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Tempo, memória e ressignificaçao*
Zelig Libermann
Páginas: 83 - 90
Em psicanálise, a noçao de que o tempo nao é um a priori do ser humano, mas algo a ser construído, tem origem na obra de Freud. A representaçao do tempo está ligada ao sistema percepçao-consciência, mas nao se aplica ao sistema inconsciente: a teoria sobre o aparelho psíquico comporta uma temporalidade heterogênea, descrita por Green como tempo fragmentado. A diferença do que se poderia considerar em um primeiro momento, isto é, que nosso "baú" da memória se formaria apenas pela "deposiçao" de acontecimentos que seriam registrados subsequentemente e conforme cada época da vida, Freud propôs que um mesmo registro pode sofrer diferentes transcriçoes à medida que as lógicas do desenvolvimento se sucedem. Em outras palavras, a capacidade de ressignificaçao possibilita ao ser humano libertar-se do destino exclusivo da repetiçao. Esse modelo se aproxima de um conceito dialético de causalidade e de uma temporalidade em espiral, na qual futuro e passado condicionam e significam um ao outro na estruturaçao do presente. Essa concepçao transformadora do aparelho psíquico é o que sustenta a possibilidade da açao específica da prática baseada na teoria psicanalítica: se nao existisse essa retroatividade, nao seria possível modificar nossa história e, dessa forma, o tratamento nao teria futuro.
Descritores: Tempo fragmentado; Memória; Ressignificaçao; Lembranças encobridoras.
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