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Reflexos da (in)capacidade de estar só em tempos de isolamento social na pandemia COVID-19
Malu Joyce de Amorim Macedoa; Beatriz Lima Costab; Maria João Baptista Fernandesc; Lúcia Helena Freitas Ceitlind
Páginas: 247 - 256
As medidas adotadas em diversos países, necessárias como tentativa de contenção da pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19), desencadearam mudanças radicais no dia a dia dos indivíduos, ocasionando sentimentos de incerteza, angústia, ansiedade e depressão na população em geral. O aumento do sentimento de solidão levou muitos indivíduos a utilizarem recursos internos e pôs à prova a capacidade de estar só. Alguns conceitos psicanalíticos evidenciam que o indivíduo que atinge um ego integrado, através de cuidados maternos suficientemente bons nos momentos primitivos, como bebê, adquire a capacidade de estar só. Isso ressalta a importância das primeiras relações objetais para a construção de um mundo interno satisfatório. Em contrapartida, a interrupção desse amadurecimento emocional pode despertar no sujeito adulto a utilização de mecanismos de ordem externa, como diversos tipos de adições, exposição a comportamentos de risco e, provavelmente, no caso da pandemia, desrespeito às medidas de distanciamento social. Diante disso, observa-se quão importante é o desenvolvimento saudável das primeiras relações objetais para que o indivíduo seja capaz de lidar com a solidão, e adote estratégias saudáveis ao longo da vida, inclusive em situações críticas. Assim, esse artigo se propõe a revisar alguns aspectos da teoria psicanalítica sobre a capacidade de estar só dentro do desenvolvimento emocional e compreender as consequências psíquicas resultantes das falhas nessa etapa da vida psíquica dos indivíduos.
Descritores: Solidão; COVID-19; Capacidade de estar só; Psicanálise; Isolamento social
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