Rev. bras. psicoter. 2018; 20(2):155-167
Felin MM, Macedo MMK. O singular encontro no cenário terapêutico de escuta - possibilidades e devir ao sujeito psíquico. Rev. bras. psicoter. 2018;20(2):155-167
Relato de Caso
O singular encontro no cenário terapêutico de escuta - possibilidades e devir ao sujeito psíquico
The singular encounter in the listening therapeutic scenario - possibilities and becoming to the psychic subject
Mariana Machado Felina; Mônica Medeiros Kother Macedob
Resumo
Abstract
O presente artigo tem como objetivo explorar as potencialidades transformadoras do trabalho terapêutico frente à escuta psicanalítica da dor psíquica.Considera-se essencial, para tal, explorar a modalidade de encontro que se dá no campo transferencial. O trabalho terapêutico insere-se, inegavelmente, no campo da complexidade na medida em que se propoe a uma escuta singular do sujeito. Dessa forma, no processo de trabalho terapêutico, a Psicanálise coloca o sujeito como protagonista de sua história, sendo ele o porta-voz nao só de seu sintoma, mas, principalmente, de seu sofrimento, podendo tecer uma narrativa acerca de um padecimento que causa inúmeros impedimentos em sua vida1.Nesse sentido, pode-se pensar na Psicanálise como uma prática que "integra a exigência rigorosa com a singularidade e a liberdade que devem estar em jogo em cada processo analítico"2.
O trabalho terapêutico se dá no encontro da dupla analista-paciente, no qual ocorrerá, mediante o trabalho analítico, a transformaçao da queixa inicial em demanda de análise2. A demanda se enuncia na dimensao de padecimento que acomete o sujeito, colocando-o frente a uma interrogaçao sobre si mesmo. Neste circuito de interrogaçao ou desconcerto frente à intensidade do vivido, poe-seem movimento um trabalho compartilhado cuja finalidade é o enfrentamento com a dor psíquica. Na instauraçao de tal processo a funçao do analista é essencial, pois como afirma Rocha3:
isso nao será possível, se ele nao souber conviver com muitas interrogaçoes e acreditar na linguagem potencial do sofrimento, olhado como via de acesso a uma forma especial de conhecimento que só no sofrimento se consegue. Assim olhado, o sofrimento revela que se, por um lado, nosso ser é marcado pela contingência dos limites, do nada e da morte, por outro, ele nao é menos aberto para o extraordinário milagre da vida.
sao pacientes que mostram uma suscetibilidade extrema aos rechaços e as perdas. Sao adictos a uma pessoa, aderem e nao podem estar sozinhos. A resposta do outro deve ser a que eles esperam porque se fosse outra geraria uma hemorragia narcisista.
Ética é entendida como posiçao e como lugar (morada), como postura fundamental, como modo de escutar e falar ao e do outro em sua alteridade do inconsciente. Uma ética compreendida como abertura, respeito, resposta e ajuda ao outro. Algo que nao se assemelha em nada a "moral" e que, portanto nao poderia ser jamais convertida em um código de prescriçoes e proibiçoes.
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