trabalhar de forma independente e a arte se abrisse para novos assuntos. Mesmo assim, a censura sobre a arte sempre existiu e ainda existe, tornando alguns temas tabus ou inapropriados. Este artigo tem por objetivo fazer pequenos recortes e comentários pontuais sobre representaçoes da mulher e do homem nas artes visuais, suas causas e suas consequências.


TEMAS

Os mitos gregos sempre instigaram a imaginaçao do Ocidente, com suas ricas e fantásticas histórias de deuses e heróis. Atendendo ao gosto dos poderosos, os tetos, paredes e jardins de moradias burguesas e de nobres saloes foram decorados com pinturas narrativas que, além do objetivo de ornamentar, podiam ter também a funçao mágica de trazer bons fluidos, evitando o mau-olhado.

As capelas e pequenas igrejas, igualmente financiadas pela nobreza e pela aristocracia, requeriam outro tipo de decoraçao: deviam representar santos ou trechos da vida do patrono ou benfeitor. Ao papado e às ordens religiosas cabia encomendar os templos maiores, abadias, monastérios e catedrais, que obrigatoriamente deveriam mostrar somente cenas bíblicas ou das vidas de santos. A altura dos templos e sua suntuosidade contribuíam para aumentar a sensaçao de distância entre povo e poder constituído, reforçando a ideia de autoridade e opressao.

Essas regras se mantiveram durante muitos séculos, gerando uma imensurável herança icônica, que até hoje impressiona como um caudal de imagens que se multiplicam. Por outro lado, a pobreza de assuntos torna-se muitas vezes tediosa, já que as narrativas se repetem, apresentando poucas variaçoes.

O papel submisso e reprimido da mulher, até meados do século XIX, explica por que nao há na História da Arte mulheres pintoras ou escultoras, com raríssimas exceçoes. Mulheres nao recebiam incumbências de pintar igrejas ou saloes. Como nao lhes era destinado nenhum papel importante a nao ser gerar filhos, às mulheres artistas, quando muito, eram encomendados alguns retratos, encontrados nos acervos de museus: sao em geral piegas cenas domésticas ou exteriores românticos.

Nas cenas mitológicas, porém, a mulher é que tem papel dominante, mesmo que o mito a descreva como submetida ou inocente (fig. 1). Na mitologia grega, os titas, deuses, musas e semideuses agem como humanos, com todas as qualidades e defeitos de homens e mulheres comuns. A enorme quantidade de mitos é tao importante que chegou até nossos dias sem perder o frescor, alimentando fantasias e inspirando artistas e intelectuais.


1. Jacob Jordaens - O rei Candaules mostrando sua mulher para Giges.
Séc. XVI/XVII - local indefinido



Explorado ad nauseam pela publicidade, o tema da sexualidade e da mulher como objeto ainda exerce poderoso fascínio sobre homens e mulheres, mesmo no século XXI. E seria redundante, numa revista que trata de psicoterapia, mencionar Freud e as fontes mitológicas de suas teorias.


A REPRESENTAÇAO DA MULHER: VENUS, MARTE E OUTROS CASAIS

As artes visuais constituem uma forma socialmente aceita de mostrar a sexualidade, seja através da pornografia ou do erotismo. No entanto, ainda hoje, tradiçoes culturais ou resquícios de moralismo só admitem a presença de quadros com nus no dormitório, onde por convençao social as pessoas podem tirar a roupa.

Em múltiplas poses e cenários, Vênus, bela, delicada e sedutora, ficou consagrada como a imagem do feminino. Na maioria das pinturas ou esculturas aparece nua, ao lado de Cupido e de um espelho (fig. 2). Uma de suas representaçoes mais conhecidas foi criada por Giorgione, copiada por Ticiano e posteriormente por Manet, que escandalizou a sociedade francesa do século XIX usando a prostituta Victorine Meuret como modelo para Olympia (figs. 3, 4 e 5).


2. Peter Paul Rubens - Vênus e Cupido - c. 1606 - Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid


3. Giorgione - Vênus - c.1510 - Gemäldegalerie, Dresden


4. Ticiano Vecellio - Vênus de Urbino - 1538 - Galleria delle Uffizi, Florença


5. Édouard Manet - Olympia - 1863 - Museu d'Orsay, Paris



O par e oposto de Vênus é Marte, deus da guerra, em geral representado em toda sua força e masculinidade, salvo algumas exceçoes (fig. 6 e fig. 7).


6. Sandro Botticelli - Vênus e Marte - 1483 - National Gallery, Londres


7. Clara Pechansky - Vênus e Martes - 2011 - Coleçao da artista



Outra imagem consagrada é a Maja de Francisco Goya, pintada por volta de 1800 em duas variaçoes. A mais conhecida é a maja nua (fig. 16), mas a sua versao com roupa também pode ser apreciada no Museu do Prado.


8. Peter Paul Rubens - Vênus, Marte e Cupido - c. 1630 - Dulwich Gallery, Londres


9. Ticiano Vecellio - Vênus, Marte e Cupido - 1783 - Kunsthistorische Museum, Viena


10. Henri de Toulouse-Lautrec - A cama - 1892 - Museu d'Orsay, Paris


11. Auguste Rodin - O beijo - 1882-1889 - Museu Rodin, Paris


12. Cabeça de Antinoo - séc. I - local indefinido


13 . Villa Adriana (Villa d'Este) - Roma


14. Clara Pechansky - Villa Adriana - 2012 - coleçao da artista


15. Escola de Fontainebleau - Gabrielle d'Estrés e uma prima - 1594 - Museu do Louvre, Paris


16. Clara Pechansky - O quarto das majas - 2006 - Coleçao da artista



Casais heterossexuais, a exemplo de Vênus e Marte, compoem a quase totalidade da História da Arte e sao mostrados nas mais variadas poses (fig. 8, 9, 10 e 11). Esse tipo de representaçao, em que a mulher aparece nua, está enraizado na cultura ocidental, é incluído nas coleçoes dos museus mais importantes do mundo e aprovado sem contestaçoes pelos visitantes.

Casais do mesmo sexo também têm seu lugar na iconografia, embora estejam à vista para o público em muito menor número. Cenas homossexuais se mantêm restritas a coleçoes particulares devido à censura cultural, portanto poucos exemplares estao em acervos públicos.

A Villa Adriana foi erguida pelo imperador Adriano para louvar Antinoo, cuja beleza ainda pode ser admirada pelo que restou de suas estátuas, havendo inclusive moedas cunhadas com a efígie do preferido do imperador (fig. 12, 13 e 14).

O Museu do Louvre abriga o famoso retrato presumido de Gabrielle d'Estrés, amante de Henri IV, ao lado de uma prima ou irma, em pose íntima (fig. 15 e 16). Já Courbet pinta um casal feminino em cena lânguida (fig. 17).


17. Gustave Courbet - O sono - 1866 - local indefinido



A RECRIAÇAO DA IMAGEM - RELEITURAS

O citacionismo, a apropriaçao e a releitura, práticas existentes entre os artistas, têm mais um exemplo no quadro Concerto campestre, pintado por Giorgione em 1508 e provavelmente concluído por seu discípulo, o grande Ticiano, em 1510 (fig. 18). Giorgione e Ticiano podem ter tido conhecimento da gravura O julgamento de Páris de Rafael (fig. 19), que teria mais tarde originado a tela de Manet Le déjeneur sur l'herbe (Almoço da relva). Novamente a presença de Victorine Meuret, nua, entre homens vestidos, escandalizou os visitantes (fig. 20). As incontáveis releituras para Le déjeneur sur l'herbe incluem mestres como Cézanne e Picasso. O quadro de Manet mais uma vez foi objeto de escândalo, tendo sido proibido no Salao Oficial de Paris em 1863, e portanto exposto no Salon des Réfusés. Já Cézanne, contemporâneo de Manet, fez a sua versao aparentemente sem sofrer objeçoes em 1876 (fig. 21). Picasso pintou mais de 200 versoes, mas os tempos já eram mais abertos a partir de 1960 (fig. 22).


18. Giorgione e Ticiano - Concerto campestre - 1510 - Museu do Louvre, Paris


19. Rafael Sanzio - O julgamento de Páris - c.1510 - local indefinido


20. Édouard Manet - Le déjeneur sur l'herbe - 1863 - Museu d'Orsay, Paris


21. Paul Cézanne - Le déjeneur sur l'herbe - Museu Orangerie, Paris


22. Pablo Picasso - Le déjeneur sur l'herbe - 1960 - Museu Nacional Picasso, Paris



Seguindo a tradiçao da apropriaçao de imagens, nao resisti ao desafio dos mestres e criei meus próprios casais, com citaçoes de Ticiano, Velázquez e Goya (fig. 7 e 16), além de fazer a minha própria releitura de Le déjeneur sur l'herbe (fig. 34).


23. Antonio Correggio - - Júpiter e Io (detalhe) - 1530 - Kunsthistorische Museum, Viena


24. François Boucher - O rapto de Europa - 1747 - Museu do Louvre, Paris


25. Atribuído a Peter Paul Rubens - (cópia de Michelangelo?) - Leda e o cisne - c.1602 - Museum of Fine Art, Houston


26. Leonardo da Vinci - Leda e o cisne - 1503-1507 - Devonshire Collection, local indefinido


27. Atribuído a François Boucher - Leda e o cisne (detalhe) - Local indefinido


28. Albert Belleuse - Leda e o cisne - c.1870 - Metropolitan Museum of Art, Nova York


29. Pablo Picasso - Les demoiselles d'Avignon - 1907 - Museu de Arte Moderna, Nova York


30. Pablo Picasso - O sonho - 1932. Coleçao particular


31. Johannes Vermeer - A alcoviteira - 1656 - Gemäldegalerie, Dresden


32. Johannes Vermeer - Oficial e moça sorridente - 1655 - Frick Collection, Nova York


33. Salvador Dali - A persistência da memória - 1934 - Museu de Arte Moderna, Nova York


34. Clara Pechansky - Adao sentado com fruto - 2012 (citando Manet, Le déjeneur sur l'herbe) - Coleçao da artista



OS DISFARCES DE JUPITER

Nenhuma personagem mitológica, porém, representa tao bem o macho sedutor quanto Zeus (Júpiter, na mitologia romana). Casado com a irma Hera (Juno), cujo ciúme nao era empecilho para suas aventuras amorosas, ele utilizava os recursos mais criativos para efetuar novas conquistas. Ora é representado carinhoso, em forma de nuvem, como em Correggio (fig. 23); dócil, na forma de um touro ornado com flores (fig. 24); ou agressivo, metamorfoseado em um cisne (fig. 25).

Talvez o mito mais ilustrado seja justamente o de Leda e o cisne. No poema Leda and the swan, de William Butler Yeats (1865-1939)**, a narrativa mantém seu vigor mesmo na traduçao de Augusto de Campos:
Um baque súbito. A asa enorme ainda se abate
Sobre a moça que treme. Em suas coxas o peso
Da palma escura acariciante. O bico preso
A nuca, contra o peito o peito se debate.
Como podem os pobres dedos sem vigor
Negar à glória e à pluma as coxas que se vao
Abrindo e como, entregue a tao branco furor,
Nao sentir o pulsar do estranho coraçao?
Um frêmito nos rins haverá de engendrar
Os muros em ruína, a torre, o teto a arder
E Agamênnon, morrendo.
Ela, tao sem defesa,
Brutalizada pelo abrupto sangue do ar,
Se impregnaria de tal força e tal saber
Antes que o bico inerte abandonasse a presa?
A simbologia do bico do cisne atacando Leda pode, talvez, explicar a grande quantidade de obras existentes, tanto na poesia quanto nas artes visuais. Versoes do mesmo mito sao encontradas em outros poemas e também em desenhos (fig. 26), pintura (fig. 27) e escultura (fig. 28).


A CONSTRUÇAO DO MITO

A arte ocidental nao se alimenta somente da mitologia grega para representar a sexualidade. Outros mitos existem, criados pela igreja, pela literatura, e mais recentemente pelo cinema, pela televisao e pelas redes sociais. Alguns deles persistem, mas sempre vao brotando novos, principalmente devido à atual celeridade nas comunicaçoes. Surgem da noite para o dia, tanto que levam a qualificaçao de virais, mas podem sumir com a mesma rapidez com que apareceram na mídia.

Picasso teve a intuiçao de que seu quadro As demoiselles de Avignon provocaria um escândalo, tanto que o escondeu durante quatro anos até decidir mostrá-lo (fig. 29). Ao retratar, com nítida influência da estatuária africana, as prostitutas do Carrer d'Avignò em Barcelona, Picasso criou um objeto que se transformou definitivamente em um ícone, assim como mais tarde a tela Guernica (1937), hoje no Museu Reina Sofia, Madrid. Nao é preciso esperar a distância no tempo para sentir o peso e a qualidade dessas criaçoes e saber da sua perenidade para a história.

Por outro lado, o mesmo Picasso tentou esconder sua amante adolescente Marie Therèse Walter, enquanto permanecia casado com Olga Khoklova, mas nao deixou dúvidas quanto ao tipo de interesse que MTW lhe despertava, no quadro O sonho, e em outros em que as iniciais da amante aparecem, de forma nítida ou sutil. No sentido oposto à óbvia representaçao fálica de Picasso, as insinuaçoes de desejo sao sugeridas por Johannes Vermeer nas cenas em que a Alcoviteira (fig. 31) recebe dinheiro, ou no namoro entre o oficial e a donzela (fig. 32).

Nao é possível prever o surgimento de um mito. Todo artista tem a esperança de criar uma obra sem qualquer referencial anterior, mas isso é uma eterna utopia. Embora idealize que sua próxima obra será a definitiva, aquela que vai gerar no observador um impacto estético nunca sentido antes, é impossível negar a influência e o peso da História da Arte ao criar uma obra nova.

É desejável, sim, instigar aquele que vê pela primeira vez uma obra de arte, só que isso somente acontece mediante associaçoes com o conhecido. O absolutamente inédito, eternamente perseguido pelo criador, nao ocorre.

Isso é simples de entender se pensarmos que nao existe o "ainda nao inventado" em arte. Podemos pensar em ineditismo em termos de tecnologia, mas é impossível, para um artista, surpreender a si mesmo, porque sempre usará ferramentas, formas ou conceitos do seu próprio repertório a fim de criar novas obras.

Andy Wahrol, em sua Factory (nome significativo para um ateliê de arte), imprimiu posters que se tornaram ícones a partir de símbolos sexuais de sua época, como Marylin Monroe, Elisabeth Taylor e James Dean. O que ele fez foi reforçar a imagem, no sentido mercadológico, de deuses do sexo no século XX: a originalidade de sua obra está na forma como ele representou o mito, transformando-o em produto comercial.

A cantora Madonna, espertamente, vem explorando seu nome de nascença. Aliando o nome às madonas da imagética ocidental, pintadas à exaustao desde a implantaçao da Igreja Católica, ela toma a liberdade de apresentar em seus shows as variantes sexuais que produzem o escândalo e geram a manchete.

Somos diariamente bombardeados com música, fotos, vídeos e outras mídias, mas nao sabemos se algum dos mitos atuais, recém-brotados no século XXI, vao permanecer para a história. Somente o distanciamento do tempo vai dizer quais desses mitos serao duradouros.

Em seu quadro icônico A persistência da memória (fig. 33), Salvador Dali mostra relógios derretendo, uma perfeita ilustraçao para a inconsistência de alguns mitos em relaçao ao passar do tempo.


CONSIDERAÇOES FINAIS

Ao tentar exemplificar através de imagens as representaçoes da mulher e do homem na arte ocidental, sou defrontada com a necessidade de constatar e reafirmar o que essas imagens sempre me ensinaram. Escrevo na ocasiao em que a mídia brasileira divulga a seguinte notícia: causou espanto entre os próprios pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o fato de que 65% dos entrevistados disseram concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Essa pesquisa foi posteriormente revisada e apresentou a cifra, ainda assim muito alta, de 26%, e nao 65%.

O comportamento em relaçao aos gêneros é uma herança cultural da "civilizaçao" ocidental, sem mencionar o que ocorre, muitas vezes com maior gravidade, em outras culturas. Explícito ou insinuado, o sexo ainda é o assunto predominante nas imagens dos museus que visitamos, nos canais que assistimos ou nas revistas que folheamos.

Seja devido à histórica repressao e domínio do masculino, seja pela aceitaçao que a mulher teve ou foi obrigada a ter do seu papel de oprimida, seja pelo escravagismo, seja pela tradiçao que passa, literalmente, de pai para filho, sexo frágil e sexo forte sao denominaçoes que vêm nos acompanhando. Homofobia, machismo e outras heranças que geram comportamentos criminosos nao vao desaparecer somente por meio de leis, e preconceitos irao se manter enquanto o menino for proibido de brincar de boneca. Na História da Arte, os autorretratos dos pintores nos olham como se nós fôssemos o seu espelho. Que essa história nos sirva de referência e de liçao para seguir refletindo.
* *
Leda and the Swan
A sudden blow: the great wings beating still
Above the staggering girl, her thighs caressed
By the dark webs, her nape caught in his bill,
He holds her helpless breast upon his breast.
How can those terrified vague fingers push
The feathered glory from her loosening thighs?
And how can body, laid in that white rush,
But feel the strange heart beating where it lies?

A shudder in the loins engenders there
The broken wall, the burning roof and tower
And Agamemnon dead.
Being so caught up,
So mastered by the brute blood of the air
Did she put on his knowledge with his power
Before the indifferent beak could let her drop?









Artista visual - desenhista, pintora e gravadora. Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes de Pelotas, da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL. Licenciada em Desenho e História da Arte pela Faculdade de Educaçao - UFRGS.*

Correspondência
Clara Pechansky
Rua Dr. Lauro de Oliveira, 244/301
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Submetido em: 31/03/2014
Devolvido para correçoes em: 20/06/2014
Retorno do autor em: 23/06/2014
Aceito em: 16/07/2014

* Clara Pechansky estudou com Locatelli, Stockinger, Bianchetti, Glauco e Danubio. Sua trajetória inclui exposiçoes individuais na Alemanha, na Bélgica, na Espanha, na Holanda e nos Estados Unidos, e mais de 100 participaçoes em saloes, bienais e trienais em 17 países dos 5 continentes. Suas obras integram coleçoes particulares e públicas do Brasil e do exterior.

 

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