Revista Brasileira de Psicoteratia

A prevalência da epilepsia varia de 1% a 2% globalmente, com taxas mais altas em países em desenvolvimento. Indivíduos com epilepsia enfrentam dificuldades psicossociais devido ao estigma associado à doença. Até 52% das pessoas com epilepsia apresentam comorbidades psiquiátricas, incluindo transtornos ansiosos, depressivos e psicóticos. A fisiopatologia destes transtornos é complexa e multicausal e tem sido bem explorada no meio científico, porém há pouca literatura a respeito da associação entre epilepsia e transtorno afetivo bipolar (TAB). O transtorno afetivo bipolar é caracterizado por períodos de depressão e elação do humor intercalados por intervalos de remissão dos sintomas. Este estudo tem como objetivo analisar a comorbidade do TAB com a epilepsia por meio de uma revisão integrativa. Foram revisados artigos da Medline, PubMed e Scielo com as palavras-chave "epilepsia", "transtorno bipolar" e "comorbidade", sem restrições de data, entre maio e junho de 2022. Foram excluídos textos incompletos, estudos que não discutiam a associação fisiopatológica, crises psicogênicas nãoepilépticas, relatos de caso isolados, artigos envolvendo crianças ou adolescentes, ou focados exclusivamente em manejo farmacológico. Entre 34 artigos, 17 atenderam aos critérios de elegibilidade. A revisão sugere que há uma relação entre a natureza das alterações encontradas nos dois transtornos, com bases fisiopatológicas compartilhadas, como alterações de neurotransmissores e efeito kindling. Diagnosticar a comorbidade é desafiador devido à falta de testes específicos e de sintomas patognomônicos, assim como apresentações clínicas atípicas das doenças. São necessários mais estudos compreender a fisiopatologia desses transtornos e aprimorar o tratamento destes pacientes.

Descritores: Epilepsia; Transtorno bipolar. Comorbidade; Revisão