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Revista Brasileira de Psicoteratia

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Rev. bras. psicoter. 2025; 26(2):79-95



Artigos de Revisao

Relação entre Languishing e a pandemia da COVID-19: uma revisão intregativa da literatura

Relationship between Languishing and the COVID-19 pandemic: an integrative review of the literature

Relación entre Languishing y pandemia COVID-19: uma revisión integrativa de la literatura

Danilo de Freitas Araújoa,b; Elenkadja Lopes Costaa,b

Resumo

Languishing costuma ser associado à sensação de apatia, estagnação e vazio. Com a chegada da COVID-19 houve um aumento de queixas na deterioração do bem-estar mental. O objetivo desta revisão integrativa foi caracterizar o languishing e identificar a relação deste fenômeno com a pandemia da COVID-19. Buscaram-se estudos teóricos e empíricos nas bases PUBMED, LILACS, Web of Science, SCOPUS, Embase e PsycInfo produzidos de janeiro de 2020 a agosto de 2022. 16 estudos foram selecionados e incluídos. Os resultados apontam que indivíduos em languishing estão mais suscetíveis a desenvolver transtornos mentais. Repercussões econômicas da pandemia emergiram como fator de risco para o languishing. Em conclusão, entende-se que os níveis de languishing se amplificam em momentos de crises por diversos motivos. A autopercepção de enfrentamento das pessoas as situações vivenciadas definem os níveis de bem-estar mental. Estudos futuros deverão analisar como estas variáveis se relacionam entre si em outros grupos sociais.

Descritores: Languishing; Saúde mental; Bem-estar; COVID-19

Abstract

Languishing is often associated with feelings of apathy, stagnation, and emptiness. With the arrival of COVID-19, there has been an increase in complaints of deteriorating mental well-being. The objective of this integrative review was to characterize languishing and identify the relationship of this phenomenon with the COVID-19 pandemic. Theoretical and empirical studies produced from January 2020 to August 2022 were searched in the PUBMED, LILACS, Web of Science, SCOPUS, Embase, and PsycInfo databases. Sixteen studies were selected and included. The results indicate that languishing individuals are more susceptible to developing mental disorders. Economic repercussions of the pandemic emerged as a risk factor for languishing. In conclusion, it is understood that levels of languishing are amplified for several reasons in times of crisis. The self-perception of coping with the situations experienced defines the levels of mental well-being. Future studies should analyze how these variables are related to each other in other social groups.

Keywords: Languishing; Mental health; Well-being; COVID-19

Resumen

Languishing es un término generalmente asociado con un sentimiento de apatía, estancamiento y vacío. Con la llegada de la pandemia del COVID-19, se ha producido un aumento de las quejas y deterioro del bienestar mental. El propósito de esta revisión integradora fue caracterizar el Languishing e identificar la relación entre el fenómeno y la pandemia de COVID-19. Se buscaron estudios teóricos y empíricos en PUBMED, LILACS, Web of Science. Bases de datos SCOPUS, Embase y PsycInfo que se produjeron desde enero de 2020 hasta agosto de 2022. Se seleccionaron e incluyeron 16 estudios. Los resultados indican que las personas que Languishing tienen más probabilidades de desarrollar trastornos mentales. La repercusión económica de la pandemia emergió como un factor de riesgo para la Languishing. En conclusión, se entiende que los niveles Languishing se amplifican en momentos de crisis por diferentes motivos. La autopercepción de las personas sobre el afrontamiento de la situación que viven define los niveles de bienestar mental. Futuros estudios deben ver cómo las variables se relacionan entre sí en otros grupos sociales.

Descriptores: Languishing; Salud mental; Bienestar; COVID-19

 

 

Introdução

As discussões da psicologia positiva em torno do tema bem-estar são amplas, e perpassam mais de uma abordagem teórica. Dentre elas, a abordagem hedônica se destaca como uma das visões pioneiras. De acordo com essa perspectiva, o bem-estar está associado à acumulação de experiências afetivas, que incluem sentimentos momentâneos e positivos, como alegria e satisfação. Apesar do reconhecimento alcançado por essa abordagem, o interesse em compreender os mecanismos pelos quais as pessoas vivenciam suas vidas de forma positiva abriu margem a novas teorias. Assim, a abordagem eudaimônica destaca experiências de realização pessoal e de manifestação do potencial individual, dentro de um estado de funcionamento ótimo que engloba sentimentos mais duradouros. Nessa linha de pensamento, o bem-estar psicológico é um construto amplamente discutido1.

A partir das perspectivas apresentadas, Keyes2 (2002) integra diferentes modelos explicativos de bem-estar, a saber, o modelo de bem-estar subjetivo de Diener3 (1994), o modelo de bem-estar psicológico de Ryff4 (1989a) e o modelo de bem-estar social de Keyes5 (1998) para formular sua própria concepção de saúde mental para além de sintomas e modelos psicopatológicos categóricos. Segundo o autor, há dois contínuos: um deles se referindo à doença mental (com os extremos de ausência e presença), e outro específico da saúde mental, também representado por extremos de sua presença e ausência. Por isso, tratar a doença mental não resultaria necessariamente em maiores níveis de saúde mental, e vice-versa.

Keyes2 (2002) discute que a presença de altos níveis de bem-estar remete ao fenômeno "flourishing" (florescer), que significa feliz, satisfeito e mentalmente saudável. Em contrapartida, embora não signifique literalmente doença mental, "languishing" (definhamento) está associado a baixos níveis de bem-estar, e não é adequadamente definido pelos extremos de bem-estar e de depressão, sendo mais próximo de um meiotermo. Além disso, languishing é mais comum do que a depressão grave e pode ser fator de risco para outros transtornos mentais6.

O termo languishing já era conhecido antes da pandemia, porém, com a chegada da COVID-19 houve um estímulo maior para que cada vez mais pessoas começassem a se queixar do processo de deterioração do bem-estar mental7. A pandemia da COVID-19 causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) trouxe consigo o iminente risco social e de saúde, além da abrupta mudança do estilo de vida da população mundial8. O fechamento repentino da maioria dos estabelecimentos incapacitou e transformou atividades rotineiras como um passeio no parque, tocar o rosto e interações sociais básicas, em verdadeiras ameaças9. Aumento de sentimentos de incertezas, ansiedade, depressão e níveis de estresse, foram comuns dada as circunstâncias10.

Keyes5 (1998) explica que os indivíduos se sentem bem quando veem a sociedade como compreensível, quando eles se sentem pertencentes e se veem contribuindo para o bem-estar social. Isso explica o provável enfraquecimento da saúde mental das pessoas devido às incertezas com a chegada da pandemia e os bloqueios necessários para conter o avanço do vírus.

Muitos indivíduos não têm sintomas de transtornos mentais, mas também não estão funcionando com sua total capacidade, afetando sua habilidade de concentração e reduzindo as atividades sociais. Para não negligenciar esses sentimentos de estagnação e vazio, cabe tentar identificar, sistematizar e avaliar os estudos sobre languishing, de modo que seja possível entender seu crescimento preocupante concomitantemente à pandemia da COVID-19, entre os anos de 2020 e 20226.

Por essas razões, pode-se inferir a necessidade de mais estudos que enfoquem os aspectos do languishing associados a pandemia da COVID-19, bem como se o cenário pandêmico contribuiu para esta problemática. Partindo do que é observado no cenário atual e suas repercussões, e considerando o aumento dos níveis de incertezas e preocupações, a presente revisão integrativa da literatura pretendeu caracterizar o languishing e identificar a relação deste fenômeno com a pandemia da COVID-19.


Método

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cuja definição está associada a sua ampla abordagem metodológica, no qual pode-se incluir estudos experimentais e não-experimentais, dados empíricos e teóricos11 .

Seu processo segue seis etapas: identificar um tema e selecionar uma hipótese ou questão de pesquisa para desenvolver uma revisão integrativa; definição de critérios para inclusão e exclusão de estudos e amostragem ou buscas na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; e apresentação de uma visão geral/síntese do conhecimento12.

A revisão integrativa é um método de pesquisa que contribui para o aprofundamento da temática pesquisada, contribuindo com sua ampla análise, identificando possíveis lacunas e oferecendo subsídios para realização de futuras pesquisas13.

A busca por estudos científicos consistiu em consulta às bases de dados: PubMed, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Embase, Scopus e PsycInfo via Periódico CAPES, no período de 20 de agosto de 2022 a 28 de agosto de 2022. Foram utilizadas combinações entre os descritores, ligados pelo operador booleano "AND". A estratégia de busca formulada foi a seguinte: o descritor Languishing de forma individual; Languishing AND COVID-19; Languishing AND SARS-CoV-2; Languishing AND Coronavírus.

Os critérios de inclusão dos artigos definidos para a presente revisão integrativa foram: estudos teóricos e empíricos produzidos de janeiro de 2020 a agosto de 2022 que abordassem o contexto pandêmico, publicados nos idiomas português, espanhol e inglês, que o languishing fosse pelo menos um dos aspectos avaliados, e estudos com amostras formadas por profissionais da saúde, indivíduos hospitalizados com a COVID-19, ou indivíduos que estivessem vivenciando sintomas psiquiátricos relacionados à COVID-19, mesmo sem o diagnóstico. Ficou estabelecido como critérios de exclusão estudos que não tivessem o languishing como tema abordado, sendo ele secundário ou não, dissertações, teses e livros, artigos em duplicidade e estudos que não tivessem livre acesso.

Para a análise e posterior síntese dos artigos que atenderam aos critérios de inclusão, foram feitos fichamentos e a produção de uma planilha de extração que contemplou os seguintes aspectos considerados pertinentes: nome do autor e ano de publicação, delineamento da pesquisa, bases de dados, título do estudo, país de origem e resultados da pesquisa.


Resultados

Considerando os critérios de inclusão e exclusão, foram realizadas buscas que identificaram, a princípio, 1.050 estudos. Dentre as pesquisas iniciais, destaca-se que a base de dados SCOPUS retornou o maior número de estudos (764) e a PsycInfo não retornou resultados. Houve predominância de materiais no idioma inglês (87,5%), seguido de 12,5% no idioma espanhol e nenhum retorno no idioma português. Portanto, ao final, dezesseis estudos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram selecionados para fazer parte desta revisão integrativa (ver figura 1).



A totalidade dos trabalhos foram publicados de novembro de 2020 a julho de 2022. Algumas outras particularidades se destacam (quadro 1), entre elas evidenciou-se nas amostras a prevalência de estudos com delineamento de corte transversal, totalizando 12 (75%), sugerindo déficits na avaliação de intervenções que poderiam se direcionar ao languishing. Apenas 1 (6,25%) utilizou estudo qualitativo de grupo focal8, 1 (6,25%), utilizou pesquisa qualiquantitativa14, 1 (6,25%) foi uma revisão narrativa da literatura15 e 1 (6,25%) utilizou delineamento de pesquisa longitudinal16. O total de participantes identificados nos estudos eleitos foi de 34.401 indivíduos, sendo 24 com o número menor de participantes8 e 9.565 com o número maior9.



Grande parte dos estudos elegíveis tratam o languishing como um fenômeno dentro do continuum de bem-estar mental, sendo que 7 (43,75%) deles utilizaram a Mental Health Continuum-Short Form (MHC-SF)2, composta por 14 itens: 3 itens para bem-estar emocional (hedônico), 5 itens para bem-estar social e 6 itens para bem-estar psicológico.

Somente um estudo tem languishing como tema central17. O artigo reúne vários estudos sobre o languishing e seus conceitos, funcionando como um recurso cultural de bastante significância, retratando pessoas que estavam em batalha com as repercussões da COVID-19 em suas vidas. Também há relatos de indivíduos que perceberam que tais emoções associadas ao languishing foram exacerbadas com a chegada da pandemia e os bloqueios necessários para conter o avanço do vírus. Nas demais pesquisas, o languishing fica como tema secundário.

Dessa forma, percebe-se a incipiência de artigos científicos que tenham o languishing como foco de estudo. Apenas um estudo menciona a aplicabilidade de intervenções para o languishing, no caso, a Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia de exposição prolongada e dessensibilização e reprocessamento do movimento ocular18. Nos demais achados de pesquisa existe uma escassez de estudos que valorizem práticas baseadas em evidências que possam ser aplicadas em contextos diversos em indivíduos que estão vivenciando o languishing.

Análises dos estudos de Bassi et al.17 (2021), Eidman18 (2021) e Willen15 (2022) entendem que indivíduos com languishing estariam mais suscetíveis a desenvolver algum tipo de transtorno mental. Além disso, foram encontradas evidências significativas de que, fatores relacionados à situação econômica instável, perda de recursos como dinheiro e segurança ou incertezas relacionadas ao aspecto financeiro em decorrência das limitações da pandemia, emergiram como fatores de risco para o languishing9,19,20,21,22. Em contrapartida, o flourishing (um fenômeno importante para entender o languishing) ficou associado a indivíduos com emprego seguro, contato social através de telas que instilam esperança e a importância do contato com a natureza/ espaço verde disponível, durante os bloqueios da COVID-1919,20.

Vale ressaltar que em estudo anterior, Eidman et al.19 (2020) não encontrou relações significativas entre indivíduos que estavam vivenciando o languishing, saúde mental moderada e flourishing entre as variáveis de nível educacional, classe social e níveis de saúde mental, refutando o que diz seu estudo mais atual em que sentimentos de perdas e fatores relacionados a finanças estariam associados ao languishing18.

Takashima et al.8 (2020), investiga em seu estudo as percepções de idosos sobre como a COVID-19 restringiu suas vidas diárias. É possível observar que embora as restrições impostas pela pandemia tenham sido drásticas, os idosos entrevistados mencionaram que houve poucas mudanças em suas rotinas, característico dessa faixa etária. Os adultos jovens sofreram mais com a deterioração da saúde mental devido à instabilidade financeira, falta de espaço verde e redução de atividades que antes eram corriqueiras20,21.

Pesquisa de Kim et al.23 (2022) aponta que estudantes com languishing mostraram desempenho acadêmico inferior e menor envolvimento durante as aulas on-line do que alunos em flourishing e moderadamente saudáveis. O bem-estar mental subjetivo dos alunos desempenhou um importante papel no que diz respeito à adaptação e aprendizagem remota durante a pandemia da COVID-19.

Os estudos de Harunavamwe e Chené24 (2022) e Bravo-Sanzana, Oriol e Miranda25 (2022) trazem grupos diferentes em suas amostras. O primeiro traz indivíduos expostos ao technostress (uso excessivo das TICS), experimentam tensão emocional como sensação de desamparo, depressão, ansiedade, sentimentos de incapacidade e a falta de suporte organizacional. Refletindo em conflitos trabalho-família e com mais probabilidade de estarem em languishing. O segundo foca no bem-estar de adolescentes do México e Chile, expostos à violência durante a pandemia. Houve uma prevalência de languishing em adolescentes não binários e adolescentes tardios. Indivíduos que não foram vítimas de violência tiveram mais probabilidade de estarem em flourishing.

Percebeu-se também nesta revisão integrativa que os desfechos dos estudos que avaliam languishing dentro do continuum de saúde mental foram bastantes divergentes: verificou-se uma ampla variação na percentagem de languishing entre os estudos. A menor indica que 8,9% dos sujeitos apresentaram languishing17, e a maior, 66,7%18. Além disso, indivíduos considerados moderadamente saudáveis totalizaram 67% em uma das pesquisas22. Em relação ao flourishing houve uma porcentagem significativa de 40%9 e 77,60% dos indivíduos variando entre flourishing e moderadamente saudáveis25.

A seção seguinte irá discorrer sobre a caracterização do languishing, situando o conceito à luz do estado da arte do tema, e relacionando com os dados identificados durante a análise dos resultados dos estudos selecionados.


Discussão

A pandemia do novo coronavírus, vivida nos últimos anos, afligiu o equilíbrio de vários aspectos importantes na vida de pessoas do mundo inteiro. Mudanças foram necessárias para adaptar-se ao novo cenário. Em meio ao contexto em que consequências sobre as emoções e comportamentos ocorreram, a presente revisão integrativa da literatura se propôs a caracterizar o fenômeno languishing e qual a sua relação com a pandemia da COVID-19.

O estudo identificou um número relevante de publicações que abordavam ao menos indiretamente o fenômeno languishing a partir de 2020. Provavelmente esse fato tenha ocorrido devido à pandemia da COVID-19. Esse estado de apatia e extenuação da saúde mental já era conhecido antes, porém, com a chegada do novo coronavírus as pessoas estão se queixando mais sobre esse processo de deterioração do bem-estar mental e humor monótono que não permite sentimentos positivos se sobressaírem7,26.

As publicações revisadas no presente estudo mostram que o tema vem sendo abordado, no entanto, ainda não com o devido foco. Por exemplo, apenas 1 estudo aborda o languishing como objeto de pesquisa15, enquanto os demais estudos recuperados o discutem de maneira colateral, como um resultado secundário. Esse fato sugere que as discussões sobre saúde mental da população em eventos e períodos críticos ainda dispõem de muitas lacunas a serem preenchidas, inclusive no quesito compreensão, e provavelmente no que se refere a intervenções possíveis, ajustadas a políticas públicas nacionais.

A despeito das demandas crescentes de pesquisa, ao menos as pessoas parecem estar se conscientizando mais. Willen15 explora a ideia de como esse fenômeno entrou no discurso público. Seu estudo identificou o languishing como recurso cultural, e a disseminação do termo permitiu que seu significado ficasse em evidência. Essa popularização foi relevante para pessoas que estavam tentando entender o impacto da pandemia em suas vidas, bem como ajudou a nomear as mudanças de humor e sensações difíceis de articular em palavras.

Esse fato foi abordado por Grant27 (2021), ao analisar as emoções sentidas durante a pandemia que estavam no espectro da saúde mental, em relação às emoções das pessoas que não estavam com algum transtorno mental, embora estivesse longe do funcionamento pleno. Grant chamou a atenção para aspectos negligenciados: enquanto médicos e profissionais da saúde estavam focados em tratar sintomas físicos da COVID-19, sensações de vazio e estagnação dominavam a população.

Os dados analisados indicam alta prevalência do languishing em adultos argentinos avaliados durante a pandemia, com maior percentual de 66,7%18, indicando desdobramentos oriundos dos riscos sociais e de saúde28. As descobertas desse estudo mostram que o languishing é fator relacional com a perda de recursos, instabilidade econômica, experiências negativas e a percepção individual sobre as situações, incluindo o confinamento. À medida que os novos padrões de vida foram sendo naturalizados, os níveis de bem-estar se tornaram mais elevados18,20,21,22.

Concomitantemente, Partington, Mashash e Hastings (2022), em sua análise amostral, avaliam que famílias prósperas obtiveram índices menores de baixo bem-estar mental, se mostrando resilientes. Vale salientar que as amostras, em sua maioria, são de famílias relativamente favorecidas economicamente, com perda de renda mínima durante a pandemia. Estudos feitos com populações socioeconômicas mais diversificadas constataram o caminho oposto, como já mencionado anteriormente, indicando caráter multidimensional de enfrentamento por parte dos indivíduos durante a pandemia da COVID-1918,19,20,22,29.

O risco de indivíduos com languishing desenvolverem um episódio depressivo maior ou algum transtorno mental é duas vezes superior a adultos moderadamente saudáveis e indivíduos em flourishing2. Esse achado vai de encontro às análises de Oswald et al.20 (2021) e Bassi et al.17 (2021) quando dizem que os níveis de bemestar mental antecipam implicações para a saúde e níveis futuros de doença mental para além da pandemia.

Além disso, enquanto o flourishing provou ser um potencial fator de proteção, o languishing se mostrou um potencial fator de risco para o desenvolvimento do transtorno do estresse pós-traumático. Afetando principalmente profissionais que atuam na linha de frente, pessoas que desenvolveram a covid-19 em sua forma mais grave e sobreviveram, pessoas que lidam de forma contínua com questões relacionadas à vida e morte e indivíduos enlutados pela morte de algum familiar18,30.

Constatou-se que sete dos dezesseis estudos selecionados fizeram o uso da Mental Health Continuum Short Form (MHC-SF) para medir níveis de saúde mental. Esse instrumento é uma forma reduzida do Mental Health Continuum (MHC), que inclui componentes do bem-estar e o diagnóstico de ausência ou presença de saúde mental. Sendo uma escala válida e confiável para medir níveis de bem-estar e saúde mental positivas em vários países31.

Esse dado se mostra coerente com análise feita por Keyes2 (2002), em que é relatado que o languishing faria parte de um continuum que supera a dicotomia saúde mental e psicopatologia, envolvendo componentes emocionais, psicológicos e sociais. Apontando para um caminho do meio e longe de ser positivo. Portanto, a avaliação desses níveis, incluindo o languishing, precisaria ser avaliado por meio de instrumentos que abarcam, também, outras dimensões de saúde mental e não languishing como um aspecto isolado.

Conforme aponta Kim et al.23 (2022), alunos em languishing analisados durante a pandemia se mostraram menos envolvidos com as aulas on-line, exibiram menor desempenho acadêmico e um maior sofrimento comparado a estudantes moderadamente saudáveis ou em flourishing. Esses fatores estão associados a mudança abrupta do ensino presencial para o remoto, além de quão ativamente os alunos se engajaram em atividades de aprendizagem on-line.

Graham e Eloff32 (2022), no que lhe concerne, identificaram que alunos de graduação de uma Universidade na África do Sul estavam menos inclinados a se sentirem importantes ou úteis para a sociedade, revelaram sensação de desespero com o atual cenário e sobrecarga com as demandas de suas vidas durante a pandemia. Apesar disso, os padrões de saúde mental identificados no período pré-pandêmico e durante a pandemia foram flutuantes, mostrando também, aspectos significativos sobre crescimento social e pessoal.

Outro fator importante expõe que, residentes jovens de medicina entre 21 e 25 anos, apresentaram maior índice de ansiedade associados ao período de crise vivenciado por esses profissionais33. Em termos de bem-estar, os adultos jovens foram mais afetados com a repercussão da pandemia comparados a idosos8. Esses indivíduos se queixaram de preocupações associadas à falta de espaço verde, perda de finanças, interações sociais e falta de acesso a suprimentos básicos9,20. Estas constatações podem estar relacionadas a pouca mudança ocorrida na rotina de idosos, fato característico dessa faixa etária.

Entretanto, adultos mais velhos que moram sozinhos tiveram mais chances de sofrer com a solidão. Os motivos seriam a pouca utilização de Tecnologias da Informação e Comunicações (TICS) para se comunicar durante o período de confinamento e a perda da interação face a face. Dessa forma, idosos que moram sozinhos necessitariam de um maior suporte para evitar que se sintam solitários8. Assim como análises de estudo feitas por Armitage e Nellums34 (2020), que relatam que a mitigação do novo coronavírus deveria ser efetivamente cronometrada a fim, não só, desacelerar a transmissão, mas evitar possíveis transtornos afetivos nessa faixa etária.

Indivíduos que se encontravam em processo psicoterápico também foram afetados com sintomas mais graves, apesar de aprenderem ou enfrentarem vulnerabilidades pessoais35. As mudanças drásticas ocorridas durante o período de quarentena, podem ter contribuído como fortes estressores para o sofrimento emocional generalizado, gerando consequências emocionais graves e consequentemente comportamentos não tão saudáveis7,33,34. Nessa perspectiva, efeitos adversos causados pela pandemia sugerem uso de intervenções psicológicas mais intensivas.

Dentre as dificuldades encontradas com a presente revisão está o pequeno número de achados de pesquisas que não fossem de corte transversal, sugerindo déficits na avaliação de intervenções que poderiam se direcionar ao languishing. Além disso, alguns critérios de exclusão podem ter resultado em perda de estudos indexados em bases de dados, ao definir a utilização apenas de estudos completos, excluindo teses, dissertações e livros.

Como recomendações para investigações futuras nesta mesma temática, salienta-se a importância de produzir mais pesquisas empíricas, preferencialmente do tipo ensaio clínico randomizado para testar intervenções ou outros gêneros, como estudos de caso, para entender melhor o fenômeno. Seria de todo pertinente a realização de mais revisões integrativas da literatura ou até mesmo revisões sistemáticas, para melhor delineamento de resultados acerca do languishing. Pode-se ainda considerar aprimorar os descritores de pesquisas e repensar os filtros utilizados nas bases de dados escolhidas.


Conclusão

Tendo em vista os aspectos observados sobre a relação do languishing com a pandemia e sua caracterização, entende-se que os níveis de languishing se amplificam em momentos de crises por diversos motivos. A maneira como as situações vivenciadas são autopercebidas definem os níveis de bem-estar mental, indivíduos podem estar em languishing ou em flourishing de acordo com uma estabilidade considerável em termos biopsicossociais. Espera-se que os resultados relatados neste estudo sejam utilizados para mais pesquisas que valorizem práticas baseadas em evidências, desenvolvimento na promoção da saúde pública durante e após a pandemia da COVID-19 e que seus resultados possam ser aplicados a contextos diversos.

Considera-se relevante continuar estudos que tenham o languishing como foco de aprofundamento e que, compreendam de forma sistemática, suas manifestações e repercussões nas vidas dos indivíduos que experienciam esse fenômeno ainda pouco disseminado. Por fim, considera-se que esta revisão integrativa da literatura possui potencial suficiente para o fenômeno languishing ser investigado e explorado em pesquisas futuras.


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Uninassau, departamento de psicologia - Natal/RN - Brasil. b Centro de Ensino Superior Santa Cruz (CESAC)

Autor correspondente
Danilo de Freitas Araújo
danilodefreitas_1@hotmail.com

Submetido em: 06/07/2024
Aceito em: 28/07/2024

Contribuições: Danilo de Freitas Araújo - Coleta de Dados, Conceitualização, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Redação - Revisão e Edição, Supervisão; Elenkadja Lopes Costa - Aquisição de financiamento, Coleta de Dados, Conceitualização, Gerenciamento de Recursos, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Software, Supervisão.

 

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